Camille
Dalmas - publicado em 01/12/25
De 30 de novembro a 2 de dezembro, o Papa Leão XIV
visitará o Líbano em sua primeira viagem internacional. O "país do
cedro" ocupa um lugar muito importante nas Sagradas Escrituras.
Mencionado apenas no Antigo Testamento, o Líbano é citado em
71 ocasiões. A cordilheira que ocupa grande parte de seu território é descrita
pelos profetas como uma das fronteiras naturais da Terra Prometida oferecida
por Deus ao povo de Israel. "Todo lugar que pisar a sola do vosso pé será
vosso: a vossa fronteira se estenderá desde o deserto até ao Líbano, e desde o
rio Eufrates até ao mar ocidental" (Dt
11,24), afirma Moisés depois da fuga do Egito. O sucessor de Moisés, Josué,
inclui até mesmo neste território "Baal-Gad, no vale do Líbano".
Embora não se saiba ao certo onde esta cidade, o ponto norte das terras da
nação judaica, várias hipóteses apontam para o sul do vale do Bekaa, no Líbano.
Na Bíblia, o Líbano também é frequentemente associado às
magníficas florestas de cedros que crescem nas encostas de suas montanhas.
Mencionada em 75 ocasiões, esta árvore, que hoje aparece na bandeira libanesa,
representava na época um recurso econômico chave para o Oriente Médio. Salomão
o usou para construir o templo de Jerusalém, o lugar mais sagrado do judaísmo
antigo, mas também o palácio do sábio soberano. Para realizar essas
construções, Salomão enviou várias dezenas de milhares de judeus ao rei libanês
Hiram de Tiro para transportar os preciosos troncos.
A reputação de beleza das florestas de cedro do Líbano
aparece em alguns dos versículos mais poéticos da Bíblia. É o caso do Salmo 92,
onde se diz que os justos "se elevam como o cedro do Líbano" e
prosperam apesar da idade, como essas árvores "cheias de seiva e
verdes" (Sl 92,13-15). No Salmo
104, as florestas libanesas se tornam uma imagem da perfeição da
criação divina: “As árvores do Senhor são saciadas, os cedros do Líbano, que
ele plantou. Ali aninham as aves» (Sl 104,16-17).
No Cântico dos Cânticos, as riquezas do Líbano ressoam no
canto de amor do marido à sua amada. Expressando toda a sua sensualidade e
desejo, o homem se maravilha com a beleza de sua esposa, comparando sua boca
com o leite e o mel e afirmando que “o aroma de [seus] vestidos é como o aroma
do Líbano” (Ct 4,11). O amado promete a sua amada levá-la para visitar os picos
do maciço libanês, "fonte dos jardins, poço de águas vivas que brotam do
Líbano" (Ct 4,15). E ela, por sua vez, contempla o objeto de seu amor,
parando em suas pernas, "colunas de mármore sobre bases de ouro
puro", cujo aspecto "é o do Líbano: como o cedro, sem rival!"
(Ct 5,15). A beleza da terra libanesa também inspira os profetas Ben Sira,
Oséias e Nahum, que exaltam seu perfume, a fama de seu vinho e a delicadeza de
sua flora.
Um espelho do poder divino
O profeta Isaías, por sua vez, vê no verde Líbano um
testemunho da força natural que só Deus pode dominar. "O Senhor, Deus dos
exércitos, quebra os galhos com violência: os maiores são cortados, os mais
altos são derrubados; derruba com o ferro os matos da floresta, e o Líbano cai
sob o Poderoso" (Is 10,33-34). Da mesma forma, "a voz do Senhor
quebra os cedros do Líbano" (Sl 29,5), e seu poder os faz ondular como
"espigas" (Sl 72,16). Por sua vez, o profeta Jeremias afirma que Deus
seria capaz de transformar os picos brancos do Líbano em um deserto
infértil (Jr 22,6).
Várias referências associam o Líbano à sua fauna, e Isaías
menciona a presença de leões e leopardos em suas montanhas. Nos picos libaneses
também se encontra a "grande águia, de grandes asas, de imensa
envergadura, de plumagem espessa e colorida", mencionada por Ezequiel, que
domina "a copa do cedro" (Ez 17,3). Uma grandeza natural notável que,
muitas vezes, se curva diante da onipotência divina: "O Líbano não seria
suficiente para o fogo, nem seus animais para o holocausto", assegura
Isaías para exaltar ainda mais a grandeza divina, ainda mais imensa que a
"glória do Líbano" (Is 40,16; Is 35,2).
E no Novo Testamento?
Embora o Líbano não seja explicitamente mencionado no Novo
Testamento, ele pode aparecer nele. A cidade de Caná, onde Jesus realiza seu
primeiro milagre, transformando água em vinho durante um casamento, pode
corresponder às cidades de Qana, no sul do Líbano, mas também às de Kafr Cana e
Khirbet Cana, em Israel.
Os arqueólogos não se pronunciaram sobre o assunto, mas
Antonio Andary, da Fundação Maronita, defende a hipótese libanesa. Além disso,
ele considera que Jesus também teria visitado território libanês em outras
ocasiões, em particular durante seu encontro com a mulher cananeia, que,
segundo ele, teria ocorrido perto de Sidon.
Finalmente, afirma que a Transfiguração pode ter ocorrido no
topo do Monte Hebron, uma montanha de Golã que pertence em parte ao Líbano e à
Síria (mas que é ocupada por Israel desde 2024). No entanto, o lugar
tradicionalmente aceito é o Monte Tabor, em Israel.

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