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sábado, 12 de julho de 2025

Curiosidades da Bíblia: Sodoma e Gomorra de fato existiram?

Bíblia (Vatican News)

Pouco se sabe de concreto sobre as cidades de Sodoma e Gomorra. Elas estavam situadas próximas ao mar morto. A primeira referência bíblica a seu respeito está no livro do Gênesis (Gn 10,19).

Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista

Uma das narrativas bíblicas do Antigo Testamento que, com certeza, mais chama a atenção dos leitores é o diálogo de Abraão com Deus, quando o patriarca da nação invoca sua clemência para com duas cidades. Na passagem o Senhor anuncia a destruição de Sodoma e Gomorra. O motivo apresentado seria o elevado nível de promiscuidade e corrupção do povo. Assim está escrito:

“Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito” (Livro do Gênesis, capítulo 18, versículo 20).

Abraão intercedeu pelo povo diversas vezes, perguntando ao Senhor que se houvesse homens justos no meio dos ímpios, ele pouparia a cidade:

“Disse mais: Ora, não se irrite o Senhor, que ainda só mais esta vez falo: Se porventura se acharem ali dez justos? E Deus disse: Não a destruirei por amor dos dez” (Livro do Gênesis, capítulo 18, versículo 32).

As Sagradas Escrituras contam que o Senhor poupou a família de Abraão enviando dois anjos à casa de Ló, seu sobrinho, que habitava a região a ser destruída. Eles o orientam a deixar a cidade, junto com sua família. Os anjos orientam ainda que ao sair da cidade não olhassem para trás, para não virarem estátua de sal. E por não haver ali sequer dez homens justos, a cidade foi destruída. A mulher de Ló, entretanto, ao se virar para traz imediatamente foi transformada numa estátua de sal. Assim está escrito no Livro de Gênesis

 “Então o Senhor fez chover enxofre e fogo desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra” (Livro do Gênesis, capítulo 19, versículo 24).

Localização das cidades de Sodoma e Gomorra

Pouco se sabe de concreto sobre as cidades de Sodoma e Gomorra. Elas estavam situadas próximas ao mar morto. A primeira referência bíblica a seu respeito está no livro do Gênesis (Gn 10,19). São as duas mais conhecidas, porém, na verdade, havia outras três cidades ao longo do Rio Jordão. Essas cinco cidades eram conhecidas como as Cidades da Planície.

Nas passagens que nos referenciam a destruição das cidades é motivada pela promiscuidade de seus moradores. Porém, outra versão indica que as cidades tenham sido destruídas porque seus habitantes eram cruéis e pouco hospitaleiros com os estranhos. A falta de hospitalidade comum naquela época era muito criticada por ser uma atitude contrária à fraternidade como está no evangelho de Mateus (Mt 10, 14-15) que diz:

"E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade."

Outras informações históricas mostram que essas Cidades da Planície tiveram um passado difícil por serem cobiçadas. Bem antes do evento apocalíptico acontecer, Sodoma e Gomorra foram realmente devastadas pela guerra. Quedorlaomer, Rei de Elon, atacou as cidades, massacrou seus moradores e roubou todas as suas riquezas e alimentos.

Quem sabe por isso mesmo, seus habitantes tenham justificado o não seguimento da vontade de Deus, ao se tornarem rudes e hedonistas. Mas, no final, eles pagaram por isso da pior maneira possível.

O pecado de Sodoma e Gomorra

A Bíblia não deixa muito claro a razão da destruição de Sodoma e Gomorra, mas o profeta Ezequiel (EZ 16,49) já apresenta as cidades como expressão de pecado ao dizer:

"Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado."

O Profeta Jeremias (Jr 23,14), por sua vez, acrescenta um detalhe a mais nesta questão:

"Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda: cometem adultérios, e andam com falsidade, e fortalecem as mãos dos malfeitores, para que não se convertam da sua maldade; eles têm-se tornado para mim como Sodoma, e os seus moradores como Gomorra."

Uma leitura mais simples mostra estas cidades completamente sem lei, devido a sua riquezas e vida fácil proporcionadas pela fertilidade das planícies próximas ao Rio Jordão. Um homem, porém, foi digno de escapar da destruição se transformando em sinal de retidão daqueles que andam à luz do Senhor.

A segunda carta de Pedro (Pd 2, 6-9) enfatiza como Ló foi salvo por Deus, por ser ele um homem piedoso e justo. Ló e suas filhas conseguiram escapar sãos e salvos. A esposa de Ló, no entanto, não conseguiu porque ela desobedeceu a Deus e olhou para trás. Por isso ela foi transformada numa estátua de sal.  Na bíblia, o olhar para traz tem a interpretação de quem não conseguiu se desvencilhar das riquezas e da vida fácil.

Os antigos romanos tinham também sua versão da história. O escritor romano Ovídio escreveu uma fábula que mistura elementos da mitologia grega e romana, na história de Baucis e Filémon. Nessa história, os deuses Zeus e Hermes (ou Júpiter e Mercúrio, respectivamente na mitologia romana) viajaram para uma cidade disfarçados de homens, para tristemente descobrir que seus habitantes não eram hospitaleiros a não ser Filémon e sua esposa, Baucis, que os recebem e lhes dão comida. Os deuses então se revelam, avisando o casal para fugir, pois eles destruiriam a cidade.

Existe também uma versão da história no islamismo. A Sura Hude 11, 81 do livro do Alcorão tem uma versão ainda pior. Lá está escrito:

"Então viaje com sua família no escuro da noite, e não deixe nenhum de vocês olhar para trás, exceto sua esposa. Ela certamente sofrerá o destino dos outros."

Razões da destruição das cidades

Não existe uma clareza nos motivos que levaram à destruição das cidades impenitentes, mas em 2005, arqueólogos descobriram uma área na Jordânia conhecida como Telel Hamã. As ruinas e os objetos ali encontrados indicam possivelmente a localização das Cidades da Planície, com evidências de que o lugar foi devastado pelo fogo. Objetos de cerâmica que lá foram desenterrados mostram que a cerâmica se transformou em vidro depois de ser exposta a temperaturas extremamente altas.

A falta de água, as altas temperaturas do deserto e a terra que se tornou imprópria para a produção agrícola podem explicar as razões dos habitantes abandonarem as cidades. Mas nas Sagradas Escrituras, mais importante do que o fato em si, está a simbolização das cidades de Sodoma e Gomorra como lugares de pecado que são abomináveis para Deus, que sempre oferece, porém, a sua misericórdia e a possibilidade de conversão.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O túmulo dos apóstolos: São Pedro (Parte 1/2)

São Pedro | 30Giorni

Arquivo 30Dias nº 10 - 2008

O túmulo dos apóstolos

São Pedro

O discípulo que aprendeu a humildade.

de Lorenzo Bianchi

“Nos subterrâneos da Basílica Vaticana estão os fundamentos da nossa fé. A conclusão final dos trabalhos e dos estudos responde um claríssimo ‘sim’: o túmulo do Príncipe dos Apóstolos foi encontrado”. Foi assim que o papa Pio XII, no encerramento do Jubileu de 1950, deu o anúncio do reconhecimento da sepultura de Pedro, que uma tradição antiquíssima e unânime também atestava. O lugar da sepultura havia sido mencionado pela primeira vez nas palavras do presbítero Gaio, nos anos do pontificado do papa Zeferino, entre 198 e 217: “Posso mostrar-te os troféus dos apóstolos [Pedro e Paulo]. Se quiseres dirigir-te ao Vaticano ou à Via de Óstia, encontrarás os troféus daqueles que fundaram esta Igreja [de Roma]” (in: Eusébio de Cesaréia, História eclesiástica, II, 25, 7). O que é um “troféu”? Não é apenas uma estrutura, como muitas vezes foi entendido, simplificando esse trecho, mas, propriamente, o corpo do mártir: é esse o “troféu da vitória”. Nesse mesmo período, o martírio de Pedro é confirmado por Tertuliano, que, por volta do ano 200, escreve que a preeminência de Roma está ligada ao fato de que três apóstolos, Pedro, Paulo e João, nessa cidade ensinaram, tendo sido os dois primeiros mártires nela (cf. A prescrição contra os hereges, 36). Antes ainda, porém, o martírio é certificado por Clemente Romano, na primeira carta aos Coríntios (5-6), que talvez possa ser datada do ano 96: “Levemos em consideração os bons apóstolos: Pedro, que por inveja injusta suportou não um, nem dois, mas muitos sofrimentos, e assim, depois de ter dado testemunho, encaminhou-se para o merecido lugar da glória. [...] Em torno desses homens [Pedro e Paulo], que se comportaram piamente, reuniu-se uma grande multidão de eleitos, os quais, depois de terem sofrido por inveja muitos ultrajes e tormentos, tornaram-se entre nós belíssimo exemplo”.

Clemente escreve de Roma, e o próprio contexto da carta se refere a fatos que ocorreram em Roma: além de tudo, Pedro e Paulo recebem aí a companhia dos mártires romanos “entre nós”, vítimas da perseguição de Nero, aos quais se refere a última frase que transcrevemos.

Efetivamente, Pedro morreu nos jardins de Nero, no Vaticano, ao lado de uma grande multidão de cristãos, na perseguição desencadeada pelo imperador depois do incêndio que, iniciado em 19 de julho de 64, destruiu grande parte de Roma. É ao ano de 64, justamente, que deve remontar, segundo os estudos mais recentes e reconhecidos, a data do martírio de Pedro, que a tradição iniciada com Jerônimo punha no ano de 67, ao lado do de Paulo (coerentemente com essa última tradição, desenvolveram-se também, em tempos antigos, as tradições da detenção simultânea dos dois apóstolos no Cárcere Mamertino e de seu último encontro, antes do martírio, na Via de Óstia, pouco além dos limites da cidade). Uma descrição do martírio dos primeiros cristãos de Roma nos foi deixada nas palavras do historiador romano Tácito: “Portanto, em primeiro lugar foram presos aqueles que confessavam abertamente sua crença [na ressurreição de Cristo]; depois, por denúncia destes, foi presa uma grande multidão, não tanto sob a acusação de ter provocado o incêndio, mas, sim, pelo ódio que tinham à espécie humana. À morte de todos eles acrescentava-se o escárnio, pois que, revestidos de peles de animais, pereciam dilacerados pelos cães, ou eram pregados nas cruzes, ou queimados vivos, ao pôr-do-sol, como tochas para a noite. Nero cedeu seus jardins para esse espetáculo, e providenciou jogos circenses, participando deles misturado à multidão, em vestes de auriga, ou de pé sobre o carro. Por isso, embora fosse gente culpada e merecedora de tão originais tormentos, crescia um sentimento de piedade por eles, pois eram sacrificados não para o bem comum, mas em razão da crueldade de um só” (Anais, XV, 44, 4-5).

O imperador Constantino, na secunda década do século IV, encerrou num monumento em alvenaria a sepultura de Pedro (um túmulo escavado diretamente na terra, perto do circo que marcava o limite setentrional dos jardins de Nero) e mais tarde, por volta de 320, edificou uma basílica em torno dessa sepultura. Para fazer isso, não aproveitou, como teria sido mais óbvio e mais seguro, do ponto de vista da solidez da nova construção, o espaço plano que existia entre o Gianículo e o Vaticano, ocupado anteriormente pelo circo, mas, exigindo um grandioso trabalho de engenharia, construiu uma ampla plataforma artificial, que, de um lado, cortava os declives da colina Vaticana e, de outro, soterrava e utilizava como fundamentos as estruturas de uma necrópole que se havia desenvolvido pelo lado setentrional do circo, entre os séculos I e IV. Quis Constantino que o fundamento da basílica, na intersecção entre a nave central e o transepto, fosse justamente o monumento que encerrava a sepultura do apóstolo. Por esse motivo, o eixo do edifício de Constantino também não leva em conta, como teria sido mais fácil, os eixos da necrópole e do circo; o eixo de seu edifício se estende mais ou menos na mesma direção, mas se distancia dela, por pouco que seja, pelo fato de ser determinado com absoluta exatidão pela orientação da memória de São Pedro. Assim, desde aquela época o sepulcro do apóstolo, além de ser um ponto de atração, é também o centro exato de tudo o que se desenvolveu ao seu redor ao longo dos séculos, desde as sepulturas dos primeiros fiéis cristãos até as instalações para os peregrinos no início da Idade Média, além das estradas, dos muros da civitas Leoniana edificados depois do saque dos sarracenos de 846 e do moderno bairro do Borgo.

A construção da nova basílica, fundada pelo papa Júlio II em 18 de abril de 1506, embora tenha levado à demolição da basílica constantiniana e de seus acréscimos medievais, respeitou também rigorosamente a centralidade do sepulcro de Pedro: o atual altar-mor, construído pelo papa Clemente VIII (1594), encontra-se exatamente acima do medieval, do papa Calixto II (1123), que, por sua vez, engloba o primeiro altar, do papa Gregório Magno (cerca de 590), construído sobre o monumento constantiniano que guarda o túmulo de Pedro. E o ápice da cúpula de Michelangelo se encontra em posição exatamente perpendicular acima desse altar.

Fonte: https://www.30giorni.it/

DENTRO DO VATICANO: Dicastério para as Igrejas Orientais

Detalhe da capela do Dicastério para as Igrejas Orientais (Vatican News)

É o Dicastério da Cúria Romana que cuida, em nome do Papa, de todas as Igrejas Orientais Católicas, cujos territórios se estendem da Etiópia ao Oriente Médio, da Europa à Índia, e de todas as comunidades da diáspora, filhas dessas Igrejas sui iuris (por direito próprio) espalhadas hoje, por numerosas migrações, em muitas partes do mundo.

Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano

É o Dicastério da Cúria Romana que cuida, em nome do Papa, de todas as Igrejas Católicas Orientais, cujos territórios se estendem da Etiópia ao Oriente Médio, da Europa à Índia, e de todas as comunidades da diáspora que são filhas dessas Igrejas sui iuris (de direito próprio) espalhadas hoje, devido a numerosas migrações, em muitas partes do mundo. O prefeito é o cardeal Claudio Gugerotti, e o secretário é o arcebispo Michel Jalakh, OAM.

Notas históricas

Em 1573, o Papa Gregório XIII instituiu a Congregatio de rebus Graecorum, à qual foi confiada a tarefa de acompanhar a vida dos católicos de rito bizantino ou grego, mas também de promover a fé entre outros cristãos do Oriente.

Em 1862, Pio IX, dentro da Sacra Congregatio para a Propagação da Fé, erigiu, com tarefas semelhantes, a Congregatio de Propaganda Fide pro negotiis ritus orientalis.

Em 1917, o Papa Bento XV, com o Motu Proprio Dei providentis, criou a Congregação para a Igreja Oriental, e em 1967, São Paulo VI, com a Constituição Apostólica Regimini Ecclesiae Universae, mudou o nome para Congregação para as Igrejas Orientais. Em 1964, São Paulo VI publicou o decreto Orientalium Ecclesiarum, e em 1990, São João Paulo II publicou o Código dos Cânones das Igrejas Orientais.

Em 2022, o Papa Francisco, com a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, mudou o nome para Dicastério para as Igrejas Orientais. Em 2022, o Papa Francisco, com a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, mudou o nome para Dicastério para as Igrejas Orientais.

Entre os vários documentos magisteriais, os seguintes são essenciais para abordar o fascinante mundo das Igrejas Orientais Católicas:

A Carta Apostólica Orientalium dignitas, com a qual o Papa Leão XIII, em 1895, quis salvaguardar o significado das tradições orientais para toda a Igreja, destacando a vontade da Santa Sé de proteger sua especificidade. Em 1964, São Paulo VI publicou o decreto do Concílio Vaticano II sobre as Igrejas Orientais Católicas, Orientalium Ecclesiarum. Em 1990, São João Paulo II promulgou o Código dos Cânones das Igrejas Orientais e, cinco anos depois, por ocasião do centenário do Orientalium dignitas, publicou a Carta Apostólica Orientale lumen.

A entrada da sede do Dicastério para as Igrejas Orientais, em prédio na Via della Conciliazione (Vatican News)

Entrada da sede do Dicastério para as Igrejas Orientais, em um edifício na Via della Conciliazione

Competências

O Dicastério, de acordo com a Constituição Apostólica Praedicate evangelium, trata de assuntos que dizem respeito às Igrejas Orientais Católicas sui iuris.

O Dicastério é competente em todos os assuntos específicos das Igrejas Orientais que são de responsabilidade da Santa Sé, tais como: a estrutura e a ordem das Igrejas; o exercício das funções de ensinar, santificar e governar; as pessoas, seu status, seus direitos e deveres. Portanto, exerce sobre as eparquias, bispos, clérigos, religiosos e fiéis de rito oriental as faculdades que os Dicastérios para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os Bispos, para o Clero, para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica e para a Educação Católica têm, respectivamente, sobre as dioceses, bispos, clérigos, religiosos e fiéis de rito latino, salvo algumas exceções.

O Dicastério acompanha com atenção as comunidades de fiéis orientais que se encontram nas Circunscrições territoriais da Igreja latina, chamadas "da diáspora". Provê suas necessidades espirituais por meio de visitadores ou por meio de uma própria Hierarquia, onde o número de fiéis e as circunstâncias o exigirem, após ter consultado o Dicastério competente para o estabelecimento de Igrejas particulares no mesmo território. Em regiões onde os ritos orientais prevalecem há muito tempo, o apostolado e a ação missionária dependem exclusivamente deste Dicastério, mesmo que sejam realizados por fiéis da Igreja Latina.

O Dicastério, portanto, também tem jurisdição territorial sobre os fiéis latinos na Bulgária, Chipre, Egito, Jordânia, Grécia, Iraque, Irã, Israel, Líbano, Palestina, Síria e Turquia.

No Dicastério estão presentes a Comissão Especial para a Liturgia, com a tarefa de salvaguardar e promover o patrimônio litúrgico do Oriente cristão, a Comissão Especial para Estudos sobre o Oriente Cristão e a Comissão Especial para a Formação do Clero e dos Religiosos, que promove a formação de estudantes orientais, especialmente em Roma.

A ROACO (Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais), comissão que reúne agências-obras de vários países do mundo, comprometidas no apoio financeiro às Igrejas Orientais em diversos setores, desde a construção de locais de culto até bolsas de estudo, desde instituições educacionais e escolares até aquelas dedicadas à assistência social e sanitária, é presidida pelo prefeito e tem como vice-presidente o secretário do Dicastério. 

Tem a tarefa de promover o amor e a corresponsabilidade eclesial para com a Terra Santa e, para isso, envia anualmente a todos os bispos uma Carta Circular em vista da Coleta para a Terra Santa, para sensibilizar os fiéis à ajuda espiritual e material em favor das comunidades e instituições católicas presentes na terra de Jesus.

Detalhe da capela do Dicastério para as Igrejas Orientais (Vatican News)

Recuperar o sentido do mistério do Oriente cristão

O Papa Leão XIV sublinhou isso, quando se encontrou com os pastores e fiéis das Igrejas Orientais Católicas por ocasião do seu Jubileu, em 14 de maio de 2025: “A Igreja precisa de vós! Como é grande a contribuição que o Oriente cristão nos pode oferecer hoje! Quanta necessidade temos de recuperar o sentido do mistério, tão vivo nas vossas liturgias, que abrangem a pessoa humana na sua totalidade, cantam a beleza da salvação e suscitam o enlevo pela grandeza divina que abraça a pequenez humana!”. Obrigado a vós, "queridos irmãos e irmãs do Oriente, de onde ressuscitou Jesus, Sol de justiça, por serdes “luzes do mundo”, concluiu, fazendo votos que as Igrejas Orientais continuem sendo "exemplo" e que "os Pastores promovam com retidão a comunhão, especialmente nos Sínodos dos Bispos, para que sejam lugares de colegialidade e de autêntica corresponsabilidade".

Um convite também reiterado no encontro com os membros da ROACO em 26 de junho de 2025: "Gostaria que esta luz de sabedoria  do Oriente] e salvação fosse mais conhecida na Igreja católica, onde ainda subsiste muita ignorância a tal respeito […]. No entanto, o Oriente cristão só pode ser preservado se for amado; e só é amado se for conhecido. […]. E há também necessidade de encontro e partilha da ação pastoral, dado que hoje os católicos orientais já não são primos distantes que celebram ritos desconhecidos, mas irmãos e irmãs que, devido a migrações forçadas, vivem ao nosso lado. O seu sentido do sagrado, a sua fé cristalina que se tornou granítica pelas provações, e a sua espiritualidade que tem o perfume do mistério divino podem beneficiar a sede de Deus latente, mas presente no Ocidente."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Almas de Oração (Parte 1/2)

Almas de Oração | Opus Dei

Almas de Oração

Assim como Jesus Cristo frequentemente se retirava sozinho para falar com seu Pai Deus, nós também precisamos de algum tempo diário dedicado a falar com Deus. Esses momentos de silêncio são onde nossa amizade com Jesus Cristo se desenvolve e cresce, por meio de conversas simples, nas quais abrimos nossas almas para Ele.

03/07/2025

Todos guardamos em nosso interior, como algo íntimo e familiar, uma série de recordações inesquecíveis. Ainda que o tempo passe, e deixemos de olhar para dentro, elas estão lá, e virão à tona no momento mais inesperado. Talvez entre essas recordações tenhamos a sorte de encontrar momentos de confidência de uma mãe, um irmão ou uma avó, que compartilhavam conosco parte de seu tesouro particular. É possível que tenha sido esse o cenário da primeira vez que nos lembramos de ter nos dirigido a Deus, com as palavras que nos emprestaram. Ou, talvez, tenha sido anos depois, quando um amigo, ou uma circunstância inesperada nos abriu a porta para o diálogo íntimo com Deus.

Seja qual for esse momento, por acaso não nos surpreendeu quando – pela primeira vez – percebemos que é possível falar pessoalmente com Deus? E mais ainda... ouvi-Lo! Provavelmente, então, pensávamos que uma relação pessoal próxima com Deus era algo reservado para pessoas VIP, de uma categoria especial dentro da Igreja, ainda que nos tenham dito o contrário... talvez até ainda pensemos assim. Mas essa possibilidade nos atraiu, sabendo que não pode haver amizade como a d'Ele, que Ele é o primeiro interessado em manter essa relação e que só Deus pode preencher o anseio de plenitude do nosso coração.

O Evangelho nos conta que, uma vez, os apóstolos, atraídos talvez pelo modo de rezar de seu mestre, pediram a Jesus: “ensina-nos a orar”[1]. Não é difícil supor que, ao ouvir o Pai Nosso pela primeira vez, se deslumbraram diante da possibilidade de se dirigir a seu Pai Deus com essa confiança, já que antes não se consideravam dignos de pronunciar seu nome, pela profunda reverência que os bons judeus tinham a Deus.

Compartilhar a vida com Cristo

Séculos depois, nos começos da Obra, São Josemaria também rompeu esquemas ao recordar, com o Evangelho, a chamada à vida contemplativa por meio da vida cotidiana. Assim, abria horizontes para aqueles que se aproximavam de seu apostolado, enchendo de bons desejos os primeiros de São Rafael, convidando-os a serem almas de oração: "Ao oferecer-te aquela História de Jesus, pus como dedicatória: ‘Que procures Cristo. Que encontres Cristo. Que ames a Cristo’. São três etapas claríssimas. Tentaste, pelo menos, viver a primeira?”[2]. Muitos seguiram esse convite, percorrendo o caminho de sua vida cristã no meio do mundo, procurando permanecer sempre em diálogo com o Senhor.

Desde então, muitas pessoas nos aproximamos do espírito da Obra atraídas por esta mensagem, querendo dar a cada instante da nossa vida seu sentido mais pleno, vivendo-a com Deus. Pessoas de todas as condições, com um profundo desejo de viver uma vida plena, autêntica, muitas já desde a juventude[3], recorrem aos meios de formação cristã que se oferecem na Obra, buscando guia e alimento para sua vida interior. “Com o bom aproveitamento dos meios da obra de São Rafael, recebem uma sólida formação doutrinal, aprendem a ser almas de oração, a viver na presença de Deus no meio dos afazeres cotidianos de cada dia, a dar sentido cristão ao seu trabalho – intelectual ou manual – e a ter espírito de sacrifício”[4].

Assim, ao longo do dia procuramos compartilhar com o Senhor o que temos pela frente, nossas ocupações, nossos projetos e inquietações, oferecendo-Lhe o que temos e pedindo-Lhe que ilumine nossas ações com sua inspiração e com sua ajuda[5], para sermos, ao mesmo tempo, testemunhas da luz de Cristo entre as pessoas que nos rodeiam. Procuramos ser conscientes de que Deus está sempre atento a nós, e corresponder ao seu Amor, dando-Lhe graças muitas vezes ao dia, pedindo-Lhe perdão quando nos esquecemos d'Ele ou de quem somos para Ele, cultivando, deste modo, a presença de Deus.

Um diálogo autêntico

Assim como o próprio Jesus Cristo se retirava com frequência a sós para falar com seu Pai Deus, nós também necessitamos de “momentos de colóquio sem ruído de palavras, junto do Sacrário sempre que possível, para agradecer ao Senhor por essa espera – como está só! – de vinte séculos”[6]. Estes momentos de quietude são “o lugar” em que se desenvolve e cresce nossa amizade com Jesus Cristo, através de uma conversa sincera, na qual abrimos a alma de par em par, sem medos, sabendo que estamos diante de quem mais nos ama, e sendo conscientes de que Ele já está em nosso interior para alentar, iluminar e infundir sua graça em cada momento. Nesses tempos de oração, podemos experimentar essa proximidade de Jesus Cristo e descobrir que é Ele mesmo quem busca preencher cada vez mais nosso coração, para derramar nele todo o seu amor, e para dilatá-lo e colocar nele muitas pessoas.

Infelizmente, sabemos que não é tão fácil fazer oração e, estejamos no princípio do caminho ou tenhamos percorrido certo trajeto, sempre temos o desejo de aprender a fazê-la. Talvez nos ajude parar e refletir sobre o modo como fazemos oração, ou como gostaríamos que fossem essas conversas de amizade com Ele.

Um bom ponto de partida pode ser pensar em algum tema que ocupe nosso coração nesse momento. Assim, falamos da nossa vida: o que nos alegra, o que nos preocupa, o que temos entre mãos. Pode ser que em alguns períodos tenhamos algo que nos corrói por dentro e, em vez disso, falamos com Ele “sobre pássaros e flores”, talvez porque nos falte confiança de que realmente Deus se importa com tudo o que é nosso, ou por medo de enfrentar a complexidade da própria vida. Pode ser que não saibamos como dialogar com o Senhor sobre essa ou outras coisas. Pode nos servir considerar que Deus sempre está do nosso lado e que sempre se importa com o que é nosso. Por isso, podemos dizer com simplicidade: Senhor, o que me preocupa é isto, o que fazemos? Onde Você está, Senhor?; ou então contar o que aconteceu conosco, as pequenas dificuldades que vamos encontrando e como as estamos enfrentando, perguntando, ao mesmo tempo, o que Ele nos diz de tudo isso ou do que virá pela frente, tratando de ver tudo desde o olhar de Deus.

O Senhor nos fala através da Sagrada Escritura, dos ensinamentos dos pastores da Igreja e dos santos, e também através dos acontecimentos de cada dia. Por isso, em cada momento de oração, é importante que estejamos atentos, abertos para ouvir a Deus e compreender sua ação em nossa vida, dispostos a “complicar” a vida pensando em como enfrentar a realidade de um modo mais cristão, de acordo com a nossa própria identidade de filhos de Deus. No Evangelho, o Senhor nos convida a ser audazes e valentes, e a oração é um bom lugar para iniciar esta transformação da mente e dos sentidos. Fala-se assim do “combate da oração” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2726), pois nesses momentos – com a graça de Deus – podemos nos atrever a ouvir, a descobrir e entrar com mais profundidade no coração de Deus, onde encontraremos “seus sonhos” para nós e conosco. E não de modo teórico ou abstrato, mas real, comprometendo-nos com Ele a lutar em um ponto concreto que sabemos que temos que mudar, algo pequeno que Ele espera que entreguemos ou que sabemos que fará bem a nós ou a quem temos por perto, sabendo que, como Pai, acompanha-nos, dá-nos sua força e nos olha com compreensão e carinho.

Pode nos ajudar olhar o exemplo de Nossa Mãe: quando o Evangelho recolhe que “conservava todas estas coisas, meditando-as em seu coração”[7], diz que estaria habituada a perguntar-se o que significavam as coisas que aconteciam com ela, como podiam aproximá-la de Deus, o que Deus lhe pedia através dessas circunstâncias nas quais se encontrava. Podemos, pois, aprender com ela a cultivar essa disposição habitual de ouvir, de descobrir o sentido das coisas, o modo de colaborar com os planos de Deus, e tudo isso com uma escuta ativa e com o desejo profundo de aproveitar todas as oportunidades de amar, de dizer sim a Deus com confiança.


[1] Cfr. Lc 11,1

[2] São Josemaria, Caminho, 382.

[3] Cfr. Francisco, Audiência geral, 13/06/2018.

[4] São Josemaria, Cartas II, Carta nº7, n.5.

[5] Oração tradicional recolhida na oração coleta da Missa da Quinta-Feira depois das Cinzas; são Josemaria a incorporou nas preces da Obra.

[6] São Josemaria, É Cristo que passa, 119.

[7] Lc 2, 19.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/almas-de-oracao/

Observatório Astronômico: quando a matemática cria ponte entre dois universos

Uma vista do buraco negro supermassivo da Via Láctea Sagittarius A* em luz polarizada (Vatican News)

Dois pesquisadores do Observatório Astronômico do Vaticano, também conhecido como Specola Vaticana, revelaram a existência de duas maneiras diferentes de descrever a gravidade na presença de um campo adicional que, usando os instrumentos matemáticos certos, não só descrevem a mesma física, mas podem até criar novas soluções para as equações de Einstein.

Vatican News

Dois pesquisadores do Observatório Astronômico, também conhecido como Specola Vaticana, Pe. Gabriele Gionti e Pe. Matteo Galaverni, revelaram um resultado surpreendente: existem duas maneiras diferentes de descrever a gravidade na presença de um campo adicional (o “campo escalar”) - o “frame de Jordan” e o “frame de Einstein” que, usando os instrumentos matemáticos certos, não só descrevem a mesma física, mas podem até criar novas soluções para as equações de Einstein (que descrevem o universo em grande escala) e que descrevem cenários do universo fisicamente diferentes.

Para demonstrar isso, os dois cientistas aplicaram o formalismo ADM-hamiltoniano, que se revelou essencial porque, através de um procedimento preciso e rigoroso, demonstra que os dois “frames” são equivalentes, desde que se “fixem” condições específicas. Sem essas condições, a correspondência permanece oculta. Os resultados dessa pesquisa foram publicados no European Journal of Physics C.

Equações completas e corretas

Um grande ponto de virada em seu trabalho diz respeito aos termos de borda, aqueles termos “nas margens” das superfícies espaço-temporais que são considerados para obter as equações dinâmicas. Como explicam os pesquisadores: “é preciso considerar bem os termos de borda. Só assim se obtêm as equações de movimento corretas. Os resultados anteriores eram incompletos”. Ignorando esses termos cruciais, obtinham-se equações parciais e limitadas. Graças a Gionti e Galaverni, hoje finalmente temos as equações completas e corretas em ambos os “frames”.

O resultado mais extraordinário surge ao estudar o que acontece quando se passa de um “frame” para outro usando a transformação canônica. Se a transformação é regular, a equivalência é mantida: cada solução no “frame de Jordan” corresponde a uma no quadro de Einstein. Mas se a transformação se torna singular, então a matemática faz o milagre: surgem novas soluções gravitacionais, como buracos negros ou singularidades “nuas”. Em outras palavras: a singularidade da transformação não apenas rompe o vínculo entre os dois “frames”, mas gera novos universos teóricos inteiros - cenários nunca antes vistos.

Essa descoberta não é apenas um resultado técnico: ela demonstra que a escolha da linguagem matemática pode mudar o que percebemos como realidade. É um passo fundamental para compreender melhor os buracos negros, o início do universo e para nos aproximarmos do difícil objetivo de unificar a gravidade e a mecânica.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O túmulo dos apóstolos: Santo André

Santo André | 30Giorni

Arquivo 30Dias nº 12 - 2008

O túmulo dos apóstolos

Santo André

O primeiro dos apóstolos a ser chamado.

de Lorenzo Bianchi

André, irmão de Pedro, é o apóstolo dos gregos. Depois do Pentecostes, sua pregação se desenvolve no Oriente, na Sícia, região entre os rios Danúbio e Dão. Essa notícia é dada por Orígenes (185-225 aprox.) e transcrita por Eusébio de Cesareia (História eclesiástica, III, 1): “Quanto aos apóstolos e aos discípulos de nosso Salvador dispersos por toda a terra, a tradição diz que Tomé teve como destino a Pártia, André, a Sícia, e João, que viveu e morreu em Éfeso, a Ásia”. Mas em seguida André teve de passar para a província de Acaia, onde de modo particular, como diz Jerônimo, realizou sua pregação e se tornou bispo de Patras. Os Atos Apócrifos de André (que podem ser datados entre o final do século II e o início do século III, mas foram modificados por numerosas reelaborações posteriores, e que Eusébio de Cesareia rejeita decididamente como heréticos) atribuem a André também, antes da definitiva permanência em Acaia, a pregação no Épiro e na Trácia; ali, segundo uma tradição bizantina, teria sido o primeiro bispo de Bizâncio, cidade que, sob Constantino, se transformará na nova capital do Império Romano, Constantinopla.

Paixão de André, antigo relato do início do século VI, narra a morte de André em Patras, martirizado por volta do ano 60 (o martírio, na realidade, talvez tenha acontecido alguns anos mais tarde), sob o procônsul romano Egeias, que o condena ao suplício da crucificação. Analogamente ao irmão Pedro, André, segundo o relato, pede a crucificação numa cruz diferente da de Jesus: uma cruz decussada, em forma de “X”, que será a partir de então a característica principal na iconografia do apóstolo. Também nesse caso, como no de Pedro, a tradição traz muito provavelmente um dado histórico real: essa era realmente uma forma de suplício conhecida no mundo romano.

A tradição antiga é unânime também em indicar Patras como local da sepultura de André. De lá, como sabemos primeiro por Jerônimo (Os homens ilustres, III, 7, 6) e depois pelo Chronicon Paschale da primeira metade do século VII, no ano de 357 o corpo de André foi trasladado pelo imperador Constâncio II para Constantinopla, com o do evangelista Lucas, e posto no Apostoleion, a basílica dedicada aos apóstolos, para onde, no ano anterior, tinha sido trasladado também o corpo de Timóteo. Por fontes posteriores, podemos deduzir que talvez não tenha sido todo o corpo de André que chegou a Constantinopla, pois quase toda a cabeça pode ter ficado em Patras. A esse momento cronológico está ligada a notícia legendária da trasladação de parte das relíquias de André para a Escócia (nação que fez dele seu padroeiro e adotou a cruz de seu martírio como emblema em sua bandeira). As relíquias teriam sido levadas para a cidade de Kilrymont (hoje Saint Andrews), por obra de São Régulo, segundo uma tradição que provavelmente nasceu depois da evangelização iniciada em 597, por impulso do papa Gregório Magno e obra do monge Agostinho (Santo Agostinho de Canterbury). Preservadas, segundo a tradição, na Catedral de Santo André, em Edimburgo, essas relíquias desapareceram depois da destruição do interior do edifício, por obra dos protestantes, em 14 de junho de 1559.

Catedral de Santo André Apóstolo, Amálfi | 30Giorni

No início do século XIII, as relíquias de André chegaram à Itália. Quem as levou para Amálfi foi o cardeal Pietro Capuano, legado pontifício de Inocêncio III, depois da expedição da Quarta Cruzada, que, em vez de se dirigir à Terra Santa, passou antes por Zara e por Constantinopla, assaltada e saqueada em abril de 1204. Pietro Capuano voltou ao Ocidente em 1206 e talvez tenha depositado temporariamente as relíquias em Conca dei Marini; mandou então construir a cripta da Catedral de Amálfi, especialmente para ali depositar, com todas as honras, o corpo de André em 8 de maio de 1208 (como nos dizem fontes de meados do século XIII – em particular a Translatio Corporis sancti Andree de Constantinopoli in Amalphiam, de Matteo de Gariofalo – e como estudos recentes confirmaram). Nessa ocasião, provavelmente foi separada do núcleo das relíquias uma parte do crânio, encontrada primeiramente em 1603, durante a reforma da cripta, e mais tarde, mais uma vez, em 1846, quando foi depositada num relicário ainda hoje exposto à visitação.

Já a parte da cabeça preservada em Patras, correndo o risco de acabar nas mãos dos turcos, que avançavam na conquista de Acaia, foi transportada com solene cerimônia para Roma, em 1462, levada para lá a pedido do papa Pio II por Tomás Paleólogo, déspota de Moreia em fuga, e preservada em São Pedro (no chamado pilar de Santo André) até junho de 1964, quando, por vontade de Paulo VI, foi restituída, em sinal de amizade pela Igreja Ortodoxa, ao bispo metropolita de Patras, onde hoje repousa na igreja dedicada a André, erigida no lugar que a tradição indica como o de seu martírio. O mesmo Paulo VI doou, em 1969, uma relíquia de André à Catedral de Santa Maria, em Edimburgo, onde é venerada com uma outra doada pelo arcebispo de Amálfi em 1879, depois do restabelecimento da hierarquia católica na Escócia.

Fonte: https://www.30giorni.it/

A religião e as imagens de Deus

"O homem, imagem de Deus" (CNBB - Regional Nordeste 3)

A RELIGIÃO E AS IMAGENS DE DEUS 

11/07/2025

Dom Itacir Brassiani
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

No final do século passado, vários e analistas identificaram sinais do declínio da relevância da religião no mundo ocidental. A seu modo, eles ecoaram a voz de filósofos que, algumas décadas antes, propugnavam a morte de Deus e o nascimento do Homem livre e maduro, ou do ‘Super-homem’ como previa Nietzsche. O que estava em pauta era o desaparecimento da religião da arena social e dos imperativos éticos externos. 

O que vemos hoje no Brasil parece desmentir estas constatações e previsões: bancadas evangélicas nos parlamentos; marchas com Jesus e romarias diversas reunindo multidões; proliferação de pequenas e grandes igrejas, especialmente de matriz neopentecostal; aumento de grupos esotéricos e ‘seitas’ cientificistas; etc. E isso não obstante a tendência de crescimento do número de brasileiros que se declaram sem religião, como assinala o último senso do IBGE. 

Ao que parece, a fé e a noção de Deus não têm desaparecido da arena social e, especialmente, da perspectiva subjetiva dos indivíduos. O que está acontecendo é uma espécie de ‘sequestro’ da noção de Deus (e de Jesus Cristo) e a subordinação das crenças às demandas de sentido e de segurança individuais ou de grupos ideológicos obcecados pela manutenção ou pela recuperação do controle sobre a sociedade. 

Se essa percepção não estiver errada, o grande desafio que as Igrejas e comunidades cristãs precisam enfrentar hoje é ‘libertar’ a ideia de Deus e de Jesus Cristo da prisão à qual alguns grupos a conduziram. E, ao mesmo tempo, lançar as bases de um novo humanismo, marcado pela abertura radical aos outros, ao meio ambiente e ao futuro, e livre da ‘camisa de força’ do individualismo e da indiferença anunciados como virtude. 

Na verdade, esse desafio não é novo. Jesus mesmo o enfrentou, a seu modo e no seu tempo. Sua atitude firme nesse aspecto é uma das causas que o levaram à cruz. ‘Deus’ é um dos arquétipos mais poderosos da psique humana e da estruturação social, e quem domina seu conteúdo domina as pessoas e a sociedade. Por isso, a agressividade e a violência adormecidas costumam se lançar contra quem ousa mudar seu conteúdo. 

Jesus concentra sua missão no questionamento das práticas de exclusão social e religiosa vinculadas à imagem de Deus. Ele não cansa de repetir que Deus pede misericórdia, e não sacrifícios; que o estômago de uma pessoa faminta tem prioridade sobre todas as leis e instituições; que o culto não pode encobrir a violência e a indiferença; que Deus trata seus filhos e filhas conforme suas necessidades, e não segundo seus méritos. 

Desmascarando o tirano que subjaz à ideia de Deus ensinada pelos operadores da religião e das instituições, Jesus também abre caminho para um humanismo novo e radical. Sendo verdadeiro Deus, ele mesmo é o Homem verdadeiro, e, assim, anula a oposição entre o humano e o divino. O ser humano maduro não é o ‘amigo de César’, aquele que se submete por medo ou ambição, mas quem se reconhece irmão e é capaz de doar-se inteiramente pelos outros, correndo todos os riscos. O homem e a mulher são portadores de uma dignidade inalienável que nenhum erro ou condição pode anular.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Leão XIV: a IA deve andar de mãos dadas com o respeito dos valores humanos e sociais

Leão XIV: "a IA deve respeitar os valores humanos e sociais" (Vatican News)

Na mensagem assinada pelo secretário de Estado Vaticano, cardeal Pietro Parolin, por ocasião da Cúpula da Inteligência Artificial para o Bem 2025, em Genebra, na Suíça, o Papa reitera a necessidade de uma “governança global” das novas tecnologias. O Pontífice sublinha que as novas tecnologias não podem substituir “o discernimento moral” e a riqueza das relações autenticamente humanas.

Vatican News

Foi enviada, nesta quinta-feira (10/07), a mensagem do Papa Leão XIV para a Cúpula da Inteligência Artificial para o Bem 2025, programada de 7 a 11 de julho, em Genebra, organizada pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), em parceria com outras agências da ONU e coorganizada pelo Governo suíço. 

O texto é assinado pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, que em nome do Pontífice expressa suas cordiais saudações a todos os participantes. 

A mensagem recorda que esta cúpula coincide com o 160º aniversário de fundação da UIT, e o Papa parabeniza "todos os membros e funcionários pelo seu trabalho e esforços constantes para promover a cooperação global, a fim de levar os benefícios das tecnologias da comunicação a todas as pessoas no mundo inteiro".

Conectar a família

Segundo o Papa, "conectar a família humana através do telégrafo, da rádio, do telefone, das comunicações digitais e espaciais apresenta desafios, especialmente em áreas rurais e de baixa renda, onde aproximadamente 2,6 bilhões de pessoas ainda não têm acesso às tecnologias da comunicação".

"A humanidade está numa encruzilhada, enfrentando o imenso potencial gerado pela revolução digital impulsionada pela Inteligência Artificial. O impacto desta revolução é de longo alcance, transformando áreas como educação, trabalho, arte, saúde, governança, forças armadas e comunicação", afirma o texto.

“Esta transformação histórica exige responsabilidade e discernimento para garantir que a IA seja desenvolvida e utilizada para o bem comum, construindo pontes de diálogo e promovendo a fraternidade, e assegurando que ela sirva os interesses da humanidade como um todo.”

De acordo com o Papa, "à medida em que a IA se torna capaz de se adaptar autonomamente a muitas situações, fazendo escolhas algorítmicas puramente técnicas, é crucial considerar as suas implicações antropológicas e éticas, os valores em jogo e os deveres e quadros regulamentares necessários para defender esses valores".

"Embora a IA possa simular aspectos do raciocínio humano e realizar tarefas específicas com incrível velocidade e eficiência, não pode replicar o discernimento moral ou a capacidade de formar relações genuínas", ressalta.

“Portanto, o desenvolvimento de tais avanços tecnológicos, deve andar de mãos dadas com o respeito pelos valores humanos e sociais, a capacidade de julgar com consciência limpa e o crescimento da responsabilidade humana. Não é por acaso que esta era de profunda inovação levou muitos a refletir sobre o que significa ser humano e sobre o papel da humanidade no mundo.”

Promover uma ordem mais humana

"Embora a responsabilidade pelo uso ético dos sistemas de IA comece com quem os desenvolve, gere e supervisiona, quem os utiliza também partilha essa responsabilidade", recorda o texto, afirmando que "a IA requer, portanto, uma gestão ética adequada e quadros regulamentares centrados na pessoa humana, que vão além dos meros critérios de utilidade ou eficiência". "Em última análise, nunca devemos perder de vista o objetivo comum de contribuir para essa «tranquillitas ordinis – a tranquilidade da ordem», como a chamou Santo Agostinho (De Civitate Dei), e promover uma ordem mais humana das relações sociais e sociedades pacíficas e justas a serviço do desenvolvimento humano integral e do bem da família humana", afirma o texto.

A mensagem se conclui, encorajando a "procurar clareza ética e estabelecer uma governança local e global coordenada da IA, baseada no reconhecimento comum da dignidade inerente e das liberdades fundamentais da pessoa humana. O Santo Padre assegura de bom grado suas orações pelos esforços" da Cúpula "em benefício do bem comum".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Padre em Londres pede a políticos católicos que se confessem antes de comungar

O oratório de Brompton, em Londres, Reino Unido, ao qual a London Oratory School está associada | James Grey via Flickr (CC BY-NC-ND 2.0)

Por Patrick J. Passmore*

9 de julho de 2025

Na missa dominical no Oratório de Brompton em Knightsbridge, Londres, Reino Unido, o padre reitor Julian Large implorou aos membros do Parlamento (MPs) que votaram a favor do aborto até o nascimento ou do suicídio assistido que não se apresentem para a comunhão.

Em sua homilia em 6 de julho na igreja do Imaculado Coração de Maria, o padre Large se referiu à recente situação amplamente divulgada na qual o deputado católico Chris Coghlan votou a favor do suicídio assistido e depois criticou publicamente seu pároco por lhe negar a comunhão.

Antes da votação sobre o projeto de lei para adultos com doenças terminais, o deputado liberal democrata havia sido advertido por seu pároco, padre Ian Vane, de que, se votasse a favor do suicídio assistido, seria considerado um pecador público teimoso e lhe seria negada a comunhão.

Posteriormente, na missa do fim de semana depois da votação em Westminster, o padre Vane anunciou publicamente que Coghlan havia violado a lei canônica e que lhe seria negada a comunhão.

Coghlan, então, recorreu às mídias sociais e reclamou à imprensa que seu pároco havia tentado coagi-lo quando, segundo ele, estava apenas representando as opiniões de seus eleitores.

Um participante da missa no Oratório disse ao Catholic Herald que o padre Large elogiou o padre Vane por sua coragem e caridade ao chamar o deputado ao arrependimento. E, embora o reitor tenha reconhecido que não sabia os nomes dos deputados católicos que votaram a favor de qualquer um dos projetos de lei e, portanto, não estaria em posição de lhes negar a comunhão, ele pediu que, se algum deles estivesse presente na missa, deveria primeiro se arrepender de seus pecados e receber a absolvição no sacramento da penitência antes de se apresentar para a comunhão.

O padre Large também incentivou os católicos em geral a refletirem se estavam recebendo a comunhão dignamente e a se aproximarem da comunhão como se fosse a primeira e última vez.

Em seu boletim paroquial de 30 de junho, o padre Large lamentou a falta de piedade e seriedade entre os pais de jovens católicos que recebiam a primeira comunhão no oratório.

"Entretanto, a julgar pelo comportamento de muitos adultos na igreja durante as missas de primeira comunhão, parece que em muitos casos serão as crianças que terão de dar um bom exemplo aos mais velhos. O barulho das conversas e o vai e vem em frente ao altar-mor antes e depois da missa, sem nenhum sinal de reconhecimento do Rei dos Reis presente no tabernáculo, dão a impressão de que muitos adultos (inclusive aqueles que frequentaram escolas católicas caras) tratam o evento mais como uma festa de verão do que qualquer outra coisa".

Coghlan escreveu no X: "Eu achava que um deputado podia manter sua religião em privado, mas houve certa discussão sobre a minha. Se não há espaço na Igreja Católica para aqueles que não concordam com tudo, isso é uma pena."

O Oratório de Brompton, em Londres, é uma comunidade de 10 padres que fazem parte da Congregação do Oratório de São Felipe Neri. Ele se tornou um importante foco e local de renovação do catolicismo no Reino Unido. Milhares de pessoas assistem à missa lá todo fim de semana, inclusive muitos jovens. Essa tendência reflete um crescente interesse pelas práticas tradicionais dentro da Igreja.

*Patrick J Passmore vive na costa norte da Irlanda. Ele trabalhou com o grupo St. Brigid Media em vários projetos como consultor e escritor.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/63563/padre-em-londres-pede-a-politicos-catolicos-que-se-confessem-antes-de-comungar

O túmulo dos apóstolos: São Tiago Maior

São Tiago Maior | 30Giorni

Arquivo 30Dias nº 12 - 2008

O túmulo dos apóstolos

São Tiago Maior

A prontidão a acolher o chamado do Senhor.

de Lorenzo Bianchi

Tiago, chamado o Maior, filho de Zebedeu e irmão de João, que os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos citam em segundo lugar, depois de Pedro, ou em terceiro, depois de André ou João, está presente aos principais milagres de Jesus, à Sua transfiguração no monte Tabor e à Sua agonia no horto do Getsêmani, na vigília da Paixão. De caráter impetuoso, ele e seu irmão recebem do próprio Jesus o apelido Boanergéw (filhos do trovão). Foi o primeiro dos apóstolos a sofrer o martírio, em Jerusalém, numa data que deve estar entre os anos 42 e 44; a notícia é dada sinteticamente por Lucas nos Atos dos Apóstolos: “Nessa mesma ocasião o rei Herodes começou a tomar medidas visando a maltratar alguns membros da Igreja.

Assim, mandou matar à espada Tiago, irmão de João” (At 12, 1-2). Esse Herodes é Herodes Agripa I, sobrinho do tetrarca Herodes Antipas, o Grande, e amigo de Calígula, pelo qual é enviado à Palestina com o título de rei, ali governando de 41 a 44, ano de sua morte. Como acrescenta Clemente Alexandrino (citado por Eusébio de Cesareia, História eclesiástica, II, 9, 2-3), Tiago morreu decapitado depois de ter convertido seu acusador: “Desse Tiago, Clemente, no sétimo livro das Hipotiposes, cita um detalhe digno de nota, tal como o recebeu da tradição de seus predecessores, e diz que aquele que o havia conduzido ao tribunal ficou tão comovido ao vê-lo dar testemunho, que confessou-se também cristão”.

Não há notícias da atividade missionária de Tiago entre o dia da Ascensão de Jesus e o do martírio; ela se desenvolveu provavelmente entre a Judeia e a Samaria, embora uma tradição fale de uma viagem sua à Espanha, para onde mais tarde serão levados, segundo outra tradição, seus restos mortais. Essas duas tradições são completamente independentes uma da outra.

A tradição do apostolado de Tiago na Espanha aparece pela primeira vez na versão latina do texto bizantino do Breviarium Apostolorum. Essa versão remonta ao século VII e foi composta fora da Espanha: a frase sobre a pregação de Tiago na Espanha é um acréscimo do tradutor que não aparece no texto grego original. É essa versão que alimenta Isidoro de Sevilha (Do nascimento e da morte dos Padres, 71), ainda no século VII, mas a passagem que encontramos na obra de Isidoro também é uma interpolação, talvez do final do século VIII, e remete, portanto, a alguém que reelaborou seu texto. Outros textos, até mesmo espanhóis, do século X ao século XIII, rejeitam a tradição da pregação de Tiago na Espanha, que, no entanto, ganhará pé no século seguinte, até ser inserida no Martirológio Romano de 1586 pelo cardeal Baronio, mas para ser mais tarde, por ele mesmo, rejeitada.

Fachada da Catedral dedicada a São Tiago, Santiago de Compostela, na Galícia, Espanha | 30Giorni

Diferente e muito mais sólida, porém, é a tradição relativa à presença do corpo de Tiago na Espanha. Apesar da existência de muitas e discordantes tradições que, confundindo-o às vezes com o homônimo apóstolo Tiago Menor, dizem que suas relíquias se encontram em diversos lugares da Europa (em Roma, por exemplo, é preservado um braço considerado de Tiago na igreja de São Crisógono, no Trastevere, dentro do altar central, em que estão também as relíquias de parte do crânio e do corpo de São Crisógono), a tradição espanhola é a que prevalece sem sombra de dúvida. Não sabemos quando, nem por obra de quem, as relíquias do apóstolo teriam chegado à Espanha, até a extremidade norte-ocidental da península, a Galícia, a um lugar chamado Compostela. O nome do lugar, que uma etimologia recorrente, ligada à narração dessa descoberta, gostaria que derivasse de campus stellae, deve, porém, ser entendido provavelmente como um derivado da expressão compostum tellus, ou seja, necrópole. 

Segundo a tradição, o sepulcro que contém os despojos de Tiago teria sido descoberto no tempo de Carlos Magno, entre 812 e 814, por um anacoreta de nome Pelágio, depois de uma visão luminosa. O bispo Teodomiro de Iria Flávia, ao chegar ao lugar e abrir o sepulcro, teria encontrado dentro dele os restos do apóstolo. A pesquisa histórica estabeleceu que a descoberta do túmulo e sua identificação como o de Tiago não derivam da sugestão da tradição de sua suposta pregação na Espanha; como já dissemos, são duas tradições completamente independentes, que, em alguns textos que citam as duas, chegam até a ser mencionadas como em antítese. O primeiro texto que cita o sepulcro na Galícia é o Martirológio de Floro (808-838), na página dedicada ao dia 25 de julho, e que é retomado à letra pelo Martirológio de Adônis (850-860); são do século X os primeiros textos que narram a trasladação do corpo de Tiago, logo depois do martírio, de Jerusalém para a Espanha, ao passo que a descrição da descoberta do sepulcro e sua atribuição cronológica precisa ao tempo do bispo Teodomiro de Iria Flávia e do rei Afonso II, o Católico ou o Casto (portanto, como dissemos, entre 812 e 814) é encontrada ainda mais tarde, num documento de 1077, e depois em textos do final do século XI e do início do XII.

Começa quase de imediato, e se mantém firme até hoje, o costume da peregrinação ao sepulcro. As fontes que citamos se referem ao túmulo usando uma expressão corrompida de diferentes formas, mas geralmente interpretada como in arcis marmoreis (alusão, portanto, a uma arca de mármore). Sobre o sepulcro, Afonso II constrói uma primeira igrejinha, ampliada e ornada em 899 por Afonso III, o Grande, destruída em 997 (mas sem que o sepulcro seja tocado) e reedificada pelo rei Vermudo. Por cima dessa igreja, em 1075, é iniciada a construção da grandiosa basílica românica dedicada a Tiago, concluída em 1128 e remanescente até hoje, tendo recebido acréscimos até o século XIX.

Se a tradição do encontro das relíquias de Tiago, e em particular o relato mais tardio de sua trasladação de Jerusalém, foram objeto de amplas críticas no que diz respeito a seu valor histórico (podemos citar como exemplo as críticas do abade Louis Duchesne), as escavações arqueológicas junto ao túmulo (1878-1879 e 1946-1959) confirmaram, por sua vez, o que as fontes mais tardias afirmam em relação à descrição do sepulcro. E o papa Leão XIII, com a bula Deus omnipotens, de 1º de novembro de 1884, declarou solenemente a autenticidade das relíquias conservadas em Santiago de Compostela.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF