Translate

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Os católicos fazem um “jejum da Natividade” antes do Natal?

Mehes Daniel | Shutterstock

Philip Kosloski - Paulo Teixeira - publicado em 02/12/25

Os católicos orientais e a maioria dos cristãos ortodoxos celebram um "jejum da Natividade", observando certas regras de jejum em preparação para a festa do Natal.

Embora muitos estejam familiarizados com as regras de jejum durante o período penitencial da Quaresma, poucos sabem que, historicamente, o Advento também era um tempo de jejum antes da grande festa do Natal.

As tradições de jejum que antecedem o Natal sofreram muitas mudanças ao longo dos séculos, mas os católicos orientais e os cristãos ortodoxos continuam a seguir um conjunto de regras que lhes foram transmitidas.

Jejum do Natal

A partir do século VIII, os cristãos orientais intensificaram os preparativos para o Natal. Eles acreditavam firmemente na antiga máxima: "jejue antes de festejar", e seguiam o exemplo de Cristo, jejuando por 40 dias no deserto antes de iniciar seu ministério público.

Para se prepararem adequadamente para a gloriosa celebração do Natal em 25 de dezembro, eles jejuaram por 40 dias, começando em 15 de novembro e terminando na véspera de Natal. Ao contrário da observação atual da Quaresma no Ocidente (em que os domingos são isentos de jejum), o jejum oriental inclui os domingos. Também é chamado de "o rápido de Felipe" pois começa depois da Festa de São Felipe Apóstolo no calendário bizantino.

De um modo geral, eles evitam carne, laticínios, peixe, vinho e óleo durante esse período, embora as regras do jejum tendem a variar de acordo com cada igreja.

Quaresma de São Martinho

Curiosamente, os católicos romanos tinham um jejum semelhante que começava por volta da festa de São Martinho, em 11 de novembro. Era chamado de "Quaresma de São Martinho", pois era visto de forma similar à Quaresma.

No entanto, não se tratava de um jejum diário, mas apenas observado às segundas, quartas e sextas-feiras. Era um jejum rigoroso, semelhante ao da Sexta-feira Santa e da Quarta-feira de Cinzas.

Da mesma forma que os católicos eram antigamente orientados a se abster de carne durante toda a Quaresma, a mesma regra se aplicava no período que antecede o Natal.

Esse jejum na Igreja Católica Romana desapareceu gradualmente e, no século XX, o único tipo de jejum que permaneceu foi a abstinência de carne às sextas-feiras.

Os católicos romanos não têm obrigação de jejuar e abster-se de carne durante o Advento ou a partir do Dia de São Martinho, mas alguns católicos tentaram reviver essa tradição na esperança de preparar tanto o corpo quanto a alma para a celebração do nascimento de Cristo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/12/02/os-catolicos-fazem-um-jejum-da-natividade-antes-do-natal/

Advento, o instante de Deus

Advento (Ponto SJ)

ADVENTO, O INSTANTE DE DEUS

02/12/2025

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

A Palavra foi pronunciada antes do próprio tempo. Ela pulsa no instante inaugural em que “no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por meio dele, e sem Ele nada do que existe veio a ser” (Jo 1,1-3). 

O silêncio compactado que precedeu o primeiro lampejo do universo era o Verbo, o Logos eterno, respirando no ventre do ainda não-tempo; e, quando a luz irrompeu, foi o eco visível daquela Palavra primordial que, como um poema originou o cosmos. Desde então, toda a realidade segue na mesma melodia. 

As forças da gravidade, eletromagnetismo, interações nucleares que sustentam a criação, são os modos discretos com que o Verbo mantém o mundo coeso. A gravidade que faz as estrelas se abraçarem na imensidão, é o gesto silencioso de sua fidelidade. O eletromagnetismo, que organiza o movimento dos átomos e permite que cada forma exista, é a ternura matemática de sua mão. 

A força nuclear forte, que resiste ao caos dentro dos núcleos, revela sua persistência, e a força nuclear fraca, que permite ao sol acender-se sem violência, é o suspiro de um Deus que brilha sem ferir. 

Esses movimentos, que parecem arbitrários, revelam-se profundamente proporcionados, pois o Logos escreve o real como quem segue a curva de uma espiral áurea. 

O Verbo, que sustentou galáxias, navega no interior das células, escrevendo no DNA o poema silencioso da vida com quatro letras que se repetem desde o princípio. Na ambiguidade quântica, onde partículas surgem e recuam em frações de mistério, há uma lembrança de que toda existência repousa na liberdade do Logos. 

Quando a vida se organiza em pétalas, nervuras, flocos, ciclones, turbilhões, ela invariavelmente segue a lógica da espiral áurea, como se a criação inteira obedecesse a um sopro antigo que ordena o caos com rigorosa delicadeza. 

Cada vibração da matéria, da onda de luz, do campo energético é ressonância dessa Palavra que dá forma e proporção. 

Não por acaso tantos cientistas descrevem o universo como música, pois o Verbo, que estava no princípio, é também a melodia que retine nos alicerces do real, e sua partitura parece seguir o ritmo secreto do mesmo princípio geométrico com que Deus moldou o mundo.  

O poeta vê no céu estrelado uma frase interrompida; o místico percebe no silêncio uma sintaxe secreta; a fé reconhece que o mundo inteiro é uma metáfora sustentada por uma única Palavra. A fé é a gramática invisível que une o cósmico ao íntimo, o infinito ao cotidiano. E, como toda arte verdadeira, ela percebe que o belo não é um capricho, é proporção. 

É aquele equilíbrio misterioso que faz com que o todo seja maior do que a soma das partes, como acontece na proporção áurea, onde cada segmento guarda relação viva com o todo. Assim também Deus abarca o grande e o pequeno, o eterno e o breve, o universal e o pessoal.  

Advento é o tempo em que essa harmonia se manifesta com nitidez. É quando o céu e a terra respiram juntos, quando a poesia se curva diante do mistério e a fé se ergue com a leveza de quem espera o que já pressente. 

O Logos, que ordena galáxias, também sustenta corações, pois a alma foi moldada segundo uma razão áurea interior, uma harmonia que permite suportar o peso da vida sem perder a leveza da fé.  

E então, no ápice dessa linguagem que une estrelas e flores, o Verbo se faz carne e o Autor entra na própria narrativa. O Logos, que estava com Deus desde o princípio e por quem tudo foi feito, escolhe viver no tempo.  

Ele, que arquitetou nebulosas em espirais grandiosas, agora se enrosca na espiral minúscula do ventre de Maria, realizando o gesto mais audacioso de toda a história.  

A Encarnação é a versão mais radical da proporção áurea, onde o infinito e o finito se relacionam de modo perfeito, sem ruptura, sem violência, sem perda. Aquele que moldou o mundo segundo a harmonia repousa no ritmo deste próprio mundo. 

O Advento é o instante de Deus. Um instante que, momentos antes dispersos nas estrelas, nos átomos e nos profetas, condensa-se num único rosto.  

A música do cosmos encontra sua melodia. A lógica do universo a sua gramática. Toda a beleza matemática encontra sua figura.  

O logos que ordenou o ser habita entre nós, e a vastidão do universo se recolhe na fragilidade de Belém. A Palavra eterna, ainda silenciosa na manjedoura, diz mais do que todas as frases pronunciadas desde o início do mundo. 

Assim, da primeira expansão de luz ao último suspiro de esperança, o universo inteiro se inclina em direção ao mesmo sentido e a criação insinua que o Verbo que estava no princípio é o mesmo, e sua Palavra atravessa as eras para sussurrar ao mundo que ainda vale a pena esperar, pois Ele vem!

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Como uma ilha remota na Indonésia forma centenas de padres para o mundo

Seminaristas no Seminário Maior São Paulo, na ilha indonésia de Flores | Seminário Maior São Paulo, Flores, Indonésia

Por Bryan Lawrence Gonsalves

1 de dez de 2025 às 12:32

Cerca de 800 km a leste de Bali fica a ilha de Flores, um centro vocacional que fornece seminaristas não só para a Indonésia, mas também para comunidades católicas em todo o mundo. O catolicismo chegou lá no século XVI, quando comerciantes portugueses de especiarias levaram missionários para a ilha montanhosa e acidentada. Atualmente, a fé está profundamente enraizada e mais de 80% dos 2 milhões de habitantes da ilha são católicos.

Flores abriga vários seminários, a maioria concentrada em torno de Maumere, na costa norte da ilha. Congregações religiosas, incluindo a Sociedade do Verbo Divino (SVD), os Padres Somascos, os Rogacionistas, os Vocacionistas e os Carmelitas, têm seminários lá, criando uma densa rede de formação vocacional raramente encontrada em outros lugares da Ásia.

Natural de Flores, o arcebispo de Ende, Indonésia, dom Paulus Budi Kleden, SVD, enfatizou a importância da ilha não apenas para a Igreja indonésia, mas também para dioceses e congregações religiosas em todo o mundo.

“Muitos dos ex-alunos desses seminários estão trabalhando fora do país”, disse, destacando a contribuição da ilha para o clero global. Um próspero sistema de seminários menores também alimenta esse fluxo, que atualmente conta com 650 alunos matriculados no ensino fundamental e médio.

“Depois que os alunos concluem a escola, eles podem optar por dioceses ou diferentes congregações”, disse Kleden. “Não limitamos suas escolhas.”

Uma instituição notável em Flores é o Seminário Maior São Paulo, situado no topo da colina de Ledalero e fundado em 1937 pelos missionários do Verbo Divino. Começou com noviços SVD, mas logo acolheu jovens locais chamados ao sacerdócio, bem como estudantes de outras ordens religiosas. O seminário já formou quase 1,5 mil padres missionários SVD, com cerca de 500 servindo em mais de 70 países em todo o mundo.

Seminaristas do Seminário Maior São Paulo, na ilha de Flores, Indonésia, se unem em uma atividade noturna em grupo. Seminário Maior São Paulo

Em Ledalero, os seminaristas estudam Filosofia por quatro anos, seguidos por dois anos de Teologia, e completam um a dois anos de serviço pastoral antes da ordenação. Aqueles que discernem que o sacerdócio não é sua vocação podem deixar o programa a qualquer momento e obter um diploma de bacharelado na vizinha Escola Católica de Filosofia de Ledalero.

Segundo o padre Sefrianus Juhani, SVD, professor do Seminário Maior São Paulo, as vocações religiosas continuam “bastante dinâmicas”. Ele disse que o número anual de admissões depois do noviciado quase nunca cai abaixo de 50, o que vê como prova de que o espírito vocacional ainda está muito vivo na Indonésia, apesar dos desafios culturais e sociais.

A quantidade, porém, nunca é a prioridade do seminário. Juhani enfatizou que a formação em Ledalero visa formar homens emocionalmente maduros, disciplinados e espiritualmente fundamentados — padres honestos e apaixonados, prontos para servir, não para buscar fama ou status social. O caminho é longo e exigente, admitiu, “mas o objetivo nunca muda”.

Juhani apontou o mundo digital como um grande desafio para os seminaristas. “Nossos seminaristas vivem em um ambiente de informação acelerado”, disse. “Muitas vezes, esse ambiente propaga desinformação, notícias falsas e uma mentalidade míope”. Ele acredita que tais influências tornam mais difícil para os jovens cultivarem o silêncio e a reflexão, essenciais para o crescimento espiritual.

Para proteger esse espaço interior, o seminário impõe limites rígidos ao uso de aparelhos eletrônicos, com Wi-Fi disponível apenas durante certos horários — uma política criada para ensinar autorregulação e foco espiritual. “Alguns tentam burlar as regras”, admitiu Juhani, “mas vemos isso como parte da formação de caráter e da responsabilidade pessoal deles”.

As finanças representam outro desafio. Com mais de 320 seminaristas, os recursos são frequentemente escassos. Os padres e irmãos contribuem com tudo o que ganham, desde o ensino até pequenos projetos agrícolas, enquanto as famílias apoiam o seminário da maneira que podem.

Mesmo assim, os recursos raramente atendem às necessidades. Embora os seminaristas recebam uma bolsa mensal, eles ainda precisam administrar suas próprias finanças e, se acham que precisam de mais, trabalham nos campos para conseguir. Para desenvolver a autossuficiência econômica, a comunidade cultiva suas próprias hortas e cria porcos e galinhas para alimentação.

Os seminaristas vêm de uma ampla variedade de origens familiares. “Alguns vêm de famílias abastadas, outros de famílias humildes”, disse Juhani. Alguns cresceram como filhos únicos, outros entre muitos irmãos.

Essa diversidade, disse, enriquece ativamente a formação sacerdotal. Viver e estudar juntos ensina os seminaristas a construírem uma “irmandade intercultural, interlinguística e interpessoal”, uma solidariedade que se torna central para sua identidade sacerdotal.

Um seminarista realiza atividades pastorais em uma escola local na ilha de Flores, Indonésia. Seminário Maior São Paulo

A vida cotidiana em Ledalero segue um ritmo disciplinado de oração, estudo e trabalho. As manhãs começam com meditação e missa, antes de passar para palestras, trabalhos escritos e trabalho manual que incutem “responsabilidade, trabalho em equipe e humildade”. Os seminaristas preparam suas próprias refeições e passam as noites participando do coro, oficinas de redação e clubes culturais, desenvolvendo a confiança, a criatividade e as habilidades sociais essenciais para o futuro trabalho pastoral.

Nos fins de semana, os seminaristas vão a uma comunidade mais ampla — orientando jovens, hospedando-se com famílias da aldeia, visitando prisioneiros e pacientes que vivem com HIV.

A formação deles não se limita às salas de aula. Quando o Monte Lewotobi entrou em erupção em julho e novamente em outubro, os alunos de Ledalero estavam no local, ajudando nos esforços de evacuação e socorro. Esses encontros, disse Juhani, têm como objetivo cultivar um espírito de serviço e solidariedade, colocando os seminaristas junto com as pessoas que eles esperam servir nos próximos anos.

Seminaristas ajudam vítimas da erupção do Monte Lewotobi na ilha de Flores em julho de 2025. Seminário Maior São Paulo

“Ledalero não é apenas um lugar para aprender Teologia, mas uma escola de vida”, disse Juhani. A vida comunitária simples, fraterna e curiosa tornou Ledalero um centro de formação vivo e pulsante na Indonésia.

Todos os anos, novos jovens chegam com histórias diferentes, sonhos diferentes e o mesmo desejo de servir a algo maior do que eles próprios. Nas suas orações matinais, nos seus longos dias de estudo e nas suas refeições partilhadas, cozinhadas em fogões simples, eles levam adiante uma vocação que se recusa a desaparecer.

*Bryan Lawrence Gonsalves é um apologista e ensaísta nascido nos Emirados Árabes Unidos, que atualmente vive na Lituânia. Seu trabalho se concentra na doutrina social católica, teologia, dignidade humana e questões sociais contemporâneas.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/65713/como-uma-ilha-remota-na-indonesia-forma-centenas-de-padres-para-o-mundo

VATICANO: A Igreja, um sinal de esperança e paz

Cardeal Crescenzio Sepe | 30Giorni.

VATICANO

Arquivo 30Dias nº 03 - 2002

PROPAGANDA FIDE. Um artigo do Cardeal Prefeito

A Igreja, um sinal de esperança e paz

"A missão também se cumpre desta forma. A paz, para os cristãos, não é apenas um sinal, mas uma consequência viva da Proclamação." Algumas reflexões do Cardeal Crescenzio Sepe após suas viagens à África e à Ásia, as primeiras à frente da Congregação para a Evangelização dos Povos.

por Cardeal Crescenzio Sepe

A Missão na África

Quando falamos da África, a primeira palavra, o primeiro sentimento que surge espontaneamente é o de esperança: quantas vezes, diante da natureza dramática de diversas situações, mesmo dentro de nossas comunidades eclesiais, a desconfiança se instalou, a resignação prevaleceu. Hoje, nenhum problema desapareceu. Mas a esperança não só sobrevive, como vive, e vive uma vida nova e mais intensa, com mais razões a seu favor. Podemos ver isso como um teste decisivo para a atividade e a presença da Igreja na África.

Pois se a esperança aumenta, significa que a Igreja está viva e atuante. Ela cumpre seu mandato missionário e responde ao chamado que o Papa reiterou na Novo millennio ineunte : "Tenho repetido várias vezes nos últimos anos o apelo a uma nova evangelização. Reitero-o agora, sobretudo para enfatizar que devemos reacender em nós o ímpeto de nossas origens, deixando-nos imbuir do ardor da pregação apostólica que se seguiu ao Pentecostes. Devemos reviver em nós o sentimento ardente de Paulo, que exclamou: 'Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!' ( 1 Cor 9,16).

Em vez de monitorar a situação de tempos em tempos, creio que é importante sempre partir – ou recomeçar – dessas necessidades. No campo missionário, as situações consolidadas não podem permanecer: há sempre algo a esperar, mesmo quando os 'resultados' parecem satisfatórios, e há sempre algo a alimentar a esperança, mesmo diante de tragédias iminentes.

O desenvolvimento da mídia de massa 'missionária' na África experimentou um desenvolvimento verdadeiramente significativo no campo da mídia nos últimos dez anos. Sessenta novas emissoras surgiram, graças também à liberalização das frequências, enquanto duas novas estações de televisão católicas estão sendo construídas: uma na arquidiocese de Kinshasa, na República Democrática do Congo, e a outra em Lusaka, na Zâmbia. Esses centros são financiados por diversas agências católicas e, em particular, pela Missio-Aachen, e o Comitê de Intervenções Caritativas da Conferência Episcopal Italiana permitem que o Evangelho chegue a todos os lugares: escritórios, lares e até pequenas aldeias. Cabe acrescentar que, nesse campo, há um aumento constante no número de estudantes enviados ao exterior para formação em mídia. Ao retornarem aos seus países de origem, tornam-se, por sua vez, educadores na área. Mas, ao lado do crescimento da mídia tradicional, o desenvolvimento de novas tecnologias não deve ser negligenciado. 

A internet já é uma realidade em muitos países africanos e, especialmente entre os jovens, está se tornando um meio de comunicação cada vez mais importante. Os sites católicos já são numerosos. Gostaria de acrescentar, porém, que muitos projetos ainda estão em andamento, como a colaboração, viabilizada por iniciativa do nosso Dicastério, entre a Igreja Francesa e algumas Igrejas da África Ocidental. Recentemente, tive a oportunidade de falar sobre esses projetos aos bispos do Cerao (Conferência Episcopal Regional da África Ocidental Francófona) durante minha viagem a Abidjan, na Costa do Marfim.

Diálogo com o Islã na África após o 11 de setembro

O desenvolvimento da mídia também faz parte da busca por um diálogo cada vez mais intenso e eficaz com outras religiões, especialmente com o Islã, na África. Os eventos de 11 de setembro, com sua brutalidade e a ameaça real que representaram e continuam a representar para a paz mundial, só podem tornar ainda mais urgente a busca e o aprofundamento de valores compartilhados capazes de mostrar a todos o caminho para a coexistência pacífica e a rejeição de qualquer forma de violência, a começar pelo terrorismo.

As relações entre cristãos e muçulmanos na África — ainda mais após o 11 de setembro — representam também um marco no encontro realizado no início do ano em Assis.

Um jovem estuda catecismo na paróquia de São José, em Ngagara, na missão de Bujumbura, no Burundi | 30Giorni.

Situação da Igreja na Índia e no Sri Lanka

Levando em conta as vastas diferenças de realidade, cultura, tradições e até mesmo a diversidade de perspectivas, posso responder como fiz na África: o caminho da Igreja é sempre a esperança trazida e concretizada por Cristo e, portanto, também aqui, a situação nunca pode ser estável e deve ser vista como um compromisso em andamento . 

Um compromisso, convém acrescentar, particularmente delicado e difícil porque sabemos bem que, ao longo desse caminho, os cristãos ainda podem ser chamados a provar que são perseguidos. Isso aconteceu com a Igreja Católica, mas não só. Irmãos e irmãs protestantes, membros de outras denominações cristãs, também caíram em um ecumenismo fortalecido e unido pelo derramamento de sangue .

Quando se olha para o Extremo Oriente, os desafios que a Igreja é chamada a enfrentar são vastos e múltiplos. Existem situações extremas, mas o terreno fértil para a atuação, mesmo onde conflitos e tensões parecem prevalecer, é propício, inclusive na esfera social. A Igreja é chamada a ser um sinal de esperança e paz em todos os cantos da Terra.
A missão também se cumpre desta forma. A paz, para os cristãos, não é apenas um sinal, mas uma consequência viva da Proclamação. Os ecos da

Carta do Papa sobre Matteo Ricci foram vastos e significativos. Refiro-me aos da China, mas, neste caso, devemos avaliar o significado global que a carta do Papa teve para toda a realidade missionária. A China sempre nos coloca diante da prioridade permanente da missão, que é a Proclamação, como afirma o Santo Padre na Redemptoris Missio : "A Igreja não pode se esquivar do mandato explícito de Cristo; não pode privar os homens da Boa Nova".

Este é o caminho que devemos seguir, mesmo sabendo que a tarefa que temos pela frente é particularmente exigente e, eu diria, audaciosa. Mas no caminho da missão, não há atalhos, nenhum objetivo deve ser considerado inatingível. O caminho indicado por Matteo Ricci continua válido e relevante. É, acima de tudo, o caminho da Providência, o caminho que abre todas as portas. Ontem como hoje. 

Cardeal Crescenzio Sepe

Fonte: https://www.30giorni.it/

EDITORIAL: A esperança para o Líbano e para o mundo

Papa Leão XIV em visita ao Líbano (Vatican Media)

A esperança para o Líbano e para o mundo.

Andrea Tornielli

A convivência possível entre quem professa diferentes credos e uma fraternidade que ultrapassa as barreiras étnicas e as divisões ideológicas: é isso que o martirizado Líbano, “País mensagem”, continua a indicar ao mundo como possibilidade concreta e como caminho para a paz. A esse Líbano, e à sua esperança testemunhada nos jovens que não se rendem à guerra e ao ódio, o Papa Leão indicou o caminho para construir o futuro. Quando tomou a palavra, diante de milhares de jovens reunidos na sede do Patriarcado de Antioquia dos Maronitas, no final de um intenso dia de encontros, o Sucessor de Pedro lhes disse: “vocês têm esperança! Vocês têm tempo! Vocês têm mais tempo para sonhar, planejar e fazer o bem. Vocês são o presente e, nas suas mãos, já está se construindo o futuro! Vocês têm o entusiasmo para mudar o curso da história! A verdadeira resistência ao mal não é o mal, mas o amor, o amor capaz de curar as próprias feridas, enquanto se curam as dos outros”.

Desse amor gratuito, capaz de curar as feridas dos outros porque nas feridas dos outros vemos as nossas feridas e, sobretudo, porque reconhecemos em quem sofre o rosto de Deus, alguns dos presentes tinham falado pouco antes em seus comoventes testemunhos. Como naquele de Elie, que depois de tantos sacrifícios para economizar e poder estudar viu seus projetos desaparecerem devido ao colapso da economia do país, que lhe fez perder tudo. No entanto, decidiu não emigrar: “como eu poderia partir enquanto meu país sofre?”.

Como o comovente testemunho de Joelle, que em um encontro de oração em Taizé encontrou uma jovem da sua idade, Asil, libanesa como ela, mas de fé muçulmana, que vivia no sul do Líbano. Quando a aldeia de Asil foi bombardeada por ataques israelenses, ela recorreu a Joelle porque sua família não sabia para onde ir. Joelle e sua mãe os acolheram: “a diferença de religião nunca foi um obstáculo... Vivemos uma profunda harmonia... Compreendi uma verdade essencial: Deus não habita apenas entre as paredes de uma igreja ou de uma mesquita. Deus se manifesta quando corações diferentes se encontram e se amam como irmãos”. Depois dela, Roukaya, a mãe de Asil, tomou a palavra: “a mãe de Joelle abriu-me a porta de sua casa e me disse: esta é a sua casa. Não me perguntou quem eu era, de onde vinha, nem em que acreditava... Compreendi que a religião não se diz: se vive, num amor que ultrapassa todas as fronteiras”.

O que tornou tudo isso possível? O que tornou possível o que o Líbano foi e quer continuar a ser? O Papa Leão indicou um fundamento que “não pode ser uma ideia, um contrato ou um princípio moral”. O verdadeiro princípio da vida nova e reconciliada “é a esperança que vem do alto: é Cristo! Ele morreu e ressuscitou para a salvação de todos. Ele é Aquele que vive, o fundamento da nossa confiança; Ele é a testemunha da misericórdia que redime o mundo de todo o mal”.

Esta primeira viagem de Leão XIV, que termina hoje, terça-feira, 2 de dezembro, com o regresso a Roma, faz compreender o significado das palavras pronunciadas no dia seguinte à eleição, quando o novo Bispo de Roma disse que quem quer que exerça um ministério de autoridade na Igreja deve “desaparecer para que Cristo permaneça”. Palavras aplicáveis a quem quer que anuncie o Evangelho. Aos líderes das outras confissões cristãs e aos líderes muçulmanos das diferentes tradições que compõem o mosaico religioso libanês, o Papa lembrou que esta terra foi testemunha de alguns episódios da vida pública de Jesus e, em particular, citou o da mulher cananeia e sua fé ao pedir a cura de sua filha: “esta terra significa mais do que um simples lugar de encontro entre Jesus e uma mãe implorante: torna-se um lugar onde a humildade, a confiança e a perseverança superam todas as barreiras e encontram o amor infinito de Deus, que abraça cada coração humano”.

Desaparecer para que Cristo permaneça não significa, então, refugiar-se no intimismo, construir comunidades fechadas de “perfeitos”, nem perseguir sonhos de poder e grandeza, confiando nos números e esquecendo a lógica de Deus que se manifesta na pequenez. Desaparecer para que Cristo permaneça significa tornar-se, apesar da nossa inadequação, um instrumento daquele amor infinito de Deus que abraça todos os corações humanos, sem distinções, inclinando-se sobre os últimos, os oprimidos, os sofredores. Como testemunharam os jovens libaneses diante do Sucessor de Pedro, que veio para encorajá-los.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Esses são os 6 tipos de pão mais saudáveis para comprar, de acordo com nutricionistas

Veja o que considerar na hora de comprar um pão verdadeiramente saudável (Créditos: Shutterstock)

Esses são os 6 tipos de pão mais saudáveis para comprar, de acordo com nutricionistas

Publicado em 29/11/2025 às 17:01

Por Adriana Douglas

Antes de comprar um pão no mercado, especialistas recomendam ler o rótulo para garantir que o produto seja realmente saudável

Não é de hoje que a prateleira do supermercado está cheia de pães que prometem ser nutritivos e cheios de benefícios para a saúde. Mas a verdade é que muitos deles escondem excesso de sódio, açúcar e aditivos que passam longe da proposta saudável.

Por isso, antes de confiar em frases chamativas na embalagem, nutricionistas recomendam olhar para onde realmente importa: a lista de ingredientes e a tabela nutricional do produto. Só que, diante dessas informações, o que é preciso considerar para saber se o pão é realmente bom ou não?

Afinal, como saber se um pão é saudável?

Na verdade, você precisa saber que não existe uma definição oficial do que seria um “pão saudável”. Para especialistas, esse conceito varia de acordo com as necessidades de cada pessoa. Ainda assim, algumas regras gerais ajudam a fazer escolhas melhores e a primeira delas é simples: prefira pães feitos com grãos integrais.

Em geral, os pães integrais oferecem um “pacote” de nutrientes importantes, incluindo minerais como zinco, manganês, ferro e selênio, além de vitaminas. Eles também costumam ter mais fibras e proteínas, o que prolonga a sensação de saciedade.

Outras verificações essenciais envolvem ainda o teor de sódio e a quantidade de açúcar: quanto menos, melhor. De acordo com especialistas, a recomendação é buscar opções com até 2 a 3 gramas de açúcar por fatia e evitar rótulos com sódio muito elevado.

E para quem tem restrições, como intolerância ao glúten ou doença celíaca, a escolha do pão certo deve ser ainda mais estratégica – sempre optando por versões realmente livres de glúten.
Depois de testar mais de 150 tipos de pães, nutricionistas destacaram seis categorias que, de maneira geral, representam escolhas mais equilibradas no dia a dia. A lista engloba tanto opções clássicas quanto alternativas mais diferentonas. A seguir, veja quais são os pães considerados mais saudáveis do mercado:

1. Pão integral tradicional

Feito com farinha de grão integral, ele reúne vitaminas, minerais e fibras que ajudam na digestão e mantêm a saciedade por mais tempo. Mas aqui vale um alerta: o pão só é integral de verdade quando o primeiro ingrediente é classificado como integral (por exemplo, farinha de trigo integral, centeio integral, aveia integral).

2. Pão artesanal

Com fórmula simples, o pão artesanal tende a ter uma textura mais rústica, sabor mais intenso e uma boa quantidade de fibras. É uma opção mais “limpa” em comparação aos pães ultraprocessados e, geralmente, preparada no próprio estabelecimento.

3. Pão de grãos germinados

Segundo nutricionistas, os pães feitos com grãos germinados costumam ter mais proteínas e fibras do que os tradicionais. A leve doçura natural da massa também combina bem com diferentes recheios.

4. Pão integral com uvas-passas

É uma boa pedida para quem gosta de um toque adocicado sem exageros. Quando tostado, vira um café da manhã rápido e especial. Porém, não é um pão tão fácil de ser encontrado em supermercados – normalmente, é mais comum em padarias artesanais.

5. Pão de centeio

Rico em proteínas e com sabor marcante, o pão de centeio é perfeito para sanduíches mais robustos. O tradicional aroma de sementes de cominho acrescenta um toque levemente amendoado e aromático à massa. É conhecido por seu alto teor de fibras e cor escura.

6. Pão integral com baixo teor de sódio

O pão pode ser uma fonte inesperada de sódio e, quando consumido em excesso, esse mineral está ligado à hipertensão e outros problemas. Portanto, versões integrais com menos sal equilibram melhor nutrição e sabor.

No fim, o pão “mais saudável” é aquele que se encaixa no seu estilo de vida, nas suas preferências e no que você realmente vai consumir no dia a dia. A boa notícia é que existe um tipo ideal para cada rotina.

Leão XIV: Líbano, aqui a paz é um desejo e uma vocação

Papa Leão XIV - Encontro com as Autoridades (Vatican Media)

Em seu discurso às autoridades libanesas, o Papa ressaltou que "o compromisso e o amor pela paz não conhecem o medo diante das aparentes derrotas, nem se deixam abater pelas desilusões, mas sabem olhar para o futuro, acolhendo e abraçando todas as realidades com esperança". "A paz é saber viver juntos, em comunhão, como pessoas reconciliadas", disse Leão XIV, sublinhando "o papel indispensável das mulheres no árduo e paciente esforço de preservar e construir a paz".

https://youtu.be/IgXYtoW77Bc

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Leão XIV iniciou, neste domingo (30/11), a segunda etapa de sua primeira viagem apostólica internacional que o leva ao Líbano.

O Pontífice chegou a Beirute onde encontrou-se com as autoridades, os representantes da sociedade civil e o Corpo diplomático, no Palácio Presidencial. O Papa iniciou o seu discurso com as seguintes palavras:

“É uma grande alegria encontrar-vos e visitar esta terra onde “paz” é muito mais do que uma palavra: aqui a paz é um desejo e uma vocação, é um dom e um canteiro sempre aberto.”

O Papa Leão XIV durante a saudação do presidente do Líbano, Joseph Aoun   (@Vatican Media)

A obra da paz é um contínuo recomeçar

Recordando as palavras de Jesus, «Felizes os que promovem a paz», o Santo Padre refletiu sobre o que significa ser promotor de paz "em circunstâncias muito complexas, conflituosas e incertas". Ressaltou uma qualidade que distingue os libaneses: "Sois um povo que não sucumbe e que, diante das provações, sabe sempre renascer com coragem".

“A vossa resiliência é uma característica imprescindível dos autênticos promotores da paz: realmente, a obra da paz é um contínuo recomeçar. O compromisso e o amor pela paz não conhecem o medo diante das aparentes derrotas, nem se deixam abater pelas desilusões, mas sabem olhar para o futuro, acolhendo e abraçando todas as realidades com esperança. É preciso tenacidade para construir a paz; é preciso perseverança para cuidar e fazer a vida crescer.”

O Papa Leão durante o seu discurso às autoridades libanesas   (@Vatican Media)

Uma sociedade civil vivaz, bem formada, rica em jovens

Portanto, falar a "língua da esperança", aquela que sempre permitiu os libaneses de recomeçar, num mundo em que "uma espécie de sentimento de impotência e pessimismo parece ter levado a melhor: as pessoas parecem já nem sequer conseguir perguntar-se o que podem fazer para mudar o rumo da história".

“Sofrestes muito as consequências de uma economia que mata, da instabilidade global – que também no Levante tem repercussões devastadoras –, bem como da radicalização das identidades e dos conflitos; mas sempre quisestes e soubestes recomeçar.”

"O Líbano pode orgulhar-se de uma sociedade civil vivaz, bem formada, rica em jovens capazes de expressar os sonhos e as esperanças de todo um País", frisou o Papa. "Que vos ajude também o profundo laço de afeto que une tantos libaneses espalhados pelo mundo ao seu país", sublinhou.

Segue, na íntegra, o discurso do Papa Leão XIV às autoridades libanesas.

Recomeçar através do árduo caminho da reconciliação

A seguir, o Pontífice falou sobre a segunda característica dos que promovem a paz: eles sabem recomeçar sobretudo através do árduo caminho da reconciliação. "Existem feridas pessoais e coletivas que para poderem cicatrizar exigem longos anos, às vezes gerações inteiras. Se não forem tratadas, se não se trabalhar, por exemplo, na cura da memória, na aproximação entre aqueles que sofreram ofensas e injustiças, dificilmente se alcançará a paz", disse ainda o Papa Leão.

De acordo com o Santo Padre, "não há reconciliação duradoura sem uma meta comum, sem uma abertura para um futuro em que o bem prevaleça sobre o mal sofrido ou infligido, no passado ou no presente".

O Papa durante a visita de cortesia ao presidente libanês   (@Vatican Media)

A paz é saber viver juntos, em comunhão

Segundo o Papa Leão, "uma cultura da reconciliação não nasce apenas de baixo, da disponibilidade e da coragem de alguns, mas precisa de autoridades e instituições que reconheçam o bem comum como superior ao bem parcial".

“A paz é, na verdade, muito mais do que um sempre precário equilíbrio entre aqueles que vivem separados sob o mesmo teto. A paz é saber viver juntos, em comunhão, como pessoas reconciliadas. Uma reconciliação que, além de nos fazer conviver, nos ensinará a trabalhar juntos, lado a lado, por um futuro partilhado. Estamos inseridos juntos num desígnio que Deus preparou para que nos tornemos uma família.”

Sangria de jovens e famílias

A terceira característica dos que promovem a paz é que "eles ousam permanecer, mesmo quando isso implica sacrifício".

“Sabemos que a incerteza, a violência, a pobreza e muitas outras ameaças produzem aqui, como em outros lugares do mundo, uma sangria de jovens e famílias que procuram um futuro melhor noutro lugar, mesmo com grande dor por deixarem a sua pátria. Temos de reconhecer que muito de positivo chega-vos dos Libaneses espalhados pelo mundo. No entanto, não devemos esquecer que permanecer na pátria e colaborar dia após dia para o desenvolvimento da civilização do amor e da paz continua sendo algo muito apreciável.”

O Papa sublinhou que "a Igreja não se preocupa apenas com a dignidade daqueles que se deslocam para países diferentes do seu, mas deseja que ninguém seja obrigado a partir e que todos aqueles que o desejem possam regressar em segurança".

De acordo com o Pontífice, "a mobilidade humana representa uma imensa oportunidade de encontro e de enriquecimento mútuo, mas não apaga o vínculo especial que une cada um a determinados lugares, aos quais deve a sua identidade de uma forma totalmente peculiar. E a paz cresce sempre num contexto vital concreto, feito de laços geográficos, históricos e espirituais. É preciso encorajar aqueles que os favorecem e promovem, sem ceder a localismos e nacionalismos. Na Encíclica Fratelli tutti, o Papa Francisco indicava este caminho".

O Papa durante o encontro no Palácio Presidencial em Beirute   (@Vatican Media)

O papel das mulheres na construção da paz

Leão XIV convidou a se perguntar sobre o que fazer para que os jovens não se sintam obrigados a abandonar a sua terra. De acordo com o Pontífice, "cristãos e muçulmanos, com todos os componentes religiosos e civis da sociedade libanesa, são chamados a fazer a sua parte nesse sentido e a comprometer-se em sensibilizar a Comunidade internacional sobre o assunto".

“Neste contexto, gostaria de sublinhar o papel indispensável das mulheres no árduo e paciente esforço de preservar e construir a paz. Não esqueçamos que as mulheres têm uma capacidade específica de promover a paz, porque sabem conservar e desenvolver laços profundos com a vida, com as pessoas e com os lugares. A participação delas na vida social e política, bem como na vida das suas comunidades religiosas, à semelhança da energia que emana dos jovens, representa em todo o mundo um fator de verdadeira renovação. Portanto, felizes as pacificadoras e os jovens que permanecem ou que regressam, para que o Líbano continue sendo uma terra cheia de vida.”

Paz, um caminho movido pelo Espírito

O Papa concluiu, ressaltando que o povo libanês é um "povo que ama a música, que, nos dias de festa, se transforma em dança, linguagem de alegria e comunhão". Um traço da cultura libanesa que nos ajuda "a compreender que a paz não é apenas o resultado de um esforço humano", mas "um dom que vem de Deus e que, antes de mais nada, habita no nosso coração". "É como um movimento interior que se derrama para o exterior, permitindo-nos ser guiados por uma melodia maior do que nós mesmos: a do amor divino", disse ainda Leão XIV.

“Assim é a paz: um caminho movido pelo Espírito, que coloca o coração em escuta e o torna mais atento e respeitoso para com o outro. Que cresça entre vós este desejo de paz que nasce de Deus e pode transformar, já hoje, a maneira de olhar para os outros e de habitar juntos esta Terra que Ele ama profundamente e continua a abençoar.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O Líbano, uma terra bíblica

Antoine Mekary | ALETEIA

Camille Dalmas - publicado em 01/12/25

De 30 de novembro a 2 de dezembro, o Papa Leão XIV visitará o Líbano em sua primeira viagem internacional. O "país do cedro" ocupa um lugar muito importante nas Sagradas Escrituras.

Mencionado apenas no Antigo Testamento, o Líbano é citado em 71 ocasiões. A cordilheira que ocupa grande parte de seu território é descrita pelos profetas como uma das fronteiras naturais da Terra Prometida oferecida por Deus ao povo de Israel. "Todo lugar que pisar a sola do vosso pé será vosso: a vossa fronteira se estenderá desde o deserto até ao Líbano, e desde o rio Eufrates até ao mar ocidental" (Dt 11,24), afirma Moisés depois da fuga do Egito. O sucessor de Moisés, Josué, inclui até mesmo neste território "Baal-Gad, no vale do Líbano". Embora não se saiba ao certo onde esta cidade, o ponto norte das terras da nação judaica, várias hipóteses apontam para o sul do vale do Bekaa, no Líbano.

Na Bíblia, o Líbano também é frequentemente associado às magníficas florestas de cedros que crescem nas encostas de suas montanhas. Mencionada em 75 ocasiões, esta árvore, que hoje aparece na bandeira libanesa, representava na época um recurso econômico chave para o Oriente Médio. Salomão o usou para construir o templo de Jerusalém, o lugar mais sagrado do judaísmo antigo, mas também o palácio do sábio soberano. Para realizar essas construções, Salomão enviou várias dezenas de milhares de judeus ao rei libanês Hiram de Tiro para transportar os preciosos troncos.

A reputação de beleza das florestas de cedro do Líbano aparece em alguns dos versículos mais poéticos da Bíblia. É o caso do Salmo 92, onde se diz que os justos "se elevam como o cedro do Líbano" e prosperam apesar da idade, como essas árvores "cheias de seiva e verdes" (Sl 92,13-15). No Salmo 104, as florestas libanesas se tornam uma imagem da perfeição da criação divina: “As árvores do Senhor são saciadas, os cedros do Líbano, que ele plantou. Ali aninham as aves» (Sl 104,16-17).

No Cântico dos Cânticos, as riquezas do Líbano ressoam no canto de amor do marido à sua amada. Expressando toda a sua sensualidade e desejo, o homem se maravilha com a beleza de sua esposa, comparando sua boca com o leite e o mel e afirmando que “o aroma de [seus] vestidos é como o aroma do Líbano” (Ct 4,11). O amado promete a sua amada levá-la para visitar os picos do maciço libanês, "fonte dos jardins, poço de águas vivas que brotam do Líbano" (Ct 4,15). E ela, por sua vez, contempla o objeto de seu amor, parando em suas pernas, "colunas de mármore sobre bases de ouro puro", cujo aspecto "é o do Líbano: como o cedro, sem rival!" (Ct 5,15). A beleza da terra libanesa também inspira os profetas Ben Sira, Oséias e Nahum, que exaltam seu perfume, a fama de seu vinho e a delicadeza de sua flora.

Um espelho do poder divino

O profeta Isaías, por sua vez, vê no verde Líbano um testemunho da força natural que só Deus pode dominar. "O Senhor, Deus dos exércitos, quebra os galhos com violência: os maiores são cortados, os mais altos são derrubados; derruba com o ferro os matos da floresta, e o Líbano cai sob o Poderoso" (Is 10,33-34). Da mesma forma, "a voz do Senhor quebra os cedros do Líbano" (Sl 29,5), e seu poder os faz ondular como "espigas" (Sl 72,16). Por sua vez, o profeta Jeremias afirma que Deus seria capaz de transformar os picos brancos do Líbano em um deserto infértil (Jr 22,6).

Várias referências associam o Líbano à sua fauna, e Isaías menciona a presença de leões e leopardos em suas montanhas. Nos picos libaneses também se encontra a "grande águia, de grandes asas, de imensa envergadura, de plumagem espessa e colorida", mencionada por Ezequiel, que domina "a copa do cedro" (Ez 17,3). Uma grandeza natural notável que, muitas vezes, se curva diante da onipotência divina: "O Líbano não seria suficiente para o fogo, nem seus animais para o holocausto", assegura Isaías para exaltar ainda mais a grandeza divina, ainda mais imensa que a "glória do Líbano" (Is 40,16; Is 35,2).

E no Novo Testamento?

Embora o Líbano não seja explicitamente mencionado no Novo Testamento, ele pode aparecer nele. A cidade de Caná, onde Jesus realiza seu primeiro milagre, transformando água em vinho durante um casamento, pode corresponder às cidades de Qana, no sul do Líbano, mas também às de Kafr Cana e Khirbet Cana, em Israel.

Os arqueólogos não se pronunciaram sobre o assunto, mas Antonio Andary, da Fundação Maronita, defende a hipótese libanesa. Além disso, ele considera que Jesus também teria visitado território libanês em outras ocasiões, em particular durante seu encontro com a mulher cananeia, que, segundo ele, teria ocorrido perto de Sidon.

Finalmente, afirma que a Transfiguração pode ter ocorrido no topo do Monte Hebron, uma montanha de Golã que pertence em parte ao Líbano e à Síria (mas que é ocupada por Israel desde 2024). No entanto, o lugar tradicionalmente aceito é o Monte Tabor, em Israel.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/12/01/o-libano-uma-terra-biblica/

História de São Carlos de Foucauld

São Carlos de Foucauld (Cruz Terra Santa)
01 de dezembro
São Carlos de Foucauld

Infância e juventude

São Carlos de Foucauld nasceu em 15 de setembro de 1858, em Estrasburgo, França, em uma família nobre. Órfão de pai e mãe aos seis anos, foi criado pelo avô, que lhe deu boa educação, mas não conseguiu conter sua rebeldia juvenil.

Na adolescência afastou-se da fé. Inteligente e curioso, mergulhou nos estudos militares e herdou fortuna considerável. Contudo, levou vida mundana e dissoluta, confessando mais tarde que se tornara "um morto vivo".

Crise espiritual e busca interior

A carreira militar levou-o ao Norte da África, onde descobriu o fascínio do deserto. Mesmo afastado da religião, começou a questionar o sentido da vida. O contato com a fé dos muçulmanos o impressionou: via neles a presença de Deus no cotidiano, algo que lhe faltava.

Após regressar à França, iniciou profunda busca espiritual. Frequentando círculos intelectuais parisienses, reencontrou-se com o cristianismo graças ao testemunho de sua prima Maria de Bondy.

Acompanhado pelo abade Huvelin, confessou-se e recebeu a comunhão em 1886. Essa experiência foi decisiva: aos 28 anos, converteu-se de coração e entregou-se totalmente a Cristo.

Peregrinação e vida monástica

Desejando imitar a vida escondida de Jesus, Carlos peregrinou à Terra Santa em 1888. Em Nazaré, diante da simplicidade da vida de Cristo, compreendeu sua vocação: viver pobre, oculto e unido ao Senhor.

Ingressou na Trapa, ordem cisterciense de estrita observância, e passou sete anos em mosteiros na França e na Síria. Contudo, sentia-se chamado a uma forma ainda mais radical de pobreza e contemplação. Deixou a Trapa em 1897 e foi para Nazaré, onde viveu como eremita, trabalhando como sacristão das Clarissas.

Sacerdócio e missão no deserto

Em 1901, foi ordenado sacerdote em Viviers. Logo partiu para o deserto do Saara, estabelecendo-se em Beni-Abbés, no sul da Argélia. Ali fundou uma fraternidade de acolhida, aberta a todos, cristãos ou muçulmanos.

Seu ideal era viver como "irmão universal", reproduzindo em sua vida a presença silenciosa de Jesus em Nazaré. Visitava os nômades, partilhava sua pobreza, aprendia a língua e os costumes, sempre testemunhando o amor de Cristo sem proselitismo.

A vida em Tamanrasset

Mais tarde, transferiu-se para Tamanrasset, no coração do Hoggar. Entre os tuaregues, dedicou-se à amizade, ao serviço e ao estudo de sua cultura. Compôs um vasto dicionário e gramática da língua tuaregue, preservando a herança desse povo.

Sua casa tornou-se lugar de acolhida e refúgio. Passava horas em adoração diante da Eucaristia, da qual tirava força para a vida missionária silenciosa.

Espiritualidade de Nazaré

O núcleo de sua espiritualidade era a imitação da vida oculta de Jesus em Nazaré: humildade, simplicidade, pobreza e proximidade com os pequenos.

Sua oração constante era: "Meu Pai, eu me abandono a Vós, fazei de mim o que quiserdes". Essa entrega total tornou-se expressão de sua confiança absoluta em Deus.

Martírio

No dia 1º de dezembro de 1916, durante um período de instabilidade no Saara, sua residência em Tamanrasset foi atacada por um grupo armado. Preso, foi mantido sob vigilância, mas acabou morto por um tiro durante uma tentativa de assalto.

Morreu sozinho, sem companheiros, mas sua vida silenciosa e oferecida tornou-se semente de uma grande obra espiritual.

Reconhecimento da Igreja

Após sua morte, escritos e cartas foram publicados, revelando a profundidade de sua espiritualidade. Muitos foram tocados por seu exemplo de entrega radical a Cristo.

O Papa Bento XVI beatificou Carlos de Foucauld em 13 de novembro de 2005, reconhecendo-o como modelo de missionário contemplativo. Em 15 de maio de 2022, o Papa Francisco o canonizou, apresentando-o como santo para o mundo inteiro.

Legado espiritual

A influência de São Carlos de Foucauld é vasta:

  • Inspirou a fundação de diversas congregações e institutos seculares, como os Pequenos Irmãos de Jesus e as Pequenas Irmãs de Jesus, que vivem no espírito de Nazaré.
  • Sua vida mostra que a santidade não exige obras grandiosas, mas fidelidade no cotidiano e amor até o fim.
  • Sua figura de "irmão universal" é atual num mundo marcado por divisões, mostrando que a fraternidade nasce do coração de Cristo.

Iconografia

Na arte, é representado como eremita no deserto, com o hábito branco marcado pelo coração vermelho com a cruz, símbolo da fraternidade. Muitas vezes aparece com o cálice e a hóstia, expressão de sua vida centrada na Eucaristia.

Festa litúrgica

A memória de São Carlos de Foucauld é celebrada em 1º de dezembro, dia de seu martírio.

Oração a São Carlos de Foucauld

"Senhor Jesus, que inspirastes São Carlos de Foucauld a viver na pobreza e na simplicidade de Nazaré, fazei que, por sua intercessão, aprendamos a reconhecer-vos nos pobres e abandonados e a viver como irmãos universais. Dai-nos a graça de uma entrega total à vossa vontade e de uma vida alimentada pela Eucaristia. Vós que viveis e reinais para sempre. Amém."

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-sao-carlos-de-foucauld/600/102/

A oração do Papa diante do túmulo de São Charbel: proteja o Líbano e o seu povo

A oração do Papa a São Charbel Maklūf  (@Vatican Media)

Visita histórica de Leão XIV ao túmulo de São Charbel, santo moldado pelo Espírito Santo "para que ensinasse a oração aos que vivem sem Deus, o silêncio aos que vivem no barulho, a modéstia aos que vivem para aparecer, a pobreza aos que buscam riquezas. São todos comportamentos que vão contra a corrente, mas é justamente por isso que nos atraem, como água fresca e pura para quem caminha no deserto".

Bianca Fraccalvieri, de Beirute

O segundo dia de Leão XIV no Líbano representa o coração espiritual da viagem. O dia começou com a oração diante do túmulo de São Charbel Maklūf. 

Sacerdote maronita e eremita, é um dos santos mais amados de todo o Oriente Médio, respeitado até mesmo por quem não é cristão. Símbolo da santidade ascética, viveu no Mosteiro de São Maroun, onde está sepultado, e é conhecido pelos muitos milagres atribuídos à sua intercessão após sua morte, especialmente pela cura dos doentes.

É interessante notar que num país de um cristianismo tão antigo, que remonta à passagem do Apóstolo Paulo nestas terras, os fiéis nutram esta devoção a um santo relativamente recente, que nasceu em 1828 e morreu em 1875, sendo beatificado e canonizado no pontificado de São Paulo VI. Aliás, este ano, celebram-se 100 anos desde que a abertura do processo.

Papa Leão diante do túmulo de São Charbel Maklūf.   (@Vatican Media)

Visitar este local é uma experiência única, primeiramente pela localização, entre as montanhas fora de Beirute, a 1200 metros de altitude, com neve no inverno. Cercado de cedros, o eremitério de pedras é o mais austero possível. Mas o que realmente impressiona é a sua cela: um tecido no chão e um tronco de madeira como travesseiro.

A sua figura, portanto, está ligada ao sofrimento silencioso e à renúncia à mundanidade, temas significativos para um Líbano em crise. A atmosfera é singular e muitos fiéis não contêm a emoção ao visitar santuário.

A oração de Leão XIV é histórica: é a primeira vez de um Papa e é um gesto de homenagem à profunda fé e esperança que perdura mesmo nas piores tribulações.

"O que São Charbel nos ensina hoje?", questionou o Pontífice, que assim respondeu: "O Espírito Santo moldou-o para que ensinasse a oração aos que vivem sem Deus, o silêncio aos que vivem no barulho, a modéstia aos que vivem para aparecer, a pobreza aos que buscam riquezas. São todos comportamentos que vão contra a corrente, mas é justamente por isso que nos atraem, como água fresca e pura para quem caminha no deserto".

Para a Igreja, o Pontífice pediu comunhão e unidade. Para o mundo, a paz.

“Imploramos a paz especialmente para o Líbano e para todo o Levante. Mas sabemos bem que não há paz sem conversão dos corações. Por isso, que São Charbel nos ajude a dirigir-nos a Deus e a pedir o dom da conversão para todos nós.”

Túmulo de São Charbel Maklūf.   (@Vatican Media)

Eis a prece pronunciada pelo Santo Padre:

Ó Deus, que concedeste a São Charbel,

guardião do silêncio na vida escondida,

ser iluminado pela luz da verdade

para sondar as profundezas do teu amor,

concede-nos, que seguindo o seu exemplo,

enfrentar no deserto do mundo o bom combate da fé

e caminhar alegremente

seguindo o teu Filho, Jesus Cristo.

Que o teu servo,

que viveu no segredo da oração

e venceu as tentações

com as armas da penitência,

nos mostre a grandeza da tua misericórdia,

que nos ensine o silêncio das palavras

e a força dos gestos que podem abrir o coração.

Que ele nos obtenha de Jesus Cristo,

que nos libertou de todo o mal,

a saúde do corpo e do espírito,

e interceda sempre por nós,

a fim de que possamos participar com os santos

no Reino eterno.

A ti a glória e o louvor,

Pai, Filho e Espírito Santo.

Amém!

Visita e Oração do Papa Leão XIV no túmulo de São Charbel:

https://youtu.be/MlqQn43-SM0

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF