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quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Pare e adore: A visita ao Santíssimo Sacramento (Parte 2/2)

Crédito: Opus Dei.

Pare e adore: A visita ao Santíssimo Sacramento

Esta prática constitui uma profunda expressão de fé e amor a Cristo na Eucaristia. Em meio aos afazeres cotidianos, oferece uma ocasião de encontro com Deus, um descanso em sua presença, que traz consolo e guia para a vida diária.

07/08/2025

A primeira das devoções

Santo Afonso Maria de Ligório recomendava aos cristãos a prática da visita ao Santíssimo Sacramento: “Depois da frequência aos sacramentos, certamente não há devoção mais agradável a Deus e mais útil a nós que adorar Nosso Senhora na Eucaristia”[10]. Outros santos também se destacaram como exemplos de almas enamoradas do Senhor na Eucaristia. O Cura d’Ars costumava dizer que se soubéssemos o que é o bom Jesus no tabernáculo não poderíamos nos separar dele.

Um exemplo mais próximo no tempo é o de São Manuel González, um bispo conhecido por promover a devoção eucarística dos sacrários abandonados, a tal ponto que pediu para ser enterrado junto de um sacrário, “para que meus ossos, depois da minha morte, como a minha língua e minha pena na vida, estejam sempre dizendo aos que passarem: Jesus está aí! Está aí! Não o deixeis abandonado!”[11]. São Josemaria quis anotar em um ponto de Caminho a petição que dom Manuel fazia a uns sacerdotes que acabavam de ser ordenados por ele: “’Tratai-mO bem, tratai-mO bem!’, dizia, entre lágrimas, um velho Prelado aos novos Sacerdotes que acabava de ordenar. - Senhor! Quem me dera ter voz e autoridade para clamar desta maneira ao ouvido e ao coração de muitos cristãos, de muitos!”[12]

O costume da visita também foi fomentado pelo magistério dos últimos papas. São João XXIII, ao evocar precisamente a piedade eucarística do Cura d’Ars, dizia que: “nada pode substituir a oração silenciosa e prolongada diante do altar. A adoração de Jesus, nosso Deus; a ação de graças, a reparação pelas nossas próprias faltas e pelas dos homens, a súplica por tantas intenções que lhe são confiadas, elevam (...) ao máximo de amor para com o divino Mestre”[13]. São João Paulo II escreve: “Como não sentir de novo a necessidade de permanecer longamente, em diálogo espiritual, adoração silenciosa, atitude de amor, diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento? Quantas vezes, meus queridos irmãos e irmãs, fiz esta experiência, recebendo dela força, consolação, apoio!”[14].

São Josemaria animava a fazer da Eucaristia o centro da própria vida: “Luta por conseguir que o Santo Sacrifício do Altar seja o centro e a raiz da tua vida interior, de maneira que toda jornada se converta num ato de culto – prolongamento da Missa que ouviste e preparação para a seguinte – que vai transbordando em jaculatórias, em visitas ao Santíssimo, no oferecimento do teu trabalho profissional e da tua vida familiar...”[15]. E falava frequentemente da necessidade de vê-la como um refúgio em que a alma encontra consolo e fortaleza. A visita ao Santíssimo é, de certa forma, um reflexo deste desejo: um encontro pessoal com Deus no meio do dia. Basta, às vezes, ir até o sacrário uns instantes – inclusive com a imaginação – para dizer ao Senhor que o amamos e que confiamos nele.

O fundador da Obra cultivou esta devoção desde a juventude. No seminário de Saragoça, o horário incluía uma breve visita ao Santíssimo na igreja depois do almoço, como ação de graças. Na capela do seminário, no entanto, o Santíssimo não ficava reservado de forma permanente até 1926, exceto em algumas festividades[16]. Em alguns momentos de recreio, São Josemaria dava umas fugidas para visitar o Santíssimo de uma tribuna, com vista para a igreja, fato que não passava despercebido e que chamava a atenção de seus colegas.

Depois das novas disposições de São Pio X sobre a comunhão frequente, esta prática foi promovida entre os seminaristas, junto com uma maior devoção eucarística fora da Missa. Eram estimuladas as visitas reparadoras, as visitas em comum ao entrar e sair da casa, e inclusive se procurava que o Santíssimo fosse acompanhado por algum aluno durante os intervalos.

No Opus Dei este antigo costume se realiza na prática diária de fazer uma breve visita ao Santíssimo Sacramento, de preferência no meio do dia, depois do almoço. Consiste em rezar três vezes o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória, e terminar com uma comunhão espiritual. Antes de cada estação, quem dirige a oração diz, como ato de fé e desagravo: Adoremus in aeternum Sanctissimum Sacramentum, e todos repetem a mesma aclamação[17]. Os fiéis do Opus Dei procuram também, naturalmente, visitar o Senhor em outros momentos do dia, mesmo que seja brevemente: ao entrar ou sair de um centro, ao passar diante de uma igreja, etc.

Um leiteiro e uma camponesa

Josemaria via o sacrário como o lugar em que Jesus está sempre nos esperando para nos ouvir e ajudar, e considerava as visitas ao Santíssimo como momentos privilegiados para corresponder ao amor do Senhor, mostrando-lhe nosso agradecimento por ter ficado conosco. Às vezes, ele usava alguns fatos pitorescos que inspiravam a viver as devoções de modo natural. Um deles é de um homem que, ao passar todos os dias em frente de uma igreja, entrava um instante e dizia: “Jesus, aqui está Juan, o leiteiro”[18]. A visita é um convite a fazer uma parada em nosso dia, entrar em uma igreja ou oratório, olhar para o sacrário e falar com do fundo do coração. Essas pausas podem ser, além disso, um momento para que o Senhor renove nossas forças e alivie as cargas do dia.

Santa Teresa Benedita da Cruz, Edith Stein, intelectual judia, contava que, na época em que estava se aproximando da fé cristã observou certo dia uma aldeã entrar na catedral de Frankfurt com suas cestas de compras, e permanecer alguns momentos rezando. “Para mim, aquilo era algo totalmente novo. Era só para o culto religioso que se ia às sinagogas e às igrejas protestantes que eu conhecia. Agora eu via ali alguém que, em meio a suas preocupações cotidianas, dirigia-se à igreja deserta para uma conversa íntima”[19].

Em um mundo de ritmo vertiginoso, a visita ao Santíssimo constitui um refúgio, um espaço em que achamos paz e consolo no Senhor. “Para mim, o Sacrário foi sempre Betânia, o lugar tranquilo e aprazível onde está Cristo, onde lhe podemos contar as nossas preocupações, os nossos sofrimentos, os nossos anelos e as nossas alegrias, com a mesma simplicidade e naturalidade com que lhe falavam aqueles seus amigos Marta, Maria e Lázaro”[20]. Assim, podemos desenvolver a capacidade de ouvir o que Deus quer nos dizer, muitas vezes através das pessoas que nos rodeiam. “Na nossa pressa, com mil coisas para dizer e fazer, não encontramos tempo para parar e ouvir aqueles que falam conosco (...) Perguntemo-nos: como vai a minha escuta? Será que me sensibilizo com a vida das pessoas, que sei como ter tempo para ouvir os que me rodeiam”?[21] Visitar Jesus no sacrário é uma oportunidade para que Ele cure nossos sentidos e libere nosso coração da inquietação da pressa.

Como o João, o leiteiro, ou como essa senhora de Frankfurt que fazia compras, as visitas ao Santíssimo não requerem sempre longas orações ou cerimônias elaboradas. Basta estar lá, olhar para Ele e deixar-se olhar por Ele. Este encontro pessoal nos transforma, porque nos coloca diante do maior amor, do Deus que quis ficar conosco na Eucaristia. “A sagrada Eucaristia introduz a novidade divina nos filhos de Deus, e devemos corresponder in novitate sensus, com uma renovação de todos os nossos sentimentos e de toda a nossa conduta. Foi-nos dado um princípio novo de energia, uma raiz poderosa, enxertada no Senhor. Não podemos voltar ao antigo fermento, nós que temos o Pão de hoje e de sempre”[22].

Deter-se diante do sacrário é mais que um ato de piedade: é uma declaração de fé. No silêncio do templo, longe da agitação do mundo, Jesus nos convida descansar nele. Este tempo dedicado à adoração não só ajuda a fortalecer nossa relação com Deus, mas nos transforma, tornando-nos mais conscientes do seu amor e da nossa missão no mundo.

“Jesus ficou na Hóstia Santa por nós: para permanecer ao nosso lado, para amparar-nos, para guiar-nos. – e amor somente com amor se paga – como não havemos de ir ao Sacrário, todos os dias, nem que seja apenas por alguns minutos, para levar-Lhe a nossa saudação e o nosso amor de filhos e de irmãos?”[23] No Opus Dei, este costume milenar concretiza-se em realizar uma breve visita a um oratório, capela ou igreja rezando algumas orações vocais e uma comunhão espiritual diante do Santíssimo, como sinal de adoração trinitária: “A adoração do Deus três vezes santo e sumamente amável nos enche de humildade e dá garantia a nossas súplicas”[24].

Este costume é também uma oportunidade para recordar que Cristo está sempre próximo, à nossa espera, disposto a ouvir-nos e acompanhar-nos em cada passo. Cada vez que fazemos uma visita ao Santíssimo podemos levar conosco, além disso, as intenções das pessoas que amamos, nossas preocupações e nossas alegrias. “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei” (Mt 11, 28). Estas palavras de Jesus podem tornar-se realidade em cada visita ao Santíssimo. Lá, diante da sua presença, achamos o alívio e a paz que só Ele pode dar, e encontramos força para continuar em frente e luz para enfrentar os desafios de cada dia.

Na Obra, costuma-se terminar a visita com a comunhão espiritual que São Josemaria aprendeu de um padre escolápio durante seus anos escolares. Considerava essa pequena oração uma fonte inesgotável de graças e um meio eficaz para viver a presença de Deus.

Além disso, a comunhão espiritual é também uma preparação para receber o Senhor na Eucaristia cada vez que participamos na santa Missa. De fato, esta é a razão de ser da visita e das outras devoções eucarísticas: preparar, agradecer, recordar..., numa palavra, atualizar a comunhão eucarística no santo sacrifício do altar. Assim o compreenderam e viveram os santos, destacando a conexão da visita e da comunhão espiritual com a Comunhão sacramental.

Durante o confinamento da recente pandemia, devido às restrições às missas presenciais e ao acesso limitado à Eucaristia, muitos fiéis recorreram à comunhão espiritual como expressão do desejo e do amor para com a Eucaristia, de seu anseio de receber Jesus em seu coração quando não é possível fazê-lo sacramentalmente.

“Maria pode guiar-nos para este Santíssimo Sacramento porque tem uma relação profunda com ele”[25]. Nossa Senhora, que teve o Senhor em seu seio durante nove meses, e pôde tratá-lo durante grande parte de sua vida, pode ajudar-nos a cuidar com esmero de nossas visitas ao Santíssimo e, assim, continuar adorando-o com todos os anjos.


[10] Santo Afonso Maria de Ligório, Visitas ao Santíssimo Sacramento, São Paulo, 2022, p. 13.

[11] Epitáfio do túmulo de São Manuel González, Capela do sacrário da catedral de Palência

[12] Caminho, n. 531

[13] São João XXIII, Sacerdotii nostri primordia, II.

[14] São João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, n. 25

[15] Forja n. 69

[16] Cfr. R. Herrando Prat de la Riba, Los años de seminario de Josemaria Escrivá en Zaragoza, 1920-1925: el seminario de Sam Francisco de Paula, Rialp, Madri 2002, p. 53

[17] De spiritu (35). Em português, quem está dirigindo a visita costuma dizer antes de cada estação: “Graças e louvores sejam dados a todo momento” e todos respondem: “ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!”

[18] A. Vázquez de Prada, O fundador do Opus Dei, I, Quadrante, São Paulo 2004, p. 459.

[19] E. Stein, Vida de uma família judia e outros escritos, Paulus, Roma 2007, p. 303.

[20] É Cristo que passa, n. 154.

[21] Francisco, Ângelus, 5/09/2021

[22] É Cristo que passa, n. 155

[23] Sulco, 686

[24] Catecismo da Igreja Católica, n. 2628

[25] São João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, n. 53.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/pare-e-adore-a-visita-ao-santissimo-sacramento/

Borgo Laudato si', um projeto de inclusão e acolhimento

Borgo Laudato si (Vatican News)

Borgo Laudato si', um projeto de inclusão e acolhimento.

https://youtu.be/paj83sXzahw

Marco Bellizzi – Vatican News

Um projeto que nasceu grande: assim se poderia definir o “Borgo Laudato si’” de Castel Gandolfo, que será inaugurado na sexta-feira pelo Papa Leão XIV. Uma realidade que nasceu ambiciosa em seus princípios inspiradores e objetivos, entre os quais o de constituir um exemplo virtuoso de economia circular, um modelo para os Estados, as dioceses e as grandes empresas. Porque é possível construir uma comunidade, e fazê-lo bem, combinando pesquisa, formação, trabalho e vida cotidiana.

Entre o lago e o mar

O Borgo ‘Laudato si' conta hoje com 55 hectares de território, anteriormente pertencentes à propriedade das “Ville Pontificie”. Desses, cerca de 30 são destinados à agricultura, num contexto, o da antiga vila romana de Domiciano, de incomparável beleza e vestígios de grande valor histórico-arqueológico (entre os quais, além dos magníficos jardins italianos, um exemplar de criptopórtico da época romana único pela sua extensão, de cerca de 150 metros). Nesta realidade que surge suspensa como num sonho entre o lago e o mar que brilha sereno no vale, surgiu precisamente um sistema integrado constituído, por um lado, pelo Centro de alta formação Laudato si', o pilar educativo do projeto, e, por outro, pelo sistema de produção agrícola, onde os princípios da ecologia integral são aplicados de forma eficaz. No Borgo serão formados, em regime regular, 2-3 mil estudantes por ano, enviados de todo o mundo com a ajuda das diferentes dioceses. Parte dos estudantes, entre os quais alguns com deficiência, serão empregados no restaurante, também em fase de realização graças à parceria com uma importante cadeia norte-americana, outros regressarão aos seus países de origem para aproveitar lá a bagagem de competências adquiridas.

Os restos da antiga villa romana de Domiciano   (AFP or licensors)

Palavra-chave: sustentabilidade

A parte prática da formação decorrerá nos terrenos do Borgo (em grande parte dedicados a vinhas biodinâmicas, com o apoio científico da Universidade de Udine) e, em parte, na grande e moderna estufa alimentada por energia fotovoltaica, enquanto se aguarda a implementação de um sistema “agrivoltáico”, que combina no mesmo terreno a cultura e a produção de energia. O sistema de irrigação das culturas também responde naturalmente aos mais recentes requisitos de sustentabilidade, para causar o menor impacto possível no lago Albano, nas proximidades, e chegará a produzir 1.200 metros cúbicos de água dos 1.500 que constituem a necessidade da estrutura. Todas as estruturas, e o Borgo, poderão ser visitadas: espera-se a chegada de 250 mil pessoas por ano. Será necessário pagar um ingresso, mas quem estiver em dificuldades financeiras poderá entrar gratuitamente.

Prontos para receber o Papa

O Centro de Alta Formação receberá estudantes de todas as idades, desde o ensino fundamental até universitários e graduados. Mas não só isso: os CEOs de grandes empresas também serão recebidos para sessões de formação. Não é por acaso que, na sexta-feira, por ocasião da visita do Papa, está prevista uma pequena delegação de altos executivos, liderada por Paul Palmon, ex-CEO da Unilever e hoje um dos maiores exemplos de líderes empresariais comprometidos com o setor da economia sustentável. Mas para receber o Santo Padre estarão também, e acima de tudo, as famílias dos funcionários do Borgo, 39 no momento, muitos dos quais jardineiros, e os muitos animais que alegram aqui e ali os campos. A partir de sexta-feira, também retornarão os cavalos andaluzes, doados em homenagem ao Papa Leão, que, como é sabido, usava no Peru para seus deslocamentos uma pequena montaria, tão simples quanto a vida pode ser quando se consegue reencontrar sua autenticidade.

Uma visão geral do Borgo Laudato si'   (AFP or licensors)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O papa que pela primeira vez usou o título servo dos servos de Deus

Uma estátua do papa são Gregório I, também conhecido como são Gregório Magno, com sua famosa iconografia católica de uma pomba pousada em seu ombro, do lado de fora da basílica de Santo Estêvão em Budapeste, Hungria, em 30 de dezembro de 2024. | Alexander Ruszczynski/Shutterstock.

Por CNA Staff*

3 de set de 2025

O papa Gregório I, são Gregório Magno, foi o primeiro bispo de Roma a adotar, como papa, o título hoje tradicional de "servo dos servos de Deus", em obediência ao mandamento de Jesus Cristo de que aqueles em posição de liderança mais elevada deveriam ser "os últimos de todos e os servos de todos".

A Igreja celebra hoje (3) o dia de são Gregório Magno. Figura central da Igreja medieval ocidental e um dos papas mais admirados da história, ele nasceu no século VI d.C. numa família nobre romana. Além de uma educação clássica em artes liberais e direito, ele também teve uma sólida formação religiosa vinda de sua família devota, especialmente de sua mãe, Sílvia, também uma santa canonizada.

Por volta dos 30 anos de idade, são Gregório já havia subido a altos cargos políticos em Roma, no que, no entanto, foi um período de declínio acentuado para a cidade.

Algum tempo depois de se tornar prefeito da antiga capital imperial, são Gregório decidiu deixar a administração civil para se tornar monge beneditino. A mais importante carreira pública do novo monge, no entanto, ainda estava por vir.

Depois de três anos de rigorosa vida monástica, ele foi chamado pessoalmente pelo papa Pelágio II (579-590) para assumir o cargo de diácono em Roma. De Roma, são Gregório foi enviado a Constantinopla, a fim de buscar auxílio do imperador para problemas cívicos de Roma e para auxiliar na resolução de controvérsias teológicas da Igreja oriental. Ele voltou a Roma em 586 d.C., depois de seis anos de serviço como representante papal junto à Igreja oriental e ao império.

Roma enfrentou uma série de desastres causados ​​por inundações em 589 d.C., seguidos pela morte do papa Pelágio II no ano seguinte. Gregório, então abade num mosteiro, aceitou relutantemente sua eleição para substituí-lo como bispo de Roma.

Apesar dessa relutância inicial, no entanto, o papa são Gregório Magno começou a trabalhar incansavelmente para reformar e solidificar a liturgia romana, a disciplina da Igreja, a segurança militar e econômica de Roma e a crescente influência da Igreja na Europa Ocidental.

Como papa, são Gregório usou sua experiência política em Roma e Constantinopla na tarefa de impedir que a Igreja se tornasse subserviente a qualquer um dos vários grupos que lutavam pelo controle da antiga capital imperial. Como ex-abade de um mosteiro, ele apoiou firmemente o movimento beneditino como alicerce da Igreja ocidental. O papa são Gregório Magno enviou missionários para a Inglaterra e recebe grande parte do crédito pela conversão da nação.

Mesmo quando se comprometeu a consolidar o poder papal e a fortalecer o decadente ocidente romano, são Gregório Magno manteve um humilde senso de sua missão como servo e pastor de almas, desde o momento de sua eleição até sua morte em 604 d.C.

*O grupo da Agência Católica de Notícias (CNA) é constituído por uma equipe de jornalistas dedicados a relatar notícias relativas à Igreja Católica em todo o mundo. As nossas agências estão localizadas em Denver, Washington e Roma. Temos agências irmãs no Quênia, Alemanha, Peru, Brasil e Itália. A CNA é um serviço da EWTN News. Se tiver perguntas, pode contatar-nos através do endereço news@catholicna.com.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/64381/o-papa-que-pela-primeira-vez-usou-o-titulo-servo-dos-servos-de-deus

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Como cuidar da caridade no WhatsApp e no mundo digital

Dragana Gordic | Shutterstock

Mar Dorrio - publicado em 03/09/25

Todos os dias usamos o WhatsApp, até mesmo logo ao acordar. Mas como podemos transmitir caridade também em meios digitais como esse? Aqui estão algumas dicas.

A maioria de nós chegou ao WhatsApp já na vida adulta, sem “pais digitais” que nos ensinassem suas regras de etiqueta. Aprendemos na prática, decifrando códigos não escritos que ajudam na convivência e na caridade dentro desse aplicativo, por onde administramos cerca de 80% de nossas relações pessoais.

Na Aleteia, queremos olhar para essas boas maneiras a partir de uma perspectiva concreta: a caridade cristã, também no digital.

1 - NÃO JULGAR PELA INTERAÇÃO

pics five | Shutterstock

Não podemos classificar nem julgar as pessoas pelo nível de resposta no WhatsApp. Há quem não consiga acompanhar o ritmo frenético das mensagens — pense em pais de família numerosa ou pessoas mais idosas — e isso não significa desinteresse, mas talvez apenas falta de tempo ou de atenção à rede social.

2 - EVITAR O “SILÊNCIO FRIO”

Há situações que podem ferir sem que percebamos. Quando alguém propõe um plano ou faz uma pergunta em um grupo e ninguém responde, o silêncio pode ser desconfortável. Se a resposta for mais pessoal, envie-a em privado para não sobrecarregar o chat, mas sem deixar a pessoa no vazio.

3 - INCLUIR A TODOS

Se é um grupo de classe, amigos ou trabalho, asseguremo-nos de que todos os que deveriam estar incluídos realmente estejam. Se notarmos a ausência de alguém, avisemos o administrador. A exclusão, ainda que involuntária, continua sendo exclusão.

4 - SAIR DE UM GRUPO COM ELEGÂNCIA

Se desejamos sair de um grupo, o mais correto é primeiro mandar uma mensagem privada ao administrador, agradecendo pelo convite e explicando — sem necessidade de muitos detalhes — que precisamos sair. Uma mensagem pública do tipo “vou sair porque estou saturado” pode soar mal, deixando os outros com a impressão de que não valem nosso tempo. O ideal é se retirar como quem se despede de uma festa: com gratidão, sem incomodar e com delicadeza.

5 - USAR OS RECURSOS ANTES DE CHEGAR AO BLOQUEIO

Tatiana Diuvbanova | Shutterstock

Por mais sobrecarregados que estejamos, bloquear deveria ser o último recurso. Antes, o WhatsApp oferece várias opções:

  • Silenciar notificações
  • Restringir participação em grupo: se for administrador, ajuste “Enviar mensagens” para “Somente administradores” ou limite as funções de alguns membros.
  • Arquivar conversas: mantenha pressionado o chat e selecione o ícone de arquivar. O chat some da tela principal, mas não é apagado.
  • Ajustar privacidade do perfil: em “Configurações” > “Privacidade”, é possível escolher quem vê sua última conexão, foto, informações e status.

O bloqueio significa romper uma ponte de comunicação. Pode impedir que, em um momento de necessidade, aquela pessoa consiga pedir nossa ajuda. E isso é algo que, se possível, deveríamos evitar.

A caridade também online

A caridade cristã não se limita ao contato presencial. Ela também se expressa em uma mensagem, em uma resposta dada a tempo, em uma inclusão consciente ou em uma saída discreta de um grupo. Cuidar desses detalhes é, no fundo, cuidar das pessoas. Porque mesmo nas redes sociais, o mandamento continua o mesmo: “Ama teu próximo como a ti mesmo.”

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/09/03/como-cuidar-da-caridade-no-whatsapp-e-no-mundo-digital/

Cuidar da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade

Colinas da Índia (Vatican News)

CUIDAR DA CRIAÇÃO TORNA-SE UMA QUESTÃO DE FÉ E DE HUMANIDADE

02/09/2025

Dom Juarez Albino Destro
Bispo Auxiliar de Porto Alegre (RS) 

De 1º de setembro a 04 de outubro somos convidados, ou melhor, convocados a exercer nossa vocação de cuidadores da Criação, rezando, louvando, agradecendo o dom da vida, mas também reconhecendo nossos erros e omissões, pedindo perdão para recomeçar a semear paz e esperança. 

Apesar de a data ter sido instituída há 10 anos, o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação ainda é pouco conhecido. No Angelus do último domingo de agosto, o papa Leão XIV recordou que, há dez anos, o seu antecessor, papa Francisco, em sintonia com o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, instituiu para a Igreja Católica este Dia de Oração. Recordou o tema: Sementes de paz e esperança, e nos convidou para, unidos a todos os cristãos, celebrarmos este Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, prolongando tal celebração até o dia 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis. É o Tempo da Criação. No espírito do Cântico do Irmão Sol, composto por São Francisco há 800 anos, louvemos a Deus e renovemos o compromisso de não destruir o seu dom, mas de cuidar da nossa Casa Comum, o planeta. 

Naquele mês de agosto de 2015, o papa Francisco escreveu aos cardeais presidentes de dois Pontifícios Conselhos: o da Justiça e Paz; e o da Promoção da Unidade dos Cristãos. Pediu a eles que animassem todas as Conferências Episcopais, Organismos nacionais e internacionais comprometidos no âmbito ecológico, a celebrar este Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, com a participação de todo o Povo de Deus: ministros ordenados, consagrados e consagradas, cristãos leigos e leigas. O objetivo: fazer com que a celebração anual seja momento forte de oração, reflexão, conversão e oportunidade para assumir estilos de vida coerentes. Vale ressaltar que o Pontifício Conselho da Justiça e da Paz deixou de existir a partir de 1º de janeiro de 2017, com sua missão tendo sido incorporada no Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (cf. Carta Apostólica, em forma de Motu Proprio, 17/08/2016). 

Papa Francisco, na carta, recordou que o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação já ocorre há tempos na Igreja Ortodoxa. E, como cristãos, disse o papa, “queremos oferecer a nossa contribuição para a superação da crise ecológica que a humanidade está vivendo. Por isso devemos, antes de tudo, buscar no nosso rico patrimônio espiritual as motivações que alimentam a paixão pelo cuidado da Criação, lembrando sempre que para aqueles que creem em Jesus Cristo, Verbo de Deus que se fez homem por nós, a espiritualidade não está desligada do próprio corpo nem da natureza ou das realidades deste mundo, mas vive com elas e nelas, em comunhão com tudo o que nos rodeia (LS 216)”. A Encíclica Laudato Si (LS) também é de 2015. E Francisco a utiliza mais vezes na carta: “A crise ecológica nos chama, portanto, a uma profunda conversão espiritual: os cristãos são chamados a uma conversão ecológicaque comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. De fato, viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial de uma existência virtuosa (LS 217)”. 

Na mensagem do papa Leão XIV para o 11º Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação percebe-se que o tema já tinha sido escolhido pelo papa Francisco, e foi mantido pelo papa Leão: Sementes de Paz e Esperança. “A semente entrega-se inteiramente à terra e aí, com a força impetuosa do seu dom, a vida germina, mesmo nos lugares mais inesperados, numa surpreendente capacidade de gerar um futuro. Pensemos, por exemplo, nas flores que crescem à beira da estrada: ninguém as plantou, mas elas crescem graças a sementes que foram parar ali quase por acaso e conseguem decorar o cinzento do asfalto e até mesmo penetrar na sua dura superfície”, escreveu o papa Leão na mensagem. E citou o profeta Isaías para reforçar que “o Espírito de Deus é capaz de transformar o deserto árido e ressequido num jardim, num lugar de repouso e serenidade: «Uma vez mais virá sobre nós o espírito do alto. Então o deserto se converterá em pomar, e o pomar será como uma floresta. Na terra, agora deserta, habitará o direito, e a justiça no pomar. A paz será obra da justiça, e o fruto da justiça será a tranquilidade e a segurança para sempre. O povo de Deus repousará numa mansão serena, em moradas seguras e em lugares tranquilos» (Is 32,15-18)”. 

São palavras proféticas, disse o papa, mas “junto à oração, são necessárias vontades e ações concretas que tornem perceptível esta carícia de Deus sobre o mundo (cf. LS 84). A justiça e o direito parecem remediar a inospitalidade do deserto. Trata-se de um anúncio extraordinariamente atual. Em várias partes do mundo, já é evidente que a nossa terra está em ruínas. Por todo o lado, a injustiça, a violação do direito internacional e dos direitos dos povos, a desigualdade e a ganância provocam o desflorestamento, a poluição, a perda de biodiversidade. Os fenômenos naturais extremos, causados pelas alterações climáticas provocadas pelo ser humano, aumentam de intensidade e frequência”, citando também a Exortação Apostólica do papa Francisco, Laudate Deum, sobre a crise climática, sem esquecer das guerras, que devastam a humanidade.  

Seguem outras partes da mensagem, que nos fazem pensar, refletir: 

Parece ainda haver uma falta de consciência de que a destruição da natureza não afeta todos da mesma forma: espezinhar a justiça e a paz significa atingir principalmente os mais pobres, os marginalizados, os excluídos. A este respeito, o sofrimento das comunidades indígenas é emblemático. 

A própria natureza torna-se, por vezes, um instrumento de troca, uma mercadoria a negociar para obter ganhos econômicos ou políticos. A Criação transforma-se num campo de batalha pelo controle dos recursos vitais, como testemunham as áreas agrícolas e as florestas que se tornaram perigosas por causa das minas, os conflitos em torno das fontes de água, a distribuição desigual das matérias-primas, penalizando as populações mais fracas e minando a própria estabilidade social. 

Não era certamente isso que Deus tinha em mente quando confiou a Terra ao ser humano criado à sua imagem, como lemos em Gênesis. “Cultivar” quer dizer lavrar ou trabalhar um terreno, “guardar” significa proteger, cuidar, preservar, velar. Isto implica uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza. 

A justiça ambiental já não pode ser considerada um conceito abstrato ou um objetivo distante. Representa uma necessidade urgente que ultrapassa a mera proteção do ambiente. Trata-se verdadeiramente de uma questão de justiça social, econômica e antropológica. Para os que creem em Deus, além disso, é uma exigência teológica, que para os cristãos tem o rosto de Jesus Cristo, em quem tudo foi criado e redimido. Num mundo onde os mais frágeis são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das alterações climáticas, do desflorestamento e da poluição, cuidar da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade. 

Trabalhando com dedicação e ternura, muitas sementes de justiça podem germinar, contribuindo para a paz e a esperança. Por vezes, são necessários anos para que a árvore dê os primeiros frutos, anos que envolvem todo um ecossistema na continuidade, na fidelidade, na colaboração e no amor, sobretudo se este amor se tornar um espelho do Amor oblativo de Deus. 

Entre as iniciativas da Igreja na dimensão da Ecologia Integral, o papa Leão XIV citou o projeto Borgo Laudato si’, que o papa Francisco nos deixou como herança em Castel Gandolfo, “uma semente que pode dar frutos de justiça e paz. Trata-se de um projeto de educação para a ecologia integral que visa ser um exemplo de como se pode viver, trabalhar e fazer comunidade aplicando os princípios da Encíclica Laudato si’”. 

Que possamos vivenciar este Tempo da Criação com orações, certamente, mas também com reflexões, boas ideias, propostas e, sobretudo, conversão e oportunidade para assumir estilos de vida coerentes. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pare e adore: A visita ao Santíssimo Sacramento (Parte 1/2)

Crédito: Opus Dei.

Pare e adore: A visita ao Santíssimo Sacramento

Esta prática constitui uma profunda expressão de fé e amor a Cristo na Eucaristia. Em meio aos afazeres cotidianos, oferece uma ocasião de encontro com Deus, um descanso em sua presença, que traz consolo e guia para a vida diária.

07/08/2025

São Josemaria recordava com alegria como os anjos participam na adoração contínua a Cristo, especialmente em sua presença sacramental. Tal pensamento estimulava-o a unir-se a este culto através de algumas devoções eucarísticas; uma delas é a visita ao Santíssimo Sacramento.

Desde os primeiros séculos, os cristãos procuraram modos de expressar sua fé através de práticas de piedade além dos sacramentos, como a veneração de relíquias, de sepulcros de mártires e de lugares sagrados. Embora as espécies eucarísticas tenham sempre sido honradas inclusive fora da celebração, só se converteram em objeto de veneração particular fora da Missa no início do segundo milênio, na liturgia romana. Neste contexto, o IV Concílio de Latrão (1215) reafirmou a doutrina da presença real de Cristo na Eucaristia, condenou os ensinamentos Berengário de Tours – que negava esta presença – e enfatizou a necessidade de adorar a Cristo no Santíssimo Sacramento.

Algumas ordens religiosas, particularmente os cistercienses, fomentaram esta devoção, e teólogos como São Tomás de Aquino contribuíram no desenvolvimento da doutrina da presença real do Senhor na Eucaristia. Surgiram inovações litúrgicas que intensificaram a piedade eucarística, como a elevação da hóstia depois da consagração, a reserva eucarística e a prática da comunhão espiritual, manifestações do crescente desejo de honrar Jesus na Eucaristia.

Com a instituição da festa do Corpus Christi, celebrada pela primeira vez em Liège em 1246 e estendida a toda a Igreja pela bula Transiturus de hoc mundo do Papa Urbano IV, surgiram os primeiros testemunhos da prática da visita ao Santíssimo. Neste período, as beguinas (um grupo de mulheres que viviam em celas construídas em volta da abside da igreja, com uma abertura para o altar) seguiam a regra de rezar de joelhos o cumprimento ao Santíssimo nas celas, ao levantar-se. Ao longo dos séculos, a devoção para com a Eucaristia fortaleceu-se, em parte graças à reserva do Santíssimo em igrejas e capelas, o que facilitava o acesso dos fiéis. O Concílio de Trento reafirmou a prática da adoração eucarística e promoveu o culto ao Santíssimo Sacramento.

Os primeiros sacrários

“A sagrada Reserva (no sacrário) era primeiro destinada a guardar dignamente a Eucaristia para que pudesse ser levada, fora da missa, aos doentes e aos ausentes. Pelo aprofundamento da fé na presença real de Cristo em sua Eucaristia, a Igreja tomou consciência do sentido da adoração silenciosa do Senhor presente sob as espécies eucarísticas”[1].

Nessa tomada de consciência, tiveram um papel importante as chamadas confrarias do Santíssimo Sacramento, que garantiam a reserva eucarística nas igrejas. Elas se espalharam por toda a Europa durante a baixa Idade Média, com notável proliferação na Itália e encarregaram-se de promover a participação ativa dos fiéis na adoração eucarística, destacando-se seu apoio às procissões de Corpus Christi. Neste marco, os barnabitas e Santo Antônio Maria Zaccaria tiveram um papel relevante na promoção do culto eucarístico, especialmente na organização das exposições do Santíssimo.

Mais tarde, surgiu a devoção das quarenta horas, que, como o nome indica, consistia na exposição ininterrupta do Santíssimo Sacramento durante esse tempo, e convidava à meditação da paixão de Cristo e à oração de intercessão e desagravo. Iniciada em Milão e promovida por figuras como Carlos Borromeu, expandiu-se pela Europa e foi consolidada em 1592 pelo Papa Clemente VIII ao instituir a Adoração Perpétua em Roma, contribuindo assim com a prática da visita ao Santíssimo.

A adoração da criatura ao Criador

Quando os magos chegaram a Belém, São Mateus relata: “Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram” (Mt 2, 11). Este gesto manifesta a atitude própria do ser humano que, ao reconhecer-se criatura, prostra-se diante de seu Criador[2]. Mais do que um ato exterior, adorar é uma entrega do corpo e da alma, um reconhecimento profundo da nossa total dependência de Deus, diante de quem nos inclinamos com respeito e submissão absolutos, com a consciência de que nossa existência só tem sentido nele[3].

Dom Javier Echevarría expressava-o dizendo que “caímos em adoração, atitude necessária, porque somente assim manifestamos adequadamente acreditar que a Eucaristia é Cristo verdadeira, real e substancialmente presente com seu Corpo, seu Sangue, sua Alma e sua Divindade”[4]. São Josemaria também convidava a ter essa disposição: “Agiganta a tua fé na Sagrada Eucaristia. Pasma ante essa realidade inefável: temos Deus conosco, podemos recebê-lo cada dia e, se quisermos, falamos intimamente com Ele, como se fala com o amigo, como se fala com o irmão, como se fala com o pai, como se fala com o Amor”[5].

Alguns gestos ajudam a manifestar também com o corpo a adoração. Um deles é “A genuflexão, que se faz dobrando o joelho direito até ao solo, significa adoração; é por isso reservada ao Santíssimo Sacramento”[6]. Bento XVI destacava isso dizendo que “a genuflexão diante do Santíssimo Sacramento ou ficar de joelhos durante a oração exprimem precisamente a atitude de adoração diante de Deus, também com o corpo. Daí a importância de não fazer este gesto por hábito ou depressa, mas com consciência profunda. Quando nos ajoelhamos diante do Senhor confessamos nossa fé nele, reconhecemos que Ele é o único Senhor de nossa vida”[7].

Hoje em dia, pode parecer que o homem perdeu o sentido da adoração, a necessidade do culto em silêncio. O Papa Francisco comenta, no entanto, que “a Eucaristia é a resposta de Deus à fome mais profunda do coração humano, à fome de vida autêntica: nela o próprio Cristo está realmente no meio de nós para nos alimentar, consolar e sustentar ao longo do caminho”[8]. No pão eucarístico encontramos aquilo que afinal, nosso coração procura, mas que só Deus pode dar: um amor incondicional que sacia plenamente o nosso desejo de amar e ser amado. Na adoração eucarística podemos nos inclinar no peito do Senhor, como o discípulo amado, e deixar-nos abraçar por Ele. Porque ao ficar conosco na Eucaristia, Deus demonstra que “não é um ser longínquo, que contemple com indiferença a sorte dos homens, seus anseios, suas lutas e angústias. É um Pai que ama seus filhos até o extremo de lhes enviar o Verbo, Segunda Pessoa da Trindade Santíssima, para que, pela sua encarnação morra por eles e nos redima; o mesmo Pai amoroso que agora nos atrai suavemente a si, mediante a ação do Espírito Santo que habita em nossos corações”[9]


[1] Catecismo da Igreja Católica, n. 1379

[2] Cfr. Ibid, n. 2628

[3] Cfr. Ibid, n. 2097

[4] Javier Echevarría, Carta Pastoral, 6/10/2004, n. 6

[5] Forja, n. 268

[6] Instrução geral do missal romano, n. 274

[7] Bento XVI, Audiência, 27/06/2012.

[8] Francisco, Discurso aos membros do comitê de organização do Congresso Eucarístico Nacional dos Estados Unidos da América, 19/06/2023.

[9] É Cristo que passa n. 84

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/pare-e-adore-a-visita-ao-santissimo-sacramento/

Dia da Criação: o convite do Papa para se comprometer com o cuidado da casa comum

Dia da Criação (@Vatican Media)

Em um tweet publicado no X, as palavras de Leão XIV de domingo, ao final do Angelus, no qual ele recordou o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação.

Benedetta Capelli – Vatican News

Juntamente com todos os cristãos, celebramos hoje o X Dia Mundial de Oração pela Cura da Criação e prolongamos o Tempo da Criação até 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis. No espírito do Cântico do Irmão Sol, louvamos a Deus e renovamos o compromisso de não destruir o seu dom, mas de cuidar da nossa casa comum.

É o tweet publicado na conta @Pontifex, no qual se lembrou ontem, segunda-feira (01/09), o dia em que os cristãos de todo o mundo se unem em oração. Palavras pronunciadas no domingo, 31 de agosto, ao final do Angelus. Trata-se, na verdade, de uma iniciativa ecumênica promovida e apoiada por diversas entidades, entre as quais o Movimento Laudato sì, o Conselho Ecumênico das Igrejas, a Federação Luterana Mundial e a Comunhão Anglicana. O Tempo da Criação, uma oportunidade para promover a conversão ecológica, está programado até 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, que Leão XIV lembra em seu post citando o Cântico do Irmão Sol, também conhecido como Cântico das Criaturas, uma lauda escrita em vernáculo da Úmbria pelo próprio pobre de Assis por volta de 1224. Uma composição que é um louvor a Deus e à Criação.

Sementes de paz e esperança

São numerosas as iniciativas do Dia Mundial de Oração pela Cura da Criação, que coincide com o 1700º aniversário do Concílio Ecumênico de Nicéia e com o décimo ano da publicação da encíclica Laudato si' do Papa Francisco. O próprio Pontífice, falecido há alguns meses, escolheu o tema da Mensagem: “Sementes de Paz e Esperança”. No texto de Leão XIV, destacava-se como a terra está caindo em ruína e que a destruição da natureza afeta principalmente “os mais pobres, os marginalizados, os excluídos”, daí o convite do Papa para considerar a justiça ambiental como “uma necessidade urgente, que vai além da simples proteção do meio ambiente”.

Borgo Laudato sì   (@Vatican Media)

Celebrações de Missas pela custódia da criação

O próprio Leão XIV proclamou, no último dia 3 de julho, o decreto do formulário da missa pela Custódia da criação, Missa pro custodia creationis, que ele mesmo celebrou no último dia 9 de julho no Borgo Laudato sì, em Castel Gandolfo.

Daí o compromisso de muitas conferências episcopais, especialmente no sul do mundo, de incentivar as paróquias a celebrar o Dia com o novo formulário da Missa, como ocorreu nas Filipinas, segundo confirmou dom Gerardo Alminaza, bispo de San Carlos, e em outros países latino-americanos, como informou o secretário-geral do CELAM, o Conselho Episcopal Latino-Americano, Dom Lizardo Estrada Herrera, bispo auxiliar de Cuzco.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Uma dieta com baixo teor de sal é tão prejudicial à saúde quanto consumir muito sal? (Parte 1/2)

Sal (Crédito: Getty Images)

Uma dieta com baixo teor de sal é tão prejudicial à saúde quanto consumir muito sal?

01/09/2025

Por Jéssica Brown

Alguns cientistas argumentam que uma dieta com baixo teor de sal é tão perigosa quanto um alto consumo de sal. Qual é a realidade?

Em 2017, o chef turco Nusret Gökçe viralizou depois que um vídeo temperando carinhosamente um bife enorme com uma pitada de sal acumulou milhões de visualizações online e lhe rendeu o apelido de "salt bae". Mas não foi apenas sua atenção aos detalhes que chamou a atenção.

Somos obcecados por sal – apesar dos alertas, quase todas as populações do mundo consomem quase o dobro do que deveriam, prejudicando nossa saúde no processo . Mas um contra-argumento está ganhando força, lançando dúvidas sobre décadas de pesquisa e lançando luz sobre as questões que ainda permanecem sem resposta sobre nosso tempero favorito.

O sódio, o elemento-chave encontrado no sal, é essencial para que nossos corpos mantenham o equilíbrio hídrico geral e transportem oxigênio e nutrientes. Ele permite que nossos nervos pulsam com eletricidade. Mas, historicamente, a maioria das populações tem consumido mais sal do que o recomendado, e autoridades de saúde em todo o mundo têm tido muito trabalho para nos convencer a reduzir o consumo.

Com 2 a 3 g de sal por 100 g, o queijo azul tem quase tanto sal quanto a água do mar, que contém 3,5 g por 100 g (Crédito: Getty Images)

Quanto sal você deve consumir diariamente?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda limitar o consumo de sódio a menos de 2 g por dia , o que equivale a cerca de 5 g de sal de cloreto de sódio . Nos EUA, as Diretrizes Dietéticas para Americanos recomendam que os adultos limitem a ingestão a menos de 2,3 g de sódio por dia, ou cerca de uma colher de chá de sal. 

Pesquisadores concluíram em um artigo de 2022 que um consumo moderado de sódio (entre 3 e 6 g por dia) é melhor para reduzir o risco de doenças cardíacas, em comparação com dietas com baixo e alto teor de sódio.

As diretrizes do NHS (Serviço Nacional de Saúde)  do Reino Unido recomendam que adultos não consumam mais de 6 g de sal por dia, incluindo o sal que já está presente nos alimentos que compramos e o sal que adicionamos durante ou após o preparo dos alimentos. No Reino Unido, o consumo médio de sal está próximo de 8,4 g por dia, enquanto nos EUA é de 8,5 g . Enquanto isso, a OMS estima que a ingestão média global de sal tenha aumentado para quase 10,8 g por dia .

Mas apenas um quarto da nossa ingestão diária vem do sal que adicionamos aos alimentos – o restante está escondido nos alimentos que compramos, incluindo pão, molhos, sopas e alguns cereais. Para aumentar a confusão, nos rótulos dos alimentos, os fabricantes frequentemente se referem ao teor de sódio em vez do sal, o que pode nos fazer pensar que estamos consumindo menos sal do que realmente estamos. O sal é composto por íons sódio e cloreto. Em 2,5 g de sal, há cerca de 1 g de sódio. "O público em geral não sabe disso e pensa que sódio e sal são a mesma coisa. Ninguém te conta isso", diz a nutricionista May Simpkin .

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), cerca de 40% do sódio consumido pelas pessoas nos EUA vem de alimentos como pizza, frios, burritos e tacos, salgadinhos, aves e hambúrgueres.

“Uma meta-análise descobriu um risco 17% maior de doenças cardiovasculares ao consumir 5g extras de sal por dia

Os riscos para a saúde do consumo excessivo de sal

Pesquisas descobriram que o excesso de sal causa pressão alta , o que pode levar a derrames e doenças cardíacas. Especialistas concordam amplamente que as evidências contra o sal são convincentes. Nossos corpos retêm água quando comemos sal, aumentando a pressão arterial até que nossos rins a eliminem. O excesso de sal por um longo período pode sobrecarregar nossas artérias e levar à pressão alta prolongada, conhecida como hipertensão, que causa 62% de todos os derrames e 49% dos eventos de doença coronariana  , de acordo com a OMS. A OMS estima que o consumo excessivo de sódio seja responsável por 1,89 milhão de mortes em todo o mundo a cada ano.

Uma meta-análise de 13 estudos publicados ao longo de 35 anos descobriu um risco 17% maior de doença cardiovascular total e um risco 23% maior de acidente vascular cerebral ao consumir 5 g extras de sal por dia.

Uma pipoca grande de cinema com sal (cerca de 250 g) pode ter cerca de 5 g de sal – quase o suficiente para um dia, de acordo com as diretrizes de saúde (Crédito: Getty Images)

Os benefícios para a saúde de reduzir a ingestão de sal

Como você pode esperar, reduzir a ingestão de sal pode ter o efeito inverso.

Em uma análise de dados de oito anos da Pesquisa de Saúde da Inglaterra , pesquisadores descobriram que uma redução de 1,4 g por dia na ingestão de sal provavelmente contribuiu para uma queda na pressão arterial, o que por sua vez contribuiu para uma redução de 42% nos acidentes vasculares cerebrais fatais e de 40% nas mortes relacionadas a doenças cardíacas.

Um ensaio clínico mais recente publicado em 2023 descobriu que seguir uma dieta com baixo teor de sódio por uma semana teve um efeito de redução da pressão arterial  comparável a um medicamento comumente administrado a pacientes com pressão alta .

No entanto, pesquisadores que realizaram estudos observacionais frequentemente concluíram que é difícil separar completamente os efeitos de comer menos sal de outros hábitos alimentares e de estilo de vida, já que aqueles que são mais conscientes de sua ingestão de sal têm mais probabilidade de comer de forma mais saudável em geral, se exercitar mais, fumar menos e beber menos.

“Ensaios clínicos randomizados que demonstrem o efeito do sal no corpo são quase impossíveis de realizar. Mas também não existem ensaios clínicos randomizados para obesidade ou tabagismo, que sabemos que matam – Francesco Cappuccio

Ensaios clínicos randomizados de longo prazo comparando pessoas que comem muito sal versus pessoas que comem pouco sal poderiam estabelecer relações de causa e efeito. Mas existem poucos estudos desse tipo devido aos requisitos de financiamento e às implicações éticas. "Ensaios clínicos randomizados que mostram o efeito do sal no corpo são quase impossíveis de realizar", afirma Francesco Cappuccio, professor de medicina cardiovascular e epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Warwick e autor da revisão de oito anos.

"Mas também não há ensaios clínicos randomizados para obesidade ou tabagismo, que sabemos que matam."

Enquanto isso, evidências observacionais são abundantes. Após o governo japonês lançar uma campanha para persuadir as pessoas a reduzir o consumo de sal no final da década de 1960,  a ingestão caiu  de 13,5 g para 12 g por dia. No mesmo período, houve quedas na pressão arterial e uma  redução de 80% na mortalidade por AVC . Na Finlândia, a ingestão diária de sal caiu de 12 g no final da década de 1970 para apenas 9 g em 2002, e houve uma redução de 75-80% nas mortes por AVC e doenças cardíacas no mesmo período.

Fonte: https://www.bbc.com/future/article/20181029-eating-less-salt-benefits

O Papa: a sede de Jesus na cruz é a nossa também. Clamor de uma humanidade ferida

Audiência Geral, 03/09/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

A catequese de Leão XIV na Audiência Geral foi marcada pelas palavras finais de Jesus na cruz: "Tenho sede" e "Tudo está consumado". "Se até o Filho de Deus escolheu não ser autossuficiente, então a nossa sede, de amor, de sentido, de justiça, não é um sinal de fracasso, mas de verdade", disse o Papa, ressaltando que "esta verdade, aparentemente tão simples, é difícil de aceitar", pois "vivemos numa época que preza a autossuficiência, a eficiência e o desempenho".

https://youtu.be/1c_FylaXyTg

Mariangela Jaguraba - Vatican News

A Praça São Pedro acolheu milhares de fiéis para a Audiência Geral desta quarta-feira, 03 de setembro, em que o Papa Leão XIV deu continuidade ao ciclo de catequeses dedicado ao tema “Jesus Cristo nossa Esperança”.

As palavras de Jesus "Tenho sede" e logo depois "Tudo está consumado", proferidas na cruz, foram o centro da catequese deste encontro semanal com os fiéis.

"São palavras finais, mas carregadas de uma vida inteira, que revelam o sentido de toda a existência do Filho de Deus. Na cruz, Jesus não aparece como um herói vitorioso, mas como um mendigo de amor. Não proclama, não condena, não se defende. Pede humildemente o que não pode dar a si mesmo", frisou o Pontífice, acrescentando:

“A sede do Crucificado não é apenas a necessidade fisiológica de um corpo torturado. É também, e sobretudo, a expressão de um desejo profundo: o de amor, de relação, de comunhão. É o grito silencioso de um Deus que, tendo querido partilhar tudo sobre a nossa condição humana, deixa-se passar também por essa sede.”

Abertura confiante aos outros

Um Deus que não se envergonha de pedir e com este gesto nos diz "que o amor, para ser verdadeiro, deve também aprender a pedir e não apenas a dar". Assim, Jesus "manifesta a sua humanidade e a nossa também". "Nenhum de nós é autossuficiente. Ninguém se pode salvar sozinho", disse ainda o Papa. "A vida 'consuma-se' não quando somos fortes, mas quando aprendemos a receber. Nesse momento, depois de ter recebido de estranhos uma esponja embebida em vinagre, Jesus proclama: Está consumado. O amor tornou-se carente e, precisamente por isso, consumou a sua obra", sublinhou.

“Este é o paradoxo cristão: Deus salva não fazendo, mas deixando-se fazer. Não vencendo o mal pela força, mas aceitando plenamente a fragilidade do amor. Na cruz, Jesus nos ensina que a realização humana não se alcança pelo poder, mas pela abertura confiante aos outros, mesmo quando hostis e inimigos.”

Capacidade de nos deixarmos amar 

Segundo Leão XIV, "a salvação não reside na autonomia, mas em reconhecer humildemente as próprias necessidades e saber exprimi-las livremente".

“A consumação da nossa humanidade no plano de Deus não é um ato de força, mas um gesto de confiança. Jesus não salva com uma reviravolta dramática, mas pedindo algo que Ele não pode dar a si mesmo. E aqui abre-se uma porta para a verdadeira esperança: se até o Filho de Deus escolheu não ser autossuficiente, então a nossa sede — de amor, de sentido, de justiça — não é um sinal de fracasso, mas de verdade.”

De acordo com o Papa, "esta verdade, aparentemente tão simples, é difícil de aceitar", pois "vivemos numa época que preza a autossuficiência, a eficiência e o desempenho. No entanto, o Evangelho nos mostra que a medida da nossa humanidade não é o que podemos conquistar, mas a nossa capacidade de nos deixarmos amar e, quando necessário, até mesmo ajudar".

A nossa fragilidade é uma ponte para o céu

"Jesus nos salva mostrando que pedir não é indigno, mas libertador. É a saída do esconderijo do pecado, para reentrar no espaço da comunhão. Desde o princípio, o pecado gerou vergonha. Mas o verdadeiro perdão surge quando conseguimos encarar a nossa necessidade e deixar de temer a rejeição", ressaltou.

“A sede de Jesus na cruz é a nossa também. É o clamor de uma humanidade ferida que ainda procura água viva. Essa sede não nos afasta de Deus, na verdade une-nos a Ele. Se tivermos a coragem de a reconhecer, podemos descobrir que até a nossa fragilidade é uma ponte para o céu. Precisamente no pedir — não no possuir — abre-se um caminho para a liberdade, porque deixamos de fingir que somos suficientes para nós mesmos.”

"Na fraternidade, na vida simples, na arte de pedir sem vergonha e de oferecer sem cálculos, reside uma alegria desconhecida para o mundo. Uma alegria que nos restitui à verdade original do nosso ser: somos criaturas feitas para dar e receber amor", sublinhou ainda Leão XIV que, concluindo sua catequese, disse que "na sede de Cristo podemos reconhecer toda a nossa sede e aprender que não há nada mais humano, nada mais divino, do que poder dizer: tenho necessidade. Não tenhamos medo de pedir, sobretudo quando sentimos que não merecemos. Não tenhamos vergonha de estender a mão. É aí, nesse gesto humilde, que se esconde a salvação".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF