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domingo, 7 de dezembro de 2025

O Papa: Deus não julga com base nas aparências, mas nas obras e intenções do coração

Angelus, 07/12/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

Nada é impossível para Deus. Preparemo-nos para o seu Reino, acolhamo-lo. O menino, Jesus de Nazaré, guiar-nos-á! Ele, que se colocou nas nossas mãos, desde a noite do seu nascimento até à hora sombria da morte na cruz, brilha sobre a nossa história como o Sol nascente. Um novo dia começou: despertemos e caminhemos na sua luz! Foi a exortação do Santo Padre no Angelus deste domingo (07/12), II Domingo do Advento, em preparação para a celebração do nascimento de nosso Salvador.

https://youtu.be/ZYf3tSXKoRw

Raimundo de Lima – Vatican News

O Santo Padre rezou o Angelus ao meio-dia deste domingo, 7 de dezembro, II Domingo do Advento, com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro. Na alocução que precedeu a oração mariana, o Pontífice ateve-se inicialmente à página do Evangelho do dia, que nos anuncia a vida do Reino de Deus (Mt 3, 1-12). Antes de Jesus, surge em cena o seu Precursor, João Batista. Ele pregava no deserto da Judeia, dizendo: “Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu!”.

Na oração do Pai-Nosso, prosseguiu o Papa, pedimos todos os dias: “Venha a nós o vosso reino”. O próprio Jesus no-lo ensinou. E com esta invocação, orientamo-nos para o Novo que Deus tem reservado para nós, reconhecendo que o curso da história não é algo já determinado pelos poderosos deste mundo. Colocamos os nossos pensamentos e energias ao serviço de um Deus que vem reinar não para nos dominar, mas para nos libertar. É um “evangelho”: uma verdadeira boa notícia, que nos motiva e nos envolve.

Deus se manifesta na mansidão e na misericórdia

Certo, o tom do Batista é severo, mas o povo ouve-o porque nas suas palavras ouve ressoar o apelo de Deus para não brincar com a vida, para aproveitar o momento presente para se preparar para o encontro com Aquele que não julga com base nas aparências, mas nas obras e nas intenções do coração.

O próprio João ficará surpreso com a forma como o Reino de Deus se manifestará em Jesus Cristo: na mansidão e na misericórdia. O profeta Isaías compara-o a um rebento: uma imagem não de poder ou destruição, mas de nascimento e novidade. Sobre o rebento, que brota de um tronco aparentemente morto, começa a soprar o Espírito Santo com os seus dons (cf. Is 11, 1-10). Cada um de nós pode pensar numa surpresa semelhante que lhe aconteceu na vida.

Concílio Vaticano II terminava exatamente 60 anos atrás

Leão XIV ressaltou ser essa a experiência que a Igreja viveu no Concílio Vaticano II, que terminou há exatamente sessenta anos: uma experiência que se renova quando caminhamos juntos em direção ao Reino de Deus, todos ansiosos por acolhê-lo e servi-lo.

Então, observou, não só brotam realidades que pareciam fracas ou marginais, mas realiza-se o que humanamente se diria impossível. Com as imagens do profeta: “o lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito; o novilho e o leão comerão juntos, e um menino os conduzirá”.

Cada um de nós pode ser uma pequena luz, se acolher Jesus

Irmãs e irmãos, como o mundo precisa desta esperança! Nada é impossível para Deus. Preparemo-nos para o seu Reino, acolhamo-lo. O menino, Jesus de Nazaré, guiar-nos-á! Ele, que se colocou nas nossas mãos, desde a noite do seu nascimento até à hora sombria da morte na cruz, brilha sobre a nossa história como o Sol nascente. Um novo dia começou: despertemos e caminhemos na sua luz!

Eis a espiritualidade do Advento, tão luminosa e concreta, prosseguiu o Santo Padre, ressaltando que as luzes ao longo das ruas lembram-nos que cada um de nós pode ser uma pequena luz, se acolher Jesus, rebento de um mundo novo. “Aprendamos a fazê-lo com Maria, nossa Mãe, mulher da espera confiante e da esperança”, concluiu o Pontífice.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 6 de dezembro de 2025

Catequista diz como retomar o verdadeiro sentido do calendário do Advento

Calendário do Advento | Shutterstock

Catequista diz como retomar o verdadeiro sentido do calendário do Advento, que tem se tornado cada vez mais comercial

Por Natalia Zimbrão*

5 de dez de 2025 às 16:13

Com a chegada de dezembro, a preparação para o Natal se intensifica e uma tradição cristã nessa época é o calendário do Advento. Mas, uma versão comercial deste calendário virou tendência no Brasil desde o ano passado entre diversas marcas de produtos de beleza e doces, com alguns produtos chegando a custar milhares de reais.

Diante dessa realidade, orientou o catequista Thiago Moraes, “nós devemos agir não só em relação a este elemento específico, mas em todos os elementos que nos foram ‘roubados’: com tranquilidade retomar os elementos originais religiosos e promovê-los”.

A origem do calendário do Advento

“O calendário do Advento, assim como outros costumes populares natalinos, teve origem entre luteranos alemães, no século XIX” e, “como a Igreja sempre fez em sua história, numa sadia inculturação, ela assumiu a prática entre os católicos reconhecendo que era um bom elemento para a evangelização”, disse Thiago, que é professor de Filosofia, Teologia e Ensino Religioso e há mais de 20 anos se dedica à catequese no Rio de Janeiro (RJ), onde foi instituído ministro da catequese.

Em sua origem, o calendário do Advento constava de uma forma para contar os dias em preparação para o Natal com alguma atividade religiosa por dia, como acender velas, fazer alguma oração. Depois, foi acrescentado o costume de pôr alguma guloseima junto à atividade religiosa. O primeiro calendário do Advento impresso é atribuído ao editor alemão Gerhard Lang, em 1908.

“O calendário do Advento, o presépio, a coroa do Advento, a árvore de Natal e os demais enfeites nos lembram a proximidade da solenidade da encarnação do Senhor e, com isso, nos recordam a necessidade de preparar os corações para esse célebre momento”, disse o catequista Thiago Moraes. “Seus símbolos nos transmitem o verdadeiro sentido da festa, se bem utilizados, e são maravilhosa oportunidade para a catequese”.

O calendário do Advento como produto comercial

Com o tempo, começou-se a dar contornos comerciais à tradição do calendário do Advento. Segundo Thiago Moraes, “desde muito cedo o comércio se aproveitou do calendário do Advento, assim como o faz na Páscoa com os ovos, por exemplo”. “Na Europa, o difícil é você achar um calendário do Advento cristão de fato”, disse, citando o que o próprio Jesus disse: “Os filhos do mundo são mais espertos que os filhos da luz”.

No calendário do Advento comercial, a cada dia, a pessoa abre uma caixinha para adquirir um produto surpresa. Há calendários de 12 ou 24 itens. É possível encontrar calendários de Advento de diferentes marcas, como produtos de beleza, cosméticos, chocolates, cafés, brinquedos, desde marcas simples até as de luxo, com preços variando entre dezenas e milhares de reais.

O calendário do Advento comercial ganhou força no Brasil no ano passado e cresceu este ano. A prática é difundida nas redes sociais sobretudo por influencers através dos conteúdos de unboxing, em que aparecem revelando qual produto ganharam naquele dia.

Retomar o verdadeiro sentido do calendário do Advento

Thiago Moraes sugeriu que se fuja “do calendário do Advento pronto”. “Faça você mesmo o seu em casa, com brindes e doces sim, mas que possam conduzir a uma, pequenina que seja, lembrança do Natal que vem”, disse o catequista, casado e pai de três filhas. Ele citou alguns exemplos que já fez em sua família: “um que eram uma caixinha de origami cada dia. Dentro havia um doce e um versículo bíblico. Um outro que fizemos era com uma música diferente por dia para nós cantarmos em família”, contou.

Moraes disse também que, “havendo marcas que façam calendário com o sentido verdadeiro”, pode-se “adquirir, para fomentar esse tipo de iniciativa”.

Ele também sugeriu “presentear amigos e familiares com esses bons calendários” e “associar o calendário do Advento com outras práticas”, como “um momento de oração, a arrumação de um enfeito, a leitura bíblica”.

“Com essas pequenas coisas já faremos grande diferença, sabendo que a transformação do mundo começa em nós”, concluiu.

*Natalia Zimbrão é formada em Jornalismo pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É jornalista da ACI Digital desde 2015. Tem experiência anterior em revista, rádio e jornalismo on-line.

Fonte: https://www.acidigital.com/

“Todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.” (Is 52,10)

Palavra de Vida de Dezembro (Revista Cidade Nova)

“Todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.” (Is 52,10) | Palavra de Vida Dezembro 2025

por Organizado por Letizia Magri com a comissão da Palavra de Vida   publicado às 00:00 de 24/11/2025, modificado às 08:38 de 01/12/2025

Ao ser levado para o exílio na Babilônia, o povo de Israel perdeu tudo: sua terra, seu rei, o templo e, portanto, a possibilidade de prestar culto ao seu Deus, Aquele que em tempos passados o fizera sair do Egito. 

Mas eis que a voz de um profeta faz um           anúncio surpreendente, fascinante: é hora de voltar para casa. Mais uma vez, Deus vai intervir com poder para conduzir os israelitas de volta, para além do deserto, até Jerusalém. E todos os povos da terra vão testemunhar este evento prodigioso: 

“Todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.”

Atualmente, os noticiários são inundados por notícias alarmantes: pessoas perdendo emprego, saúde, segurança e dignidade; jovens, sobretudo, cujo futuro está em risco por causa da guerra ou da pobreza provocada pelas mudanças climáticas em seus países; povos que não têm mais terra, nem paz, nem liberdade.

Um cenário trágico, de dimensões planetárias, de tirar o fôlego e escurecer o horizonte. Quem nos salvará da destruição de tudo aquilo que acreditávamos possuir? Aparentemente a esperança não tem razão de ser.  No entanto, o anúncio do profeta vale também para nós:

“Todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.”

A sua mensagem revela a ação de Deus na história pessoal e coletiva e convida a abrir os olhos aos sinais deste projeto de salvação. De fato, a salvação já se manifesta na paixão educativa de uma professora, na honestidade de um empresário, na integridade de uma administradora, na fidelidade de um casal, no abraço de uma criança, na ternura de um enfermeiro, na paciência de uma avó, na coragem de homens e mulheres que se opõem pacificamente à criminalidade, no espírito acolhedor de uma comunidade.

“Todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.”

O Natal se aproxima. Na inocência desarmada do Menino, podemos reconhecer mais uma vez a presença paciente e misericordiosa de Deus na história humana e testemunhá-la com nossas escolhas, contrárias às do mundo: 

“[…] Num mundo como o nosso, onde se teoriza a luta, a lei do mais forte, do mais astuto, do mais inescrupuloso, e onde às vezes tudo parece paralisado pelo materialismo e pelo egoísmo, a resposta que devemos dar é o amor ao próximo. Este é o remédio que pode curar o mundo. […] É como uma onda de calor divino, que se irradia e se propaga, facilitando as relações entre as pessoas, entre os grupos, transformando aos poucos a sociedade.1” 

Do mesmo modo como foi para o povo de Israel, também para nós este é o momento de começar a caminhada, é a ocasião favorável para dar decididamente um passo à frente em direção a todos aqueles – sejam jovens ou idosos, pobres ou migrantes, desempregados ou sem-teto, doentes ou presos – que esperam um gesto de dedicação e de proximidade, um testemunho da presença suave, mas eficaz, do amor de Deus em nosso meio.

Hoje, as fronteiras para além das quais esta mensagem de esperança deve ser levada são certamente as divisas geográficas, que, com muita frequência, se tornam muros ou dolorosas linhas de guerra; mas são também as divisas culturais e existenciais. Além disso, as comunidades digitais, geralmente mais usadas por jovens, podem dar uma contribuição eficaz para superar a agressividade, a solidão e a marginalização.

Como escreveu o poeta congolês Henri Boukoulou: “[…] Oh, divina esperança! Eis que no soluço desesperado do vento se traçam as primeiras frases do mais belo poema de amor. E amanhã, é a esperança!2”

1) LUBICH, Chiara. Da morte à vida! Palavra de Vida, maio de 1985. 

2) Cf. AA.VV. Poeti Africani Anti-Apartheid, I vol., Edizioni Milano, 2003.

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/

A beleza como forma de encontro no "Concerto com os Pobres" deste sábado

A coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira (05/12) | Vatican Media. 

No sábado, 6 de dezembro, a Sala Paulo VI vai sediar o evento com a presença do Papa Leão XIV. O protagonista deste ano é Michael Bublé, que na coletiva de imprensa disse: “quando ouço música, ouço a voz de Deus”. O artista canadense também revelou um pedido feito pelo Pontífice na parte da manhã, quando foi recebido em audiência: interpretar a "Ave Maria" de Schubert.

Gianmarco Murroni – Vatican News

“É fundamental encontrar e ouvir os pobres, tesouro da Igreja e da humanidade, portadores de pontos de vista descartados, mas indispensáveis para ver o mundo com os olhos de Deus. Recomendo que deem a palavra aos pobres”. Assim se expressou o Papa Leão XIV em 17 de maio, por ocasião da audiência aos membros da Fundação ‘Centesimus Annus Pro Pontifice’. E com o mesmo espírito, o Pontífice irá participar neste sábado, 7 de dezembro, na Sala Paulo VI, do Concerto com os Pobres, evento anual que une música, fraternidade e solidariedade, diante de 8 mil pessoas, das quais 3 mil menos afortunadas.

O concerto foi apresentado nesta sexta-feira, 6 de dezembro, na Sala de Imprensa do Vaticano. A dimensão do evento vai além da apresentação musical: ele é pensado como um gesto concreto de proximidade com os pobres e os excluídos. Também este ano, os protagonistas serão os “convidados de honra”: pessoas em situação de fragilidade – sem-teto, migrantes, famílias, pessoas sozinhas ou em dificuldade – convidadas pelo Dicastério para o Serviço da Caridade – Esmolaria Apostólica e numerosas associações de voluntariado. No final do concerto, será oferecido uma refeição quente para mais de 3 mil pessoas, um gesto que expressa o significado mais autêntico da iniciativa: compartilhar a beleza como forma de proximidade.

Bublé: quando ouço a música, ouço a voz de Deus

O protagonista deste ano é o cantor canadense Michael Bublé, que se apresentará com parte de sua banda, juntamente com o maestro monsenhor Marco Frisina, a Nova Opera Orchestra e o Coro da Diocese de Roma. “Tive a oportunidade de encontrar o Santo Padre: foi um dos momentos mais bonitos da minha vida”, contou o artista, “levei comigo minha mãe, meu pai, minha esposa e alguns amigos. Estou muito grato por estar aqui no Vaticano, é extraordinário. O Santo Padre me pediu para cantar algumas canções, entre elas a Ave Maria. Eu cantei essa música apenas uma vez, quando ele me pediu fiquei um pouco nervoso, mas depois percebi que estaria acompanhado por uma importante orquestra: todo o medo se transformou em alegria. O repertório prevê várias músicas solicitadas pelo Santo Padre, acho que ele tem bom gosto musical”. Em seguida, uma passagem sobre a importância da fé: “a música é um dom de Deus, quando ouço música, ouço a voz de Deus. A fé me ajuda em todos os momentos. Minha música é baseada no amor e na esperança. Vivemos em um mundo cínico, há muitas dificuldades para muitas pessoas e há muita escuridão ao nosso redor, mas se você tem fé e tem a luz dentro de você, pode encontrar o seu caminho”. 

Monsenhor Marco Frisina também esteve presente na coletiva de imprensa: “o encontro dos mundos musicais é algo bonito, é possível dialogar com todos os gêneros e descobrir que Deus está sempre presente. Encontrar-se é o sentido deste concerto: a Igreja se compromete e acredito que a música pode servir à Igreja como instrumento de encontro, que supera todas as barreiras e todas as línguas. A música ultrapassa tudo porque toca diretamente o coração”.

O cantor Michael Bublé durante a coletiva de imprensa | Vatican Media.

O programa do concerto

O programa musical do concerto será uma verdadeira narrativa do Natal, que entrelaça a tradição litúrgica com o grande repertório contemporâneo. Na chegada do Papa, o Coro da Diocese de Roma e a Nova Opera Orchestra irão recebê-lo com “Tu sei Pietro”, introduzindo um clima de solenidade que prepara para a primeira parte da noite. Monsenhor Frisina regerá então uma sequência de peças que abrem a contemplação do Ministério da Encarnação: “Puer natus est nobis”, uma das mais antigas antífonas natalinas, seguida de “Quando nascette Ninno”, famosa pastoral de Santo Afonso de Ligório interpretada por Serena Autieri, e por uma animada execução de “Joy to the World”. O programa continuará com “Gloria in cielo”, composição tirada do Laudario di Cortona inspirada no anúncio dos anjos, e com “The First Nowell”, em uma versão intensa e luminosa que acompanha a passagem para a segunda parte da noite. 

A entrada de Michael Bublé marcará uma mudança de atmosfera que, no entanto, permanecerá profundamente coerente com o caráter espiritual e natalino do evento. Acompanhado pela Nova Opera Orchestra, dirigida pelo maestro Nicholas Jacobson-Larson, o artista proporá um itinerário musical construído especialmente para o Concerto com os Pobres, alternando músicas icônicas de seu repertório com as grandes melodias do Natal.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Como o bondoso São Nicolau passou a ser associado à figura do Papai Noel

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Reportagem local - publicado em 06/12/18 - atualizado em 05/12/25

Conheça a história deste defensor da justiça, que impediu a execução de três jovens e virou padroeiro das crianças.

“Seria um pecado não repartir muito, sendo que Deus nos dá tanto”, costumava dizer São Nicolau, padroeiro das crianças, das moças solteiras, dos marinheiros, dos viajantes e da Rússia, Grécia e Turquia. Um azeite milagroso brota de seus restos, que serviu para a cura dos doentes. Sua festa se celebra em 6 de dezembro.

Por se tratar de um santo dos primeiros séculos, pouco se sabe com exatidão a respeito dele, salvo que nasceu na Licia (atual a Turquia), em uma família muito rica. Tinha um tio Bispo que o ordenou sacerdote.

Seus pais morreram ajudando os doentes de uma epidemia e deixaram uma fortuna para Nicolau. Entretanto, o jovem decidiu reparti-la entre os pobres e tornar-se monge. Mais tarde, peregrinou ao Egito e à Palestina, onde conheceu a Terra Santa.

Ao retornar, chegou à cidade de Mira, na Turquia, onde os bispos e sacerdotes discutiam no templo sobre quem devia ser eleito novo Bispo da cidade. Ao final, decidiram que seria o próximo sacerdote que ingressasse no recinto. Nesse momento, São Nicolau entrou e foi eleito Prelado por aclamação de todos.

Mas, teve início uma perseguição promovida pelo imperador Diocleciano contra os cristãos e ele foi preso, sendo libertado apenas quando o imperador Constantino subiu ao trono.

“Graças aos ensinamentos de Nicolau, a metrópole de Mira foi a única que não se contaminou com a heresia ariana, a qual rechaçou firmemente, como se fosse um veneno mortal”, dizia São Metódio. O arianismo negava a divindade de Jesus Cristo. Dessa forma, São Nicolau combateu incansavelmente o paganismo.

Defensor da justiça, salvou três jovens de ser executados, vítimas de um suborno do governador Eustácio, que logo se arrependeu ao ser repreendido por São Nicolau.

Três oficiais foram testemunhas destes fatos e, posteriormente, quando estavam em perigo de morte, rezaram a São Nicolau. O santo apareceu em sonhos a Constantino e lhe ordenou que os libertasse porque eram inocentes.

Após os soldados dizerem ao imperador que tinham invocado São Nicolau, ele os libertou, com uma carta ao Bispo, em que lhe pedia que rezasse pela paz no mundo.

O santo é patrono dos marinheiros porque, em meio a uma tempestade, alguns marinheiros começaram a clamar: “Oh Deus, pelas orações de nosso bom Bispo Nicolau, nos salve”. Nesse momento, conta-se, apareceu São Nicolau sobre o navio, abençoou o mar e este se acalmou. Em seguida, o Bispo desapareceu.

Segundo o costume do Oriente, os marinheiros do mar Egeu e do Jônico têm uma “estrela de São Nicolau” e desejam boa viagem dizendo: “Que São Nicolau leve seu leme”.

Narra-se também que três meninos foram assassinados e jogados em um barril de sal. Mas, pela oração de São Nicolau, os infantes voltaram para a vida. Por isso, é padroeiro das crianças e costuma ser representado com três pequenos ao seu lado.

Outra lenda narra que na Diocese de Mira havia um vizinho em extrema pobreza que decidiu expor suas três filhas virgens à prostituição para que todos eles pudessem sobreviver.

São Nicolau, procurando evitar que isto acontecesse e na escuridão da noite, jogou pela chaminé da casa daquele homem uma bolsa com moedas de ouro. Com o dinheiro, a filha mais velha se casou.

Quis o santo fazer o mesmo em benefício das outras duas, mas na segunda ocasião, depois de atirar a bolsa sobre a parede do pátio da casa, acabou sendo descoberto pelo pai das jovens, que lhe agradeceu por sua caridade.

São Nicolau partiu para a Casa do Pai em 6 de dezembro, mas não sabe com exatidão se foi no ano 345 ou 352. Mais tarde, sua devoção aumentou e foram reportados inúmeros milagres.

No século VI, o imperador Justiniano construiu uma Igreja em Constantinopla (hoje Istambul) em sua honra e o santo se tornou popular em todo o mundo.

São Nicolau é patrono da Rússia, Grécia e Turquia. Além disso, é honrado em cidades da Itália, Holanda, Suíça, Alemanha, Áustria e Bélgica.

Em 1087 seus ossos foram resgatados de Mira, que já estava sob domínio dos muçulmanos, e levados para Bari, na costa da Itália. Por isso, é chamado São Nicolau de Mira ou São Nicolau de Bari. Suas relíquias repousam na Igreja de “San Nicola de Bari”, na Itália.

De seus restos mortais brota um azeite conhecido como o “Manna di S. Nicola”. Em Mira, dizia-se que “o venerável corpo do bispo, embalsamado no azeite da virtude, suava uma suave mirra que lhe preservava da corrupção e curava os doentes, para glória daquele que tinha glorificado Jesus Cristo, nosso verdadeiro Deus”.

Sua figura bondosa e caridosa passou a ser associada em muitos lugares a figura do Papai Noel nos países latinos, que traz presentes para as crianças na Noite de Natal. Na Alemanha, é Nikolaus, e nos países anglo-saxões, Santa Claus. Neste período, este simbolismo deve remeter a São Nicolau e, assim, recordar a todos do amor e caridade para com as crianças e os mais pobres, além da alegria de servir a Deus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Papa: "Peregrinos de Esperança" é um programa de vida, esperar é participar juntos

Audiência Jubilar na Praça de São Pedro - Papa Leão XIV (Vatican Media)

Na Audiência Jubilar na Praça de São Pedro, na manhã deste sábado, 6 de dezembro, o Papa recorda que "nos problemas e belezas do mundo, Jesus nos espera e nos envolve, pedindo-nos que trabalhemos com Ele". Traz então o exemplo de Alberto Marvelli, um jovem membro da Ação Católica, beatificado por João Paulo II em 2004.

Vatican News

O Advento ensina a espera, que "não é passiva". Ajuda a cultivar a esperança, prepara-nos para estar com Jesus e ensina-nos a discernir os sinais dos tempos. É um tempo fecundo que conduz ao Natal, no qual Deus envolve cada um de nós em sua história. O Papa Leão XIII explicou isso em sua catequese na Audiência Jubilar deste sábado, 6 de dezembro, na Praça de São Pedro, precedida pela passagem, como faz habitualmente, no papamóvel entre os trinta mil peregrinos presentes, detendo-se brevemente para saudar e abençoar muitas crianças.

O Pontífice, recordando Maria, José, os pastores, Simão e Ana, e muitos outros, enfatiza que todos são chamados a participar.

É uma grande honra, e que vertigem! Deus nos envolve em sua história, em seus sonhos. Esperar, então, é participar. O lema do Jubileu, "Peregrinos de Esperança", não é um slogan que ficará ultrapassado em um mês! É um programa de vida: "Peregrinos de Esperança" significa pessoas que caminham e esperam, não ociosamente, mas participando.

Inteligência, coração e mangas arregaçadas

Participar esperando e lendo os sinais dos tempos, que o Concílio Vaticano II nos ensinou a interpretar juntos, nunca sozinhos. "São sinais de Deus", afirma o Pontífice, "de Deus que vem com o seu Reino, através de circunstâncias históricas. Deus não está fora do mundo, fora desta vida." Ele é Deus-conosco em meio às mais diversas realidades em que a humanidade é chamada a buscá-lo, explica o Papa, "com inteligência, coração e mangas arregaçadas!" Uma missão que o Concílio confiou principalmente aos leigos.

Nos problemas e nas belezas do mundo, Jesus nos espera e nos envolve, pedindo-nos que trabalhemos com Ele. É por isso que esperar é participar!

Marvelli: um mundo melhor se escolhermos o bem

A esperança como participação tem um rosto para o Papa Leão XIV, e é o do beato Alberto Marvelli, um jovem da Ação Católica que viveu na primeira metade do século passado e cujo modelo foi Pier Giorgio Frassati. Criado em sua família na escola do Evangelho, não deixou de condenar a Segunda Guerra Mundial em diversas ocasiões; era um jovem altruísta.

“Em Rimini e arredores”, conta o Papa, “dedicou-se com todas as suas forças a ajudar os feridos, os doentes e os deslocados. Muitos o admiravam por sua dedicação altruísta e, após a guerra, foi eleito conselheiro e encarregado da comissão de habitação e reconstrução. Assim, ingressou na vida política ativa.” Enquanto se dirigia de bicicleta para um comício na noite de 5 de outubro de 1946, um caminhão militar o atropelou. Ele tinha apenas 28 anos.

Alberto nos mostra que ter esperança é participar, que servir ao Reino de Deus traz alegria mesmo em meio a grandes riscos. O mundo se torna melhor se abrirmos mão de um pouco de segurança e tranquilidade para escolher o bem. Isso é participar.

Um sorriso nos lábios

O exemplo de Alberto suscita questões. "Perguntemo-nos", questiona Leão XIV, "estou participando de alguma boa iniciativa que mobilize meus talentos? Tenho a perspectiva e o fôlego do Reino de Deus quando realizo algum serviço? Ou o faço resmungando, reclamando que tudo está indo mal?" A resposta também está no próprio rosto.

Um sorriso nos lábios é o sinal da graça dentro de nós. Ter esperança é participar: este é um dom que Deus nos dá. Ninguém salva o mundo sozinho. E nem mesmo Deus quer salvá-lo sozinho: Ele poderia, mas não quer, porque juntos é melhor. Participar nos permite expressar e internalizar mais profundamente aquilo que, em última análise, contemplaremos para sempre, quando Jesus finalmente retornar.

Dar nos torna mais felizes

Em sua saudação aos poloneses, o Papa recorda São Nicolau, "um bispo conhecido por sua sensibilidade aos necessitados". "Aprendamos", afirma ele, "que dar nos torna mais felizes do que receber". O Pontífice expressa então a esperança de que a participação de crianças e jovens nas Missas, celebradas durante o Advento, ajude a "desenvolver a virtude da esperança na expectativa do Santo Natal".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Papa alerta para mudança rápida causada pela IA e pede atenção às crianças e jovens

Papa Leão XIV durante a Audiência desta manhã. 5 de dezembro 2025 (Vatican Media)

Em discurso a pesquisadores reunidos no Vaticano, o Santo Padre destacou que a humanidade atravessa uma transformação decisiva e pediu uma ação conjunta para garantir que a inteligência artificial sirva ao bem comum.

Thulio Fonseca - Vatican News

“O advento da inteligência artificial vem acompanhado por uma mudança rápida e profunda da sociedade”, afirmou o Papa Leão XIV ao receber, nesta sexta-feira, 5 de dezembro, os participantes da Conferência “Inteligência Artificial e o Cuidado da Nossa Casa Comum”, promovida pela Fondazione Centesimus Annus Pro Pontifice e pela Strategic Alliance of Catholic Research Universities.

Logo no início, o Santo Padre recordou que a IA toca “aspectos essenciais da pessoa humana, como o pensamento crítico, a capacidade de discernimento, o aprendizado e a esfera das relações interpessoais”. Diante desse impacto estruturante, o Papa lançou a pergunta central que permeou todo o discurso: 

“Como podemos garantir que o desenvolvimento da inteligência artificial realmente sirva ao bem comum e não seja usado apenas para acumular riqueza e poder nas mãos de poucos? Como vocês certamente sabem, o produto mais valioso atualmente nos mercados é justamente o da área de inteligência artificial.”

O desafio da IA e a pergunta radical: o que significa ser humano?

Ao retomar o núcleo da Doutrina Social da Igreja, Leão XIV frisou que enfrentar o desafio tecnológico exige “colocar uma pergunta ainda mais radical: o que significa ser humano nesta época?” Para o Santo Padre, o ser humano não pode ser reduzido a “consumidor passivo de conteúdos produzidos por uma tecnologia artificial”, pois sua dignidade está ligada à capacidade de “refletir, escolher livremente, amar gratuitamente e entrar em relação autêntica com o outro”.

O Papa Leão reconheceu as novas possibilidades criativas abertas pela IA, mas não deixou de sublinhar suas sombras: a tecnologia suscita “questões preocupantes… sobre nossa capacidade de nos maravilhar e de contemplar”. Por isso, o Pontífice insistiu na importância de respeitar aquilo que “caracteriza a pessoa humana e garante seu crescimento harmonioso”, base imprescindível para qualquer estrutura de regulação tecnológica.

Leão XIV durante o encontro com os participantes da Conferência “Inteligência Artificial e o Cuidado da Nossa Casa Comum”   (@VATICAN MEDIA)

Jovens no centro: liberdade, espiritualidade e maturidade ameaçadas

Um dos pontos mais enfáticos do discurso foi a preocupação de Leão XIV com as novas gerações. O Santo Padre afirmou que a liberdade interior das crianças e dos jovens deve “tocar o nosso coração”, alertando para “as possíveis consequências da tecnologia sobre o seu desenvolvimento intelectual e neurológico”.

“As novas gerações precisam ser ajudadas, e não obstaculizadas, em seu caminho rumo à maturidade e à responsabilidade”, destacou o Leão XIV, observando que a abundância de dados disponível hoje não se confunde com a capacidade de “extrair significado e valor”. Esta, acrescentou o Santo Padre, exige abertura ao mistério e coragem para enfrentar “as perguntas últimas da nossa existência”, frequentemente ridicularizadas por modelos culturais atuais.

Por isso, o Papa sublinhou que será “fundamental permitir que os jovens aprendam a usar esses instrumentos com sua própria inteligência pessoal… ampliando seus sonhos e o horizonte de suas decisões maduras”. Leão XIV também encorajou os jovens a recuperar a confiança na capacidade humana de orientar o rumo tecnológico, uma confiança “cada vez mais erodida pela ideia paralisante de que seu desenvolvimento segue um caminho inevitável”.

Um apelo à ação conjunta e à escuta das vozes mais humildes

Diante dos riscos presentes e futuros, o Pontífice pediu uma “ação coordenada e coral” que envolva política, instituições, empresas, finanças, educação, comunicação, cidadãos e comunidades religiosas. Todos, enfatizou o Papa, devem assumir “essa responsabilidade compartilhada — um compromisso que venha antes de qualquer lucro e de qualquer interesse particular”.

Leão XIV advertiu que somente uma participação ampla, “dando a possibilidade de que todas as vozes, inclusive as mais humildes, sejam ouvidas com respeito”, permitirá alcançar os objetivos propostos. Nesse percurso, o Santo Padre destacou a contribuição “realmente preciosa” da pesquisa conduzida pela parceria Centesimus–SACRU. Ao concluir, o Papa agradeceu aos pesquisadores presentes, convidando-os a prosseguir “com criatividade na direção traçada pelas Sagradas Escrituras e pelo Magistério”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O Natal em um país economicamente desigual. Será que eu daria as minhas duas únicas moedas?

Shutterstock

Cibele Battistini - publicado em 05/12/25

No final do ano, as luzes tomam as ruas, as vitrines piscam e os carrinhos dos shoppings parecem ganhar vida própria.

No Brasil, esse país imenso e desigual, o Natal costuma acender contrastes: de um lado, a classe média alta com suas ceias fartas, viagens marcadas e presentes importados; do outro, famílias que fazem milagres para colocar algo simples na mesa.

Ainda assim, há um traço que atravessa essas diferenças: a capacidade de doar, de estender a mão, de se comover com o outro.

É aqui que a parábola da viúva (Lucas 21, 2–4) que ofertou suas duas únicas moedas ressurge com força. Ela não deu o que “sobrou”. Deu tudo o que tinha. Não porque queria reconhecimento, mas porque acreditava que ajudar importa — mesmo quando parece pouco.

A narrativa bíblica (Lucas 21, 2–4) — recontada

Jesus observava as pessoas depositando suas ofertas no templo. Muitos ricos colocavam quantias grandes, chamando atenção pelo barulho das moedas ao cair. Mas entre eles surgiu uma viúva pobre, que deixou cair apenas duas pequenas moedas — moedas tão simples que quase não faziam som. Foi então que Jesus disse aos que estavam ao seu lado que aquela mulher, embora parecesse ter dado pouco, na verdade tinha oferecido mais do que todos, porque entregou tudo o que possuía para viver naquele dia.

E essa parábola, contada há séculos, continua surpreendentemente moderna.

Quando a gente olha para o Brasil real — o da senhora que doa um pacote de arroz mesmo sabendo que fará falta na semana seguinte, ou do jovem que reparte o que ganhou no trabalho informal — percebe que o coração generoso costuma morar nos lugares mais improváveis.

Em comunidades onde o dinheiro é curto, a solidariedade é larga. Onde falta luxo, sobra partilha. Há quem se organize para montar ceias coletivas, quem dê brinquedos usados mas limpos e arrumados, quem entre numa vaquinha sabendo que o próprio bolso está apertado. É quase como se o espírito da viúva ainda caminhasse entre nós.

Mas e quem tem mais? Como fica quem vive com conforto, estabilidade, cartão de crédito sem susto? A oferta dessas pessoas é maior em valor numérico, claro — mas será que pesa no coração? Será que transforma? Será que custa? Ou é um gesto automático, quase protocolar?

E você, leitor — como se encaixa nessa história?
No meio da correria das compras, das festas e dos compromissos, cabe uma pausa honesta: o que eu tenho ofertado realmente me envolve?
Minhas “duas moedas” são só o que sobra… ou algo que eu escolho dar de verdade?
Meu Natal toca alguém além da minha própria mesa?

O Brasil, com toda a sua diversidade e contrastes, talvez nos ensine algo fundamental: solidariedade não é sobre quantidade, é sobre intenção.
E, às vezes, quem tem menos entrega mais — não em cifras, mas em significado.

Neste Natal, talvez valha perguntar:
Será que eu daria as minhas duas únicas moedas?

O sentido teológico — um gesto que revela o coração

Teologicamente, a viúva revela o núcleo da fé cristã: confiança radical. Ela entrega mais do que moeda; entrega dependência, entrega vulnerabilidade, entrega sua própria segurança material nas mãos de Deus. Enquanto os ricos ofertam do que lhes sobra, ela oferece do que lhe sustenta — um gesto que ultrapassa a matemática e entra no campo da espiritualidade. A lógica divina, presente no ensinamento de Jesus, vira o raciocínio humano de cabeça para baixo: o valor de uma oferta não está no tamanho da quantia, mas na profundidade do amor que a motiva. A viúva encarna o que Jesus mais admirava — a entrega sincera, o coração que não calcula, a fé que não espera retorno. E é exatamente isso que confronta cada um de nós: quando ajudo, estou realmente oferecendo algo de mim… ou apenas liberando o que não me faz falta?

Fonte: https://pt.aleteia.org/

LEITURAS: "A Virgem entrou no mundo por meio de Maria" (Parte 3/3)

Algumas miniaturas das Très belles heures de Notre Dame, um dos três volumes em que está dividido o manuscrito Très belles heures du duc de Berry, século XV, Bibliothèque Nationale de Paris. Aqui, a Anunciação; abaixo, a Visitação e a Natividade | 30Giorni.

LEITURAS

Arquivo 30Dias nº 05 - 2004

"A Virgem entrou no mundo por meio de Maria"

Assim, Pio XII na encíclica Sacra virginitas. Por ocasião do quinquagésimo aniversário do documento sobre a virgindade consagrada, publicamos algumas passagens dos Padres da Igreja citadas pelo Papa.

Por Lorenzo Bianchi

A Visitação | 30Giorni.

«A fidelidade das virgens ao seu Esposo divino depende da oração» Sacra virginitas , 56

«Oratio quoque nos Deo crebra commendet. Si enim Propheta dicet: “Septies in die laudem dixi tibi” ( Sl 118 [119], 164), qui regni erat necessitatibus occupatus; quid nos facere oportet, qui legimus: “Vigiai e rezai, não caiamos em tentação” ( Mt 26, 41)? Certas orações solenes cum gratiarum actione sunt deferende, cum e somno surgimus, cum prodimus, cum cibum paramus sumere, cum sumpserimus, et hora incensi, cum denique cubitum pergimus. Sed etiam in ipso cubili volo psalmos cum oratione Dominica freqüente contexas vice, vel cum evigilaveris, vel antequam corpus sopor irriget; ut te in ipso quietis exordio rerum saecularium cura liberam, divina meditantem somnus inveniat. Denique etiam qui primus philosophiae ipsius nomen invenit, quotidie priusquam cubitum iret, tibicinem iubebat molliora canere, ut anxia curis saecularibus corda mulceret. Sed ille, sicut is qui laterem lavat, saecularia saecularibus frustra cupiebat abolere; magis enim se oblinibat luto, qui remedium a voluptate quaerebat: nos autem terrerum vitiorum colluvione cleansa, ab omnipollution carnis mentium interna mundemus. Symbolum quoque specialiter debemus tamquam nostri signaculum cordis antelucanis horis quotidie reviewe: quo etiam cum horremus aliquid, animo recurrendum est. Quando enim sine militiae sacramento, miles in tentorio, bellator in praelio?”

«A oração frequente também nos recomenda a Deus. De fato, se o profeta diz: “Sete vezes por dia eu te louvo” ( Sl 118 [119], 164), aquele que estava ocupado com os cuidados do reino, o que devemos fazer, quem lê: “Vigiai e orai para não cair em tentação” ( Mt.26, 41)? Certamente, orações solenes com ação de graças devem ser oferecidas ao acordarmos, ao sairmos, ao nos prepararmos para comer, após as refeições e ao anoitecer, e finalmente ao irmos dormir. Mas quero que vocês intercalem repetidamente os salmos com a Oração do Senhor, tanto quando estiverem acordados quanto antes que o sono relaxe seus corpos, para que o sono os encontre, no início do seu repouso, livres das preocupações mundanas, enquanto meditam nas coisas de Deus. E, de fato, até mesmo aquele que primeiro inventou a palavra "filosofia" [Pitágoras], todos os dias, antes de se deitar, ordenava ao flautista que tocasse música suave, para aliviar seu coração oprimido pelas preocupações mundanas. Mas ele, como quem lava um tijolo [isto é, quem faz um trabalho inútil], queria em vão remover as coisas mundanas com instrumentos mundanos; pois, buscando remédio no prazer, sujou-se ainda mais de lama. Nós, porém, depois de termos lavado toda a imundície dos vícios terrenos, purificamos interiormente nossas mentes de toda contaminação da carne. Devemos, em particular, todos os dias, antes do amanhecer, recitar também a profissão de fé como se fosse o selo do nosso coração, ao qual devemos recorrer com coragem mesmo quando algo nos assusta. Pois quando é que um soldado está na tenda, um combatente na batalha, sem ter prestado o juramento militar?
Ambrósio, De virginibus , III, 4, 18-20: PL 16, 225

Santo Agostinho | 30Giorni.

AGOSTINHO
As duas citações de Agostinho propostas aqui, entre as numerosas que se repetem na encíclica, são extraídas das Epistolae e da obra
De sancta virginitate , escrita em 401.

«Todos os santos, homens e mulheres, sempre consideraram a fuga e a vigilância cuidadosa para remover diligentemente toda ocasião de pecado como o melhor meio
de vencer nesta questão».

Sacra virginitas
 , 49.

«Nec dicatis vos habere animos pudicos, si habeatis oculos impudicos: quia impudicus oculus impudici cordis est nuntius». «Não digais que tendes almas virtuosas, se tendes olhos impuros, porque um olho impuro é sinal de um coração impuro». Agostinho, Epistolae , 211,10: PL 33, 961. «Talvez ninguém, melhor do que Santo Agostinho, tenha demonstrado a importância da humildade cristã para salvaguardar a virgindade». Sacra virginitas , 54. «Perpétua continentia, maximeque virginitas, magnum bonum est in sanctis Dei, vigilantissime cavendum est ne superbia corrumpatur. [...] Quod bonum as magnum video, tanto assim, ne pereat, furem superbiam pertimesco. Non ergo custodiat bonum virginale, nisi Deus ipse qui dedit: et “Deus charitas est” ( 1Jn 4, 8). Custos ergo virginitatis charitas: locus autem huius custodias humilitas» «A continência perpétua, e muito mais a virgindade, são um grande bem nos santos de Deus; mas com a máxima vigilância devemos garantir que não seja corrompido pelo orgulho. [...]

Quanto maior o bem que vejo, mais temo que o orgulho não o sequestre. Assim, ninguém salvaguarda melhor o bem da virgindade do que Deus que o concedeu; e “Deus é caridade” ( 1 João 4:8). A guardiã, portanto, da virgindade é a caridade, mas a morada dessa guardiã é a humildade» Agostinho, De sancta virginitate , 33.51: PL 40, 415.426

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Pasolini: Advento, tempo de espera confiante para a salvação (A)

Padre Pasolini na pregação ao Papa e à Cúria Romana   (@Vatican Media)

"A Parusia do Senhor. Uma espera sem hesitação" é o tema da primeira das três meditações de preparação ao Natal na manhã desta sexta-feira, 5 de dezembro, na Sala Paulo VI. Na presença do Papa, o pregador da Casa Pontifícia enfatiza que perceber a falta de paz ou a eficiência que domina a vida "não basta para converter o coração". O que é necessário é a graça de Deus, que nos liberta do pecado e da morte.

Benedetta Capelli – Cidade do Vaticano

"Não andarilhos sem rumo", mas "sentinelas que, na noite do mundo, mantêm humildemente a sua fé" para ver a luz "capaz de iluminar todo homem". Padre Roberto Pasolini, pregador da Casa Pontifícia, acompanha-nos numa viagem em que o tempo do Advento se torna uma oportunidade para sermos "peregrinos rumo a uma pátria", em um caminho marcado pela esperança e que tem como horizonte a salvação.

A primeira de três meditações previstas sobre o tema "Aguardando e apressando a vinda do dia de Deus", centra-se na Parusia do Senhor e introduz em um tempo singular: a conclusão do Jubileu da Esperança. "O Advento", sublinha o capuchinho, "é o tempo em que a Igreja reacende a esperança, contemplando não só a primeira vinda do Senhor, mas sobretudo o seu regresso no fim dos tempos." É o momento em que somos chamados a "aguardar e, ao mesmo tempo, apressar a vinda do Senhor com vigilância serena e diligente".

Santo Padre durante a pregação   (@Vatican Media)

Perceber a graça de Deus

"Parusia" é um termo usado quatro vezes pelo evangelista Mateus no capítulo 24 com um duplo significado: "presença" e "vinda". Jesus compara a expectativa de sua vinda aos dias de Noé antes do dilúvio universal. Eram dias em que a vida seguia normalmente e em que Noé sozinho construiu a arca, o instrumento da salvação. Sua história levanta questões essenciais para a compreensão do que o homem moderno precisa reconhecer. Diante de novos e complexos desafios, "a Igreja é chamada a permanecer um sacramento de salvação em uma era de mudanças".

“A paz - enfatiza o Padre Pasolini - permanece uma miragem em muitas regiões até que antigas injustiças e memórias feridas sejam curadas, enquanto na cultura ocidental o senso de transcendência é enfraquecido, esmagado pelo ídolo da eficiência, da riqueza e da tecnologia. O advento da inteligência artificial amplifica a tentação de uma humanidade sem limites e sem transcendência.”

LEIA O TEXTO COMPLETO (ITALIANO E INGLÊS) DO PRIMEIRO SERMÃO DO ADVENTO DO PADRE ROBERTO PASOLINI AQUI

O mistério de um Deus que tem confiança na humanidade

Perceber não basta, é preciso reconhecer “a direção para a qual o Reino de Deus continua a se mover dentro da história”, retornando à capacidade profética do Batismo. Perceber a graça de Deus, “esse dom da salvação universal que a Igreja humildemente celebra e oferece, para que a vida humana seja libertada do fardo do pecado e do medo da morte”. Uma graça à qual os ministros da Igreja não podem se habituar, correndo o risco de se familiarizarem tanto com Deus a ponto de o tomarem como óbvio. Assim, tomamos consciência do mistério de um Deus que “continua diante de sua criação com confiança inabalável, aguardando dias melhores”.

Padre Pasolini na pregação ao Papa e à Cúria Romana   (@Vatican Media)

Apagar o mal

O pregador da Casa Pontifícia recorda que, para redescobrir o rosto de Deus que acompanha "sua criação ferida", devemos recorrer à história do dilúvio universal, quando o Senhor vê o mal no coração humano. Esse mal não pode ser vencido pela mudança, pela evolução, porque à humanidade não serve somente realizar-se, mas também de salvar-se. "O mal não deve ser simplesmente perdoado: deve ser apagado, para que a vida possa finalmente florescer em sua verdade e beleza." Apagar, na cultura do cancelamento em que a humanidade de hoje está imersa, não é apenas destruir tudo, eliminar o que parece pesado nos outros. "Todos os dias cancelamos muitas coisas, sem nos sentirmos culpados ou causar qualquer dano. Apagamos - recorda Pasolini - mensagens, arquivos inúteis, erros em documentos, manchas, vestígios, dívidas. De fato, muitos desses gestos são necessários para permitir que nossos relacionamentos amadureçam e tornem o mundo habitável." Apagar significa abrir-nos a Deus, partindo de nossa própria fragilidade, e permitir que Ele nos cure.

A vida floresce quando Deus volta a estar no centro

O Senhor nunca se cansa de encontrar "um homem sábio, alguém que busca a Deus", assim como fez com Noé, que por sua vez sentiu a graça do Senhor. No homem na arca, Deus encontra a possibilidade de apagar e recomeçar. "Somente quando o homem retorna para viver diante da verdadeira face de Deus é que a história pode realmente mudar", enfatiza o monge capuchinho. "A história do dilúvio nos lembra que a vida floresce somente quando reconstruímos os céus, na medida em que colocamos Deus de volta no centro." O dilúvio se torna "uma passagem de recriação através de um momento de descriação". "É uma mudança temporária nas regras do jogo, para salvar o próprio jogo que Deus havia inaugurado com confiança."

Momento da I Pregação de Advento na Sala Paulo VU   (@Vatican Media)

Decidir não ferir

O dilúvio é, portanto, "uma renovação paradoxal da vida". Deus não se esquece da humanidade e coloca seu arco nas nuvens como sinal de aliança. O Senhor depõe suas armas com uma solene declaração de não violência. “Pode parecer -  acrescenta o padre Pasolini - uma metáfora ousada, quase inadequada para falar de Deus e da forma como a sua graça se manifesta. No entanto, a humanidade, após milênios de história e evolução, ainda está longe de saber como imitá-lo.”

A Terra, de fato, está dilacerada “por conflitos atrozes e intermináveis, que não dão trégua a tantas pessoas fracas e indefesas.” A decisão daqueles que, apesar de terem a capacidade, escolhem voluntariamente não ferir é reconfortante, porque compreendem que só acolhendo os outros é que a aliança “pode ser duradoura, verdadeira e livre.”

O tempo do bem

“Vigiai pois, porque não sabeis o dia em que o seu Senhor virá”: esta é a recomendação final de Jesus. Não saber o dia e a hora deste evento criou muita expectativa no passado, sublinha o pregador, mas hoje as coisas parecem ter invertido. “A espera diminuiu ao ponto de, por vezes, dar lugar a uma subtil resignação quanto ao seu cumprimento.” Hoje, prevalece "uma vigilância cansada, tentada pelo desânimo".

O tempo de espera é o tempo de semear o bem e aguardar a vinda de Jesus Cristo. Cuidado com duas grandes tentações que afetam a humanidade e a Igreja: "esquecer a necessidade da salvação e pensar que podemos recuperar o consenso cuidando da aparência externa da nossa imagem e diminuindo a radicalidade do Evangelho". Devemos — enfatiza o capuchinho — retornar "à alegria — e também ao esforço — de seguir, sem domesticar a palavra de Cristo". Somente como "sentinelas nas fronteiras do mundo", como escreveu o monge Thomas Merton, podemos aguardar o retorno de Cristo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF