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quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Leão XIV: Basílica de Santo Anselmo, consagrada para ser um lugar de encontro

Basílica de Santo Anselmo (Vatican News)

"O mosteiro, o Ateneu, o Instituto Litúrgico, as atividades pastorais ligadas à basílica, de acordo com os ensinamentos de São Bento, devem crescer cada vez mais em sinergia como uma autêntica 'escola do serviço do Senhor'", disse o Papa na homilia da missa celebrada na Basílica de Santo Anselmo, no Aventino, em Roma, no aniversário de 125 anos da Dedicação dessa basílica.

https://youtu.be/ndctGiGVG9Y

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Leão XIV presidiu a missa na Basílica de Santo Anselmo no Aventino, em Roma, na tarde desta terça-feira (11/11), por ocasião do aniversário de 125 anos da Dedicação dessa basílica.

«Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja». Com esta passagem do Evangelho de São Mateus, Leão XIV iniciou sua homilia, recordando que a Basílica de Santo Anselmo no Aventino foi "fortemente desejada pelo Papa Leão XIII, que promoveu a sua construção".

"Em suas intenções, essa construção, junto com a do Colégio Internacional anexo, deveria contribuir para o fortalecimento da presença beneditina na Igreja e no mundo, por meio de uma unidade cada vez maior dentro da Confederação Beneditina, objetivo para o qual foi introduzido também o cargo de Abade Primaz. E isso porque ele estava convencido de que a sua antiga Ordem pudesse ser de grande ajuda para o bem de todo o Povo de Deus num momento rico de desafios, como foi a passagem do século XIX para o século XX", sublinhou Leão XIV.

Santa Missa presidida pelo Papa Leão XIV, 11/11/2025 (Vatican News)

De fato, desde suas origens, o monaquismo foi uma realidade 'de fronteira', que levou homens e mulheres corajosos a implantar focos de oração, trabalho e caridade nos lugares mais remotos e inacessíveis, muitas vezes transformando áreas desoladas em terras férteis e ricas, do ponto de vista agrícola e econômico, mas sobretudo espiritual. O mosteiro, assim, caracterizou-se cada vez mais como um lugar de crescimento, paz, hospitalidade e unidade, mesmo nos períodos mais sombrios da história.

O Papa recordou que "também em nosso tempo não faltam desafios a enfrentar. As mudanças repentinas das quais somos testemunhas nos provocam e nos questionam, suscitando problemas até então inéditos".

Esta celebração nos lembra que, como o apóstolo Pedro, e junto com ele Bento e muitos outros, também nós poderemos responder às exigências da vocação recebida apenas colocando Cristo no centro de nossa existência e de nossa missão, partindo daquele ato de fé que nos faz reconhecer Nele o Salvador e traduzindo-o na oração, no estudo, no compromisso de uma vida santa.

"Aqui, tudo isso se realiza de várias maneiras: na liturgia, em primeiro lugar, e depois na Lectio divina, na pesquisa, na pastoral, com o envolvimento de monges vindos de todas as partes do mundo e com a abertura a clérigos, religiosos e leigos das mais diversas proveniências e condições. O mosteiro, o Ateneu, o Instituto Litúrgico, as atividades pastorais ligadas à basílica, de acordo com os ensinamentos de São Bento, devem crescer cada vez mais em sinergia como uma autêntica 'escola do serviço do Senhor'", disse ainda o Papa, destacando que pensa neste complexo "como uma realidade que deve aspirar a se tornar um coração pulsante no grande corpo do mundo beneditino, tendo no centro, segundo os ensinamentos de São Bento, a igreja".

Santa Missa presidida pelo Papa Leão XIV, 11/11/2025 (Vatican News)

A seguir, recordou as palavras proferidas por São João Paulo II, em 1° de junho 1986, em sua visita ao Ateneu Pontifício por ocasião do seu Centenário de fundação: “Sant'Anselmo lembra a todos [...] que o conhecimento dos mistérios divinos não é tanto uma conquista do gênio humano, mas sim um dom que Deus faz aos humildes e aos que creem”. "Nós desejamos que essa seja também a mensagem profética que esta Instituição transmite à Igreja e ao mundo, como cumprimento da missão que todos nós recebemos, de ser o povo que Deus adquiriu para proclamar as obras admiráveis dele, que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz".

A Dedicação é o momento solene da história de um edifício sagrado, no qual ele é consagrado para ser um lugar de encontro entre o espaço e o tempo, entre o finito e o infinito, entre o homem e Deus: porta aberta para o eterno, onde a alma encontra resposta.

Que este templo se torne "cada vez mais um lugar de alegria, onde se experimenta a beleza de compartilhar com os outros o que se recebeu gratuitamente", concluiu o Papa Leão.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Fitoplâncton oceânico produz metade do oxigênio da Terra.

Tons de azul e verde no Mar de Barents foram resultados da ocorrência da alta das populações de fitoplâncton na região — Foto: Wikimedia Commons.

Fitoplâncton oceânico produz metade do oxigênio da Terra. Um novo estudo sugere que ele pode estar diminuindo

Pesquisa observou diminuição na quantidade de clorofila ao longo de 20 anos, a qual pode ser associada à queda na população de fitoplâncton. Associação, no entanto, não é consenso entre cientistas.

Por Victor Bianchin

10/11/2025 12h25

Um novo estudo, publicado na revista Science Advances, aponta para um dado alarmante: a quantidade de fitoplâncton nos oceanos pode estar diminuindo. Esses microrganismos aquáticos, que estão na base da cadeia alimentar marítima, são responsáveis por boa parte da atividade fotossintética do planeta, capturando dióxido de carbono (CO2) e devolvendo oxigênio à atmosfera.

O estudo, desenvolvido por pesquisadores das Universidades de Tsinghua (China), Bangor (Reino Unido) e Pensilvânia (EUA), se baseou em imagens de satélite e também dados de bóias flutuadoras, além de algoritmos de deep learning que foram úteis para preencher lacunas de dados (como áreas obscurecidas por nuvens). Ele observou que, entre 2001 e 2023, a concentração de clorofila A (ou “Chl-a”, o pigmento fotossintético, um indicador de abundância) diminuiu cerca de 1,78% por ano em águas costeiras. O nome "fitoplâncton", vale dizer, serve de guarda-chuva para um grande grupo de microrganismos, que inclui algas microscópicas e bactérias.

Segundo os cientistas que assinam o levantamento, essa diminuição pode estar sendo causada pelo aquecimento global. Existe um fenômeno natural chamado de estratificação do oceano em que as águas mais superficiais são mais quentes (por causa da radiação solar) e menos densas, ao passo que as águas mais profundas são mais frias e menos densas. Normalmente, essas águas frias, que são também ricas em nutrientes, sobem à superfície, principalmente em costas e regiões equatoriais, por meio de um fenômeno chamado upwelling, ou “afloramento”. Outros fatores, como tempestades, também ajudam a movimentar a água e trazer para cima os nutrientes do fundo.

Em um cenário de aquecimento global, porém, a história fica mais complexa. As águas superficiais ficam ainda mais quentes e têm dificuldade de se misturar com as mais frias. Isso gera uma carência de nutrientes na superfície, o que afeta os organismos que dependem deles para sobreviver, como o fitoplâncton. Por consequência, toda a cadeia alimentar acaba sendo comprometida.

Por que o fitoplâncton é importante

Os oceanos cobrem 71% da superfície terrestre e são responsáveis por cerca de metade da produção de oxigênio do planeta, a maior parte fotossintetizada pelo fitoplâncton. Além de produzir oxigênio, ele serve de alimento para o zooplâncton (organismos aquáticos sem capacidade fotossintética). Esses, por sua vez, são consumidos por pequenos peixes e animais, dando continuidade à cadeia alimentar até chegar aos grandes predadores.

“Num ambiente terrestre, os principais autótrofos são as árvores. Nelas, as raízes absorvem nutrientes e água, as folhas fazem fotossíntese e produzem glicose, e o tronco transfere tudo pro resto do organismo. No oceano, uma única célula faz tudo que uma árvore inteira faz. São microalgas que formam um gramado tridimensional planetário, chamado fitoplâncton”, afirma Frederico Brandini, professor do Instituto Oceanográfico da USP. Ele lembra que, 3,5 bilhões de anos atrás, a Terra era um planeta anóxico, ou seja, sem oxigênio livre — as primeiras moléculas começaram a ser produzidas pelo fitoplâncton.

De acordo com o novo estudo, as reduções na quantidade de fitoplâncton são mais graves nas regiões costeiras: 40% das áreas analisadas apresentaram declínio, enquanto apenas 12,5% demonstraram crescimento significativo. Essas regiões com aumento, que incluem o norte da costa brasileira, têm o crescimento creditado a “provavelmente a intensificação das atividades humanas”, o que traria mais nutrientes à água.

Onde há declínio, o aquecimento global é provavelmente o culpado. Segundo destaca o artigo, “nas últimas décadas, observou-se uma intensificação da estratificação oceânica, impulsionada por um aquecimento mais rápido da camada superior do oceano em comparação com as camadas mais profundas, devido às mudanças climáticas globais. Essa maior estratificação provavelmente está enfraquecendo o transporte vertical de nutrientes, limitando assim a disponibilidade de nutrientes para o crescimento do fitoplâncton na camada superior do oceano”.

O que a nova pesquisa não leva em conta

O professor Frederico Brandini afirma que há alguns pontos sobre a nova pesquisa que precisam ser tratados com cuidado. Ele lembra, por exemplo, que o uso da clorofila A como ferramenta de medição tem seus poréns. “Existe uma razão carbono-clorofila no fitoplâncton que vai de 20 a 200. Então 1 de clorofila pode ser 20 ou 200 de carbono. E o carbono é o que interessa”, diz ele. “O estudo usa a clorofila porque ela é um indicador de abundância, mas clorofila não é biomassa, a biomassa é o carbono. E 1,78% [de redução de clorofila A] é uma 'merreca'. Se você for olhar isso em miligramas por metro cúbico, dá 0,00035 miligrama de clorofila por metro cúbico. O oceano tem 361 milhões de km²”, argumenta.

Outro ponto levantado por Brandini é que o aumento de temperatura, embora cause acréscimo na estratificação da água, também implica em uma maior atividade metabólica por parte do zooplâncton (ele se alimenta mais). Esse fator, porém, não foi computado no estudo. “Isso significa que, talvez, esse decréscimo da clorofila não seja apenas pelo aumento da estratificação física, mas também pela herbivoria do zooplâncton. Eu, se fosse revisor desse artigo, teria falado ‘opa, mas e o zooplâncton, ele não tá comendo o fitoplâncton?’”.

Esse aspecto é importante porque ele muda o impacto dessa diminuição na quantidade de clorofila A: se de fato a biomassa de fitoplâncton está diminuindo, então há menos absorção de CO2 atmosférico, o que é um grande problema. “Por outro lado, se a herbivoria do zooplâncton está sendo importante, então esse CO2 continua sendo absorvido e está indo pro zooplâncton. Então, não há grandes mudanças”. Esse aumento na quantidade de zooplâncton poderia até mesmo gerar crescimento na população de peixes, favorecendo a atividade pesqueira.

O cientista também acredita que, na lista de problemas ambientais que podem impactar o ser humano, a queda de biomassa fitoplantônica não é a mais urgente. “Antes de ser afetado por esse tipo de problema, o ser humano vai ser afetado por coisas muito mais relevantes, como a contaminação oceânica com poluição, a sobrepesca, a ocupação das zonas costeiras, a destruição de manguezais, a perda de biodiversidade, o descarte de metais pesados nos oceanos. Pensando apenas no ser humano, essas coisas são problemas muito piores”, argumenta.

O estudo também contrasta com pesquisas anteriores, como esta de 2023 publicada na Nature, que indicam um possível aumento na quantidade de fitoplâncton nos oceanos, não uma redução. Michael Mann, diretor do Centro Penn para Ciência, Sustentabilidade e Mídia da Universidade da Pensilvânia e coautor do novo estudo, afirmou ao site Inside Climate News que esses estudos anteriores provavelmente têm dados incorretos, porque se baseiam apenas em imagens de satélite.

"Estou confiante de que nosso resultado está correto", disse ele, "porque é o que suspeitávamos que estivesse acontecendo, dados os substanciais aumentos na estratificação dos oceanos globais documentados anteriormente nas últimas décadas".

Fonte: https://revistagalileu.globo.com/cop30/noticia/2025/11/fitoplancton-oceanico-produz-metade-do-oxigenio-da-terra-um-novo-estudo-sugere-que-ele-pode-estar-diminuindo.ghtml

Quarenta anos do Caminho Neocatecumenal em Goiás são celebrados em Iaciara

40 anos do Caminho Neocatecumenal em Iaciara - Goiás | Foto: Bianca Gomes dos Santos Jacques

QUARENTA ANOS DO CAMINHO NEOCATECUMENAL EM GOIÁS SÃO CELEBRADOS EM IACIARA

Post 10 de setembro de 2025  Autor: C. N. Brasil

Há quatro décadas, na cidade de Iaciara, no interior de Goiás, nascia uma semente que transformaria a vida de centenas de fiéis em todo o Estado. Foi ali, em 1985, que o Caminho Neocatecumenal iniciou sua missão na Diocese de Formosa, um itinerário de iniciação cristã que, quarenta anos depois, continua a dar frutos.

No dia 7 de setembro de 2025, cerca de mil pessoas se reuniram no Ginásio de Esportes de Iaciara para celebrar a solene Eucaristia em ação de graças pelos 40 anos do Caminho Neocatecumenal em Goiás.

No início da celebração, foram apresentados os itinerantes Leonel e Francisca, Pe. Marcos Cristiano e Hudson, responsáveis atuais pelo Caminho no Estado, e acolhida a segunda equipe itinerante, Assis e Érica, Pe. Antônio Rodrigues e Jonatas. A celebração contou ainda com a presença de Dom Adair José Guimarães, bispo da Diocese de Formosa, de diversos sacerdotes e dos irmãos que, há quatro décadas, estiveram nas origens dessa evangelização, incluindo o Pe. Luiz Gonzaga, que iniciou o Caminho em Iaciara em 1985.

Leonel e Francisca / Assis e Érica. | Foto: Bianca Gomes dos Santos Jacques

Em Goiás, o acolhimento do Caminho Neocatecumenal veio pelas mãos de Dom Victor Tielbeek, e as primeiras catequeses deram origem a três comunidades, que se expandiram para outras cidades. Atualmente, o Caminho está presente em quatro dioceses, dezesseis paróquias e quarenta e três comunidades em todo o Estado.

Durante a primeira parte da celebração, foram lidas mensagens de gratidão enviadas por bispos e catequistas que acompanharam essa história, entre eles Dom Washington Cruz, arcebispo emérito de Goiânia, o Pe. José Gomes Sousa, reitor do Seminário Redemptoris Mater de Évora, e a equipe de catequistas responsável pelo Caminho no Brasil, composta pelo Pe. José Folqué, Raúl Viana e Toña Santiago.

Dom Adair José Guimarães. | Foto: Bianca Gomes dos Santos Jacques

A celebração eucarística foi presidida pelo bispo de Formosa, Dom Adair José Guimarães. Em sua homilia, ele relacionou a liturgia do 23º Domingo do Tempo Comum ao carisma do Caminho, destacando o espírito de gratidão e conversão que marca cada etapa vivida pelas comunidades.

O Caminho Neocatecumenal forma pessoas que, tendo sido escravas do pecado e do mundo, tornam-se irmãos em Cristo, fazendo da própria vida um dom e uma reconciliação.

Dom Adair destacou ainda a importância do Caminho como itinerário de formação cristã, reconhecido por São João Paulo II, e sua fecundidade em vocações sacerdotais, famílias missionárias e comunidades perseverantes na fé:

O Caminho tem sido, nestes quarenta anos, uma fortaleza espiritual para muitas comunidades de nossa diocese. Em tempos de crise de fé e de ataques contra a família, o testemunho de oração e missão destas comunidades é um dom precioso para toda a Igreja local.

Ao final da celebração, os presentes entoaram com júbilo o hino Te Deum, em ação de graças pelos frutos colhidos ao longo desses quarenta anos.

40 anos do Caminho Neocatecumenal em Iaciara - Goiás | Fotos: Bianca Gomes dos Santos Jacques


Leão XIV planeja encontro de cardeais em janeiro do ano que vem

Consistório público ordinário para a criação de cardeais na basílica de São Pedro, no Vaticano, em 7 de dezembro de 2024. | YouTube

Por Edward Pentin

10 de nov de 2025 às 14:01

O papa Leão XIV planeja convocar um consistório extraordinário de cardeais no início de janeiro do ano que vem, cujo tema ainda não foi divulgado.

Numa breve comunicação enviada a cardeais em 6 de novembro e obtida pelo jornal National Catholic Register, da EWTN, na última sexta-feira (7), a Secretaria de Estado da Santa Sé disse que “o Santo Padre Leão XIV tem em mente convocar um consistório extraordinário para os dias 7 e 8 de janeiro de 2026”.

“Em tempo oportuno, o decano do Colégio Cardinalício enviará a Vossa Eminência a carta pertinente com mais detalhes”, disse a nota, antes de terminar: “Com profunda reverência, Gabinete de Coordenação da Secretaria de Estado”.

Quando o Register perguntou a Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, sobre a comunicação na última sexta-feira (7), ele disse que ainda não havia “confirmado publicamente a existência dela” e que não acreditava que um anúncio de tal evento seria feito “com tanta antecedência”.

Além de o tema permanecer desconhecido, também não se sabe ao certo se todos os cardeais foram notificados da reunião planejada.

Os consistórios extraordinários são geralmente reuniões especiais de todos os cardeais, convocadas pelo papa para discutir assuntos de “necessidades particulares da Igreja” ou questões de grande importância que exigem ampla consulta entre os cardeais do mundo.

Cardeais presentes no conclave que elegeu Leão XIV reclamaram da falta de reuniões e de espírito de equipe sob o pontificado do papa Francisco.

Realizado a portas fechadas, o último consistório extraordinário no Vaticano ocorreu em 29 e 30 de agosto de 2022, sob o pontificado do papa Francisco. O objetivo dele era reunir todos os cardeais para discutir a implementação e o significado da então nova constituição apostólica para a Cúria Romana, intitulada Praedicate evangelium. O encontro também se concentrou nas reformas da governança da Igreja e da Cúria Romana.

No consistório, os cardeais receberam um relatório oficial sobre a reforma da Cúria e, em seguida, dividiram-se em grupos linguísticos para debater as consequências práticas e os princípios subjacentes à nova constituição, antes de se reunirem para uma discussão final de síntese. O formato foi uma mudança em relação aos consistórios anteriores, que se baseavam na sinodalidade.

O papa Francisco também aproveitou a oportunidade para fazer um consistório de novos cardeais ao mesmo tempo, embora seja improvável que essa seja a intenção do papa Leão XIV, já que o Colégio de Cardeais já tem 128 cardeais eleitores, bem acima do limite recomendado de 120.

Antes desse consistório extraordinário, um outro mais famoso foi realizado em 20 e 21 de fevereiro de 2014, também sob o pontificado do papa Francisco. O encontro reuniu todos os cardeais para falar sobre o tema da família e teve como objetivo fornecer orientação e fundamentos teológicos para um Sínodo da Família, que foi feito ainda em 2014 e novamente em 2015.

Aquele consistório extraordinário teve um discurso controverso do cardeal Walter Kasper, no qual o teólogo alemão lançou o que ficou conhecido como a “Proposta Kasper”, que abriria caminho para uma “solução pastoral” que permitiria a alguns divorciados recasados ​​na esfera civil receber a Sagrada Comunhão. A proposta, que atraiu ​​críticas, influenciou os trabalhos do sínodo, e uma versão dela esteve na exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia, publicada pelo papa Francisco em 2016. Vários cardeais se manifestaram contra a intervenção de Kasper, segundo relatos.

Essa foi a única reunião extraordinária do Colégio de Cardeais sob o pontificado de Francisco na qual os membros foram autorizados a falar livremente sobre qualquer tema que desejassem. Nas reuniões subsequentes, em fevereiro de 2015 e na última, em agosto de 2022, as intervenções foram limitadas a determinados assuntos.

Antes de Francisco, o papa são João Paulo II convocou seis consistórios extraordinários, três dos quais discutiram questões sobre reforma da Cúria Romana e à situação financeira da Santa Sé. Os outros três encontros abordaram as ameaças contemporâneas à vida, a proclamação de Cristo como único salvador e a ameaça das seitas (1991); a preparação para o Jubileu de 2000 (1994); e as perspectivas da Igreja no terceiro milênio à luz da Novo millennio ineunte (2001), carta apostólica de são João Paulo II que delineia as prioridades da Igreja para o milênio.

Bento XVI não fez nenhum consistório extraordinário formal em seu pontificado, optando por fazer reuniões de um dia inteiro na véspera dos consistórios de novos cardeais.

*Edward Pentin é colaborador sênior do National Catholic Register e Analista da Santa Sé da EWTN News. Ele começou a fazer reportagens sobre o papa e a Santa Sé com a Rádio Vaticano antes de se tornar o correspondente em Roma do National Catholic Register da EWTN. Ele também fez reportagens sobre a Santa Sé e a Igreja Católica para uma série de outras publicações, incluindo Newsweek, Newsmax, Zenit, The Catholic Herald e The Holy Land Review, uma publicação franciscana especializada na Igreja e no Oriente Médio. Edward é o autor de The Next Pope: The Leading Cardinal Candidates (Sophia Institute Press, 2020) e The Rigging of a Vatican Synod? Uma investigação sobre suposta manipulação no Sínodo Extraordinário sobre a Família (Ignatius Press, 2015).

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/65399/leao-xiv-planeja-encontro-de-cardeais-em-janeiro-do-ano-que-vem

“Luz da luz”: uma mostra sobre Niceia, 1.700 anos depois do concílio

2025.11.06 Mostra Nicea Luce da Luce | Vatican News 

Apresentada na quinta-feira na Sala Marconi do Dicastério para a Comunicação, a exposição que foi criada por ocasião das comemorações do Concílio de Niceia. Aberta durante o Meeting de Rimini, a mostra segue seu percurso com etapas em Roma e Istambul, onde será visitada pelo Papa durante a sua primeira Viagem Apostólica à Turquia.

Silvia Guidi - Cidade do Vaticano

Uma mostra que se tornou muitas coisas: uma ocasião, muito concreta, de diálogo entre mundos diferentes, uma chave de interpretação original para falar de um tema difícil e, aparentemente, destinado apenas para aqueles que trabalham com teologia, como o Mistério da Trindade. É também uma maneira de entender o que é um concílio e para que ele serve. Uma oficina educativa permanente em que, por vezes, os papéis de professor e aluno se invertem e os estudantes ensinam e explicam aos visitantes os painéis da exposição. 

Mas também é uma oportunidade para descobrir os motivos históricos que causaram a difusão das igrejas com a planta basilical (e não com a planta central, como nos primeiros anos do cristianismo). 

Até mesmo um Vade Mecum – o catálogo, editado pela Edizioni Ares de Milão (136 páginas, 15 euros) – ajudará os jornalistas a acompanhar e entender melhor a viagem do Papa Leão XIV à Turquia, de 27 a 30 de novembro próximo. “Luz da Luz. Niceia, 1.700 anos depois”, foi exposta em agosto passado no Encontro pela Amizade entre os Povos. 

Uma mostra itinerante

A mesma mostra, visitada em Rimini pelo Patriarca de Constantinopla, Sua Santidade Bartolomeu, será exposta – traduzida em inglês e turco – no pátio da Catedral Católica de Istambul e também receberá o Papa, em uma troca ideal com forte valor simbólico. 

A gênese e os muitos desdobramentos inesperados e imprevisíveis deste projeto foram discutidos na quinta-feira, 6 de novembro, na Sala Marconi do Pallazo Pio, durante uma coletiva de imprensa. Na ocasião, foi anunciada a chegada da exposição itinerante em Roma, onde ficará aberta à visitação de 7 a 13 de novembro, na Pontifícia Universidade de Santa Cruz. 

Um mergulho em uma página da história aparentemente muito distante, mas, na realidade, percorrida por perguntas que são idênticas às nossas. E uma resposta clara e atualizada fruto de uma década de estudos para os questionamentos: “O que é a heresia ariana? E por que é importante conhecê-la?”. 

O lugar das perguntas

“Depois de um ano de trabalho conjunto, estamos na primeira apresentação desta mostra itinerante que continua a gerar e a florir uma consciência que nós mesmos precisamos, antes de tudo. É necessário que façamos a experiência de qual é a verdadeira necessidade do homem, encontrar uma paternidade que dê sabor e frescor a cada instante da vida. A exposição do Meeting, um protótipo de basílica, também impressionou os carpinteiros que o estavam construindo, por causa de sua beleza. Mas estávamos conscientes de que não é fácil explicar o Concílio de Niceia em um mundo onde as crianças não sabem mais o Pai Nosso. O objetivo do Meeting é suscitar perguntas. Depois de 250 visitas guiadas, dez mil presentes, filas longuíssimas para conseguir entrar, podemos dizer que conseguimos”, disse Alessandra Vitez, responsável pela Mostra Meeting de Rimini e palestrante do encontro. Prova de que, em todas as épocas, o homem tem uma profunda necessidade de algo verdadeiro. 

A universidade e o mundo

Pensar em Deus equivale a pensar na humanidade, escreve Rowan Williams, arcebispo emérito de Cantuária, no último capítulo do catálogo, porque falsas interpretações de Deus produzem falsas interpretações do homem. A heresia, contudo, também é um tijolo que contribuiu para construir a história. Tudo é útil porque se pode descobrir um pedaço da das estrada verdadeira, enfatizaram os palestrantes que participaram do encontro. Fernando Puig, reitor da Pontifícia Universidade de Santa Cruz, evidenciou a importância da terceira missão de toda universidade (e de uma comunicação por osmose permanente com o mundo externo). Entre os curadores do projeto, estavam presentes também o padre Giulio Maspero (decano da Faculdade de Teologia – Pontifícia Universidade de Santa Cruz) e Ilaria Vigorelli, (diretora do Centro Ror -Centro de Pesquisa de Ontologia Relacional).

“Aos meus estudantes, gostaria sempre que esse conceito fosse claro: não estão aqui para estudar coisas entediosas para se tornarem padres, mas para descobrir que evangelizar é a coisa mais interessante do mundo”, reiterou Puig. “Essa exposição trabalha ativamente para aumentar essa conscientização.” 

Um Deus que gera 

Os curadores assumiram o desafio de mostrar como hoje todos nos sentimos errados, incapazes e insuficientes, também porque a verdade de que o Deus de Jesus Cristo é trinitário está na sombra do nosso contexto cultural. Estamos todos reféns, uns mais outros menos, de “uma lógica do desempenho”, uma tensão contínua para tornarmos os primeiros da classe e alcançar o resultado, na qual o papel de Jesus é apenas funcional. Mas, diante da conversão do bom ladrão, deveríamos entender que a salvação vem do simples fato de reconhecer que Jesus é Deus. 

O cerne daquilo que a exposição pretende apresentar é que, em Niceia, a Igreja conseguiu dizer a si mesma e ao mundo que Deus “é” Pai e não só “age” como Pai, acrescentaram Vigorelli e Maspero. Ou seja, significa que Ele só sabe gerar e regenerar, portanto, sempre perdoar e acolher. E isso, depois do assassinato simbólico de Deus e do Pai pela modernidade, é uma verdade que a era pós-moderna precisa ouvir de novo, profundamente. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

“Leo from Chicago”: documentário sobre as raízes estadunidenses do Papa Leão

“Leo from Chicago” (Vatican News)

“Leo from Chicago”, em 10 de novembro será lançado o documentário sobre as raízes estadunidenses do Papa Leão

Por ocasião dos seis meses de pontificado, na segunda-feira (10) será publicado o documentário em três idiomas (inglês, italiano, espanhol) nos canais da Vatican News, com produção do Dicastério para a Comunicação.

https://youtu.be/LjyYryr4ghY

Vatican News

Por ocasião do sexto mês da eleição do Papa Leão XIV, a Rádio Vaticano – Vatican News publicam Leo from Chicago, um documentário que reconstitui a história, as raízes familiares, os estudos e a vocação agostiniana de Robert Francis Prevost em sua terra natal: os Estados Unidos. Uma jornada que começa na infância em Dolton, através das memórias dos irmãos Louis e John, e continua entre escolas e universidades, comunidades e paróquias, com as vozes de confrades, professores, colegas de estudo e amigos de longa data.

Leo from Chicago, segue o documentário León de Perú, apresentado em junho passado, sobre os anos de missão do futuro Pontífice no país. É uma produção da Direção Editorial do Dicastério para a Comunicação, em colaboração com a Arquidiocese de Chicago e o Apostolado El Sembrador Nueva Evangelización (ESNE). Foi realizado pelos jornalistas Deborah Castellano-Lubov, Salvatore Cernuzio, Felipe Herrera-Espaliat, com montagem de Jaime Vizcaíno Haro.

Às 18h (hora de Roma) de segunda-feira, 10 de novembro, o documentário será publicado no canal do YouTube da Vatican News em três idiomas (inglês, italiano e espanhol) e divulgado por outros meios de comunicação internacionais.

Leo from Chicago será exibido nos próximos dias em algumas cidades italianas, por ocasião de alguns encontros públicos promovidos pelo Dicastério para a Comunicação dedicados à figura do Papa Leão, em particular em Vicenza e Cremona (21 de novembro), Trento (25 de novembro), Verona (1º de dezembro), Gênova (5 de dezembro) e Cagliari (15 de dezembro).

Assista ao documentário "León de Perú" sobre os anos de missão do Papa Leão XIV:

https://youtu.be/Rzc0PnbSGb0

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Escalada em árvore e folha como laço: veja como é feito o ‘verdadeiro’ açaí do Pará

É necessário escalar a palmeira com açaí para pegar o fruto
Foto: Adrielle Farias/Terra

Escalada em árvore e folha como laço: veja como é feito o ‘verdadeiro’ açaí do Pará

Nativo da Amazônia, o açaí é o principal meio de sustento de famílias ribeirinhas na Ilha do Combu, no Pará.

Por: Adrielle Farias, de Belém (PA)

10 nov 2025 - 09h49

Para 'tirar' o sustento da família, como dizem os nortistas, John Victor dos Santos, de 28 anos, acorda todos os dias às 6h30min para colher açaí. "Levanto cedo, tomo um bom café e vou para a mata trabalhar. Essa é minha rotina", conta ao Terra. 

O açaí brota do açaizeiro, uma espécie de palmeira nativa da Amazônia que pode atingir até 20 metros de altura. Mas, quem consome o fruto em forma de suco, vitamina ou sobremesa, nem imagina o que existe por trás de sua produção.

John nasceu e foi criado na Ilha do Combu, distante a 10 minutos de Belém (PA). O local, habitado por diversos ribeirinhos que vivem da agricultura de subsistência e da pesca, virou um ponto de referência de turismo, bioeconomia e sociobioeconomia. 

"Comecei a trabalhar com meu pai aos seis anos de idade. Quando cresci, fui ficando independente e hoje eu cuido do manejo do açaí.  Quando chega o verão, que é quando mais temos açaí no pé para colher, eu preciso de mais gente para trabalhar comigo. Não é só chegar, subir e colher. A gente tem que tirar o açaí certo, que é o açaí preto", explica. 

O modo como o ribeirinho usa para colher o açaí é o tradicional, passado de geração em geração em comunidades paraenses. Primeiro, é necessário pegar uma folha da palmeira para criar um laço que o sustentará na escalada do açaizeiro. Em seguida, ele usa as forças dos pés e das mãos --sem medo e em menos de 2 minutos-- para subir ao topo da árvore para retirar o fruto de cor roxa. 

Para encher uma cesta com os pequenos caroços de açaí, é necessário subir 10 vezes à mesma árvore. A depender do dia e da colheita, ele percorre por outras diversas palmeiras, sempre respeitando o crescimento do fruto. 

Após encher as cestas com os caroços do fruto, John inicia o processo de moer o açaí em uma pequena máquina que precisa ser operada manualmente. "Quanto menos água você coloca, mais gostoso o açaí fica", relata o ribeirinho, enquanto mostra à reportagem do Terra o procedimento que já faz parte de sua rotina.

Com o açaí pronto, é hora de ir para a feira em Belém. Para isso, é necessário pegar um barco até a capital paraense e ficar atento para chegar no local até às 8h, que é o horário em que o movimento de compras se inicia. Uma bacia de açaí pode custar até R$ 500, a depender da época de colheita.

"Se você arrumar bem o seu açaí e deixar ele bonito, vai ser um açaí que todos vão procurar. As pessoas vão conhecer. Meu pai trabalhou com açaí na feira por muito tempo, então tem gente que logo que chega já compra comigo, por causa disso", afirma.

John Victor dos Santos se prepara para colocar os caroços de açaí na cesta
Foto: Adrielle Farias/Terra

Ilha do Combu: paraíso amazônico

A Ilha do Combu é a quarta maior do Pará, que conta com 39 ilhas. No local, há 5 comunidades: Beira Rio, Guamá, Igarapé do Combu, Furo da Paciência, Igarapé do Piriquitaquara e Furo do Benedito. A maneira mais comum de se locomover entre os locais da ilha é por meio de barcos.

Logo que se entra no barco em Belém em direção à Ilha do Combu, uma paisagem distante dos prédios da capital paraense começa a destoar em meio ao barulho das águas do Rio Guamá. Com a intensa movimentação de visitantes no Estado por causa da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), o turismo na ilha se intensificou nos últimos dias. 

A ilha abriga uma série de locais que proporcionam experiências, tais como a colheita do açaí com um morador da região e o turismo gastronômico na fábrica de chocolates Filha do Combu. Esta última, por exemplo, tornou-se referência de bioeconomia no Brasil.

Criada por Dona Nena há 20 anos, a fábrica nasceu com o intuito de ser uma renda extra na vida da empreendedora, mas acabou se tornando um negócio que agregou as populações ribeirinhas da Ilha do Combu e passou a proporcionar renda para mulheres da região.

*Essa reportagem foi produzida como parte da Climate Change Media Partnership 2025, uma bolsa de jornalismo organizada pela Earth Journalism Network, da Internews, e pelo Stanley Center for Peace and Security.

Fonte: Portal Terra

https://www.terra.com.br/planeta/cop30/escalada-em-arvore-e-folha-como-laco-veja-como-e-feito-o-verdadeiro-acai-do-para,15e6d242297edba51415b3dcad2c157dzh9wwbzh.html?utm_source=clipboard

Os primeiros 6 meses do pontificado de Leão XIV em 12 datas

Antoine Mekary | ALETEIA

I. Media - publicado em 10/11/25

À medida que a Igreja celebra meio ano com este sucessor de Pedro, relembramos 12 datas marcantes que definiram o início do pontificado de Leão XIV.

8 de maio

Às 18h07, sob o olhar de câmeras do mundo inteiro, a fumaça branca subiu da chaminé da Capela Sistina, no Vaticano, provocando um clamor que sacudiu as colunas da Basílica de São Pedro — e espantou a família de gaivotas que observava o movimento no telhado.

O norte-americano Robert Francis Prevost foi eleito o 267º papa da história, aos 69 anos de idade. Após um conclave que durou pouco mais de 24 horas, os 133 cardeais eleitores chegaram a um consenso após apenas quatro votações.

Durante sua bênção Urbi et Orbi, o novo pontífice anunciou ao mundo uma paz “desarmada e desarmante.”

18 de maio

Na presença de 156 delegações governamentais de todo o mundo, Leão XIV celebrou a Missa de inauguração oficial de seu ministério petrino na Praça de São Pedro.

Diante de cerca de 100 mil pessoas, recebeu o pálio — uma estola litúrgica de lã branca — e o Anel do Pescador, símbolo da autoridade papal e da sucessão de São Pedro.

Durante a homilia, afirmou que seu pontificado seria marcado pela caridade e expressou o desejo de uma Igreja unida, sinal de comunhão e fermento de um mundo reconciliado.

24 de maio

Os papas passam, a Cúria permanece.

Com essa frase memorável em seu primeiro discurso aos funcionários do Vaticano, reunidos na Sala Paulo VI, Leão XIV prestou homenagem a seus colaboradores, demonstrando apreço e desejo de trabalho em equipe.

O novo papa também restaurou o bônus de €500 destinado aos funcionários do Vaticano após o conclave, benefício que havia sido suspenso por seu predecessor.

7 a 22 de julho

Primeiras férias papais em Castel Gandolfo, antiga residência de verão dos papas Bento XVI, João Paulo II e outros.

Amante de esportes, Leão XIV pôde aproveitar as quadras de tênis e os cavalos do local.

Seu irmão, John Prevost, confidenciou que o Papa pretende retornar regularmente ao refúgio, onde não ocupa o antigo Palácio Apostólico — transformado em museu por Francisco —, mas sim a Villa Barberini, outra residência pertencente à Santa Sé.

© Francesco Sforza | Vatican Media

9 de julho

O Papa recebe o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, com quem já havia se encontrado durante sua instalação como bispo de Roma.

Nesta nova audiência, Leão XIV reiterou sua disposição para sediar negociações de paz entre Rússia e Ucrânia no Vaticano.

28 de julho a 3 de agosto

Durante uma semana de verão, centenas de milhares de jovens de todo o mundo lotaram as ruas de Roma para o Jubileu da Juventude, o primeiro grande encontro de Leão XIV com os jovens.

O evento culminou em Tor Vergata, onde cerca de 1 milhão de participantes estiveram na vigília e na missa com o Papa, que os exortou a “buscar a verdade com paixão.”

7 de setembro

Leão XIV presidiu a primeira canonização de seu pontificado, declarando Pier Giorgio Frassati (1901–1925) e Carlo Acutis (1991–2006) santos, durante uma missa na Praça de São Pedro.

Em sua homilia, encorajou os jovens a não desperdiçar a vida, mas a tornar-se santos pelo amor a Deus e aos pobres.

A canonização havia sido adiada devido à morte de Francisco, que originalmente canonizaria Carlo em abril e Frassati em agosto.

18 de setembro

Publicação da primeira entrevista oficial do Papa, no livro Leão XIV: Cidadão do Mundo, Missionário do Século XXI(com tradução em inglês prevista para o início de 2026), onde o pontífice falou abertamente sobre diversos temas.

26 de setembro

Nomeação de Filippo Iannone como Prefeito do Dicastério para os Bispos, cargo anteriormente ocupado por Prevost antes de sua eleição ao papado.

Aos 67 anos, o italiano — que chefiava o Dicastério para os Textos Legislativos — tornou-se o primeiro prefeito nomeado por Leão XIV.

9 de outubro

Publicação da primeira carta apostólica de Leão XIV, intitulada Dilexi te (“Eu te amei”).

O texto, iniciado por Francisco e concluído por Leão XIV, é dedicado ao amor pelos pobres.

Nele, o Papa exorta os cristãos a rejeitarem ideologias paralisantes e a denunciarem as “estruturas de injustiça”, reiterando o compromisso com migrantes, mulheres vítimas de abuso, prisioneiros e a educação dos mais pobres.

23 de outubro

Visita de Estado do rei Carlos III ao Vaticano — a primeira de um monarca britânico desde a separação entre a Igreja Católica e a Igreja da Inglaterra, em 1534.

Durante o encontro, o Papa e o rei rezaram juntos na Capela Sistina, um gesto histórico.

Como sinal de amizade entre anglicanos e católicos, Carlos III recebeu um título honorário na Abadia de São Paulo Extramuros, e Leão XIV recebeu outro na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor.

Photo by Handout / VATICAN MEDIA / AFP

1º de novembro

Na solenidade de Todos os Santos e ao término do Jubileu da Educação, Leão XIV proclamou o cardeal britânico John Henry Newman (1801–1890) como “Doutor da Igreja” e copadroeiro das escolas católicas.

Inspirando-se no ex-anglicano convertido ao catolicismo, o Papa destacou a missão da educação cristã diante dos desafios do niilismo e da desigualdade moderna.

Datas futuras já anunciadas

20 de novembro: primeira viagem fora de Roma, para Assis, onde encerrará a 81ª Assembleia Geral da Conferência Episcopal Italiana.

27 de novembro a 2 de dezembro: primeira viagem apostólica internacional, com destino à Turquia e ao Líbano.


Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/11/10/os-primeiros-6-meses-do-pontificado-de-leao-xiv-em-12-datas/

A bioeconomia das conexões na COP30

Mudanças de comportamento, a COP 30 e sustentabilidade cultural - (crédito: Uai Turismo)

ARTIGO

A bioeconomia das conexões na COP30

A COP30 pode marcar o momento em que o Brasil apresenta ao mundo um novo paradigma — não baseado na competição por recursos finitos, mas na integração entre biodiversidade, conhecimento e desenvolvimento humano.

Maurício Antônio Lopes — Pesquisador da Embrapa Agroenergia e membro da Academia Brasileira de Ciência Agronômica (ABCA).

A COP30, realizada em Belém, traz o mundo ao coração da Amazônia. A carga simbólica do evento é evidente, pois, pela primeira vez, a conferência climática das Nações Unidas ocorrerá em um território que sintetiza os dilemas e as esperanças da humanidade diante da crise climática. Mais do que palco de negociações, a Amazônia é um espaço onde se colocam os desafios e as soluções para unir desenvolvimento e proteção da natureza.

A Academia Brasileira de Ciência Agronômica (ABCA) apresenta à COP30 uma proposta baseada na bioeconomia das conexões, entendida como uma abordagem que busca superar o isolamento entre setores e disciplinas, condição que ainda limita a transição sustentável. Jovem e atuante, a ABCA reúne lideranças da ciência agronômica comprometidas em fortalecer a base científica da agricultura tropical e afirmar seu papel como infraestrutura estratégica para a soberania alimentar, a sustentabilidade e o desenvolvimento do país.

A visão da ABCA para a COP30 reconhece que os desafios climáticos, energéticos, alimentares e sociais são interdependentes e exigem soluções guiadas pela lógica dos nexos — as inter-relações entre água, energia, alimentos, biodiversidade e sociedade. Por isso, a ABCA propõe um modelo de bioeconomia capaz de integrar esses elementos. Seu fundamento é sistêmico: o desenvolvimento sustentável depende das interações entre pessoas, ecossistemas, territórios e instituições, e não de ações isoladas.

Essa visão difere da noção mais difundida de bioeconomia, frequentemente centrada na substituição de insumos fósseis por biomassa em cadeias industriais. A bioeconomia das conexões amplia esse horizonte ao reconhecer que o potencial transformador está nas relações entre sistemas — na integração de ciclos ecológicos e produtivos, na cooperação entre cadeias de valor e na inteligência distribuída dos territórios. Seu avanço depende da convergência entre políticas públicas, ciência e investimento orientado para modelos que conciliem rentabilidade, regeneração ambiental e inclusão social.

Ao propor a ativação dessas conexões, o Brasil leva à COP30 uma visão que nasce da própria trajetória e experiência: a de um país que transformou ciência e diversidade em força produtiva e, agora, pode inspirar um novo ciclo de prosperidade tropical. Essa visão propõe que o desenvolvimento do século 21 se construa sobre a integração entre conhecimento, natureza e sociedade — uma economia viva, capaz de regenerar ecossistemas, reduzir desigualdades e gerar inovação a partir da biodiversidade.

A ciência agronômica alinha-se naturalmente a essa lógica, pois nasceu da necessidade de integrar conhecimentos e práticas para produzir de forma racional, evoluindo para reconhecer limites ecológicos e incorporar sustentabilidade como princípio orientador. Por essência, é uma ciência de conexões — entre solo, água, plantas, clima e pessoas — e de tradução da complexidade dos sistemas vivos em soluções aplicáveis aos territórios. 

Essa evolução ampliou seu escopo: de uma ciência voltada principalmente à produtividade para outra que integra regeneração, conservação e inclusão social como dimensões inseparáveis do desenvolvimento. Foi essa trajetória que permitiu ao Brasil transformar vastas regiões tropicais com sistemas produtivos baseados em pesquisa, inovação e manejo inteligente — hoje mais preparados para enfrentar os desafios climáticos e sociais do nosso tempo.

Essa trajetória confere à ciência agronômica um papel central na bioeconomia das conexões. Ao combinar observação empírica, modelagem científica e diálogo com os territórios, a agronomia fornece a infraestrutura de conhecimento para articular produção e conservação em bases regenerativas. Sua capacidade de integrar tecnologias emergentes e práticas de manejo adaptadas aos biomas tropicais permite transformar desafios ambientais e sociais em oportunidades de inovação e progresso.

A ABCA, ao propor essa visão, lança um chamado à convergência. Governos, empresas, agricultores, cientistas e comunidades precisam alinhar esforços em torno de uma agenda para transformar conhecimento em soluções concretas nos territórios. Com sua base científica sólida e diversidade biológica sem paralelo, o Brasil tem condições únicas para propor ao mundo um novo pacto entre sociedade e natureza — um modelo de desenvolvimento ancorado na força da ciência, na riqueza dos seus biomas e na capacidade criativa de seu povo, capaz de gerar prosperidade com regeneração.

A COP30 pode marcar o momento em que o Brasil apresenta ao mundo um novo paradigma — não baseado na competição por recursos finitos, mas na integração entre biodiversidade, conhecimento e desenvolvimento humano. A bioeconomia das conexões propõe unir produção e conservação, ciência e sociedade, convertendo a inteligência dos trópicos em soluções para um mundo em transição. 

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2025/11/7288235-a-bioeconomia-das-conexoes-na-cop30.html

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF