Catequista diz como retomar o verdadeiro sentido do calendário do Advento, que tem se tornado cada vez mais comercial
Por Natalia Zimbrão*
5 de dez de 2025 às 16:13
Com a chegada de dezembro, a preparação para o Natal se
intensifica e uma tradição cristã nessa época é o calendário do Advento. Mas,
uma versão comercial deste calendário virou tendência no Brasil desde o ano
passado entre diversas marcas de produtos de beleza e doces, com alguns
produtos chegando a custar milhares de reais.
Diante dessa realidade, orientou o catequista Thiago Moraes,
“nós devemos agir não só em relação a este elemento específico, mas em todos os
elementos que nos foram ‘roubados’: com tranquilidade retomar os elementos
originais religiosos e promovê-los”.
A origem do calendário do Advento
“O calendário do Advento, assim como outros costumes
populares natalinos, teve origem entre luteranos alemães, no século XIX” e,
“como a Igreja sempre fez em sua história, numa sadia inculturação, ela assumiu
a prática entre os católicos reconhecendo que era um bom elemento para a
evangelização”, disse Thiago, que é professor de Filosofia, Teologia e Ensino
Religioso e há mais de 20 anos se dedica à catequese no Rio de Janeiro (RJ),
onde foi instituído ministro da catequese.
Em sua origem, o calendário do Advento constava de uma forma
para contar os dias em preparação para o Natal com alguma atividade religiosa
por dia, como acender velas, fazer alguma oração. Depois, foi acrescentado o
costume de pôr alguma guloseima junto à atividade religiosa. O primeiro
calendário do Advento impresso é atribuído ao editor alemão Gerhard Lang, em
1908.
“O calendário do Advento, o presépio, a coroa do Advento, a
árvore de Natal e os demais enfeites nos lembram a proximidade da solenidade da
encarnação do Senhor e, com isso, nos recordam a necessidade de preparar os
corações para esse célebre momento”, disse o catequista Thiago Moraes. “Seus
símbolos nos transmitem o verdadeiro sentido da festa, se bem utilizados, e são
maravilhosa oportunidade para a catequese”.
O calendário do Advento como produto comercial
Com o tempo, começou-se a dar contornos comerciais à
tradição do calendário do Advento. Segundo Thiago Moraes, “desde muito cedo o
comércio se aproveitou do calendário do Advento, assim como o faz na Páscoa com
os ovos, por exemplo”. “Na Europa, o difícil é você achar um calendário do
Advento cristão de fato”, disse, citando o que o próprio Jesus disse: “Os
filhos do mundo são mais espertos que os filhos da luz”.
No calendário do Advento comercial, a cada dia, a pessoa
abre uma caixinha para adquirir um produto surpresa. Há calendários de 12 ou 24
itens. É possível encontrar calendários de Advento de diferentes marcas, como
produtos de beleza, cosméticos, chocolates, cafés, brinquedos, desde marcas
simples até as de luxo, com preços variando entre dezenas e milhares de reais.
O calendário do Advento comercial ganhou força no Brasil no
ano passado e cresceu este ano. A prática é difundida nas redes sociais
sobretudo por influencers através dos conteúdos de unboxing, em que
aparecem revelando qual produto ganharam naquele dia.
Retomar o verdadeiro sentido do calendário do Advento
Thiago Moraes sugeriu que se fuja “do calendário do Advento
pronto”. “Faça você mesmo o seu em casa, com brindes e doces sim, mas que
possam conduzir a uma, pequenina que seja, lembrança do Natal que vem”, disse o
catequista, casado e pai de três filhas. Ele citou alguns exemplos que já fez
em sua família: “um que eram uma caixinha de origami cada dia. Dentro havia um
doce e um versículo bíblico. Um outro que fizemos era com uma música diferente
por dia para nós cantarmos em família”, contou.
Moraes disse também que, “havendo marcas que façam
calendário com o sentido verdadeiro”, pode-se “adquirir, para fomentar esse
tipo de iniciativa”.
Ele também sugeriu “presentear amigos e familiares com esses
bons calendários” e “associar o calendário do Advento com outras práticas”,
como “um momento de oração, a arrumação de um enfeito, a leitura bíblica”.
“Com essas pequenas coisas já faremos grande diferença,
sabendo que a transformação do mundo começa em nós”, concluiu.
*Natalia Zimbrão é formada em Jornalismo pela Universidade
do Estado do Rio de Janeiro. É jornalista da ACI Digital desde 2015. Tem
experiência anterior em revista, rádio e jornalismo on-line.

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