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domingo, 23 de julho de 2017

Início da Carta aos Magnésios, de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir

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(Nn.1,1-5,2: Funk 1,191-195)             (Séc.I)


Convém sermos cristãos não só de nome, mas de fato
Inácio, chamado também o Teóforo, à Igreja, santa pela graça de Deus Pai em Jesus Cristo, nosso salvador. Nele saúdo esta Igreja que está em Magnésia, junto ao Meandro, e desejo-lhe em Deus Pai e em Jesus Cristo plena salvação. 
Tomando conhecimento de vossa religiosa caridade perfeitamente ordenada, decidi, na exultação da fé de Jesus Cristo, vir falar convosco. Ornado com o nome mais glorioso nas cadeias que carrego, louvo as Igrejas. A elas desejo a união com a carne e o espírito de Jesus Cristo, nossa Vida sem fim, e a união na fé e na caridade. Nada há de preferível a isto, sobretudo a união com Jesus e o Pai; nele suportamos toda a violência do príncipe deste mundo, dele escapamos e, assim, alcançamos a Deus. 
Foi-me concedido o favor de vos encontrar através de Damas, vosso bispo, digno de Deus, e dos presbíteros Basso e Apolônio e também do meu companheiro de serviço, o diácono Zócion. Possa eu com ele conviver, porque é submisso ao bispo como à benignidade de Deus e ao presbitério como à lei de Jesus Cristo. 
Contudo, não vos convém usar de excessiva familiaridade para como bispo por causa de sua idade, mas em consideração ao poder de Deus Pai, mostrar-lhe todo o respeito. Como soube, os santos presbíteros não abusam da notável juventude dele, mas prudentes em Deus, obedecem-lhe. Ou melhor, obedecem não a ele, mas ao Pai de Jesus Cristo, o bispo de todos. Por isso, em honra daquele que nos ama, faz-se mister obedecer sem hipocrisia, pois não é a este bispo visível que alguém ilude, mas é ao invisível que tenta enganar. Tudo quanto se faz neste sentido não se refere à carne, mas a Deus que conhece todo o oculto. 
Convém, então, sermos cristãos não só de nome, mas de fato. Ora, há quem tenha o nome do bispo na boca, porém, tudo faz sem ele. Estes tais não me parecem possuir consciência reta, porque não se reúnem com lealdade, segundo o preceito. 
Tudo terá um fim. Mas dois termos nos são propostos: a morte e a vida. Com efeito, cada um de nós irá para o próprio lugar. À semelhança de duas moedas, uma de Deus, outra do mundo, também cada qual tem a própria marca inscrita. Assim, os infiéis têm a marca deste mundo, enquanto os fiéis na caridade têm a marca de Deus Pai por Jesus Cristo. Se nossa vontade não estiver inclinada a morrer por ele, à imitação de sua paixão, também sua vida não estará em nós.
www.liturgiadashoras.org

sábado, 22 de julho de 2017

16º Domingo do Tempo Comum: Parábolas do Reino

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Neste Domingo do Tempo Comum, continuamos a ler as parábolas do Reino que integram o capítulo treze do Evangelho segundo Mateus, iniciado com a parábola do semeador, proclamada no último domingo. A Liturgia nos apresenta hoje um conjunto de três parábolas contadas por Jesus. A mais longa é a parábola do trigo e do joio, narrada apenas por Mateus. As outras duas, sobre o grão da mostarda e o fermento, são narradas também por Marcos e Lucas.
A parábola do joio e do trigo é explicada pelo próprio Jesus. Os discípulos de Cristo vivem no mundo onde coexistem o joio e o trigo. O dono da plantação e da colheita é uma figura de Deus, justo e paciente, que oferece oportunidade de conversão. Os servos que trabalhavam naquele campo achavam que o problema do joio poderia ser resolvido rapidamente, baseando-se estritamente na lógica da justiça sem a misericórdia, que gera impaciência e intolerância. Justiça e misericórdia andam juntas e se exigem mutuamente. No mundo de hoje, em meio a tantos males, é preciso cuidado para não perder o trigo ao pretender arrancar o joio. Além disso, não se pode reduzir o "campo" onde vivemos ao "joio", nem se deve jamais desacreditar na força do "trigo", pois os justos "brilharão como o sol no reino de Deus" (Mt 13,43).
As outras duas parábolas falam do Reino ressaltando a força do que parece frágil como uma semente, ou insignificante como o fermento. A semente de mostarda, embora pequena, tem força para produzir uma árvore. O fermento, de modesta aparência, oculto em meio à farinha, tem força de fazer crescer a massa.
O livro da Sabedoria também nos mostra que a justiça e a misericórdia estão juntas em Deus, convidando o justo a "ser humano", isto é a praticar a justiça com a clemência. O autor assim se dirige a Deus: "ensinaste que o justo deve ser humano e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores" (Sab 12, 19). Para ser justo, é preciso ser misericordioso; para ser misericordioso, é preciso ser justo.
Segundo a Carta de S. Paulo aos Romanos, Deus se mostra clemente vindo "em nosso socorro da nossa fraqueza" por meio do Espírito Santo. Sem ele, não sabemos orar de modo justo (Rm 8,26-27).
"Quem tem ouvidos ouça" (Mt 13,43), é a frase conclusiva do texto do Evangelho proclamado. Esta advertência, que já se encontrava na parábola do semeador, se repete como um refrão, convidando-nos a escutar com atenção e a acolher com fé a boa nova do Reino anunciada por Jesus.
Arquidiocese de Brasília

Das Homilias sobre os evangelhos, de São Gregório Magno, papa

(Hom.25,1-2.4-5:PL 76,1189-1193)            (Séc.VI)

Sentia o desejo ardente de encontrar a Cristo,
que julgava ter sido roubado
Maria Madalena, tendo ido ao sepulcro, não encontrou o corpo do Senhor. Julgando que fora roubado, foi avisar aos discípulos. Estes vieram também ao sepulcro, viram e acreditaram no que a mulher lhes dissera. Sobre eles está escrito logo em seguida: Os discípulos voltaram então para casa (Jo 20,10). E depois acrescenta-se: Entretanto, Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando (Jo 20,11).
Este fato leva-nos a considerar quão forte era o amor que inflamava o espírito dessa mulher, que não se afastava do túmulo do Senhor, mesmo depois de os discípulos terem ido embora. Procurava a quem não encontrara, chorava enquanto buscava e, abrasada no fogo do seu amor, sentia a ardente saudade daquele que julgava ter sido roubado. Por isso, só ela o viu então, porque só ela o ficou procurando. Na verdade, a eficácia das boas obras está na perseverança, como afirma também a voz da Verdade: Quem perseverar até o fim, esse será salvo (Mt 10,22).
Ela começou a procurar e não encontrou nada; continuou a procurar, e conseguiu encontrar. Os desejos foram aumentando com a espera, e fizeram com que chegasse a encontrar. Pois os desejos santos crescem com a demora; mas se diminuem com o adiamento, não são desejos autênticos. Quem experimentou este amor ardente, pôde alcançar a verdade. Por isso afirmou Davi: Minha alma tem sede de Deus, e deseja o Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus? (Sl 41,3). Também a Igreja diz no Cântico dos Cânticos: Estou ferida de amor (Ct 5,8). E ainda: Minha alma desfalece (cf.Ct 5,6).
Mulher, por que choras? A quem procuras? (Jo 20,15). É interrogada sobre o motivo de sua dor, para que aumente o seu desejo e, mencionando o nome de quem procurava, se inflame ainda mais o seu amor por ele.
Então Jesus disse: Maria (Jo 20,16). Depois de tê-la tratado pelo nome comum de mulher sem que ela o tenha reconhecido, chama-a pelo próprio nome. Foi como se lhe dissesse abertamente: Reconhece aquele por quem és reconhecida. Não é entre outros, de maneira geral, que te conheço, mas especialmente a ti. Maria, chamada pelo próprio nome, reconhece quem lhe falou; e imediatamente exclama: Rabuni, que quer dizer Mestre (Jo 20,16). Era ele a quem Maria Madalena procurava exteriormente; entretanto, era ele que a impelia interiormente a procurá-lo.
www.liturgiadashoras.org

domingo, 16 de julho de 2017

15º Domingo do Tempo Comum A Palavra Semeada

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
O Evangelho segundo Mateus, que estamos lendo nos domingos do Tempo Comum deste ano, nos apresenta a parábola do semeador (Mt 13,1-23). Com o seu característico estilo catequético, Mateus organiza a narrativa em três partes: a) a parábola do semeador (v. 3-9); b) a finalidade das parábolas (v. 10-17); c) a explicação desta parábola (v. 18-23).
Esta parábola põe em relevo a ação de Deus que semeia por toda parte e, ao mesmo tempo, a importância do terreno que acolhe a semente. Quando há “terra boa”, isto é, quando a palavra é ouvida e compreendida, a semente frutifica. Daí, a insistência sobre a atitude de “escutar e compreender”, ao falar da finalidade das parábolas. Aos discípulos, é “dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus”, transmitido pelas parábolas, porque sendo discípulos, escutam, compreendem e acolhem a Palavra. Aqueles que não creem em Jesus, fechados em seu “coração insensível”, “olham, mas não veem”; “ouvem, mas não escutam”. As parábolas são obscuras para aqueles que não têm a abertura de coração ou disponibilidade para escutar e acolher a palavra de Jesus. Aparece uma séria advertência a respeito das consequências do pouco que se tem na escuta e acolhida da Palavra: a pessoa que tem, receberá cada vez mais; quem pouco tem, acabará perdendo o pouco que pensa ter. Apesar de ressaltar o fechamento e a rejeição, Mateus apresenta como felizes não apenas os “olhos que veem”, mas também os “ouvidos que escutam”.
Por fim, na explicação da parábola do semeador, é destacada a força da Palavra semeada. Apesar dos obstáculos (pássaros, terreno pedregoso, espinhos), no final, a colheita é abundante, embora diversificada. A força da semente, fecundada por Deus, é também ressaltada pelo profeta Isaías (Is 55,10-11), recorrendo à imagem da chuva que cai do céu, tão esperada pelos agricultores para fecundar as sementes colocadas na terra. Deus não é apenas o semeador; é quem torna fecundas as sementes, fazendo-as produzir muitos frutos.
Na Carta aos Romanos (Rm 8,18-23), S. Paulo usa a imagem do “parto” para falar da nova criação, “libertada da escravidão da corrupção”, que aguardamos ansiosamente. A nova criação é dom de Deus, que deve ser acolhido mediante a escuta e vivência da sua Palavra. Em resposta à Palavra meditada, somos convidados a ser a “terra boa”, que ouve, compreende e acolhe o que Deus nos fala, rezando o salmo 64, que pode ser chamado o canto da colheita: “A semente caiu em terra boa e deu fruto!”.
Arquidiocese de Brasília

Cuidado com os vícios e ambições de poder que sufocam Deus, alerta o Papa

Por Álvaro de Juana
Papa reza o Ângelus. Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa
Vaticano, 16 Jul. 17 / 09:15 am (ACI).- Milhares de pessoas rezaram neste domingo o Ângelus com o Papa Francisco, o qual em sua breve reflexão falou sobre a parábola do Semeador e convidou a não deixar sufocar a presença de Deus pelos vícios do mundo e as ambições de poder e riqueza.
“Perguntemo-nos se o nosso coração está aberto para acolher com fé a semente da Palavra de Deus. Perguntemo-nos se em nós as pedras da preguiça são ainda numerosas e grandes. Devemos encontrar e chamar por nome as sarças dos vícios”, disse o Papa.
Sobre a figura do Semeador, disse que é Jesus que “propaga com paciência e generosidade a sua Palavra, que não é uma gaiola ou uma emboscada, mas uma semente que pode dar fruto. E como pode dar fruto? Se nós a acolhemos”, explicou.
Francisco afirmou que Jesus realiza uma “radiografia espiritual do nosso coração, que é o terreno sobre o qual cai a semente da Palavra”. “O nosso coração, como um terreno, pode ser bom e então a Palavra dá fruto, mas pode ser também duro, impermeável. Isso acontece quando ouvimos a Palavra, mas ela bate com força sobre nós, como numa estrada”.
“Entre o terreno bom e a estrada existem dois terrenos intermédios que, de várias medidas, podem, nós podemos ser”.
O Papa disse que o primeiro é o “pedregoso”: “é o coração superficial, que acolhe o Senhor, quer rezar, amar e testemunhar, mas não persevera, se cansa e nunca decola. É um coração sem consistência onde as pedras da preguiça prevalecem sobre a terra boa, onde o amor é inconstante e passageiro”.
O outro tipo é o “espinhoso”, “cheio de sarças que sufocam as plantas boas”. “O que essas sarças representam?”, perguntou-se. “A preocupação do mundo e a sedução da riqueza”.
“As sarças são os vícios que lutam com Deus, que sufocam a presença: sobretudo os ídolos da riqueza mundana, o viver com avidez, para si mesmo, para o ter e o poder”.
O Bispo de Roma assegurou, então, que “se cultivamos essas sarças, sufocamos o crescimento de Deus em nós. Cada um pode reconhecer as suas pequenas ou grandes sarças que não agradam a Deus e impedem de ter um coração limpo”.
“Jesus nos convida hoje a nos olharmos por dentro, a agradecermos pelo nosso terreno bom e a trabalharmos os terrenos que ainda não são bons”.
O Papa convidou os fiéis a encontrar “a coragem de recuperar o terreno, levando ao Senhor na confissão e na oração as nossas pedras e nossas sarças”.
Ao terminar, o Santo Padre recordou que hoje é celebrada Nossa Senhora do Carmo, “insuperável em acolher a Palavra de Deus e colocá-la em prática” e pediu que “nos ajude a purificar o coração e conservar nele a presença do Senhor”.
Acidigital

“The Walking Priest”, o sacerdote que leva o Evangelho às ruas

Pe. Lawrence Carney / Crédito: National Catholic Register
MISSOURI, 15 Jul. 17 / 02:00 pm (ACI).- Pe. Lawrence Carney foi apelidado de “The Walking Priest” (O sacerdote caminhante), em alusão a uma popular série de televisão, decidiu evangelizar nas ruas usando uma batina, um capelo, um terço na mão e um grande crucifixo na outra.
O sacerdote, que nasceu na cidade de St. Joseph, no estado de Missouri (Estados Unidos), disse ao ‘National Catholic Register’ que evangelizar enquanto caminha pelas ruas é o seu método de mostrar uma presença visível da Igreja na sua comunidade e em muitos outros setores que se sentem atraídos a conversar com ele.
“Escutar, sorrir, dar alguns conselhos, inclusive se uma pessoa começa a ser combativa. Quero que cada pessoa que eu conheço se sinta bem ao conversar comigo novamente. Isso os preparará para o momento em que surgirem as verdadeiras perguntas, no momento da sua conversão”, disse o sacerdote.
Pe. Lawrence esteve envolvido no trabalho de evangelização nas ruas durante três anos. Inspirou-se depois de caminhar com a batina na peregrinação do Caminho de Santiago, na Espanha.
“Considero-me um maratonista e não um velocista. St. Joseph é uma cidade de aproximadamente 76.000 pessoas, muitas delas se converterão se permitirmos que Deus realize a sua obra. Então, acho que devemos ser pacientes e deixar que Deus assuma o controle da conversação. Estará claro quando for o momento de dizer ou fazer alguma coisa”, afirmou.
Nesse sentido, disse que as pessoas “envolvidas na apologética têm uma tendência de tentar forçar as coisas” e, por isso, propõe “ser filhos de Deus quando somos missionários. Ele está no comando, não nós”.
“Não gosto de dar apenas terços e medalhas, mas, como sacerdote, quero estar presente para a pessoa que me acompanha e não os tratar como se fossem um número. Como Jesus fazia? Ele escutava, pregava e curava”, acrescentou.
Atualmente, o Pe. Lawrence é capelão da Igreja “Beneditinos de Maria, Rainha dos Apóstolos em Gower” de Missouri, celebra Missa todos os dias de acordo com o rito extraordinário, atende confissões e oferece direção espiritual. Mas, depois de realizar todos os seus deveres, dirige-se às ruas.
“A própria Igreja é missionária e todo o seu povo deve ser missionário, mas o sacerdote tem um maior poder como missionário. Acho que se perdeu o sentido do sacerdote como missionário em nossa Igreja e é algo que precisamos recuperar. Claro, o sacerdote tem que realizar um trabalho na paróquia, mas precisamos de mais pessoas para encher as nossas paróquias!”, assegurou.
Uma leiga, Jeanne Meyer, que o conheceu há três anos enquanto caminhava por uma das ruas principais de St. Joseph, contou que, depois de passar pouco tempo com Pe. Lawrence, reconheceu o fato de que “levava o seu trabalho a sério e sinceramente se preocupava pelas pessoas que ele conhecia no caminho”.
“É um sacerdote dedicado, que inspira uma fé mais profunda nos ensinamentos de Cristo. Sempre que encontro com alguém que o conheceu, há um sentimento de emoção em sua voz e expressão. Uma sensação de paz”, continuou.
Por outro lado, Aimee Dossey e seus dois filhos, que receberam instrução do Pe. Lawrence, indicaram: “Vemos que ele está orgulhoso da sua missão e ama todas as pessoas com as quais entra em contato, mesmo aquelas que estão desorientadas. Abençoa essas pessoas ao longo do seu caminho”.
Finalmente, Pe. Lawrence encorajou os sacerdotes a usar o seu método de evangelização: “Um pároco de uma igreja precisa se exercitar. Por que não dar uma volta ao redor do bairro rezando o terço? É uma grande maneira de sair e conhecer as pessoas. Para mim, esta é uma maneira mais eficaz de evangelizar do que batendo nas portas”.
“A nossa cultura perdeu o seu propósito de estar em união com Deus. Aponta coisas que não são para o nosso bem e não levam à salvação. Como sacerdote, o meu trabalho é ir contra a cultura. Ordenaram-me organizar a desordem”, concluiu.
Acidigital

sábado, 15 de julho de 2017

Educação e ideologia de gênero


A Escola Católica está, frontalmente, na contramão do que significa e pretende a ideologia de gênero. Essa é uma convicção incontestável, compromisso com a verdade da doutrina e da fé cristã. O alinhamento de todos os que integram a Escola Católica com as operações pedagógicas guiadas por essa verdade deve ser tratado como um dever. Isso exige fidelidade à identidade católica e, consequentemente, o compromisso com valores inegociáveis, sem possibilidade de relativizações e superficialidades que contribuam para o desrespeito aos processos educativos que ultrapassem o âmbito escolar. As relativizações e superficialidades provocam, por exemplo, a desconsideração do insubstituível diálogo com a família e seus valores cristãos, gerando um desserviço educativo. Por isso, a Escola Católica tem parâmetro para a sua qualificada educação integral, e não pode admitir essas relativizações.
Isso não significa deixar de exercer uma tarefa urgente no mundo contemporâneo: é preciso ensinar que a dignidade maior, a de ser filho e filha de Deus, deve ser igual para todo homem e mulher. Uma lição a ser ensinada em todos os lugares, na escola, no ambiente familiar, nas comunidades de fé. Essa compreensão, que gera respeito, diálogo, intercâmbios e cooperação na construção de um mundo justo e solidário, será sempre um vetor para impulsionar a sociedade rumo à superação de discriminações e preconceitos. Assim, é possível compreender as diferenças como riquezas, que se revelam na participação cidadã de todos, com suas contribuições e singularidades. A educação para a igualdade social é primordial, mas isso é um curso bem diferente do que pretende a ideologia de gênero – uma negação de valores cristãos básicos e fundamentais, gerando prejuízos.
O Papa Francisco diz, com força de advertência, que a ideologia de gênero é contrária ao plano de Deus. Essa indicação convoca todas as pessoas a permanecerem vigilantes, particularmente com relação à qualidade e aos modos de abordagens pedagógicas em processos educativos. Importante recordar também o que afirma o Documento de Aparecida, com a reflexão dos bispos da América Latina e do Caribe, em 2007, ao apontar que a ideologia de gênero é um menosprezo enfraquecedor da vida familiar, por considerar que cada um pode escolher sua orientação sexual sem levar em conta as diferenças dadas pela natureza humana. Obviamente, trata-se de desrespeito e afronta à dignidade do matrimônio, ao direito à vida e à identidade da família.
Sabe-se que a ideologia de gênero considera que não se nasce homem ou mulher. O gênero seria uma “construção social”, ao longo da vida. Em segundo plano ficaria o aspecto biológico. A Escola Católica, balizada pelas exigências próprias dos parâmetros formais e legais das instâncias governamentais da sociedade civil, não renunciará jamais ao seu inalienável compromisso de educar a partir da sua identidade cristã. Nesse sentido, a Escola Católica tem que, permanentemente, avaliar as dinâmicas de formação adotadas, os métodos e a qualificação dos seus agentes. Dedicar-se especialmente à avaliação de conteúdos formativos que tocam identidade e caráter, consciências e condutas. Esses conteúdos não podem ser tratados a partir da mesma dinâmica de abordagem relacionada às disciplinas da educação formal.
Particularmente, quando se considera a realidade de crianças e adolescentes, o diálogo efetivo com a família é fundamental. Das escolas católicas são exigidos discernimentos, diálogos e fidelidade à própria identidade, que é católica, e à antropologia cristã. Não é fácil elaborar adequados métodos pedagógicos, pois essa tarefa é sempre passível de indevidas parcialidades e relativizações. Mas é irrenunciável a convicção de que a Escola Católica está na contramão da ideologia de gênero e que tem o compromisso de promover a cultura da igualdade entre homens e mulheres, a partir do respeito ao princípio de que todos são filhos e filhas de Deus. Nesse dever, nos processos formativos, o diálogo entre os educadores das escolas e as famílias é muito necessário. A Escola Católica deve manter o que a singulariza: oferecer uma formação integral balizada nos valores cristãos.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Os 320 anos da morte de padre Antônio Vieira, o imperador da Língua Portuguesa

Conhecido como o imperador da Língua Portuguesa – título dado pelo poeta e escritor Fernando Pessoa –, Padre Antônio Vieira é um dos personagens mais influentes do século XVII. No dia 18 de julho comemoram-se os 320 anos da sua morte.

Nascido em Portugal em 1608, Vieira veio para o Brasil com a família quando tinha 7 anos. Seu pai foi funcionário do império português. Aos 15 anos, ingressou na Companhia de Jesus. Em 1634 já era sacerdote e começou a evangelizar e a escrever seus sermões.
O religioso combateu incansavelmente a exploração dos povos indígenas no Brasil, defendeu a liberdade dos judeus, perseguidos na época pela Inquisição da Igreja Católica e a abolição da escravatura.
Padre Vieira foi um grande e produtivo escritor do barroco em língua portuguesa, filósofo e orador da Companhia de Jesus. Além de deixar mais de 500 cartas e profecias que estão no livro “Chave dos Profetas”, escreveu cerca de 200 sermões. Entre eles o “Sermão da Sexagésima” e “História do Futuro”, livro profético onde previu o aparecimento de um “Quinto Império”, no qual reinaria a paz na vitória da cristandade. A organização dessa obra é o também do padre jesuíta José Carlos Brandi Aleixo e lançado pela Universidade de Brasília.
“Vieira foi um grande pregador, um homem que unia conhecimento. Ele teve uma experiência que muitos escritores não tiveram”, destaca padre Aleixo.
Defensor da honestidade e seriedade na vida pública, em 1640, aos 33 anos, padre Vieira voltou a Portugal com uma comissão de apoio ao novo rei Dom João IV, participou ativamente da vida política da época. Homem de confiança do imperador realizou importantes missões diplomáticas pela Europa (1641-1661).
Consideradas absurdas, suas ideias foram rejeitadas e Vieira retornou ao Brasil e se estabeleceu no Maranhão. Sendo expulso da região por conflito com os poderosos. De volta a Portugal, foi condenado à prisão pela Inquisição por defender posições favoráveis aos índios e aos judeus. “Ele criticava o comportamento de muitos membros da santa Inquisição. Era um homem do diálogo inter-religioso”, disse Aleixo. Condenado, ficou preso por dois anos (1665-1667) em Coimbra sem acesso aos livros e foi impedido de pregar.
Dois anos depois, em 1669, foi anistiado e seguiu para Roma onde ficou até 1676. Cinco anos depois voltou ao Brasil, onde se dedicou à literatura e organizou seus sermões para publicação. Padre Antonio Vieira morreu aos 89 anos, em 1697, no Colégio que atualmente leva seu nome e é patrono, em Salvador (BA). Sua vocação jesuítica ficou marcada pela sua capacidade na oratória e na escrita em prosa que ele usava como meio de doutrinar e interferir no curso dos acontecimentos sociopolíticos.
Padre Aleixo finaliza enfatizando que Vieira foi um homem à frente do seu tempo. “Ele defendeu as minorias e condenou o mau uso do poder. Além de lutar contra a corrupção”.
CNBB

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Papa: catequista não é profissão, mas vocação

Papa Francisco - OSS_ROM
Cidade do Vaticano (RV) – Ser catequista não é uma profissão, mas uma vocação: é o que afirma o Papa Francisco na mensagem enviada aos participantes do Simpósio  Internacional sobre Catequese, em andamento na Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica Argentina (UCA), em Buenos Aires.
No texto, o Pontífice cita um diálogo de São Francisco de Assis com um de seus seguidores, que queria aprender a pregar. O santo lhe diz: Quando visitamos os enfermos, ajudamos as crianças e damos de comer aos pobres já estamos pregando. “Nesta lição, está contida a vocação e a tarefa do catequista”, escreve o Papa.
Ser catequista
Em primero lugar, a catequese não é um trabalho ou uma tarefa externa à pessoa do catequista, mas se “é” catequista e toda a vida gira em torno desta missão. De fato, “ser” catequista é uma vocação de serviço na Igreja, que se recebeu como dom do Senhor para ser transmitido aos demais. Por isso, o catequista deve constantemente regressar àquele primeiro anúncio ou “kerygma”, que é o dom que transformou a própria vida. Para Francisco, este anúncio deve acompanhar a fé que já está presente na religiosidade do povo.
Com Cristo
O catequista, acrescentou o Papa, caminha a partir de Cristo e com Ele, não é uma pessoa que parte de suas próprias ideias e gostos, mas se deixa olhar por Ele, porque é este olhar que faz arder o coração. Quanto mais Jesus toma o centro da nossa vida, mais nos impulsiona a sair de nós mesmos, nos descentraliza e nos faz mais próximos dos outros.
Catequese “mistagógica”
O Papa compara este dinamismo do amor com os movimentos cardíacos: sístole e diástole, se concentra para se encontrar com o Senhor e imediatamente se abre para pregar Jesus. O exemplo fez do próprio Jesus, que se retirava para rezar ao Pai e logo saía ao encontro das pessoas sedentas de Deus. Daqui nasce a importância da catequese “mistagógica”, que é o encontro constante com a Palavra e os sacramentos e não algo meramente ocasional.
Criatividade
E na hora de pregar, Francisco pede que os catequistas sejam criativos, buscando diferentes meios e formas para anunciar a Cristo. “Os meios podem ser diferentes, mas o importante é ter presente o estilo de Jesus, que se adaptava às pessoas que tinha a sua frente. É preciso saber mudar, adaptar-se, para que a mensagem seja mais próxima, mesmo quando é sempre a mesma, porque Deus não muda, mas renova todas as coisas Nele.
O Papa conclui agradecendo a todos os catequistas pelo que fazem, mas sobretudo porque caminham com o Povo de Deus. “Eu os encorajo a serem alegres mensageiros, custódios do bem e da beleza que resplandecem na vida fiel do discípulo missionário.”
O Simpósio Internacional sobre Catequese teve início no dia 11 de julho e prossegue até o dia 14. O encontro tem como tema "Bem-aventurados os que creem”, e entre os conferencistas estão o Arcebispo  Luis Francisco Ladaria sj, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Mons. José Ruiz Arenas, Secretário do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização.
Rádio Vaticano

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF