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quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Ídolos

Apologética
Veritatis Splendor
  • Autor: Ewerton Wagner Santos Caetano

Idolatria: acreditar em vários deuses iguais a Deus, dignos do mesmo culto que Deus.

Há apenas um Deus, um único fundamento de todas as coisas, absolutamente simples, transcendente, fora de qualquer gênero ou classificação (cf. Deuteronômio 6,4).

Na prática, a idolatria transfere para a criatura aquilo que é devido a Deus. O idólatra faz de um falso deus a sua razão de existir e sua esperança última.

O falso deus pode ser algo efetivamente existente ou um ideal na mente do idólatra.

Geralmente esse ideal é representado por um objeto físico através do qual o idólatra se dirige ao falso deus. Esse objeto é, estritamente falando, o ídolo.

O ídolo, na mente do idólatra, pode de algum modo conter ou controlar o falso deus. O culto idolátrico procura, através de sacrifícios, apaziguar e atrair a benevolência do falso deus para obtenção de algum benefício material ou espiritual.

Por outro lado, em sentido amplo, a idolatria pode significar a escolha de algum bem finito no lugar do Criador. Por exemplo, existe a idolatria do dinheiro, ou seja, a idolatria do poder de conquista de bens materiais (cf. Mateus 6,24).

Essa forma de idolatria é mais comum e especialmente tolerada em sociedades materialistas.

Outros ídolos: fama, poder político, o próprio país, algum indivíduo sobre o qual se projetam crenças e desejos impossíveis, o corpo saudável e belo, o conforto e o prazer, um futuro utópico em nome do qual se justificam os maiores crimes no presente.

O CULTO CATÓLICO AOS SANTOS E À SANTA VIRGEM

  • “Jesus lhes respondeu: ‘Não está escrito em vossa Lei: Eu disse: sois deuses? Se ela chama de deuses aqueles aos quais a palavra de deus foi dirigida – e a Escritura não pode ser anulada – àquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo dizeis: ‘Blasfemas!’, porque disse: ‘Sou Filho de Deus!’’” (João 10,34-36).

A Igreja afirma que, em Cristo e pela ação do Espírito, somos todos chamados a ser participantes da vida divina:

  • “Pois que o seu divino poder nos deu todas as condições necessárias para a vida e para a piedade, mediante o conhecimento daquele que nos chamou pela sua própria glória e virtude. Por elas nos foram dadas as preciosas e grandíssimas promessas, a fim de que assim vos tornásseis participantes da natureza divina, depois de vos libertardes da corrupção que prevalece no mundo como resultado da concupiscência” (2Pedro 1,3-4).

Os santos são aqueles que alcançaram essa meta. Podemos dizer que os santos são “deiformes” por estarem perfeitamente unidos a Deus:

  • “Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim: a fim de que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que me deste para que sejam um, como nós somos um: Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que me enviaste e os amaste como amaste a mim. Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estou, também eles estejam comigo, para que contemplem minha glória, que me deste, porque me amaste antes da fundação do mundo” (João 17,20-24).

Mas os santos não são “divinos” por essência ou natureza. Seguem sendo apenas criaturas.

Essa “deificação”, de fato, não os torna “iguais” a Deus. Os santos dependem de Deus quanto ao ser e quanto ao seu poder de ação no mundo.

O culto que se dá aos santos, portanto, não é, de modo algum, o mesmo culto que é dado a Deus (cf. Apocalipse 22,8s).

A Igreja distingue: o culto a Deus é absoluto e último. Apenas Deus é Deus. A Ele damos tudo e sacrificamos tudo. Só Ele merece a verdadeira adoração (“latria”).

Já o culto aos santos é inteiramente relativo a Deus, que é fonte de sua bondade e santidade. A eles prestamos reverência, damos o justo louvor e pedimos seu auxílio em nossas necessidades, já que são intercessores queridos por um Deus que aprecia o uso de instrumentos para causar o bem (cf. Lucas 10,16).

A veneração dos santos é denominada “dulia” na teologia católica.

A distinção entre “latria” e “dulia” é absoluta no catolicismo.

Aos santos propriamente não damos todo o nosso ser nem tudo o que temos em sacrifício, embora seja justo, no caso particular da Santíssima Virgem, oferecer tudo a Deus por meio dela, já que Ele o fez por nós do mesmo modo (cf. Gálatas 4,4).

Aliás, a Santíssima Virgem é um caso particular de dulia. Ela é digna da dulia máxima, hiperdulia, ou seja, ela está, sozinha, acima de todos os anjos e santos, unida estreitamente a cada pessoa da Santíssima Trindade (cf. Lucas 1,27-38).

Ainda assim, a Santíssima Virgem é um grão infinitesimal e invisível diante da glória da Trindade.

Portanto, na doutrina católica sobre o culto aos santos, aos anjos e à Santíssima Virgem, não há o menor traço do pecado de idolatria apontado pelos protestantes.

Por outro lado, cabe especialmente aos pastores (padres, bispos) orientar os fiéis para que tenham sempre em mente em seus atos de piedade e devoção aos santos que eles, os santos, são meros instrumentos de Deus, que eles não substituem a Deus e que a alegria deles é ajudar as almas a alcançarem a Vida Eterna em Deus.

  • “Quem a Deus tem, nada lhe falta, pois só Deus basta” (Santa Teresa de Ávila).
Veritatis Splendor

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF