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sexta-feira, 5 de maio de 2023

Santo Ângelo

Santo Ângelo (carmelitas)

05 de maio

Santo Ângelo

Origens

Ângelo nasceu no ano1185, em Jerusalém, Israel. Seus pais, judeus de religião, se chamavam José e Maria. Esses nomes eram comuns na região. Eles se converteram ao catolicismo depois que Ângelo recebeu um aviso de Nossa Senhora quando estava em oração. O aviso é seus pais teriam outro filho. Acontece que isso, humanamente, não seria possível porque os pais de Ângelo já estavam em idade avançada.

Conversão dos pais

Aconteceu que a profecia dita por Ângelo se cumpriu. Seus pais tiveram outro filho ao qual puseram o nome de João. Encantados com a misericórdia de Deus, converteram-se e foram batizados juntamente com o novo filho, que recebeu o nome de João. Mais tarde, João também se tornou um frade carmelita.

Carmelita

Ângelo ingressou na Ordem Carmelita com dezoito anos. Passou cinco anos no monte Carmelo, em Israel. Este é o mesmo lugar o profeta Elias onde viveu. Viveu também em vários conventos carmelitas instalados na Palestina e na Ásia Menor. Recebeu vários dons carismáticos, especialmente o da profecia e o dom dos milagres.

Ordenação e peregrinação

No ano 1213, frei Ângelo foi ordenado padre na Ordem dos Carmelitas. Ele foi um dos carmelitas que saíram do Monte Carmelo e foram até Roma para pedirem ao papa Honório III que a Regra do Carmelo fosse por ele aprovada. Depois disso, os carmelitas instalaram-se na Sicília. 

Encontro com santos

Na Sicília, Padre Ângelo e os carmelitas visitaram a basílica de São João. Lá, providencialmente se encontraram com dois santos: Padre Domingos de Gusmão e frei Francisco de Assis. Nesse encontro, Santo Ângelo recebeu o avido de que morreria como mártir de Jesus Cristo.

Vivendo entre os hereges

Entre as grandes realizações de Santo Ângelo, a que mais cama a atenção foi a missão evangelizadora que realizou entre os hereges chamados cátaros, na Sicília. Inúmeras foram as conversões que aconteceram quando o povo o ouvia pregar e via os milagres que se operavam por sua intercessão. Dentre essas conversões, destaca-se a de uma mulher que vivia uma relação de incesto com um homem bastante rico do lugar.

Uma conversão que lhe custou a vida

Era o dia 5 de maio de 1220. O Padre Ângelo acabava de fazer uma linda pregação na igreja dedicada a São Tiago de Licata, na Sicília. Pouco depois dessa pregação ele foi assassinado por um estranho. Depois se soube a morte de Santo Ângelo tinha sido encomendada por aquele senhor rico, que não tinha se conformado com a conversão da amante e queria continuar com a relação incestuosa que mantinham.

Venerado pela população

Logo após sua morte, o povo começou a venerá-lo como santo. Uma igreja foi construída no local onde ele foi assassinado. Ali também seu corpo foi sepultado. Sua canonização aconteceu em 1498. Em 1662 seus restos mortais foram transladados para a igreja dos carmelitas. O culto a Santo Ângelo passou a ser bastante difundido entre dos fiéis e na Ordem dos Carmelitas. A devoção a Santo Ângelo mantém-se viva até os dias de hoje. Ele é invocado pelos devotos nas dificuldades da vida.

Oração a Santo Ângelo

“Ó Deus de admirável providência, que, no mártir Santo Ângelo destes ao vosso povo pastor corajoso e forte, concedei-nos, pela sua intercessão, ajuda nas tribulações e firme constância na fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. Santo Ângelo, rogai por nós.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Jó, o lutador sofrido

Jó, o lutador sofrido | revistaavemaria

Por 

Jó, o lutador sofrido.

Jó é um dos personagens bíblicos mais importantes, cujo livro nos faz meditar sobre o sentido da vida. Não existe uma definição para seu nome, mas, alguns especialistas o vincularam à ideia de “inimizade” ou “inimigo inveterado” (raiz hebraica); na raiz árabe seria “arrependido” ou “penitente”. É considerado um homem “justo e honrado, religioso e separado do mal” (Jó 1,1); um sábio, que se sente hostilizado e perseguido pelas pessoas e por Deus. Ele é o protótipo do sofredor que está em constante diálogo e conflitos com o transcendente.

Quem se decide pela leitura do Livro de Jó deve levar em consideração o contexto de sua vida e suas lutas. Normalmente, as pessoas desistem de lê-lo devido ao diálogo sem coordenação no desenvolvimento do discurso. Parece haver incoerência nas falas e isso se explica pela constante tensão do autor com as perdas existenciais e as mudanças que lhe são imputadas. Os conflitos descritos por Jó fazem referência à integridade humana na tentativa de se reconstruir diante da graça. Ele aborda o tema do sofrimento de maneira natural e vivencial que mistura fé, esperança, indignação, revolta, medos, temas próprios de cada ser humano que se questiona diante dos desafios e quer superá-los com a força de Deus.

Não é pelo fato de ser justo e coerente que está livre do sofrimento e do mal que o mundo promove. Ele sentiu na pele a dor de quem ama a Deus e quer fazer de tudo para caminhar na luz. Diante das perdas materiais e espirituais, Jó larga as ilusões de uma vida de sucesso, rejeita as interpretações dadas por seus amigos a respeito de seu destino, não se sente culpado pelos fracassos, pois sabe que não agiu contra os desígnios de Deus. Ele é um homem correto que segue sua luta em sintonia com Deus, tem claros seus valores e é sensível ao sofrimento e às consequências de seus dramas.

A vocação de Jó ilumina o ser humano de cada tempo a buscar respostas aos seus mistérios sem conformar-se com os preconceitos e as respostas prontas que mais o fazem distanciar-se do potencial de vida do que encontrá-los. É preciso ter a coragem de Jó para passar pelas trevas e manter-se unido ao caule da vida que nos dá outra compreensão da existência. Ele viveu o despojamento como sinal de maturidade e liberdade. Essa é a sabedoria que Jó encontra: tudo está inter-relacionado e é Javé quem a possui. Deus é providente e “Se aceitarmos de Deus os bens, não vamos aceitar os males?” (Jó 2,10). A confiança em Deus faz com que Jó receba de volta todas as suas posses, tornando-se mais rico ainda. Isso quer dizer que seu sofrimento foi redentor e ele o compreendeu, integrou e fecundou, tornando seus últimos dias repletos de sentido e compaixão. Foi um longo e maduro processo de entrega e mudança interior envolvendo um querer humano e divino.

Vida bem-sucedida é antes de tudo restabelecer a autoestima diante dos confrontos e reafirmar os valores que são eternos. Deus não abandona Jó, mas se deixa interpelar. Deus está sempre pronto a responder ao que nosso coração busca.

Fonte: https://revistaavemaria.com.br/

Antes de ser católico, eu era um jovem muito cheio de raiva

Anna Berdnik | Shutterstock

Por Joseph Pearce

A raiva é um tipo de energia, mas a energia nem sempre é necessariamente boa.

Muitas luas atrás, muito antes de ser acolhido na Igreja Católica, eu era um jovem muito cheio de raiva. Eu achava que o mundo estava uma bagunça e que o meu próprio país estava ainda mais bagunçado que o resto do mundo. Como patriota de cabeça quente, decidi que era meu dever lutar pelo meu país. O que me movia era um coquetel psicológico doentio de angústia e raiva, um “animus” contra aqueles que eu considerava inimigos do meu país. Essa angústia e raiva se metamorfoseavam com muita facilidade em ódio ao meu próximo.

Por graça de Deus e pela leitura de bons livros escritos por bons homens, como G.K. Chesterton e C.S. Lewis, encontrei o meu caminho vacilante em direção à fé cristã e à Igreja Católica. Fui recebido na Igreja quando tinha 28 anos de idade, depois de já ter perdido a juventude no torpor e na névoa da animosidade movida pela raiva.

Pela graça de Deus e pela Sua mão curadora, eu não odeio mais o meu próximo, nem mesmo aqueles que me odeiam ou que odeiam a Igreja. Estou muito ciente, no entanto, do perigo de me deixar enraivecer com os caminhos do mundo e com a obstinação dos campeões da maldade no mundo. É muito fácil ceder a sentimentos de “raiva justa” e é muito fácil permitir que essa raiva comprometa o nosso amor ao próximo, um amor que não é uma opção para o cristão, mas um mandamento.

Lembro-me das palavras de Johnny Rotten, da infame banda de punk rock Sex Pistols, que se gabava de que “a raiva é uma energia”. E é mesmo, mas a energia nem sempre é necessariamente boa. A raiva foi a energia dos nazistas e dos comunistas que mataram milhões de pessoas no século passado. Se permitirmos que a nossa raiva nos energize, perderemos a paz de espírito que nos permite a reconciliação com nosso Deus e com nosso próximo.

Se descobrirmos que a mídia e as redes sociais estão alimentando a nossa raiva, é hora de dar um tempo. Precisamos nos desconectar do que nos deixa com raiva para nos envolvermos de novo com o amor de Deus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Papa: os movimentos eclesiais são um dom, são a riqueza da Igreja

Movimentos e grupos eclesiais | Vatican News

Na mensagem de vídeo com a intenção de oração para o mês de maio, Francisco pede para rezar pelos movimentos e grupos eclesiais. Segundo ele, "os movimentos renovam a Igreja com a sua capacidade de diálogo a serviço da missão evangelizadora".

https://youtu.be/33CZjRKe2ps

Vatican News

Foi divulgada, nesta terça-feira (02/05), a mensagem de vídeo do Papa Francisco com a intenção de oração para o mês de maio. O Santo Padre pede para rezar pelos movimentos e grupos eclesiais.

"Os movimentos eclesiais são um dom, são a riqueza da Igreja! Isto é o que vocês são! Os movimentos renovam a Igreja com a sua capacidade de diálogo a serviço da missão evangelizadora", diz o Santo Padre no vídeo.

Os movimentos eclesiais são grupos de pessoas comprometidas com o apostolado, com seu próprio carisma, que o Espírito Santo distribui para o bem comum da Igreja. Formados principalmente por fiéis leigos, a busca de um encontro pessoal com Cristo os une e, ao mesmo tempo, são encorajados a entrar em diálogo com as mulheres e os homens de hoje, onde quer que estejam, a serviço do anúncio do Evangelho.

Eles redescobrem cada dia, no seu carisma, novas maneiras de mostrar a atratividade e a novidade do Evangelho. Como fazem isto? Ao falar línguas diferentes, parecem diferentes, mas é a criatividade que cria essas diferenças. Mas sempre se entendem e se fazem entender.

Como disse também o Papa São João Paulo II: "Cada Movimento é diferente do outro, mas todos estão unidos na mesma comunhão e para a mesma missão", sem esquecer que "os verdadeiros carismas não podem deixar de apontar para um encontro com Cristo".

O Pontífice convida os movimentos a trabalharem sempre a serviço dos bispos e das paróquias "para evitar qualquer tentação de fechar-se em si mesmos, que pode ser um perigo".

Mantenham-se sempre em movimento, respondendo ao impulso do Espírito Santo, aos desafios, às mudanças do mundo de hoje. Mantenham-se na harmonia da Igreja, pois a harmonia é um dom do Espírito Santo. Rezemos para que os movimentos e grupos eclesiais redescubram cada dia a sua missão, uma missão evangelizadora, e que possam colocar os seus próprios carismas a serviço das necessidades do mundo: a serviço.

Muitos carismas, uma missão

O vídeo, feito em colaboração com o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, que acompanha o nascimento e o desenvolvimento de associações de fiéis e movimentos eclesiais, narra episódios de suas vidas, em contextos muito diferentes. Há, por exemplo, os escoteiros portugueses em peregrinação com a cruz da Jornada Mundial da Juventude; os Neocatecumenais engajados na evangelização nas ruas das cidades americanas; os missionários Shalom em Madagascar e os de Comunhão e Libertação nas Filipinas; Novos Horizontes com as famílias das favelas brasileiras e a Comunidade Papa João XXIII com as famílias do Quênia; Santo Egídio acolhendo os refugiados da Líbia que chegam através dos corredores humanitários; os Focolares limpando as praias poluídas do sudeste asiático; os jovens do Movimento Eucarístico Jovem, em seu congresso internacional, em adoração antes da Eucaristia. Tantos carismas diferentes, uma única missão: proclamar o Evangelho em diferentes ambientes e de diferentes maneiras.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Filipe

São Filipe | Wikipédia

03 de maio

São Filipe, Apóstolo

Nas listas que os Evangelistas escreveram sobre os doze, Filipe aparece sempre em quinto lugar (confira: Mateus 10, 3; Marcos 3, 18; Lucas 6, 14; Atos 1, 13). Isso quer dizer que Filipe era um dos primeiros discípulos e apóstolos.

Origens

Mesmo sendo de origem judaica, Filipe é nome grego, tal qual o de André. Isso mostra uma pequena abertura cultural que, no mundo judaico de então, não se pode desvalorizar. Filipe era da mesma cidade de Pedro e André, isto é, Betsaida (João 1, 44), uma cidadezinha pertencente à tetrarquia de um dos filhos do rei Herodes o Grande, também chamado Filipe (Lucas 3, 1).

Discípulo de Jesus

Após ter sido chamado por Jesus, Filipe se encontra com seu já amigo e futuro discípulo Natanael e lhe diz: “Encontramos aquele do qual escreveu Moisés na Lei, e também os profetas: Jesus, o filho de José, o de Nazaré.” (João 1, 45). Natanael responde ceticamente: “De Nazaré pode sair coisa boa?” Filipe, porém, retruca decidido: “Vem e vê” (João, 1, 46). Com isso, Filipe demonstra ser testemunha de Jesus e instiga o amigo a “fazer uma experiência pessoal com o Senhor.

Na multiplicação dos pães

Na passagem da multiplicação dos pães, Jesus pergunta onde seria possível comprar pão para dar de comer a tanta gente (João 6, 5). Filipe responde realista: “Duzentos denários de pão não bastam para que cada um tome um pouco” (João 6, 7). É interessante que Jesus se dirija a Filipe nessa ocasião. Isso mostra que Filipe era membro do grupo dos mais íntimos de Jesus.

Ponte entre Jesus e o mundo

Em outra ocasião, antes da paixão de Cristo, alguns gregos procuram justamente Filipe e lhe pedem: “Senhor, queremos ver Jesus. Filipe foi dizer isso a André; André e Filipe foram dizer a Jesus.” (João 12, 20-22). Este é um outro indício do prestígio de Filipe dentro do grupo dos apóstolos. Nesta passagem, ele se faz intermediário entre os gregos e Jesus juntamente com André.

São Felipe na última ceia

Na Última Ceia, após Jesus afirmar que quem o conhece, conhece também o Pai (João 14, 7), Filipe lhe pede: “Senhor, mostra-nos ao Pai e isso nos basta.” (João 14, 8). Jesus lhe responde com uma benévola repreensão: “Tanto tempo faz que estou convosco e não me conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como tu dizes: “Mostra-nos o Pai”? Não crês que eu estou no Pai e o Pai está em mim? [...] Crê em mim: eu estou no Pai e o Pai está em mim” (João 14, 9-11). A ingenuidade de Filipe proporciona a Jesus fazer uma das mais sublimes revelações sobre sua identidade divina.

Apóstolo

Após a morte e ressurreição de Jesus, e após a vinda do Espírito Santo em Pentecostes, São Filipe entregou sua vida à pregação do Evangelho, exercendo com fidelidade sua missão de Apóstolo, recebida do próprio Jesus. Assim, sabe-se que, primeiramente, São Filipe evangelizou a Grécia. Depois, foi para a Frígia, mais precisamente para a cidade de Hierópolis. Conta-se que em todas as missões, São Filipe foi acompanhado de sua família: esposa e duas filhas.

Martírio

Em Hierópolis, São Filipe e provavelmente uma de suas filhas, foram martirizados porque desmascararam um culto maléfico que o povo local prestava a um ídolo em forma de serpente. Alguns documentos atestam que ele morreu crucificado de cabeça para baixo; outros afirmam que ele foi apedrejado. Sua morte aconteceu no dia 3 de maio, dia em que é festejado.

Oração a São Filipe

Ó Deus, que destes a São Filipe e sua família a graça de anunciar o Evangelho não só com palavras, mas também com o precioso testemunho e demonstração de amor total a vós a ponto de sacrificarem suas vidas pela causa de Jesus Cristo, dai também a nós a graça da fidelidade e do testemunho cristão onde quer que estejamos. Por Cristo, Senhor nosso, amém. São Filipe, rogai por nós.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

terça-feira, 2 de maio de 2023

Coletiva de imprensa do papa Francisco no voo de volta da Hungria

O papa Francisco durante a coletiva de imprensa no voo de volta da Hungria / Daniel Ibáñez (ACI)

Roma, 01 Mai. 23 / 12:11 pm (ACI).- O papa Francisco voltou a Roma ontem (30) após uma visita de três dias à Hungria e, como de costume, deu uma entrevista coletiva aos jornalistas que o acompanharam no voo, com os quais falou sobre a migração para a Europa, a guerra na Ucrânia, a queda da taxa de natalidade em vários países, entre outros temas.

A seguir, o texto da coletiva de imprensa em português, publicado pelo Vatican News:

Antal Hubai (Rtl Klub) – Qual foi a sua experiência pessoal dos encontros na Hungria?

Papa Francisco- Eu vivi esta primeira experiência de encontro na década de 1960. Quando muitos jesuítas húngaros foram expulsos de seu país. Depois foram criadas escolas... havia uma escola a 20 km de Buenos Aires e eu a visitava duas vezes por mês. Depois, mantinha contatos também com uma instituição de leigos húngaros que trabalhavam em Buenos Aires. Não entendia o idioma. Mas duas palavras entendi bem: Gulash e Tokai (risos). Foi uma bela experiência. Impressionou-me muito a dor pelo fato de serem refugiados e não poderem voltar para casa. As freiras de Maximiliano Maria Kolbe permaneceram ali, escondidas em apartamentos para que o regime não as expulsasse. Depois fiquei sabendo mais detalhamento de todo o caso para convencer o cardeal Mindszenty a ir a Roma. E também vivi o entusiasmo breve do ano de 1956 e depois a desilusão.

Antal Hubai (Rtl Klub) - Mudou sua opinião desde então?

Papa Francisco - Não mudou, se enriqueceu. No sentido de que os húngaros que conheci têm uma grande cultura….

Antal Hubai (Rtl Klub) - Que língua falavam?

Falavam normalmente alemão ou inglês. O húngaro não se fala fora da Hungria. Só no paraíso, porque dizem que é preciso uma eternidade para aprendê-lo (risos).

Eliana Ruggiero (AGI) - Santo Padre, o senhor lançou um apelo para abrir – reabrir – as portas do nosso egoísmo aos pobres, aos migrantes, a quem está clandestino. No seu encontro com o premiê húngaro Orbán, o senhor lhe pediu para reabrir as fronteiras da rota balcânica que ele fechou? Depois, nos dias passados, o senhor encontrou também o metropolita Hilarion: Hilarion e o próprio Orbán podem se tornar canais de abertura em relação a Moscou para acelerar um processo de paz para a Ucrânia, ou tornar possível um encontro entre o senhor e o presidente Putin? Obrigada.

Papa Francisco - Creio que a paz se faça sempre abrindo canais, jamais se pode fazer a paz com o fechamento. Convido todos a abrir relações, canais de amizade… Isto não é fácil. O mesmo discurso que fiz no geral, fiz com Orbán e o fiz um pouco em todos os lugares. Sobre as migrações: creio que seja um problema que a Europa precisa assumir, porque são cinco os países que mais sofrem: Chipre, Grécia, Malta, Itália e Espanha, porque são os países mediterrâneos e a maioria desembarca ali. E se Europa não assumir esta questão, de uma distribuição équa dos migrantes, o problema será somente desses países. Creio que a Europa deva fazer sentir que é União Europeia também diante disso. Há outro problema que está ligado à migração, e é o índice de natalidade. Existem países como a Itália e a Espanha que não fazem filhos. No ano passado, eu falei num encontro das famílias sobre isto e ultimamente vi que também o governo e outros governos falam a respeito. A média de idade na Itália é de 46 anos, para a Espanha é mais alta ainda e existem pequenos vilarejos desertos. Um programa migratório, mas levado adiante com o modelo que alguns países tiveram com a migração – penso por exemplo na Suécia no tempo das ditaduras latino-americanas – possa ajudar também esses países que têm uma baixa porcentagem de nascimentos. Então, no final, qual era a última? Ah sim, Hilarion: Hilarion é alguém que eu respeito muito, e sempre tivemos um bom relacionamento. E ele teve a gentileza de vir me ver, depois esteve na Missa e eu o vi também ali, no aeroporto. Hilarion é uma pessoa inteligente com quem se pode conversar, e essas relações precisam ser mantidas, porque se falamos de ecumenismo - eu gosto disso, eu não gosto disso... temos que ter a mão estendida com todos, também receber a mão [deles?]. Falei com o patriarca Kirill apenas uma vez desde que a guerra começou, 40 minutos pelo zoom, depois por meio de Anthony, que agora está no lugar de Hilarion, que vem me ver: é um bispo que foi pároco em Roma e conhece o ambiente bem, e estou sempre em contato com Kirill por meio dele. Está em suspenso o encontro que deveríamos ter em Jerusalém em julho ou junho do ano passado, mas por causa da guerra foi suspenso: isso terá que ser feito. E depois, com os russos, tenho um bom relacionamento com o embaixador que agora está saindo, embaixador no Vaticano há sete anos, é um grande homem, um homem comme il faut. Uma pessoa séria, culta, muito equilibrada. A relação com os russos é principalmente com esse embaixador. Não sei se disse tudo. Foi isso? Ou eu pulei alguma coisa?

Eliana Ruggiero - Hilarion ou mesmo Orbán poderiam de alguma forma acelerar o processo de paz na Ucrânia e também possibilitar um encontro entre o senhor e Putin, se eles pudessem atuar – entre aspas – como intermediários?

Papa Francisco - Você pode imaginar que nesse encontro não falamos só da Chapeuzinho Vermelho, não é mesmo? Falamos de todas essas coisas. Fala-se disso porque todos estão interessados no caminho da paz. Eu estou disposto. Estou disposto a fazer o que for preciso. Além disso, uma missão está em andamento agora, mas ainda não é pública. Vamos ver como... Quando for pública eu direi.

Aura María Vistas Miguel (Radio Renascença) - A próxima parada é Lisboa, como se sente em relação à sua saúde? Fomos pegos de surpresa quando foi para o hospital, disse que tinha desmaiado, portanto, tem energia para ir à JMJ? E gostaria de um evento com jovens ucranianos e russos, como um sinal para as novas gerações?

Papa Francisco - Em primeiro lugar, a saúde. O que eu tive foi um forte mal-estar no final da audiência de quarta-feira, não tive vontade de almoçar, fiquei um pouco deitado, não perdi a consciência, mas sim, tive uma febre muito alta e às três da tarde o médico me levou imediatamente ao hospital. Tive uma forte pneumonia aguda, na parte inferior do pulmão, mas graças a Deus, posso lhes dizer, o corpo reagiu bem. Graças a Deus. Foi isso que eu tive. Sobre Lisboa: na véspera da minha partida falei com Dom Américo que veio ver como estão as coisas. Eu vou, eu vou. Espero conseguir, vocês veem que não é a mesma coisa de dois anos atrás, com o bastão agora está melhor e por enquanto a viagem não está cancelada. Depois tem a viagem a Marselha, depois tem a viagem à Mongólia, depois tem a última, nao me lembro para onde... ainda assim, o programa me mantém em movimento.

E sobre os jovens da Rússia e da Ucrânia?

O Américo tem algo em mente, está preparando alguma coisa, me disse. Ele está preparando bem.

Nicole Winfield (Associated Press) - Santo Padre, queria perguntar-lhe algo um pouco diferente: recentemente o senhor fez um gesto ecumênico muito forte, doou três fragmentos das esculturas do Partenon à Grécia em nome dos Museus Vaticanos. Este gesto também repercutiu fora do mundo ortodoxo, porque muitos museus ocidentais estão discutindo precisamente a restituição do período colonial, como um ato de justiça para com essas pessoas. Eu gostaria de perguntar se o senhor também está disponível para outras restituições. Penso nos povos e grupos indígenas do Canadá que solicitaram a devolução de objetos das coleções do Vaticano como parte do processo de reparação pelos danos sofridos no período colonial.

Papa Francisco - Mas este é o sétimo mandamento: se você roubou, deve devolver. Mas há toda uma história, que às vezes as guerras e as colonizações levam a tomar decisões de pegar as coisas boas do outro. Este foi um gesto correto, devia ser feito: o Partenon, dar alguma coisa. E se amanhã os egípcios vierem pedir o obelisco, o que faremos? Mas ali deve ser feito um discernimento em cada caso. E depois a restituição das coisas indígenas está em andamento com o Canadá, pelo menos estávamos de acordo em fazê-lo. Agora vou perguntar em que ponto está. Mas a experiência com os aborígines do Canadá foi muito frutuosa.

Também nos Estados Unidos os jesuítas estão fazendo alguma coisa, com aquele grupo de indígenas dentro dos Estados Unidos. O Geral me contou outro dia. Mas voltemos à restituição. Na medida em que é possível restituir, que é necessário, que é um gesto, é melhor fazê-lo. Às vezes não é possível, não existe possibilidade política, real, concreta. Mas na medida em que pode ser restituir, por favor, que seja feito; isso faz bem a todos. Para não se acostumar a colocar a mão no bolso dos outros.

Eva Fernandez (Radio COPE): O primeiro-ministro ucraniano pediu a sua ajuda para trazer de volta as crianças levadas à força para a Rússia.

Papa Francisco - Penso que sim, porque a Santa Sé atuou como intermediária em algumas situações de troca de prisioneiros, e através da embaixada correu bem, penso que isto também pode correr bem. É importante, a Santa Sé está disposta a fazê-lo porque é justo, é uma coisa justa e nós devemos ajudar, para que isto não seja um casus belli, mas um caso humano. É um problema de humanidade antes de ser um problema de um saque de guerra ou movimento de guerra. Todos os gestos humanos ajudam, ao invés disso, os gestos de crueldade não ajudam. Temos de fazer tudo o que é humanamente possível.

Também estou pensando, quero dizer, nas mulheres que vêm para nossos países: Itália, Espanha, Polônia, Hungria, tantas mulheres que vêm com filhos e maridos, ou são esposas... ou estão lutando contra a guerra. É verdade que neste momento elas estão sendo ajudadas, mas não podemos perder o entusiasmo de fazer isso, porque se o entusiasmo diminuir, essas mulheres ficam sem proteção, com o perigo de cair nas mãos dos abutres que estão sempre procurando essas situações. Vamos tomar cuidado para não perder essa tensão de ajuda que temos com os refugiados, isso diz respeito a todos.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Por que Santo Atanásio é chamado de “Pai da Ortodoxia”?

Santo Atanásio / Public domain
Por Philip Kosloski 

Santo Atanásio foi um bispo influente da Igreja Primitiva e um grande defensor da fé no século IV.

Houve muitos padres e bispos santos nos primeiros séculos da Igreja, e um dos mais influentes dentre eles foi Santo Atanásio.

A Enciclopédia Católica resume a sua vida contando-nos que ele nasceu por volta do ano 296 e morreu em 2 de maio de 373. Foi “o maior defensor da doutrina católica no tocante à Encarnação” e ganhou o título distintivo de “Pai da Ortodoxia”, reconhecido até os nossos dias.

A palavra “ortodoxia”, neste contexto, significa “reta doutrina”, destacando o empenho de Santo Atanásio em defender as doutrinas corretas da Igreja Católica.

O Papa Bento XVI refletiu sobre a sua vida e influência durante uma audiência geral de 2007.

“Este autêntico protagonista da tradição cristã, poucos anos depois da sua morte, foi celebrado como ‘a coluna da Igreja’ pelo grande teólogo e Bispo de Constantinopla Gregório Nazianzeno (Discursos 21, 26), e foi sempre considerado como um modelo de ortodoxia, tanto no Oriente como no Ocidente.

Portanto, não foi por acaso que Gian Lorenzo Bernini colocou uma sua estátua entre a dos quatro santos Doutores da Igreja oriental e ocidental juntamente com Ambrósio, João Crisóstomo e Agostinho, que, na maravilhosa abside da Basílica vaticana, circundam a Cátedra de São Pedro.

Atanásio foi, sem dúvida, um dos Padres da Igreja antiga mais importantes e venerados. Mas, sobretudo, este grande santo é o apaixonado teólogo da Encarnação do Logos, o Verbo de Deus, que, como diz o prólogo do quarto Evangelho, ‘se fez carne e veio habitar entre nós’ (Jo 1, 14)”.

Bento XVI também explicou o que estava no centro dos ensinamentos de Santo Atanásio e das batalhas teológicas da época.

“A ideia fundamental de toda a luta teológica de Santo Atanásio era precisamente a de que Deus é acessível. Não é um Deus secundário, é o Deus verdadeiro, e, através da nossa comunhão com Cristo, podemos unir-nos realmente a Deus. Ele tornou-se realmente ‘Deus conosco'”.

Santo Atanásio continua sendo uma figura importante na história da Igreja e é um santo em quem devemos buscar inspiração.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Mitos litúrgicos (9/16)

Basílica da Santo Agostinho em Roma | Presbíteros

Mitos litúrgicos

Mito 17: “Os fiéis podem rezar junto a doxologia e a oração da paz”

Não podem.

Diz o Código de Direito Canônico (Cânon 907) que “Na celebração Eucarística, não é lícito aos diáconos e leigos proferir as orações, especialmente a oração eucarística, ou executar as ações próprios do sacerdote celebrante.”

Também a Instrução Inaestimabile Donum (n.4) afirma: “Está reservado ao sacerdote, em virtude de sua ordenação, proclamar a Oração Eucarística, a qual por sua própria natureza é o ponto alto de toda a celebração. É portanto um abuso que algumas partes da Oração Eucarística sejam ditas pelo diácono, por um ministro subordinado ou pelos fiéis. Por outro lado isso não significa que a assembléia permanece passiva e inerte. Ela se une ao sacerdote através do silêncio e demonstra a sua participação nos vários momentos de intervenção providenciados para o curso da Oração Eucarística: as respostas no diálogo Prefácio, o Sanctus, a aclamação depois da Consagração, e o Amém final depois do Per Ipsum. O Per Ipsum ( por Cristo, com Cristo, em Cristo) por si mesmo é reservado somente ao sacerdote. Este Amém final deveria ser enfatizado sendo feito cantado, sendo que ele é o mais importante de toda a Missa.”

Tais orações são orações do sacerdote. De forma especial, a doxologia (“Por Cristo, com Cristo e em Cristo…”), que é momento onde o sacerdote oferece à Deus Pai o Santo Sacrifício de Nosso Senhor.

Mito 18: “O sacerdote usar casula é algo ultrapassado”

Não é.

A casula é o paramento sacerdotal próprio para o Santo Sacrifício da Missa. É o mais solene, varia de cor conforme a prescrição para a celebração em específico e vai sobre a alva e estola. Infelizmente, tem se tornado moda em muitos lugares que muitos sacerdotes celebrem usando apenas a alva e a estola, enquanto as casulas mofam nos armários.

A Instrução Geral do Missal Romano (n. 119) determina que o sacerdote utilize: amito, alva, estola, cíngulo e casula (amito e cíngulo podem ser dispensáveis, conforme o formato da alva).

A Instrução Redemptinis Sacramentum determina ainda que, sendo possível, inclusive os sacerdotes concelebrantes utilizem a casula (n. 124-126):

“No Missal Romano é facultativo que os sacerdotes que concelebram na Missa, exceto o celebrante principal (que sempre deve levar a casula da cor prescrita), possam omitir «a casula ou planeta, mas sempre usar a estola sobre a alva», quando haja uma justa causa, por exemplo o grande número de concelebrantes e a falta de ornamentos. Sem dúvida, no caso de que esta necessidade se possa prever, na medida do possível, providencie-se as referidas vestes. Os concelebrantes, a exceção do celebrante principal, podem também levar a casula de cor branca, em caso de necessidade. (…) Seja reprovado o abuso de que os sagrados ministros realizem a santa Missa, inclusive com a participação de só um assistente, sem usar as vestes sagradas ou só com a estola sobre a roupa monástica, ou o hábito comum dos religiosos, ou a roupa comum, contra o prescrito nos livros litúrgicos. Os Ordinários cuidem de que este tipo de abusos sejam corrigidos rapidamente e haja, em todas as igrejas e oratórios de sua jurisdição, um número adequado de vestes litúrgicos, confeccionadas de acordo com as normas.”

Embora haja para o Brasil a concessão de o sacerdote celebrar apenas utilizando alva e estola quando houver razões pastorais (ver comentário do Pe. Jesús Hortal, SJ, à respeito do cânon 929, no Código de Direito Canônico editado pela Loyola), de forma alguma pode-se dizer que o uso da casula é ultrapassado, como foi demonstrado acima.

 Fonte: https://presbiteros.org.br/

O Papa: JMJ, um evento de graça que ajuda os jovens a sonhar e olhar além

Capa do livro "Um longo caminho até Lisboa" (Bertrand Editora)

A Rádio Renascença publicou neste 2 de maio, o prefácio do Papa ao livro da jornalista portuguesa Aura Miguel "Um longo caminho até Lisboa" da Editora Bertrand que narra desde o início o percurso das Jornadas Mundiais da Juventude em vista do próximo encontro na capital de Portugal, em agosto. O texto em português estará disponível a partir de 4 de maio.

Papa Francisco

Ainda tenho nos olhos e no coração a imensa multidão de jovens que me acolheu no Rio de Janeiro, em julho, dez anos atrás. Aqueles percursos no papamóvel, desde a fortaleza militar onde pousava o helicóptero até o local dos encontros e celebrações em Copacabana, ficarão para sempre gravados em minha memória: o grande entusiasmo dos jovens que me jogavam bandeiras, bonés, camisetas, que me ofereciam um pouco de mate, que abraçavam o novo Bispo de Roma que vinha honrar um compromisso assumido pelo seu predecessor. Uma experiência inesquecível.

Para mim, como para Bento XVI, foi o mesmo: a primeira viagem internacional do nosso pontificado aconteceu por ocasião da Jornada Mundial da Juventude - no Rio de Janeiro no meu caso, e no caso do Papa Ratzinger, em 2005, em Colônia, ou seja, em sua terra natal. Ele também tinha apenas subido à cátedra de Pedro. Ambos fomos, por assim dizer, "colocados" na esteira daquilo que São João Paulo II havia inaugurado, seguindo uma intuição que lhe foi sugerida pelo Espírito Santo.

As JMJ foram e continuam sendo momentos fortes para a experiência de muitos adolescentes, de muitos jovens, e a inspiração inicial que moveu nosso amado Papa Wojtyla não falhou. Com efeito, a mudança de época que estamos vivendo de forma mais ou menos consciente representa um desafio, sobretudo para as novas gerações.

Os chamados “nativos digitais”, os jovens do nosso tempo, correm diariamente o risco de se isolarem, de viverem grande parte da sua existência no ambiente virtual, sendo vítimas de um mercado agressivo que induz a falsas necessidades. Com a pandemia de Covid e a experiência do confinamento, esses riscos aumentaram ainda mais. Sair de casa, viajar com os companheiros, viver fortes experiências de escuta e oração junto com momentos de festa, e fazer isso juntos, torna esses momentos preciosos para a vida de cada um.

Várias vezes convidei os jovens a não "balconar", isto é, a não ficarem na sacada vendo a vida passar como observadores que não se misturam, que não sujam as mãos, que colocam a tela de um celular ou de um computador entre eles e o resto do mundo. Já lhes disse várias vezes para não serem "jovens de sofá", para não se deixarem anestesiar por aqueles que têm todo o interesse em deixá-los atordoados e estonteados. A juventude é sonho, é abertura à realidade, é descoberta do que realmente vale na vida, é luta para conquistá-lo, é abertura a relações intensas e verdadeiras, é compromisso com os outros e pelos outros.

Padre Lorenzo Milani em sua experiência de educador repetia aquelas belas palavras: "Eu cuido", "eu me interesso, eu me importo com...". Hoje, depois da terrível experiência da pandemia, que dramaticamente nos confrontou com o fato de que não somos os donos de nossas vidas e de nosso destino, e que só podemos nos salvar juntos, o mundo mergulhou no vórtice da guerra e do rearmamento. Uma corrida pelo rearmamento que parece irrefreável e que corre o risco de nos levar à autodestruição. A guerra travada contra a martirizada Ucrânia, uma guerra sangrenta no coração da Europa cristã, é apenas uma das muitas peças daquela Terceira Guerra Mundial que infelizmente começou anos atrás. Muitas guerras continuam esquecidas, muitos conflitos, muitas violências indescritíveis continuam sendo perpetradas.

Como tudo isso questiona os jovens? A que são chamados, com as suas energias, as suas visões de futuro, o seu entusiasmo? São chamados a dizer "nós cuidamos", nos interessamos, nos importamos com o que acontece no mundo, com o sofrimento de quem sai de casa e corre o risco de nunca mais voltar, com o destino de muitos coetâneos que nasceram e cresceram em campos de refugiados, com a vida de muitos jovens que, para fugir de guerras e perseguições ou mesmo para tentar ganhar a vida, enfrentam a travessia do Mediterrâneo e morrem engolidos pelo abismo.

Interessamo-nos, importamo-nos com o destino de milhões de pessoas, de muitas crianças, que não têm água, comida, cuidados médicos, enquanto os governantes parecem competir para ver quem gasta mais em armamentos altamente sofisticados. Nos interessamos e nos importamos por quem sofre no silêncio de nossas cidades e precisa ser acolhido e escutado. Interessamo-nos​​ e nos importamos com o destino do planeta em que vivemos e que somos chamados a proteger para entregá-lo a quem virá depois de nós. Interessamo-nos ​​e nos importamos também com o ambiente digital em que vivemos imersos, e que somos desafiados a mudar e a tornar cada vez mais humano.

As Jornadas Mundiais da Juventude foram um antídoto ao "balconar", à anestesia que faz preferir o sofá, à indiferença. Elas envolveram, moveram, comoveram, desafiaram gerações de mulheres e homens. Claro, não basta viver uma experiência "forte" se depois ela não for cultivada, se não encontrar um terreno fértil para ser sustentada e acompanhada. A JMJ é um evento de graça que desperta, alarga o horizonte, fortalece as aspirações do coração, ajuda a sonhar, a olhar além. É uma semente plantada que pode dar bons frutos. Portanto, hoje precisamos de jovens atentos, desejosos de responder ao sonho de Deus, interessados ​​aos outros. Jovens que descobrem a alegria e a beleza de uma vida dedicada a Cristo no serviço aos outros, aos mais pobres, aos que sofrem.

Tudo isto me passava pela cabeça enquanto folheava as páginas  deste livro escrito por Aura Miguel, jornalista da Rádio Renascença, que viveu como repórter as Jornadas Mundiais da Juventude. Aliás, não, não todas. Como ela mesma me disse no avião que nos levava ao Rio de Janeiro em julho de 2013, ela tinha vivido todas menos a primeira, a realizada na Argentina, em Buenos Aires, em 1987. Respondi que aquela era a única da qual eu tinha participado.

No livro de Aura gosto da escolha de apresentar as JMJ inseridas em seu tempo, com a cronologia dos principais fatos que aconteceram no mundo e na Igreja. Também gosto muito que o cerne da história seja o que ela, como jornalista, como observadora e como fiel, permaneceu daquelas experiências: ter participado pessoalmente é incomparável com ter acompanhado à distância, mesmo lendo ou olhando tudo pela televisão.

Na mensagem para o Dia das Comunicações Sociais de 2021, convidei os jornalistas a gastarem as solas dos sapatos, porque toda boa comunicação, toda informação verdadeira se baseia no encontro pessoal com a realidade, com as situações, com as pessoas. Aura o fez, e a maneira como ela nos retribui essas experiências é inestimável. A função do jornalista não é a de quem observa de fora o que acontece e apenas analisa assepticamente. Quem comunica e informa deixa-se impressionar pela realidade que encontra e por isso consegue contá-la, apaixonando os seus ouvintes e leitores. Só quem se deixou apaixonar e emocionar faz apaixonar e comover quem escuta e quem lê.

Desejo a todos os leitores do livro que descubram ou redescubram através destas páginas a beleza e a riqueza da experiência das Jornadas Mundiais da Juventude, e vivam com alegria e gratidão ao Senhor a de 2023 que se realizará em Lisboa. A primeira que Aura Miguel poderá acompanhar sem ter de viajar pelo mundo, porque passadas tantas décadas, terá lugar no seu país e na sua cidade.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF