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segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

O Líbano, uma terra bíblica

Antoine Mekary | ALETEIA

Camille Dalmas - publicado em 01/12/25

De 30 de novembro a 2 de dezembro, o Papa Leão XIV visitará o Líbano em sua primeira viagem internacional. O "país do cedro" ocupa um lugar muito importante nas Sagradas Escrituras.

Mencionado apenas no Antigo Testamento, o Líbano é citado em 71 ocasiões. A cordilheira que ocupa grande parte de seu território é descrita pelos profetas como uma das fronteiras naturais da Terra Prometida oferecida por Deus ao povo de Israel. "Todo lugar que pisar a sola do vosso pé será vosso: a vossa fronteira se estenderá desde o deserto até ao Líbano, e desde o rio Eufrates até ao mar ocidental" (Dt 11,24), afirma Moisés depois da fuga do Egito. O sucessor de Moisés, Josué, inclui até mesmo neste território "Baal-Gad, no vale do Líbano". Embora não se saiba ao certo onde esta cidade, o ponto norte das terras da nação judaica, várias hipóteses apontam para o sul do vale do Bekaa, no Líbano.

Na Bíblia, o Líbano também é frequentemente associado às magníficas florestas de cedros que crescem nas encostas de suas montanhas. Mencionada em 75 ocasiões, esta árvore, que hoje aparece na bandeira libanesa, representava na época um recurso econômico chave para o Oriente Médio. Salomão o usou para construir o templo de Jerusalém, o lugar mais sagrado do judaísmo antigo, mas também o palácio do sábio soberano. Para realizar essas construções, Salomão enviou várias dezenas de milhares de judeus ao rei libanês Hiram de Tiro para transportar os preciosos troncos.

A reputação de beleza das florestas de cedro do Líbano aparece em alguns dos versículos mais poéticos da Bíblia. É o caso do Salmo 92, onde se diz que os justos "se elevam como o cedro do Líbano" e prosperam apesar da idade, como essas árvores "cheias de seiva e verdes" (Sl 92,13-15). No Salmo 104, as florestas libanesas se tornam uma imagem da perfeição da criação divina: “As árvores do Senhor são saciadas, os cedros do Líbano, que ele plantou. Ali aninham as aves» (Sl 104,16-17).

No Cântico dos Cânticos, as riquezas do Líbano ressoam no canto de amor do marido à sua amada. Expressando toda a sua sensualidade e desejo, o homem se maravilha com a beleza de sua esposa, comparando sua boca com o leite e o mel e afirmando que “o aroma de [seus] vestidos é como o aroma do Líbano” (Ct 4,11). O amado promete a sua amada levá-la para visitar os picos do maciço libanês, "fonte dos jardins, poço de águas vivas que brotam do Líbano" (Ct 4,15). E ela, por sua vez, contempla o objeto de seu amor, parando em suas pernas, "colunas de mármore sobre bases de ouro puro", cujo aspecto "é o do Líbano: como o cedro, sem rival!" (Ct 5,15). A beleza da terra libanesa também inspira os profetas Ben Sira, Oséias e Nahum, que exaltam seu perfume, a fama de seu vinho e a delicadeza de sua flora.

Um espelho do poder divino

O profeta Isaías, por sua vez, vê no verde Líbano um testemunho da força natural que só Deus pode dominar. "O Senhor, Deus dos exércitos, quebra os galhos com violência: os maiores são cortados, os mais altos são derrubados; derruba com o ferro os matos da floresta, e o Líbano cai sob o Poderoso" (Is 10,33-34). Da mesma forma, "a voz do Senhor quebra os cedros do Líbano" (Sl 29,5), e seu poder os faz ondular como "espigas" (Sl 72,16). Por sua vez, o profeta Jeremias afirma que Deus seria capaz de transformar os picos brancos do Líbano em um deserto infértil (Jr 22,6).

Várias referências associam o Líbano à sua fauna, e Isaías menciona a presença de leões e leopardos em suas montanhas. Nos picos libaneses também se encontra a "grande águia, de grandes asas, de imensa envergadura, de plumagem espessa e colorida", mencionada por Ezequiel, que domina "a copa do cedro" (Ez 17,3). Uma grandeza natural notável que, muitas vezes, se curva diante da onipotência divina: "O Líbano não seria suficiente para o fogo, nem seus animais para o holocausto", assegura Isaías para exaltar ainda mais a grandeza divina, ainda mais imensa que a "glória do Líbano" (Is 40,16; Is 35,2).

E no Novo Testamento?

Embora o Líbano não seja explicitamente mencionado no Novo Testamento, ele pode aparecer nele. A cidade de Caná, onde Jesus realiza seu primeiro milagre, transformando água em vinho durante um casamento, pode corresponder às cidades de Qana, no sul do Líbano, mas também às de Kafr Cana e Khirbet Cana, em Israel.

Os arqueólogos não se pronunciaram sobre o assunto, mas Antonio Andary, da Fundação Maronita, defende a hipótese libanesa. Além disso, ele considera que Jesus também teria visitado território libanês em outras ocasiões, em particular durante seu encontro com a mulher cananeia, que, segundo ele, teria ocorrido perto de Sidon.

Finalmente, afirma que a Transfiguração pode ter ocorrido no topo do Monte Hebron, uma montanha de Golã que pertence em parte ao Líbano e à Síria (mas que é ocupada por Israel desde 2024). No entanto, o lugar tradicionalmente aceito é o Monte Tabor, em Israel.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/12/01/o-libano-uma-terra-biblica/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF