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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Arquidiocese de Brasília é consagrada a são Miguel Arcanjo

Cardeal Paulo Cezar consagrando a arquidiocese de Brasília à são Miguel Arcanjo | Facebook/Arquidiocese de Brasília

Por Monasa Narjara*

13 de ago. de 2025

A arquidiocese de Brasília (DF) foi consagrada a são Miguel Arcanjo ontem (12). A consagração aconteceu em missa celebrada pelo arcebispo cardeal Paulo Cezar Costa na catedral metropolitana Nossa Senhora Aparecida, com a presença da imagem peregrina oficial de são Miguel, vinda de seu santuário no Monte Gargano, Itália, local das aparições do arcanjo desde os primeiros séculos do cristianismo.

“Consagrar-se a são Miguel significa ter a percepção de que aquele que nos protege é Deus”, disse dom Paulo Cezar. “Quando nós consagramos a nossa arquidiocese a são Miguel, nós afirmamos isso, afirmamos que é Deus que nos protege através do seu arcanjo”, acrescentou.

A imagem peregrina de são Miguel Arcanjo feita de pó de mármore entrou na catedral ao som de uma marcha tocada pelos músicos do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Ao iniciar a missa, a irmã Maria Raquel, membro do Instituto Hesed, convidou o arcebispo de Brasília a realizar o rito solene de coroação da imagem de são Miguel Arcanjo. Segundo a religiosa, este é um “gesto” que “carrega um significado profundo”, porque “a coroa” que foi colocada na imagem “é um símbolo espiritual, um ato de reconhecimento e fé que une a Terra e o céu”.

“Esta coroa representa o governo espiritual de são Miguel que combate com poder de Deus”, disse irmã Maria Raquel, enfatizando "a autoridade que lhe foi dada no céu, como príncipe da milícia celeste e o clamor do povo de Deus que hoje, em meio às trevas deste tempo, se une no tempo de reconquista espiritual”.

A religiosa contou que, “desde os tempos antigos, a Igreja reconhece que a luta do povo de Deus é espiritual e que Deus confiou a são Miguel a missão de combater em favor da salvação das almas”, como está escrito no “capítulo 12 do profeta Daniel: ‘Naquele tempo surgirá Miguel, o grande príncipe que protege os filhos do teu povo’. E ainda no livro do Apocalipse capitulo 12, 7: ‘Houve, então, uma batalha no céu: Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão e o dragão foi derrotado’”.

“É por isso que, ao coroar são Miguel, estamos proclamando a vitória do Altíssimo que, por meio dos Seus santos anjos, guarda e defende a Sua Igreja”, disse a religiosa. Segundo ela, “ao depositar esta coroa” na imagem de são Miguel, “o cardeal Paulo Cezar proclama de maneira pública” que a arquidiocese de Brasília, sua “comunidade e este povo estão sob a proteção do príncipe das milícias celestes” e “com este gesto” se faça “ecoar: ‘Quem como Deus?’”.

Cardeal Paulo Cezar coroando a imagem peregrina de são Miguel na catedral de Brasília. Instituto Hesed

Deus é o mais importante

“Estamos aqui vivendo este momento bonito e significativo na nossa catedral olhando para a imagem de são Miguel, olhando para a imagem da Virgem Maria” e “estar aqui, significa que queremos nos colocar debaixo da proteção de Deus por intercessão de são Miguel”, disse o cardeal Paulo Cezar em sua homilia, acrescentando que “significa que o nosso coração está voltado para Deus, que Deus é o tudo na nossa vida, que Deus é a pessoa mais importante da nossa vida, da nossa existência, e significa que estamos afirmando o primado de Deus na nossa vida e afirmar o primado de Deus implica dizer que Deus é o mais importante”.

O arcebispo destacou que estar ali nesse momento “não pode ser” algo movido só “pelas emoções”, mas “significa mais, significa que nós queremos que Deus seja Aquele que é o centro do nosso coração, o centro da nossa vida”.

“Não basta só o invocar exterior, com o coração longe de Deus”, disse o cardeal. “É preciso que o nosso coração esteja cada vez mais unido a Deus, que sejamos verdadeiros seguidores de Jesus Cristo, gente comprometida com o amor de Jesus Cristo” e “implica também aquilo que Jesus indica a Natanael, chamado a ver sinais maiores” que é “a glória de Deus”, que é “a vocação de todos nós”, porque “o ser humano foi criado para isso”.

“É preciso não perder o olhar voltado para o alto, voltado para a glória de Deus porque assim”, ressaltou o arcebispo, “nos faz caminharmos bem neste mundo”, buscando “fazer à vontade de Deus”, porque “essa é a vocação do ser humano”.

Invocar sempre são Miguel como protetor

Segundo o arcebispo, Miguel é aquele que é invocado no dia a dia, contra o mal, na luta contra os inimigos, na vida do dia a dia, porque a vida também está cheia de dragões que “se manifestam”. Dom Paulo Cezar disse que, quando “invocamos a presença de são Miguel, da sua intercessão, de sua ajuda, de seu socorro”, também “implica que nossa vida esteja diante de Deus, que o nosso coração esteja voltado para Deus”.

“Nós também somos chamados no dia a dia, nas pequenas e grandes coisas a nos colocarmos também no combate por Deus” e “invocando sempre são Miguel como nosso protetor”, disse Costa.

No fim da missa dom Paulo Cezar junto com os fiéis, realizou o ato de consagração a são Miguel pedindo que “ele combata por nós, combata contra os dragões da nossa sociedade, das nossas famílias e de cada um”. Em seguida, as fundadoras do Instituto Hesed, madres Kelly Patrícia e Jane Madeleine, entregaram ao arcebispo a placa do dia da consagração da arquidiocese de Brasília. Depois da missa, os fiéis participaram de uma adoração e oração do rosário com o Instituto Hesed.

*Monasa Narjara é jornalista da ACI Digital desde 2022 e foi jornalista na Arquidiocese de Brasília entre 2014 a 2015.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/64077/arquidiocese-de-brasilia-e-consagrada-a-sao-miguel-arcanjo

A crise da Igreja Católica e a Teologia da Libertação

Foto captura: YouTube | CNBB.

A CRISE DA IGREJA CATÓLICA E A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

14/08/2025

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

(Síntese crítica a partir de Clodovis Boff e Leandro Adorno, org.) 

A obra organizada por Clodovis Boff e Leandro Adorno tem despertado o interesse de muitos leitores. Ao examinar o “declínio atual da Igreja Católica”, não se limita à análise de dados estatísticos, mas apresenta um diagnóstico que integra dimensões espirituais, pastorais e teológicas. A questão central vai além dos números ou índices de frequência religiosa, manifestando-se, sobretudo, na perda de vitalidade espiritual e na inversão de prioridades quanto à missão e à identidade eclesial. 

Segundo os autores, o declínio simultâneo — quantitativo (redução do número de fiéis) e qualitativo (enfraquecimento da fé) — não se deve apenas a transformações socioculturais, mas a um déficit de espiritualidade. A Igreja perde fiéis porque, em muitos contextos, deixou de comunicar de forma viva o mistério de Deus, oferecendo respostas mais sociológicas que espirituais. Não se trata apenas de uma questão numérica ou de dimensão institucional; a gravidade está no deslocamento do centro da Igreja de Cristo para o mundo, priorizando demandas sociais em detrimento da experiência teologal.  

A análise critica a “secularização interna”, processo pelo qual o social passa a ditar os rumos da fé, e não o contrário. Isso produz uma fé funcionalista, instrumentalizada para legitimar causas temporais, ainda que legítimas, relegando a Palavra de Deus a um papel secundário. Assim, para muitos na comunidade eclesial, as questões religiosas e espirituais só despertam interesse quando vinculadas a agendas sociais, sinalizando uma “mundanização” que ameaça a identidade sobrenatural da Igreja. 

Esse deslocamento afasta, em especial, o homem “pós-moderno”, mais sensível à espiritualidade, mas que não encontra na Igreja a profundidade que busca. Desse contexto emerge o fenômeno crescente dos “sem religião”, ou seja, de pessoas que preservam crença ou espiritualidade, mas se distanciam das instituições. Uma pastoral excessivamente sociocentrada não responde à demanda espiritual contemporânea, desperdiçando um kairós favorável à evangelização. 

A crítica se estende também à teologia contemporânea que, sob forte influência antropocêntrica, teria abandonado a “agenda dos mistérios” para privilegiar questões transitórias. Conceitos centrais como “sobrenatural” e “alma” são minimizados, temas escatológicos relegados e a linguagem espiritual tradicional evitada. Esse viés, segundo os autores, acaba por oferecer fundamentos teóricos e justificativas racionais para um esvaziamento espiritual dentro da própria Igreja, ao deslocar a atenção do núcleo da fé para preocupações meramente temporais. 

No plano pastoral, os autores afirmam que reformas estruturais ou posicionamentos ideológicos — sejam “progressistas” ou “conservadores” — têm pouca eficácia sem a renovação da fé viva em Cristo. É ilusão pensar que o simples engajamento social possa revitalizar a Igreja; sem base espiritual sólida, o resultado será um “cristianismo sem mistérios”, talvez útil à sociedade, mas incapaz de cumprir sua missão divina. 

A saída proposta é retomar a centralidade existencial e operativa de Cristo. Tal primazia exige entrega total — “dar o sangue e receber o Espírito” — e se expressa numa espiritualidade de oração profunda, livre de instrumentalizações. A Igreja que reza se salva; a que não reza, se perde. É preciso recuperar uma fé viva, mística e missionária, capaz de gerar novo impulso evangelizador e de unir, de modo inseparável, o serviço ao mundo e o anúncio explícito da salvação. A Igreja só poderá reverter o declínio ao voltar-se para o seu “coração pulsante”: Jesus Cristo, Senhor absoluto e fonte de sua missão. 

Em síntese, para Boff e Adorno, a crise da Igreja não se resolverá com simples reformas estruturais ou com mera atualização sociocultural, mas com o retorno à sua essência: ser mistério de comunhão com Deus, centrada no senhorio de Cristo e movida pelo Espírito, para então, e somente então, transformar o mundo.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Cultura da Vida: família, santuário da vida

Promover a cultura da vida na nossa família e na sociedade (Vatican News)

Cultura da Vida é um espaço de aprofundamento de temas relacionados à dignidade da vida humana e à missão da família como guardiã da vida com Marlon Derosa e sua esposa Ana Carolina Derosa, professores de pós-graduação em Bioética e fundadores do Instituto Pius com sede em Joinville, Santa Catarina. Neste segundo encontro, a famosa frase de São João Paulo II: “A Família é o santuário da vida”.

Vatican News

Olá ouvintes da Rádio Vaticano, somos Marlon e Ana Derosa. Este é o “Programa cultura da vida”, onde a cada semana vamos refletir sobre um tema relacionado à família e a vida. Hoje vamos falar sobre a famosa frase de São João Paulo II: “A Família é o santuário da vida” (Carta às famílias, João Paulo II, 1994).

O que significa a expressão “santuário da vida”? Santuário significa lugar sagrado, protegido, reservado ao que é mais precioso. Aplicando essa definição à família, nós temos que ela é o primeiro lugar onde a vida humana é – ou deveria ser – acolhida, cuidada, protegida e valorizada. É a primeira escola de amor, a primeira escola de vida, a primeira escola de fé. Por isso, São João Paulo II escreveu também, na Familiaris Consortio, que “A tarefa fundamental da família é o serviço à vida” (FC, 28), ou seja, colaborando com Deus na transmissão da vida humana, educando os filhos na fé, no amor e na verdade. Nesse mesmo documento, o Papa escreveu que “O amor conjugal fecundo exprime-se num serviço à vida em variadas formas, sendo a geração e a educação as mais imediatas” (FC, 41), e depois, como consequência, no desenvolvimento da sociedade (FC, 42). Por isso, faz tanto sentido aquela frase dele: “o futuro da humanidade passa pela família” (FC, 75).

Na Centesimus annus, ele escreveu que “é necessário voltar a considerar a família como o santuário da vida. De fato, ela é sagrada: é o lugar onde a vida, dom de Deus, pode ser acolhida e protegida contra os múltiplos ataques a que está exposta” (CA, 39), e aí ele faz um chamado para que trabalhemos no fortalecimento de uma verdadeira cultura da vida, porque, diante de tantos desafios, dificuldades e até mesmo más influências, infelizmente nem sempre as famílias conseguem ser esse santuário da vida. E nós sabemos que isso traz ainda mais problemas e sofrimentos. A primeira coisa que precisamos redescobrir e fortalecer em nós é a compreensão do papel do casal na acolhida à vida. Na missa do Jubileu das Famílias (01 de junho de 2025), o Papa Leão XIV deixou uma linda mensagem que reforça que o matrimônio deve ser a regra de um amor total, fiel e fecundo. Nesse sentido, a fecundidade é um pilar do matrimônio, e deve ser compreendida e vivida em plenitude, sabendo que a geração de uma nova vida é a consequência desse amor, que, segundo São Paulo aos Efésios, deve ser um reflexo do amor de Cristo pela Igreja. Depois, sabendo da dignidade desse amor, que é elevado a sacramento, a família é então a primeira a se responsabilizar pela acolhida e proteção à vida em todas as fases, desde a concepção, até o fim natural, especialmente aquelas mais frágeis, como o embrião, a criança, pessoas com deficiência, idosos, enfermos… A família deve ser uma verdadeira barreira contra aquilo que o Papa Francisco chamou de cultura do descarte. Somos chamados a fortalecer a cultura da vida em meio à sociedade em que vivemos. E como podemos cumprir essa missão? Antes de tudo, tomando consciência da nossa responsabilidade de acolher os filhos com generosidade, como prometemos no altar no dia do nosso matrimônio. Depois, educando nossos filhos na fé, ajudando-os a reconhecer o valor da vida e a importância de cuidar do outro com amor e respeito. E, por fim, oferecendo o testemunho concreto de um amor que se doa no cotidiano: um amor que revela, em gestos simples, a dignidade e o valor de cada membro da família. São esses valores, vividos e transmitidos com clareza dentro do lar, que ecoam na sociedade e ajudam a construir aquilo que São João Paulo II chamou de “civilização do amor” (Carta às famílias, 6). Se esses valores se enfraquecem ou se apagam dentro das famílias, isso vai aos poucos abrindo espaço para muitos males: carências, sofrimentos, egoísmo e, por fim, a terrível cultura do descarte. Apesar dos desafios e dificuldades, não podemos esquecer que Deus dá as graças que precisamos para vivermos o plano de Deus para a família como santuário da vida.

Vamos hoje aproveitar essa reflexão para olhar com carinho para o nosso casamento e a nossa família, e nos perguntarmos de que forma podemos fortalecer ainda mais a cultura da vida dentro do nosso lar? Será que estamos realmente transmitindo, com clareza e verdade, os valores da dignidade humana às novas gerações? Vamos refletir, sempre lembrando daquelas palavras que nunca deixarão de ecoar nos nossos corações: o futuro da humanidade passa pela família.

Um grande abraço a todos e até o próximo programa!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Arquidiocese de Brasília inaugura nova sede da Escola Eclesiástica de Teologia

Crédito: arqbrasilia.

Arquidiocese de Brasília inaugura nova sede da Escola Eclesiástica de Teologia

11 ago. 2025

A Arquidiocese de Brasília deu um passo significativo na formação pastoral de seus fiéis com a inauguração da nova sede da Escola Eclesiástica de Teologia, realizada no último dia 5 de agosto. Voltado para leigos e leigas, o curso oferece aprofundamento teológico e pastoral, capacitando-os para contribuir de forma mais efetiva na vida e na missão da Igreja.

A cerimônia de abertura teve início com a celebração da Santa Missa presidida pelo Arcebispo de Brasília, Cardeal Paulo Cezar Costa, e concelebrada pelo Cardeal Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, que participou da fundação da Fateo (Faculdade de Teologia da Arquidiocese de Brasília). A presença de Dom Raymundo deu um significado histórico especial à ocasião, unindo passado e presente no compromisso com a formação eclesial.

Jerônimo Laurício, diretor acadêmico da FATEO

Após a Missa, Dom Paulo realizou a bênção do prédio e das novas instalações, pedindo a Deus que este espaço seja fecundo na formação e no serviço à comunidade eclesial. O momento foi concluído com a aula magna ministrada pelo Cardeal, destinada aos novos estudantes e também aos candidatos ao diaconato da Arquidiocese. A partir deste semestre, a Escola Diaconal Santo Estêvão passará a utilizar as dependências da nova sede para a formação de seus candidatos.

“Uma Igreja missionária é aquela em que todos são comprometidos com a missão. E a teologia deve conduzir a isso, o amadurecimento da fé. Uma Igreja de discípulos missionários com compromisso com a vida da comunidade, com as pastorais, movimentos. Onde o aprofundar a fé te leva a se doar mais, a amar mais, te leva a ser dom e missionário”, destacou Dom Paulo Cezar Costa.

A nova sede representa mais do que um espaço físico: é um sinal concreto do compromisso da Arquidiocese de Brasília com a formação de agentes de pastoral preparados para responder aos desafios da evangelização e para servir com competência e fidelidade ao Evangelho.

Crédito: arqbrasilia.

A Escola
Capacitar os leigos e leigas para atuarem de maneira mais efetiva e capacitada na pastoral arquidiocesana, contribuindo com seu conhecimento e fé para o fortalecimento da comunidade eclesial católica em que estão inseridos. A capacitação é fundamental para o desenvolvimento da comunidade e estamos empenhados em fornecer as ferramentas necessárias para que isso aconteça.

Destinada a candidatos com escolaridade mínima de ensino médio completo, a Escola visa contribuir com a formação teológica e pastoral dos leigos, para fortalecer a participação ativa na missão evangelizadora da Igreja, em plena comunhão com o Magistério e a vida eclesial.

É importante ressaltar que o diploma conferido ao final do curso não corresponde a uma graduação reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC), e, portanto, não atribui o título de Bacharel em Teologia. Trata-se de uma formação eclesiástica, reconhecida no âmbito da Arquidiocese de Brasília, Os fiéis que almejam a titulação civil de Bacharel em Teologia deverão participar do processo seletivo da FATEO previsto para outubro de 2025.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Povos indígenas, Santa Sé: as mulheres devem ser protagonistas nos projetos de desenvolvimento

Algumas mulheres da Amazônia  (Aurora Vision)

Em seu discurso feito na quarta-feira, 13 de agosto, em Washington, na Sessão Especial do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) para a comemoração do Dia Internacional dos Povos Indígenas e da Oitava Semana Interamericana dos Povos Indígenas, monsenhor Cruz Serrano reiterou o apoio da Sé Apostólica às iniciativas que visam dar voz aos povos indígenas e proteger seus direitos.

Vatican News

As mulheres indígenas não devem ser vistas como beneficiárias passivas das políticas externas, mas sim como protagonistas ativas na construção do futuro, no âmbito da promoção das culturas indígenas, com percursos espirituais adequados e atenção aos costumes e línguas dos povos. É o que a Santa Sé pede, por meio de seu observador permanente junto à Organização dos Estados Americanos (OEA), monsenhor Juan Antonio Cruz Serrano, que discursou na quarta-feira, 13 de agosto, em Washington, na Sessão Especial do Conselho Permanente para a Comemoração do Dia Internacional dos Povos Indígenas e da Oitava Semana Interamericana dos Povos Indígenas sobre o tema "Da voz das mulheres indígenas: visibilidade, liderança, direitos e autonomia econômica".

A grande contribuição das mulheres na Amazônia

O diplomata vaticano assegurou a proximidade da Santa Sé "aos povos indígenas, e especialmente às mulheres", para que seus direitos fundamentais sejam promovidos e tutelados. Ele lembrou, como escreveu o Papa Francisco na Exortação Apostólica Querida Amazônia, que "na Amazônia, existem comunidades que se sustentaram [...] graças à presença de mulheres fortes e generosas". Comunidades que teriam entrado em colapso "se as mulheres não estivessem lá para apoiá-las, alimentá-las e cuidar delas. Isso demonstra seu poder distintivo".

O compromisso da Igreja

A Igreja Católica, com suas instituições e obras, cuida dos povos indígenas em muitas partes do hemisfério, destacou monsenhor Cruz Serrano, “investindo em sua educação e saúde e conscientizando a sociedade” para que esses povos “possam ser protagonistas e líderes de sua própria história”. “Para alcançar esse objetivo”, várias estruturas eclesiais “estão trabalhando intensamente como, as conferências episcopais, dioceses, prelazias, vicariatos, paróquias, missões e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM)”.

O apoio da Santa Sé aos programas para as populações indígenas

Renovando, por fim, o apoio da Santa Sé “às iniciativas que visam amplificar” a voz dos povos indígenas e “proteger seus direitos e garantir sua plena participação na vida da sociedade”, o observador permanente manifestou o agradecimento da Santa Sé pelo trabalho da Organização dos Estados Americanos em prol dos povos indígenas e das pessoas vulneráveis, incluindo mulheres e as meninas.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Estudo indica que infarto tem 13% mais chance de acontecer na segunda-feira

Estudo indica que infarto tem 13% mais chance de acontecer na segunda (Foto: feira - Freepik / Viva Saúde)

Pesquisa preliminar realizada na Irlanda revela que o risco de infarto aumenta na segunda-feira; a relação seria o início da semana de trabalho.

Por: Viva Saúde

12 jun. 2023

É comum acharmos o começo da semana mais difícil, devido ao trabalho, mas você sabia que existe uma comprovação de que a saúde pode ser afetada? Um estudo realizado por médicos da Belfast Health and Social Care Trust e do Royal College of Surgeons, na Irlanda, comprovou que o infarto tem mais chance de acontecer na segunda-feira.

Na pesquisa, os profissionais analisaram mais de 10 mil pacientes internados entre 2013 e 2018 na Irlanda com o tipo mais grave de ataque cardíaco.

Estudo indica que infarto tem mais chance de acontecer na segunda-feira

"Este estudo acrescenta evidências sobre o momento de ataques cardíacos particularmente graves, mas agora precisamos desvendar o que há em certos dias da semana que os tornam mais prováveis", foi o que disse o médico da British Heart Foundation, Nilesh Samani.

Pesquisadores perceberam que há a maior chance de infarto nos pacientes nas segundas-feiras. Além disso, os autores também viram um aumento acima do esperado também aos domingos.

"O mecanismo exato para essas variações é desconhecido, mas presumimos que tenha algo a ver com a forma como o ritmo circadiano afeta os hormônios circulantes que podem influenciar ataques cardíacos e derrames. É provável que seja devido ao estresse de voltar ao trabalho. O aumento do estresse leva ao aumento dos níveis do hormônio do estresse cortisol, que está associado a um maior risco de ataque cardíaco".

Fonte: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/estudo-indica-que-infarto-tem-13-mais-chance-de-acontecer-na-segunda-feira,efaecf22ccaa0ffb9d6b3a01634a34c1a0e5lh1g.html?utm_source=clipboard

Edith Stein converteu-se ao catolicismo após ler este livro

Edith Stein | Wikipedia

Philip Kosloski - publicado em 13/08/25

Edith Stein, filósofa ateia, leu a autobiografia de Santa Teresa de Ávila e iniciou sua jornada rumo à Igreja Católica.

Criada na fé judaica, Edith Stein se afastou de toda religião na juventude. No entanto, partiu em busca da verdade, principalmente por meio do estudo da filosofia moderna.

Essa jornada intelectual a levou a explorar escritos cristãos, como o Novo Testamento e os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola.

Porém, o que realmente cativou sua mente e seu coração foi a autobiografia de Santa Teresa de Ávila.

“Isto é a verdade”

A biografia oficial do Vaticano sobre Edith Stein explica como ela se deparou com este livro.

            No verão de 1921, ela passou várias semanas em Bergzabern (no Palatinado), na                     propriedade rural de Hedwig Conrad-Martius, outra aluna de Husserl. Hedwig havia             se convertido ao protestantismo com o marido.

            Numa noite, Edith pegou a autobiografia de Santa Teresa de Ávila e leu o livro                     durante toda a madrugada.

            “Quando terminei o livro, disse a mim mesma: Isto é a verdade.”

            Mais tarde, olhando para sua vida, ela escreveu: “Meu anseio pela verdade era uma                 única oração.”

Seu coração foi sendo preparado pela vida inteira para acolher a verdade e, ao ler a autobiografia, Edith encontrou aquilo que tanto buscava.

Segundo o Institute of Carmelite Studies, o livro de Santa Teresa de Ávila não é, tecnicamente, uma “autobiografia”, mas sim uma obra que explora questões fundamentais da vida.

            Embora geralmente seja chamada assim, a obra de Teresa não é uma autobiografia                 nem um diário íntimo. O que ela aborda principalmente são as realidades                             sobrenaturais (infusas ou místicas) da vida interior. Ainda assim, faz uso de                         elementos autobiográficos como pano de fundo para tratar da existência e do valor                 dos favores de Deus.

Havia muito que Edith Stein podia aprender com a vida de Santa Teresa — incluindo suas lutas com a oração e com a vida interior.

            [Santa Teresa de Ávila] começa contando como, desde muito jovem, começou a                     receber abundantes graças de Deus. Foi introduzida no caminho da oração e, por                 volta dos 20 anos, chegou a ter experiências iniciais de oração mística.

            Embora repetidamente tenha frustrado a ação de Deus, a ponto de abandonar a                     oração e a vida interior, Sua misericórdia foi finalmente vitoriosa sobre sua                             condição miserável. Quando, ao final, entregou-se mais plenamente à graça divina,             Deus começou Sua admirável e mais imediata obra em sua alma.

Alguns meses depois de ler o livro, em 1º de janeiro de 1922, Edith Stein foi batizada na Igreja Católica. Mais tarde, tornou-se carmelita, escolhendo o nome Teresa em honra a Santa Teresa de Ávila.

Preso junto com outros judeus batizados na Holanda, o grupo foi enviado para Auschwitz, onde Edith foi morta na câmara de gás.

Hoje, Edith Stein é conhecida como Santa Teresa Benedita da Cruz.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/08/13/edith-stein-converteu-se-ao-catolicismo-apos-ler-este-livro/

Leão XIV na Audiência Geral: mesmo falhando, para Deus, seremos filhos sempre amados

Audiência Geral, 13/08/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

Na catequese desta quarta-feira (13/08), de calor forte em Roma e com a Audiência Geral sendo dividida entre fiéis reunidos entre Sala Paulo VI, Piazza Petriano e Basílica de São Pedro, o Papa refletiu sobre a revelação da traição de Judas, feita não para condenar, mas para ensinar que o amor, quando sincero, não pode ocultar a verdade. A esperança é esta, disse o Papa: "saber que, ainda que possamos falhar, Deus nunca falha. Mesmo que possamos trair, Ele nunca deixa de nos amar".

https://youtu.be/WPu5BHjvGHs

Andressa Collet - Vatican News

Com temperaturas durante a semana que estão superando os 30 graus em Roma, a Audiência Geral desta quarta-feira (13/08) foi transferida da Praça São Pedro para a Sala Paulo VI, no Vaticano, com capacidade para cerca de 6 mil pessoas. Devido ao grande número de fiéis, eles também foram divididos entre a Basílica de São Pedro e a Praça Petriano, que dá entrada à Sala Paulo VI, e onde o Papa Leão XIV fez uma primeira saudação multilíngue - inclusive em português - aos peregrinos reunidos, de onde também acompanharam a catequese por telões: 

“Buongiorno a tutti! Bom dia! Buenos días!”

Antes e após a Audiência Geral na Sala Paulo VI, o Papa saudou os fiéis que seguiam a catequese por telões na Piazza Petriano   (@Vatican Media)

Em seguida, antes de iniciar a Audiência Geral na Sala Paulo VI, o Pontífice voltou a saudar em várias línguas - inglês, espanhol e italiano - os milhares de fiéis, agradecendo pela paciência e pela decisão de mudar de local para se proteger do sol:

"Buongiorno! Good morning everyone! Buenos días! Nesta manhã, teremos a audiência em vários locais, em momentos diferentes para ficarmos um pouco longe do sol e do calor extremo. Agradecemos a paciência de vocês e agradecemos a Deus pelo maravilhoso dom da vida, do bom tempo e de todas as suas bênçãos [em inglês]. Vamos realizar a audiência desta manhã em dois momentos, porque tem pessoas aqui ao lado, pessoas na basílica e também na praça. Sejam todos bem-vindos. E, aos poucos, vamos cumprimentando todos os grupos, na medida do possível. [em espanhol]. Hoje celebramos esta audiência nestes momentos diferentes, um pouco para nos protegermos do sol, do calor extremo. Obrigado por terem vindo. Sejam todos bem-vindos [em italiano]."

Os fiéis reunidos na entrada da Sala Paulo VI   (@Vatican Media)

Deus nunca deixa de nos amar

Em seguida, o Papa Leão XIV deu sequência ao novo ciclo de catequeses iniciado na semana passada sobre o mistério pascal e "seguindo os passos de Jesus nos últimos dias de sua vida", em particular, sobre a "cena íntima, dramática, mas também profundamente verdadeira" do momento em que, durante a ceia pascal, Jesus revelou que um dos Doze estava prestes a traí-lo. Mas ele não o fez para condenar ou humilhar, comentou o Pontífice, porque não apontou o culpado e nem sequer disse o nome de Judas: mas o fez para "salvar", ensinando que o amor, quando é sincero, não pode ocultar a verdade. "O Evangelho não nos ensina a negar o mal, mas a reconhecê-lo como uma oportunidade dolorosa para renascer", continuou Leão XIV.

Leão XIV deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o mistério pascal   (@Vatican Media)

A reação dos discípulos não foi de raiva, mas de tristeza, "de uma dor silenciosa, feita de perguntas, de suspeitas, de vulnerabilidade. É uma dor que também nós conhecemos bem, quando a sombra da traição se insinua nos relacionamentos mais queridos". E na possibilidade real de serem envolvidos, todos começaram a se interrogar se “acaso serei eu?”, reconhecendo a fragilidade do seu próprio amor.

“Caros amigos, esta pergunta — "Acaso serei eu?" — está talvez entre as mais sinceras que podemos fazer a nós mesmos. Não é a pergunta do inocente, mas do discípulo que se descobre frágil. Não é o grito do culpado, mas o sussurro de quem, mesmo querendo amar, sabe que pode ferir. É nessa consciência que começa o caminho da salvação.”

Deus, refletiu o Papa, "quando vê o mal, não se vinga, mas se entristece". As duras palavras de Jesus “Melhor seria que nunca tivesse nascido!”, referindo-se ao traidor, não são uma maldição ou condenação, mas um grito de dor. Com efeito, se renegamos o Amor que nos gerou, "perdemos o sentido da nossa vinda ao mundo e nos autoexcluímos da salvação". Jesus não se escandaliza diante da nossa fragilidade e continua a confiar, ponderou Leão XIV, "Ele sabe bem que nenhuma amizade está imune ao risco da traição", tanto que sentou à mesa com os seus: "esta é a força silenciosa de Deus: não abandona nunca a mesa do amor, nem mesmo quando sabe que será deixado sozinho".

“No fundo, esta é a esperança: saber que, ainda que possamos falhar, Deus nunca falha. Mesmo que possamos trair, Ele nunca deixa de nos amar. E se nos deixarmos alcançar por esse amor — humilde, ferido, mas sempre fiel — então podemos verdadeiramente renascer. E começar a viver não mais como traidores, mas como filhos sempre amados.”

Leão XIV também saudou os peregrinos presentes na Basílica de São Pedro   (@Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Benedicto, Doutor, Poeta e Pastor da Igreja

Dom Benedicto Ulhoa Vieira (Diocese de Ituiutaba)

BENEDICTO, DOUTOR, POETA E PASTOR DA IGREJA 

11/08/2025

Dom Geraldo dos Reis Maia
Bispo de Araçuaí (MG)

No entardecer do domingo, quando nas grandes Basílicas se oferecia o incenso do sacrifício vespertino das Segundas Vésperas, no dia 03 de agosto de 2014, Dia do Padre, e véspera da memória litúrgica de São João Maria Vianney, no início do Mês Vocacional, partia Dom Benedicto de Ulhôa Vieira para fazer a sua Páscoa definitiva, entrando no dia sem ocaso para o eterno repouso, participando das alegrias do Senhor, a quem serviu por toda a sua vida. 

Desde criança, em Mococa (SP), onde nascera aos 19 de outubro de 1920, servia nos altares do Senhor, acalentando o desejo de um dia ministrar a Santa Missa. Com brilho no olhar, Dom Benedito nos contava uma de suas muitas memórias de infância. Ele tinha uma irmãzinha que andava com dificuldades, amparada por muletas. A mãe, que teve a vida ceifada precocemente, contava para as crianças reunidas na sala, a história de Nossa Senhora Aparecida, que libertou o escravo. No mesmo instante, a menina exclamou: “Se Nossa Senhora libertou o escravo, ela pode me curar”. Deixando as muletas, sua irmãzinha começou a andar naturalmente para nunca mais usar muletas. Emocionado, Dom Benedicto arrematava: “Naquele dia, Nossa Senhora entrou na minha casa, curou minha irmã e me chamou para ser padre”. 

Foi esse encanto pelo chamado de Deus, reclinado por Nossa Senhora Aparecida em seu coração de criança, que levou o jovem Benedicto a superar muitos desafios do processo formativo na vida de seminário e a ser ordenado presbítero, no dia 8 de dezembro de 1948. Dentre os muitos trabalhos que ele se dedicou como padre, na capital paulista, podemos ressaltar: foi Professor, Vice-Reitor e Capelão da PUC-SP; Pároco dos Universitários e Reitor do Seminário Central do Ipiranga; Vigário Geral da Arquidiocese de São Paulo e coordenador de sua restauração administrativa. 

O jovem Padre Benedicto foi o autor da primeira tese doutoral defendida na Faculdade de Teologia “Nossa Senhora da Assunção”, em São Paulo. Filiada à Pontifícia Universidade Católica e anexada ao Seminário Central do Ipiranga, a insipiente Faculdade – que ainda não completara cinco anos de sua fundação – contava já com uma dezena de sacerdotes formados na Pontifícia Universidade de Roma. A data da defesa da tese foi marcada pelo próprio Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos, Cardeal Motta, que presidiu a sessão solene, aos 7 de setembro de 1953. O título da tese é “A consumação soteriológica na Epístola aos Hebreus: Teologia de São João Crisóstomo”. 

O Papa Paulo VI nomeou o então Monsenhor Benedicto como Bispo Auxiliar de São Paulo. Sua ordenação ocorreu  no dia 25 de janeiro de 1972, pelas mãos do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, permanecendo no cargo por sete anos. Ali, Dom Benedicto teve marcante atividade pastoral nas comunidades da periferia e forte atuação profética em defesa dos presos políticos e na denúncia dos desmandos da ditadura militar, como relatam inúmeros livros de História. Recentemente, a jovem Amanda Oliveira apresentou uma dissertação de mestrado na Universidade Federal de Uberlândia sobre este tema, transformando-a em um livro intitulado “Dom Benedito de Ulhôa Vieira: uma trajetória de Esperança”. 

No dia 15 de setembro de 1978, Dom Benedicto tomou posse como 2º Arcebispo Metropolitano de Uberaba-MG e 5º Bispo da cidade das sete colinas. No seu discurso de chegada a Uberaba, ele assim se apresentou: “Sou bandeirante. Venho de Piratininga e trago comigo a pressa daqueles que não sabem esperar”. Seu governo pastoral foi marcado pela pressa em servir. Era o homem que tudo fazia já de véspera. Ainda que tendo assumido encargos na CNBB, como Vice-presidente (1983-1987) e Presidente do Regional Leste II, pastoreava sua Igreja com todo desvelo. 

No dia 6 de agosto de 1988, tive a grande satisfação de ter sido ordenado diácono por este grande homem de Deus. Consigo ainda ouvir a sua voz intrépida a interpretar a ordenação como verdadeira transfiguração: “Hoje, neste Santuário, acontece uma nova transfiguração: a ordenação deste jovem. Antes vai ele prostrar-se para sentir o cheiro da terra, de onde saímos, e depois erguer-se, na beleza de sua mocidade, e dizer: ‘Senhor, aqui estou’”. Aos 8 de dezembro de 1988, as mãos paternas de Dom Benedicto voltaram a ser reclinadas sobre a minha fronte, agora para a ordenação presbiteral. Nós, padres jovens, o rodeávamos para beber dele não somente a sabedoria, mas também a sua afeição, como fazia o jovem Irineu aos pés do velho Policarpo, bispo de Esmirna, no início do século II. Quais homens insignes da história da Igreja, Dom Benedicto nos transmitia a Tradição Apostólica e nos enchia de zelo e ardor no discipulado e na configuração a Jesus Cristo. 

Além das visitas pastorais às paróquias e animação das periódicas reuniões do clero, D. Benedicto instituiu as Assembleias arquidiocesanas e a elaboração dos planos de pastoral (PAPIU – Plano Arquidiocesano de Pastoral da Igreja de Uberaba). Organizou a Arquidiocese conforme a inspiração do Concilio Vaticano II, Igreja Povo de Deus. Criou 11 paróquias; ordenou 30 padres; criou a Comissão dos Direitos Humanos; realizou a reforma da catedral e de várias outras igrejas e, no seu governo, foi desmembrada a Diocese de Ituiutaba. Construiu o novo Seminário, dedicado a São José; criou a Escola de teologia para leigos e leigas (ESTELAU) e a Escola diaconal Santo Estevão. 

Foram mais de 17 anos de profícuo ministério episcopal de Dom Benedicto na Arquidiocese de Uberaba, cujos frutos ainda reverberaram mesmo depois de se tornar emérito, o que ocorreu a 28 de fevereiro de 1996. Suas aulas, palestras e homilias manifestavam sua altíssima sabedoria, recolhida em várias obras publicadas. Como Reitor do Santuário da Medalha Milagrosa, Dom Benedicto, já Arcebispo emérito, aspergia seu zelo pastoral e a todos encantava com seu vigor nutrido de fé inquebrantável. Às noites de sexta-feira, saía pelas ruas da cidade  levando um lanche às pessoas em situação de rua, manifestando sua solidariedade para com os empobrecidos. Já alquebrado, tinha grande satisfação em receber visitas em sua casa, com quem se entretinha sobre  variados assuntos, como cultura, literatura, filosofia, teologia, religiosidade e muita prosa boa. 

Foi esse o homem-doutor, rico em sabedoria para enriquecer o seu rebanho com a iluminação divina. Foi ele o homem-poeta a inspirar o sentido da vida de tantas pessoas. Foi ele o pastor zeloso a cuidar, com extrema dedicação, do rebanho a ele confiado, com amor de predileção pelos empobrecidos e descartados da sociedade. Dom Benedicto foi o homem completo, excessivamente humano, no exercício de seu ministério como servidor de Deus e de seu povo. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Santa Dulce Lopes Pontes (*1914 - †1992)

Santa Dulce Lopes Pontes (Vatican News)

Irmã Dulce dos Pobres, mística brasileira, também conhecida como “Anjo bom da Bahia”, tinha como lema “Amar e Servir”: fez da sua existência um instrumento vivo de fé, amor e serviço aos indigentes e enfermos.

Vatican News

A Igreja Católica recorda hoje Santa Dulce Lopes Pontes, também chamada de "Anjo bom da Bahia", a "Irmã Dulce dos pobres".

Maria Rita nasceu em 26 de maio de 1914, na freguesia de Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, Bahia, segunda filha do cirurgião dentista Augusto Lopes Pontes, professor de Odontologia, e Dona Dulce Maria de Souza. Foi batizada com o nome de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes.

A menina era muito alegre, adorava brincar de boneca, empinar arraia e tinha especial predileção pelo futebol. De fato, era torcedora do Esporte Clube Ypiranga, time da classe operária e excluídos da sociedade.

Em 1921, aos sete anos, ficou órfã de sua mãe, falecida com apenas 26 anos de idade. No ano seguinte, junto com seus irmãos, Augusto e Dulcinha, fez a Primeira Comunhão na igreja de Santo Antônio Além do Carmo.

Aos 13 anos, graças à influência da sua família e ao seu senso de justiça, a jovenzinha passou a acolher mendigos e doentes em sua casa, transformando-a em um pequeno “centro de atendimento”, que ficou conhecido como “Portaria de São Francisco”. Na época, ao visitar com sua tia, a periferia da cidade, bairros onde moravam os pobres e excluídos, Maria Rita começou a manifestar, pela primeira vez, o desejo de dedicar-se à vida religiosa.

Irmã Dulce e suas numerosas atividades

Em 8 de fevereiro de 1933, após sua formatura em Magistério, Maria Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em São Cristóvão, Sergipe, onde recebeu o hábito religioso, mudando seu nome para Irmã Dulce, em homenagem à sua mãe.

A primeira missão de Irmã Dulce como religiosa foi ensinar em um colégio, mantido pela sua Congregação, no bairro da Massaranduba, Cidade Baixa de Salvador. Mas, seu pensamento estava sempre voltado para o trabalho com os pobres.

Em 1935, começou a dar assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas no bairro de Itapagipe, onde moravam numerosos trabalhadores. Ali, deu início a um posto médico, que, em 1936, se tornou “União Operária São Francisco”, a primeira organização católica do estado, que, depois, se transformou em “Círculo Operário da Bahia”, fundado em 1937, com Frei Hildebrando Kruthaup. Dois anos depois, Irmã Dulce inaugurou o “Colégio Santo Antônio”, uma escola pública para operários e seus filhos, no bairro da Massaranduba.

Relíquias da “Madre Teresa do Brasil”

A causa da Canonização de Irmã Dulce teve início em janeiro de 2000. Seus restos mortais, que, desde 1992 - ano de seu falecimento – jaziam na igreja da Conceição da Praia, foram transladados para a Capela do Convento Santo Antônio, sede das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), em Salvador.

A Congregação das Causa dos Santos, após a Positio, documento canônico sobre os dados biográficos, virtudes e testemunhos do processo de canonização, definiu a santa “Madre Teresa do Brasil” como a “Madre Teresa de Calcutá”, “conforto para os pobres e exame de consciência para os ricos”.

No dia 9 de junho de 2010, deu-se a exumação e translado das relíquias da Irmã Dulce para a Capela definitiva, na Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, hoje, Santuário Santa Dulce dos Pobres, situado ao lado da sede da OSID (Obras Sociais Irmã Dulce), lugar onde a santa havia fundado o Círculo Operário da Bahia, na década de 40. Ali, se encontra o túmulo da Mãe dos Pobres, lugar de devoção e fé.

Em setembro de 2019, por ocasião da sua Canonização, presidida pelo Papa Francisco, o local foi reformado, ganhando um túmulo de vidro com uma efígie, em tamanho real, da Santa Dulce dos Pobres.

Obras sociais “Irmã Dulce”.

Maria Rita Pontes, sobrinha da Irmã Dulce, escreveu uma biografia sobre sua tia, na qual destaca os exemplos de bondade, caridade e amor ao próximo da “Mãe dos Pobres”.

IRMÃ DULCE COMPARADA COM “MADRE TERESA”

(Congregação das Causas dos Santos)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Dependência emocional: Ou você quebra o padrão, ou o padrão te destrói.

Bricolage | Shutterstock

Talita Rodrigues - publicado em 12/08/25

Existem ciclos na vida emocional que, se não forem observados com profundidade e coragem, tendem a se repetir como um eco silencioso da dor que ainda não foi curada.

A dependência emocional é um desses padrões — invisível aos olhos de quem sente, mas profundamente evidente nas escolhas que machucam, nas relações que aprisionam e na constante sensação de vazio, mesmo ao lado de alguém.

1 - O QUE É DEPENDÊNCIA EMOCIONAL?

Na psicologia, a dependência emocional é compreendida como um estado psicológico em que o indivíduo sente que não pode viver ou ser feliz sem a presença, aprovação ou afeto de outra pessoa. Não é o amor saudável, maduro e livre. É uma ligação baseada no medo: de ser rejeitado, de ficar sozinho, de não ser suficiente. Quem vive nesse padrão, muitas vezes, confunde intensidade com amor, controle com cuidado, e submissão com entrega.

Mas esse padrão não começa de forma consciente. Ele é, na maioria das vezes, aprendido. São memórias afetivas antigas que ainda ditam a forma como nos relacionamos hoje. São experiências de abandono, negligência emocional ou vínculos frágeis na infância que, se não forem olhados, continuam ditando nossa maneira de amar.

2 - POR QUE QUEBRAR O PADRÃO É TÃO DIFÍCIL?

O padrão nos dá a falsa sensação de segurança. Mesmo que doa, é o que conhecemos. Mesmo que nos machuque, é familiar. A dependência emocional nos prende em dinâmicas repetidas: escolhemos parceiros indisponíveis, aceitamos migalhas emocionais, nos anulamos em nome de um “amor” que nos consome. E, quando tentamos sair, o medo fala mais alto: medo de não encontrar outro amor, medo de não sermos amados por quem somos de verdade, medo do silêncio.

A quebra do padrão exige enfrentamento. Exige que a pessoa olhe para si mesma com verdade. Que reconheça as feridas, aceite as dores e entenda que não é no outro que mora a sua salvação, mas no encontro com sua própria integridade emocional.

3 - PSICOLOGICAMENTE, O QUE SUSTENTA A CURA?

Autoconhecimento, autonomia afetiva e ressignificação da história pessoal. A psicoterapia é um caminho eficaz nesse processo.

Ela permite que o indivíduo vá além do que repete — para entender o que sente, por que sente e o que precisa transformar. É no espaço terapêutico que se pode, aos poucos, desconstruir as crenças disfuncionais que alimentam a dependência, como “eu não mereço amor”, “sou fraco se estiver só” ou “preciso agradar para não ser deixado”.

Com o tempo, a pessoa aprende a se sustentar emocionalmente. Aprende a dizer “não”, a colocar limites, a entender que amar não é se perder, mas se encontrar no encontro com o outro. Aprende que a solidão não é um castigo, mas uma pausa necessária para reconstruir-se.

A escolha é sua: manter o ciclo ou quebrá-lo.

A frase “ou você quebra o padrão, ou o padrão te destrói” não é uma ameaça — é um chamado. É o reconhecimento de que a vida emocional pede mais do que sobrevivência: ela clama por consciência, por responsabilidade afetiva e por libertação.

Seguir repetindo padrões de dor não é destino, é falta de percepção. Quando você se percebe, você muda. Quando você se escolhe, você se liberta.

A verdadeira liberdade emocional nasce quando o amor-próprio deixa de ser um discurso bonito e se torna prática diária. E é nesse ponto que o padrão se rompe — não quando o outro muda, mas quando você decide, com coragem, não aceitar menos do que merece.

A dependência emocional é um convite à cura, não uma sentença. E curar-se é, muitas vezes, um ato de coragem solitária, mas profundamente transformador. Eu desejo que você possa reconhecer os seus padrões, acolher as suas feridas e, com amor e consciência, que você possa escolher um novo caminho.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/08/12/dependencia-emocional-ou-voce-quebra-o-padrao-ou-o-padrao-te-destroi/

Dia 7 de setembro: Papa anuncia nova data da canonização de Acutis e Frassati

Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis (Vatican News)

Em Consistório realizado nesta sexta-feira (13/06), o Papa Leão XIV anunciou que as canonizações de Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati ocorrerão em 7 de setembro de 2025. O Santo Padre também definiu para 19 de outubro a canonização de outros sete beatos.

Vatican News

Domingo, 7 de setembro de 2025: o Papa Leão XIV anunciou a nova data da canonização de Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati. O anúncio foi feito na manhã desta sexta-feira (13/06) durante a realização do Consistório Ordinário Público.

Inicialmente, a canonização de Acutis estava marcada para o dia 27 de abril, no Jubileu dos Adolescentes, e Frassati em 3 de agosto, no Jubileu dos Jovens. Com a morte do Papa Francisco, as datas foram alteradas.

Consistório realizado nesta sexta-feira (13/06)   (@Vatican Media)

O Escritório para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice comunicou ainda que o Santo Padre definiu a data da canonização dos beatos Ignatius Choukrallah Maloyan, arcebispo armênio católico de Mardin e mártir; Peter To Rot, leigo e catequista, mártir; Vincenza Maria Poloni, fundadora do Instituto das Irmãs da Misericórdia de Verona; María del Monte Carmelo Rendiles Martínez, fundadora da Congregação das Servas de Jesus; Maria Troncatti, religiosa das Filhas de Maria Auxiliadora; José Gregorio Hernández Cisneros, leigo; e Bartolo Longo, também leigo. Leão XIV decretou que esses beatos serão oficialmente inscritos no Álbum dos Santos no domingo, 19 de outubro de 2025.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

PAULO VI: Cartas de misericórdia (Parte 2/2)

Montini em um subúrbio de Roma na década de 1930 | 30Giorni.

Arquivo 30Dias n. 07/08 - 2001

6 de agosto de 1978 • Paulo VI morre em Castel Gandolfo

Cartas de misericórdia

A correspondência, iniciada em 1928, entre Giovanni Battista Montini, então jovem funcionário da Secretaria de Estado, e Dom Orione, sobre a ajuda a ser dada a alguns sacerdotes em dificuldade.

por Flávio Peloso

O padre foi acolhido na casa dos Filhos da Divina Providência em San Severino Marche.

Poucos dias depois, Monsenhor Montini imediatamente expressou sua gratidão a Dom Orione: "Agradeço-lhe a bondade demonstrada por aquele pobre homem, que espero que seja um bálsamo para sua alma, outrora enganada e agora amargurada. Sua Excelência Monsenhor Canali e o próprio Cardeal Merry del Val ficaram muito impressionados com a solução que lhes facilitou neste lamentável caso" (carta de 12 de janeiro de 1929).

Foi uma história com final feliz que compensou as muitas decepções e sacrifícios de Dom Orione neste trabalho que o ocupava cada vez mais, "desde que se espalhou entre os bispos a notícia de que estou assumindo a tarefa de endireitar suas pernas" ( Scritti 7, 304). E ele confidenciou: "Digo-vos que tenho alguns por toda a parte, reabilitados e ainda não reabilitados, já de batina e alguns ainda em traje civil: tenho alguns que são sacristãos, porteiros, impressores, enfermeiros, professores; tenho alguns que trabalham e outros que não querem saber de nada, e só pensam na cantina e em fugir de bicicleta, alguns que estudam e rezam e alguns que só falam de política e desporto; alguns têm azeite nas lâmpadas e alguns têm muito pouco, talvez alguns nunca o tenham tido, e creio que lhes faltava uma verdadeira vocação" ( Escritos 84, 9).

Uma colaboração contínua

Entre o jovem Montini, redator da Secretaria de Estado, e Dom Orione estabeleceu-se uma colaboração contínua para ajudar os padres em dificuldade. Quando Dom Montini soube desses casos, soube que podia recorrer a Dom Orione: "Por favor, em vossa bondade, olhai também para esta miséria e dizei-me se Nossa Senhora não vos sugeriu um meio de trazer algum socorro". Do restante da carta, fica claro que Monsenhor Montini não estava "transferindo o problema" para Dom Orione, como se fosse um assunto oficial qualquer, mas estava oferecendo-lhe seu envolvimento pessoal: "Se acredita que algo pode e deve ser feito da minha parte a esse respeito (na verdade, não sei do que minha própria inadequação é capaz, especialmente neste campo), por favor, me avise."

Dom Orione deve ter apreciado muito o compromisso do jovem monsenhor, pois em outra ocasião expressou sua raiva dizendo: "Eu poderia ter feito mais e, com a ajuda divina, faria muito mais por essas pessoas e por outras, mas, digo isso com tristeza, não fui ajudado! Com exceção do Santo Padre e, para alguns, do Santo Ofício em geral, os outros, depois de se libertarem deles e os lançarem em meus braços, não se lembram mais deles: que fique com você!" ( Escritos 84, 9).

Mais evidências do compromisso contínuo de Monsenhor Montini com esse campo oculto da caridade sacerdotal podem ser encontradas em uma carta datada de 2 de agosto de 1929, na qual ele confidencia a Dom Orione: "Monsenhor Canali me enviou novamente casos semelhantes, implorando-me que encontrasse algum remédio ou, pelo menos, que oferecesse algum conforto."

Depois de algum tempo, graças ao conhecimento adquirido e à franqueza de sua caridade, Monsenhor Montini ousa e propõe ao fundador da Pequena Obra da Divina Providência: "Adquiri considerável experiência da necessidade de se estabelecer uma organização de caridade para esses infelizes, a quem ninguém mais estenderá a mão... Oh, se o Senhor o inspirasse a fundar esta organização também, Dom Orione, como eu também o abençoaria!"

De fato, na década de 1930, Dom Orione estabeleceu um ambiente privado para a assistência desses padres, capaz de promover sua recuperação humana e espiritual. "Para reunir os padres que morreram durante a guerra e que gradualmente retornaram arrependidos", escreveu ele a um clérigo que lhe pediu ajuda em favor de um padre, "a Divina Providência me permitiu comprar uma casa adequada em Varallo Sesia, e também lá cerca de 200.000 liras, e dei um passo que agora sinto que foi longo demais" (carta de 25 de novembro de 1932).

Paulo VI visita duas instituições orionitas em Roma; aqui ele está com um menino deficiente do centro "Dom Orione" em Monte Mário | 30Giorni.

Na colaboração entre Monsenhor Montini e Dom Orione, o bálsamo da caridade, combinado com ações judiciais, levou à redenção de vários padres "caídos". Isso também é mencionado em uma carta datada de 11 de setembro de 1929: "Venerável Dom Orione, o excelentíssimo Dr. Costa, de Gênova, trouxe-me suas saudações, com grande prazer, sabendo que se lembra de mim e, espero, na memória da oração e da caridade. Agradeço-lhe sinceramente. Há algum tempo, escrevi-lhe sobre a reabilitação de um padre: recebeu a carta? Poderia, por favor, enviar-me uma resposta? Em Domino . Devotado Padre GB Montini."

A preocupação com os padres em dificuldade, por mais generosa e sábia que fosse, nem sempre alcançava os resultados positivos desejados. Como no caso de Dom Raffaele ***. Monsenhor Montini escreveu a Dom Orione em novembro de 1929: "Venerável Dom Orione, há meses tomei a liberdade de relatar-lhe o lamentável caso de um padre apóstata que precisava ser salvo, e na carta incluí um lembrete com os detalhes precisos. [...] Gostaria que o senhor pudesse, com a ajuda de Deus , ajudar o pobre homem!". Então, porém, Monsenhor Montini teve que concluir: "Se não for possível fazer algo por ele, gostaria de ter de volta os lembretes que acompanhavam a carta. Em setembro, passei alguns dias com Franco Costa, e juntos falamos sobre o senhor: gostaria de se lembrar de nós dois em suas orações caridosas?".

A correspondência autografada de Monsenhor Montini preservada nos Arquivos "Dom Orione" diminuiu durante a estadia de Dom Orione na América Latina (1934-1937) e cessou com sua morte (1940). O último documento do coração sensível e amigo de Monsenhor Montini para com Dom Orione data de 26 de outubro de 1939. Ele sabia que o "pai dos pobres" estava preocupado com seus filhos na Polônia, dos quais não tinha notícias desde a devastadora invasão das tropas hitleristas, iniciada em 1º de setembro. Ele o tranquilizou: "Apresso-me em informá-lo de que, segundo as notícias mais recentes que recebi, todas as pessoas acolhidas nas instituições da Congregação dos Filhos da Divina Providência na Polônia estão bem. Recebi também uma carta endereçada a você por um de seus filhos; peço-lhe que a envie junto com ela, e peço-lhe que não publique, nem mesmo nos boletins da Congregação, nenhuma informação contida na mesma carta."

Uma amizade verdadeiramente singular unia os dois "bons samaritanos" de padres em dificuldade. Ao recordar este período, quarenta anos depois, Paulo VI ainda reviverá o seu encanto (audiência de 31 de maio de 1972): «Vi-o mais de uma vez quando me veio visitar na Secretaria de Estado, e nunca teria terminado de falar com ele, porque sentia nele uma alma especial, um espírito singular, um santo e esperamos um dia poder proclamá-lo como tal a partir desta basílica."

Fonte: https://www.30giorni.it/

CATEQUESE: Conheça as dimensões da espiritualidade que o catequista deve cultivar a cada dia

Foto: Juliene Barros

Conheça as dimensões da espiritualidade que o catequista deve cultivar a cada dia

  • por Ir. Renata S. Soares Pereira, fsp

Para realizar a missão de fazer ecoar a Boa Nova, o catequista é convidado a cultivar diariamente as seguintes dimensões cristãs que se encontram no livro” Espiritualidade e missão do catequista”, do autor, Padre Vicente Frisullo (1):

• Dimensão cristocêntrica: consiste em seguir a Jesus Cristo, buscá-lo no encontro pessoal através da oração, da leitura da Palavra de Deus no cotidiano, na comunhão, no encontro com irmãos, até que Cristo se forme no catequista. 

• Dimensão trinitária: Cristo é o caminho. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Cf. Jo 14, 6). Mas a meta é a Trindade, pela qual fomos mergulhados no dia do batismo. Ela é a fonte do amor inesgotável que leva ao compromisso de viver e construir unidade e comunhão, na família, na sociedade e na Igreja.

• Dimensão litúrgica sacramental: Após a Ressurreição de Jesus Cristo, agora só o encontramos, através de sinais, de forma sacramental.  Por isso, é vital para o catequista crescer na intimidade com Jesus Cristo Eucarístico, cultivar a vida de comunhão com Ele através da Eucaristia, “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim e eu nele”(Cf. Jo 6, 56). A Eucaristia é o mistério e o centro da vida cristã. Nela, o catequista se configura a Cristo Orante, que o ensina a orar, e, sobretudo, em comunidade ir ao encontro do Senhor Jesus Cristo.   

Foto: Juliene Barros

• Dimensão bíblica: a fé do catequista nasce da Palavra. Foi São Paulo que afirmou: “Certamente a fé vem do anúncio, e o anúncio por intermédio da Palavra de Cristo”(Cf. Rm 10,17).  Portanto, a missão do catequista é ser um servidor da Palavra. A iniciação à vida cristã exige conhecimento da Palavra de Deus, para despertar nos catequizandos o sabor pela Palavra de Deus que é alma da catequese. “Toda Escritura é inspirada por Deus, é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra” (Cf. 2Tm 3, 16-17). Por isso, é tão importante que o catequista busque aprofundamento na Sagrada Escritura.  

• Dimensão eclesial: Através do Batismo o catequista faz parte da família de Deus, está inserido, vive da e na Igreja, porque ele prepara novos membros para ela. O catequista fala da Igreja com paixão de quem tem a missão de introduzir novos membros através da iniciação à vida cristã. Dentro da comunidade eclesial que o catequista é chamado à missão de viver uma forte e atraente experiência eclesial. 

Dimensão mariana: apesar da discrição de Maria nos Evangelhos, é compreensível porque Jesus é o centro, único mediador entre Deus e nós. Porém, Maria é citada 125 versículos, isto é suficiente para compreender o lugar que ela ocupa na história da salvação. Para o evangelista João, Jesus antes de morrer entrega sua mãe à Igreja e a Igreja à sua mãe, porque ela é mãe da nova humanidade em Cristo.

Maria é modelo para o catequista de como se aproximar da Palavra de Deus. Como o Papa Francisco afirmou: “ Há um estilo mariano na atividade evangelizadora da Igreja. Porque sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto” (EG 288).

Foto: Cathopic

• Dimensão solidária: a fé não é mero sentimento. É ação. No livro do Êxodo, Deus disse: “Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-los”(Cf. Ex 3,7).

O amor de Deus para com seu povo se traduz em ação concreta. Deus intervém e envia seu Filho Jesus que veio para servir e dar vida plena para todos. Jesus toma para si, a missão do servo sofredor que carrega sobre si o sofrimento do povo.

O amor compaixão de Jesus para com os pobres e sofredores é tão grande, que ele chega a se identificar com eles: “Venham a mim benditos de meu Pai...pois estava com fome.. estava com sede e me deste de beber...(Cf. Mt 25,34-40).1 

Portanto, nesse sentido, as dimensões da espiritualidade cristã servirão de bússola para o catequista se orientar, aprofundar cada vez mais, e se conscientizar da linda missão de  discípulo e missionário, de ser mistagogo, ou seja, de iniciar, conduzir os irmãos ao mistério de Cristo, orientando-os para Deus, sendo intérprete da alegria do Evangelho. É o que o mundo espera de nós, catequista.

Irmã Renata S. Soares Pereira é irmã paulina, filósofa e pós-graduada em Catequese no Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal). Missionária na Livraria Paulinas do Rio de Janeiro (RJ).

 1FRISSULLO, Vicente. Espiritualidade e missão do Catequista: a partir do documento da CNBB n.107. São Paulo: Paulinas. 2017.p.40-51

Fonte: https://universo.paulinas.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF