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terça-feira, 20 de outubro de 2020

São Luís e Santa Zélia, modelos para os pais de hoje

CHARLY TRIBALLEAU | AFP

Beatificados em 19 de outubro de 2008 em Lisieux, pelo caráter exemplar de sua vida conjugal, e canonizados em Roma em 18 de outubro de 2015 pelo Papa Francisco, os Santos Luís e Zélia Martin são exemplos preciosos para os pais que desejam bem corresponder à sua vocação.

Como o primeiro casal canonizado na história da Igreja, São Luís e Santa Zélia Martin viveram a aventura da santidade, testemunharam o Evangelho na vida quotidiana e experimentaram alegrias e tristezas (quatro filhos mortos na infância, o câncer de mama da mãe seguido da sua morte prematura, os filhos órfãos, a viuvez do pai e depois a sua demência…). Apesar de um século separá-los dos casais e pais de hoje, eles ainda mostram como colocar Deus no centro de suas vidas. Veja a seguir a explicação de Hélène Mongin, biógrafa do casal Martin e autora do livro Luís e Zélia Martin – Os santos da vida ordinária (em tradução livre).

Como você definiria a educação dada por São Luís e Santa Zélia Martin aos seus filhos?

Foi uma educação amorosa, exigente e espiritual. Amorosa: fica claro quando você lê as cartas de Zélia nas quais ela descreve seu cotidiano com a família. Louis e Zélie nunca paravam de dizer aos filhos o quanto os amavam e de demonstrar esse amor de mil maneiras. Zélia fazia questão de dar às filhas o que ela mesma não teve na infância: um clima de confiança e ternura. Quanto a Luís, basta reler o início de História de uma Alma para ver como ele era um pai amoroso e atencioso.

Luís e Zélia não são exatamente como pais “amigos”, muitas vezes os vemos repreendendo suas filhas com firmeza. Pois o seu principal objetivo, como descreveu Zélia, era “Criar [nossos filhos] para o Céu”. A prioridade deles não era que suas filhas tivessem “sucesso” ou fossem perfeitamente equilibradas e sóbrias; sua prioridade era lançá-las no caminho da santidade.

São Luís e Santa Zélia Martin dão a impressão de serem um casal moderno: ela, mulher ativa e mãe ao mesmo tempo, ele, muito preocupado com a educação das filhas… Eles são diferentes da imagem tradicional que formamos às vezes da família católica.

De fato, a chefe da empresa que eles tinham era Zélia, e Luís deixou seu próprio emprego para trabalhar para sua esposa. Vá e pergunte ao seu marido, por mais moderno que ele seja, o que ele pensa sobre isso! Para falar a verdade, eles são bem mais proféticos do que exatamente “modernos”. Poderíamos crer que a família fosse um pseudo-mosteiro, que empurrava todas as meninas para a vida religiosa. Mas os pais de famílias numerosas que nos leem sabem que cinco filhos dificilmente conferem a uma casa uma atmosfera monástica! Além disso, Luís e Zélia, a pesar de sua elevada ideia de vida consagrada, nunca empurraram suas filhas por esse caminho. Para descobrir essa família em toda a sua complexidade e beleza, recomendo fortemente que você leia o livro Correspondência Familiar.

Leonie causou-lhes muita preocupação. Os Martin não são uma família perfeita, livre de problemas…

Luís e Zélia não foram pais perfeitos. Cada um tinha sua filha predileta, e a divertida carta de Zélia, que fez da Pauline adolescente sua confidente, onde explicava como “manipular” o pai, vai incomodar mais de uma das filhas! Eles também, como todos os pais, tiveram às vezes atitudes ou palavras infelizes. Santo não significa perfeito, e o exemplo de Leonie fala por si: ela os confrontou por anos, indo até seus limites como pais.

Desde seu nascimento Léonie tinha a saúde debilitada e era mais limitada intelectualmente do que as outras meninas; ela se isolava e desenvolveu assim um caráter muito difícil. A empregada da casa, Louise Marais, passa então a maltratá-la sem que Luís e Zélia percebam, o que explica porque Léonie ficava fechada à menor aproximação. Zélia diz que é um dos maiores sofrimentos de sua vida. Mas Luís e Zélia respondem a isso com uma dupla confiança.

Em primeiro lugar, confiança na filha, que eles não poderiam prender ao papel de “patinho feio”. Sempre que Zélia fala das travessuras de Leonie (e suas cartas estão cheias disso!), ela sempre dizia: mas eu sei que ela é boa, acredito no seu bom coração. E confiança em Deus acima de tudo, a quem Luís e Zélia perseguiram com orações por sua filha. E veja o resultado: o processo de beatificação de Leonie, que comove os corações pelas próprias dificuldades, começou em 2015.

Até que ponto essa forma de educar pode ser um exemplo a ser seguido por outros pais?

Na prática, não existe uma “receita dos Martin” para a educação dos filhos. É impressionante ver como Luís e Zélia dão uma educação diferente para cada uma de suas filhas, de acordo com sua personalidade. Para Pauline, de caráter muito forte, Zélia diz que nunca deixa passar nada, mesmo que doa no coração. Theresa, por outro lado, era uma criança muito sensível que chorava à menor oportunidade e depois ainda chorava por ter chorado! E seu pai só demonstrava gentileza e encorajamento.

Pode-se multiplicar os exemplos: é comovente ver em suas cartas como Zélia se apega a estudar o caráter de cada uma de suas filhas para ver o que mais lhe convém. Não existe uma educação pré-fabricada ou perfeita, mas há um desejo do coração dos Martin que pode ser partilhado conosco: caminhar juntos, com os nossos próximos, com Deus, que Luís e Zélia consideravam como um membro da sua família, no caminho para a santidade. Santidade que viveram em sua existência concreta de pais.

Aleteia

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF