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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

TEOLOGIA: Teologia mística

Areopagita Dionisio | ECCLESIA

Areopagita Dionisio:

Teologia mística

I: em que consiste a escuridão divina?

Trinity supra-essencial e mais do que divino e mais do que bom, mestre da sabedoria cristã divina, guia-nos além do não conhecimento e da luz, ao ponto mais alto das Escrituras místicas. Lá onde os mistérios simples, absolutos e imutáveis ​​da teologia se revelam na escuridão mais que luminosa do silêncio. No meio da escuridão mais negra e deslumbrante da luz, absolutamente intangível e invisível, transbordam os mistérios das mais belas luzes que inundam nossas mentes, que sabem fechar os olhos.

Esta é minha oração. Timóteo, meu amigo, totalmente devoto da contemplação mística, renuncia aos sentidos, às operações intelectuais, a tudo o que é sensível e inteligível. Livre-se de todas as coisas que são e até daquelas que não são e levante-se assim, tanto quanto você puder, até que você se una em não saber com aquele que está além de todo ser e todo saber. Porque pelo afastamento livre, absoluto e puro de si mesmo e de todas as coisas, jogando tudo e tudo, você será elevado em puro êxtase ao Raio de escuridão da divina Supraesência.

2. Mas tome cuidado para que nada disso chegue aos ouvidos dos não iniciados, aqueles que estão apegados aos seres, que imaginam que não há nada além do que existe na natureza física individual. Eles também pensam que, com sua razão mística, podem conhecer aquele que "armou sua tenda nas trevas". E se eles não conseguem entender a iniciação aos mistérios divinos, o que dizer daqueles que são verdadeiramente profanos, aqueles que descrevem a Causa suprema de todas as coisas através dos seres mais baixos da natureza e proclamam que nada é superior aos muitos ídolos ímpios que eles fazem eles mesmos?

Na realidade, devemos afirmar que, sendo a Causa de todos os seres, tudo o que se diz dos seres deve ser atribuído a ela, porque é supra-essencial para todos. Isso não significa que a negação contradiga as afirmações, mas que por si mesma essa Causa transcende e é supra-essencial a todas as coisas, anterior e superior à privação, visto que está além de qualquer afirmação ou negação.

3. Nesse sentido, então, o divino Bartolomeu diz que a teologia é abundante e mínima, e que se o Evangelho é amplo e copioso, também é conciso. Em minha opinião, ele compreendeu perfeitamente que a misericordiosa Causa de todas as coisas é eloqüente e silenciosa, na verdade silenciosa. Não é racional nem inteligível, pois é supra-essencial a todo ser. Verdadeiramente se manifesta sem véus apenas para aqueles que deixam de lado os ritualismos das coisas impuras e das que são puras, para aqueles que ultrapassam os cumes das montanhas santíssimas. Para aqueles separados das luzes divinas, vozes e palavras celestiais, e que mergulham nas Trevas onde, como diz a Escritura, aquele que está além de todo ser realmente tem sua morada.

Não foi em vão que o divino Moisés recebeu ordens de primeiro se purificar e depois se separar do impuro. Após a limpeza, ele ouviu as trombetas de vários sons e viu muitas luzes de raios ardentes. Já separado da multidão e acompanhado pelos padres escolhidos, chegou ao cume das ascensões divinas. Mas ele ainda não encontrou o mesmo Deus. Não contemple o Invisível, mas o lugar onde Ele habita. Isso significa, creio eu, que as coisas mais sagradas e sublimes percebidas por nossos olhos e inteligência não são as razões hipostáticas para os atributos que verdadeiramente condizem com a presença daquele que tudo transcende. Por meio deles, no entanto, sua presença inimaginável é manifestada, caminhando nas alturas daquelas cúspides inteligíveis de seus lugares mais sagrados. Então, é quando o espírito está livre e despojado de tudo o que vê e é visto, penetra (Moisés) na misteriosa escuridão do não saber. Ali, renunciada a tudo o que a mente pode conceber, totalmente absorta naquilo que não percebe nem entende, ela se abandona completamente àquele que está além de todo ser. Ali, sem pertencer a si mesmo ou a ninguém, renunciando a todo conhecimento, ele permanece unido pelo mais nobre de seu ser com Aquele que escapa de todo conhecimento. Pela mesma razão que ele não sabe nada, ele entende sobre toda inteligência. (Moisés) penetra na escuridão misteriosa de não saber. Ali, renunciada a tudo o que a mente pode conceber, totalmente absorta naquilo que não percebe nem entende, ela se abandona completamente àquele que está além de todo ser. Ali, sem pertencer a si mesmo ou a ninguém, renunciando a todo conhecimento, ele permanece unido pelo mais nobre de seu ser com Aquele que escapa de todo conhecimento. Pela mesma razão que ele não sabe nada, ele entende sobre toda inteligência. (Moisés) penetra na escuridão misteriosa de não saber. Ali, renunciada a tudo o que a mente pode conceber, totalmente absorta naquilo que não percebe nem entende, ela se abandona completamente àquele que está além de todo ser. Ali, sem pertencer a si mesmo ou a ninguém, renunciando a todo conhecimento, ele permanece unido pelo mais nobre de seu ser com Aquele que escapa de todo conhecimento. Pela mesma razão que ele não sabe nada, ele entende sobre toda inteligência. ele permanece unido pelo mais nobre de seu ser com Aquele que escapa a todo conhecimento. Pela mesma razão que ele não sabe nada, ele entende sobre toda inteligência. ele permanece unido pelo mais nobre de seu ser com Aquele que escapa a todo conhecimento. Pela mesma razão que ele não sabe nada, ele entende sobre toda inteligência.

II: como devemos nos unir e louvar o Autor de todas as coisas, que tudo transcende

Que possamos também penetrar nesta escuridão mais do que luminosa! Renunciemos a toda visão e conhecimento para ver e conhecer o invisível e o incognoscível: Aquele que está além de toda visão e conhecimento!

Porque esta é a verdadeira visão e conhecimento: e pelo próprio fato de abandonar tudo o que existe, o superessencial é celebrado de uma forma superessencial. Assim como os escultores esculpem as estátuas, retirando tudo o que, como envelope, impede uma visão clara da forma oculta. Essa simples desapropriação é suficiente para que a beleza oculta e genuína se manifeste.

Portanto, é conveniente, em minha opinião, elogiar a negação de uma forma muito diferente da afirmação. Afirmar é colocar as coisas desde o início, ir ao meio e chegar aos últimos extremos. Por outro lado, pela negação é retirá-los dos últimos extremos e subir aos princípios. Removemos tudo que impede de conhecer abertamente o Incognoscível, conhecido apenas pelas coisas que o cercam.

Vamos, portanto, olhar para aquela escuridão supra-essencial que as luzes das coisas não podem ver.

III: O que se entende por Teologia Afirmativa e Teologia Negativa

Em minhas "Representações Teológicas", já deixei claro quais são as noções mais típicas da teologia afirmativa (catafática); em que sentido o Bem da natureza divina é Um e Triúno; como se entende a paternidade e a filiação; o que significa a denominação divina do Espírito; como essas cordiais luzes de bondade brotaram do Bem imaterial e indivisível e como, ao se espalharem, todas permaneceram nele, umas nas outras desde seu fundamento coeterno. Falei de Jesus que, sendo supra-essencial, revestiu-se substancialmente da verdadeira natureza humana. Nas "Representações Teológicas" também elogiei outros mistérios segundo as Sagradas Escrituras.

No "Tratado sobre os Nomes de Deus" expliquei em que sentido dizemos que Deus é Bem, Ser, Vida, Sabedoria, Poder e tudo o que pode ser apropriado à natureza espiritual de Deus. Em "Teologia Simbólica" tratei das analogias que os seres que observamos podem ter com Deus. Falei de coisas sensíveis em relação a Ele, de formas e figuras, de ministros, lugares sagrados e ornamentos; do que significa raiva, tristezas e ressentimentos; do significado que Nele têm as palavras de embriaguez e entusiasmo, juramentos, maldições, sonhos e vigílias. E de outras imagens com as quais representamos Deus simbolicamente. Suponho que você tenha notado como os livros mais recentes são mais longos do que os primeiros, pois não era conveniente que as "Representações Teológicas" e o "Tratado sobre os Nomes de Deus" fossem tão extensos quanto a "Teologia Simbólica". O fato é que quanto mais alto voamos, menos palavras precisamos, porque o inteligível se apresenta cada vez mais simplificado. Portanto, agora, ao entrarmos nessa escuridão que está além da inteligência, chegamos a ficar não apenas aquém das palavras, mas ainda mais, em perfeito silêncio e sem pensar em nada. porque o inteligível é apresentado cada vez mais simplificado. Portanto, agora, ao entrarmos nessa Escuridão que está além da inteligência, chegamos a ficar não apenas aquém das palavras, mas ainda mais, em perfeito silêncio e sem pensar em nada. porque o inteligível é apresentado cada vez mais simplificado. Portanto, agora, ao entrarmos nessa Escuridão que está além da inteligência, chegamos a ficar não apenas aquém das palavras, mas ainda mais, em perfeito silêncio e sem pensar em nada.

Nesses escritos, o discurso ia do mais alto ao mais baixo. Nesse caminho descendente, o fluxo de ideias aumentava, multiplicando-se a cada passo. Mas agora que escalamos do solo mais baixo ao topo, quanto mais alto subimos, mais raras as palavras se tornam. Ao coroar o topo, reina o silêncio completo. Estamos totalmente unidos ao Inefável.

Você se pergunta, talvez, que partindo do mais alto por meio da afirmação, agora partimos do mais baixo por meio da negação. A razão é esta: quando afirmamos algo daquele a quem nenhuma afirmação chega, precisamos que nossas afirmações sejam baseadas no que está próximo a Ele. Que estão mais longe. Não é verdade que está mais de acordo com a realidade afirmar que Deus é vida e é bom do que o ar ou a pedra? Não é verdade que Deus está mais distante de estar bêbado e zangado do que de ser nomeado e compreendido? E neste sentido é diferente dizer que Deus não é “embriaguez ou raiva” para dizer que Deus não é nossa “palavra ou pensamento”. Mas, fundamentalmente, eles concordam com o "não" com respeito a Deus. Portanto, este é o caminho mais direto, simples e seguro para chegar a Deus ou ao topo, o caminho da teologia mística proficiente ou perfeita.

IV: Que a Causa Transcendente não é absolutamente sensível à realidade sensível

Portanto, dizemos que a Causa universal está acima de tudo o que foi criado. Não falta essência, vida, razão ou inteligência. Não tem corpo, forma, qualidade, quantidade, peso. Não está em lugar nenhum. Nem a visão nem o toque o percebem. Não sente nem atinge os sentidos. Não sofre de desordem ou perturbação das paixões terrenas. Que eventos sensatos não a escravizam nem a reduzem à impotência. Não precisa de luz. Não sofre mutação, corrupção ou decadência. Não é adicionado para ser, ou ter, ou qualquer coisa que caia sob o controle dos sentidos.

V: Que a Causa Suprema de tudo inteligível não é algo inteligível

Em uma escala ascendente, acrescentamos agora que esta Causa não é nem alma nem inteligência; não tem imaginação, expressão, razão ou inteligência. Não é uma palavra por si só, nem é compreensão. Não podemos falar ou entender isso. Não é nem número, nem ordem, nem magnitude, nem pequenez, nem igualdade, nem semelhança, nem dissimilaridade. Não é móvel, nem imóvel, nem repousa. Não tem poder nem é poder. Não é luz, nem vive, nem é vida. Não é substância, eternidade ou tempo. A inteligência não pode entendê-lo, pois não é nem conhecimento nem verdade. Não é reino, nem sabedoria, nem um, nem unidade. Não é divindade, nem bondade, nem espírito no sentido em que o entendemos. Não é parentesco ou paternidade ou qualquer coisa que ninguém ou nós saibamos. Não é nem das coisas que são nem das coisas que não são. Ninguém sabe como é, nem a Causa conhece ninguém como sendo. Ele não tem razão, nem nome, nem conhecimento. Não é escuridão nem luz, nem erro nem verdade. Absolutamente nada pode ser afirmado ou negado sobre isso.

Quando negamos ou afirmamos algo de coisas inferiores à Causa suprema, não adicionamos ou retiramos nada dela. Porque toda afirmação fica abaixo da causa única e perfeita de todas as coisas, visto que toda negação fica abaixo da transcendência daquele que está simplesmente despojado de tudo e está situado além de tudo.

Existem várias versões deste tratado, incluindo a de Dionisio Areopagita.

FONTE:

Obras completas, Madrid, BAC, 1990, edição de Teodoro H. Martín.


ECCLESIA

Das Homilias de Santo Astério de Amaséia, bispo

Cristo bom pastor | Cléofas

Das Homilias de Santo Astério de Amaséia, bispo

(Hom. 13:PG40,355-358.362)             (Séc.V)

Imitemos o exemplo de Cristo como pastor

Se quereis parecer-vos com Deus porque fostes criados à sua imagem, imitai o seu exemplo. Se sois cristãos, nome que já é uma proclamação de caridade, imitai o amor de Cristo.

Considerai as riquezas de sua bondade. Estando para vir como homem ao meio dos homens, enviou à sua frente João, como pregoeiro e exemplo de penitência; e antes de João, tinha enviado todos os profetas para ensinarem aos homens o arrependimento, a volta ao bom caminho e a conversão a uma vida melhor.

Vindo, pouco depois, ele mesmo em pessoa, proclamou coma sua voz: Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados e eu vos darei descanso (Mt 11,28). Como acolheu ele os que ouviram a sua voz? Concedeu-lhes sem dificuldade o perdão dos pecados e a imediata libertação de seus sofrimentos. O Verbo os santificou, o Espírito os confirmou; o velho homem foi sepultado nas águas do batismo e o novo, regenerado, resplandeceu pela graça.

Que conseguimos ainda? De inimigos de Deus, nos tornamos amigos; de estranhos, filhos; e de pagãos, santos e piedosos.

Imitemos o exemplo de Cristo como pastor. Contemplemos os evangelhos e vendo neles, como num espelho, o exemplo de sua solicitude e bondade, aprendamos a praticá-las.

Vejo ali, em parábolas e figuras, um pastor de cem ovelhas que, ao verificar que uma delas se afastara do rebanho e andava sem rumo, não permaneceu com as outras que pastavam tranquilamente. Saiu à sua procura, atravessando vales e florestas, transpondo altos e escarpados montes, percorrendo desertos, num esforço incansável até encontrá-la.

Tendo-a encontrado, não a castigou nem a obrigou com violência a voltar para o rebanho; pelo contrário, tomando-a nos ombros e tratando-a com doçura, levou-a para o aprisco, alegrando-se mais por esta única ovelha recuperada do que por todas as outras. Consideremos a realidade oculta na obscuridade da parábola. Nem esta ovelha nem este pastor são propriamente uma ovelha e um pastor; são imagem de uma realidade mais profunda.

Há nesses exemplos um ensinamento sagrado: nunca devemos considerar os homens como perdidos e sem esperança de salvação,nem deixar de ajudar com todo empenho os que se encontram em perigo nem demorar em prestar-lhes auxílio. Pelo contrário, reconduzamos ao bom caminho os que se afastaram da verdadeira vida e alegremo-nos com a sua volta à comunhão daqueles que vivem reta e piedosamente.

https://liturgiadashoras.online/

Formação cristã para crianças será de seis anos em dioceses do Equador

Com os dois novos níveis, as crianças aprenderão a usar e
ler a Bíblia, a refletir sobre os textos e a vivê-los

“Embora o tempo de catequese tenha aumentado (seis anos), o período que dedicamos ao estudo da fé é muito curto (uma hora por semana), e é uma oportunidade para saber mais sobre Nosso Senhor Jesus Cristo”, disse o responsável da Comissão Magistério da Arquidiocese de Guayaquil aos pais e filhos, exortando-os a não desanimarem.

Vatican News

Com o objetivo de aprofundar e fortalecer o estudo da fé cristã, na Arquidiocese de Guayaquil, bem como nas Dioceses de Babahoyo e São Jacinto, no Equador, serão acrescentados no plano de formação catequética a partir deste ano, os níveis "Iniciação" e "Estudo Bíblico", o que fará com que a formação das crianças passe a ser de seis anos.

decreto com as novas disposições - informa o portal da Arquidiocese – diz respeito a paróquias, escolas, colégios e igrejas reitorais. Já a Conferência Episcopal havia estabelecido que a formação cristã passaria de quatro para seis níveis e que várias paróquias já haviam introduzido o novo sistema. Agora, a Arquidiocese de Guayaquil o tornou obrigatório, especificando que as crianças poderão começar o catecismo aos 7 anos.

O itinerário da catequese para crianças e adolescentes, portanto, passa a constar com os seguintes níveis: Iniciação, Primeira Comunhão 1, Primeira Comunhão 2, Bíblico, Crisma 1 e Crisma 2.

O responsável pela Comissão Magistério da Arquidiocese, Dom Giovanni Piccioli, explicou que os dois novos anos acrescentados são muito importantes para a formação das crianças, que neles aprenderão, de forma didática, os mistérios da fé, como o da Criação ou da Salvação.  Além disso, nos dois novos níveis, as crianças aprenderão a usar e ler a Bíblia, a refletir sobre os textos e a vivê-los.

Este ano as inscrições para o catecismo serão para os níveis de Iniciação, Comunhão 2, Bíblico e Crisma 2. No próximo ano os Sacramentos da Primeira Comunhão e Crisma não serão celebrados, enquanto em 2023 todos os seis níveis de catequese estarão abertos.

Dom Piccioli exortou pais e filhos a não desanimar com esta nova disposição. “Embora o tempo de catequese tenha aumentado (seis anos), o período que dedicamos ao estudo da fé é muito curto (uma hora por semana), e é uma oportunidade para saber mais sobre Nosso Senhor Jesus Cristo”.

As paróquias abriram as inscrições para o catecismo, mas devido à pandemia as aulas ainda serão ministradas em modalidade virtual.

Vatican News Service - TC

Santa Maria Maior, a basílica de nossa Mãe e Protetora

krivinis | Shutterstock
por Marinella Bandini

Igrejas estacionais: os seminaristas vinham aqui para pedir proteção ao começarem sua vida sacerdotal.

Existem três estações quaresmais em Santa Maria Maior. A primeira era um momento importante para os jovens que se preparavam para receber dentro de alguns dias a ordenação diaconal e sacerdotal. Para isso, eles se dirigiam até ali para se colocar sob a proteção de nossa Mãe Celestial.

A basílica foi concluída pelo Papa Sisto III um ano depois que o Concílio de Éfeso (431) proclamou a legitimidade do título mariano “Theotokos”, isto é, “Mãe de Deus”. Esta é a maior igreja de Roma dedicada à Virgem Maria.

Ainda hoje as pessoas vêm aqui aos pés de nossa Mãe para invocar sua proteção e intercessão para sua salvação. Na Capela Paulina, à esquerda do altar-mor, é venerado o ícone da “Salus Populi Romani” (“Protetora do Povo Romano”), ícone milagroso atribuído a São Lucas. O ícone, pintado em madeira, representa a Virgem com o Menino Jesus e foi datado do século XII ou XIII. O Papa Francisco também gosta muito desta imagem e a visita para rezar antes e depois de cada viagem internacional.

À frente, no corredor direito da basílica, a Capela Sistina (diferente da capela do Vaticano, mas com o mesmo nome) abriga o túmulo do Papa São Pio V, um reformador muito rigoroso dos costumes e tradições do clero.

A Nossa Senhora, Mãe e Protetora de todos os crentes, confiamos o nosso caminho quaresmal.

Meu sacrifício, ó Senhor, é um espírito contrito, um coração arrependido e humilhado, ó Deus, que não haveis de desprezar (Salmo 50)

Aleteia 

Por que o Governo indiano tem tanto medo do Cristianismo?

Dom Cornélio | Guadium Press
Dom Leo Cornélio, bispo de Bhopal (Índia), garantiu que a lei contra as conversões “não desanima as pessoas” e “muitos nos perguntam por que o governo tem tanto medo do cristianismo

Redação (24/02/2021, 17:10, Gaudium Press) De acordo com os registros policiais, 28 pessoas, pelo menos metade delas cristãs, foram ordenados –no mês seguinte à entrada em vigor da Lei de Madhya Pradesh sobre Liberdade Religiosa– a regulamentar os casamentos inter-religiosos e as conversões.

A portaria que penaliza as conversões religiosas foi publicada no Diário Oficial da Índia em 9 de janeiro de 2021.

O objetivo da lei, segundo o governo, é prevenir conversões religiosas forçadas sob o pretexto de casamento, uso da força, declarações falsas ou outros meios fraudulentos.

De acordo com a nova lei, uma pessoa que deseja realizar uma conversão religiosa por sua própria vontade, juntamente com o sacerdote que realiza a conversão, deve notificar o oficial do distrito pelo menos 60 dias antes da data planejada para a conversão.

Por que o governo tem tanto medo do cristianismo, por que as autoridades interferem em uma decisão tão íntima e na consciência das pessoas?

Em declarações à Agência AsiaNews, o Bispo de Bhopal, Dom Léo Cornélio, disse:

“Isso não desanima as pessoas, essa portaria tem efeitos positivos, porque muitas pessoas (até leigos apoiadores da comunidade majoritária) nos perguntam por que o governo tem tanto medo do cristianismo, por que as autoridades interferem em uma decisão tão íntima e na consciência das pessoas? ”

É importante notar, disse Dom Leo Cornélio, que muitos de nossos amigos leigos nos perguntam ‘o que é que atrai as pessoas à fé’, e mais e mais pessoas estão perplexas com o medo que as autoridades têm da religião cristã.

O Bispo de Bhopal afirma ainda que “são nossos amigos da maioria leiga que nos fazem essas perguntas”.

“O Cristianismo atrai pessoas. Muitas pessoas em cargos importantes estão nos fornecendo dados do censo que desmentem qualquer aumento no número de cristãos no país, mas a lei contra a conversão que existe desde 1968 foi endurecida” , disse o Bispo.

Com esta lei contra a conversão haverá batismo de adultos durante a vigília pascal 2021?

A AsiaNews perguntou a Dom Cornélio se haverá batismos de adultos durante a vigília pascal:

”Todas as leis e regras serão cumpridas, todos os procedimentos legais serão respeitados, respondeu o Prelado. Se houver um caso autêntico de batismo de adulto, será apresentada uma declaração juramentada e o consentimento legal dos pais (na Igreja Católica a conversão de menores não é permitida).

Em segundo lugar, o próprio candidato deve emitir uma declaração legal, com todos os requisitos e, finalmente, ele deve passar por dois anos de formação RCIA (Rito de Iniciação Cristã de Adultos) e só então será feito o batismo do adulto.

Os batismos de adultos são realizados na primavera e, sim, haverá este ano em nossa arquidiocese. Talvez não na vigília da Páscoa, devido a restrições do Covid. Não temos certeza de como serão as celebrações da Páscoa, mas sim, teremos batismos de adultos. ”

As leis contra a conversão são reforçadas com este novo decreto. Elas são ferramentas de perseguição para atacar os cristãos…

Por sua vez, Sajan K. George, presidente do Conselho Global de Cristãos Indianos (Gcic) disse ao AsiaNews:

“As leis contra a conversão são reforçadas com este novo decreto. Elas são ferramentas de perseguição para atacar os cristãos. Acusações falsas e inventadas de conversão são feitas, especialmente quando eles se reúnem para cultos de adoração em casas particulares ou templos. Na Índia secular, a liberdade religiosa é garantida pela Constituição. No entanto, pequenas comunidades cristãs são falsamente acusadas de conversão …

“Especialmente na Quaresma, grupos de vigilantes monitoram os ritos cristãos, especialmente a Via Sacra, e ridicularizam e zombam dos cristãos que não puderam se salvar e foram crucificados. Estes elementos antissociais intimidam as pessoas que vêm às celebrações … o confinamento e a pandemia não impediram estes extremistas que continuam a interromper as celebrações, abusam física e verbalmente, provocam uma situação prevista por lei e fazem falsas acusações de conversão.

“Os elementos das camadas sociais mais baixas têm carta branca para suas hostilidades contra os cristãos nos tempos difíceis da pandemia” ,  disse o presidente do Conselho Global de Cristãos Indianos (Gcic), Sajan K. George. (JSG)

(Com informações Ásia News-Infocatólica – Foto Infocatólica)

https://gaudiumpress.org/

Onde realmente começa a minha liberdade?

Serhii Brovko|Shutterstock
por Jeanne Larghero

Liberdade não significa ter infinitas opções, mas poder escolher o que é certo.

Diz-se que “a liberdade de uma pessoa termina onde começa a da outra …” Mas de onde vem essa fórmula? É a melhor definição de liberdade?

Este ditado vem direto das chamadas filosofias “contratualistas” do Iluminismo. Ele pressupõe um mundo onde todos cuidam de si mesmos e onde todos têm as mesmas necessidades básicas. Nesse contexto, se todos adquirirem o hábito de fazer absolutamente o que gostam, ninguém terá muito ou nada.

Por exemplo: em um mundo onde todos esperam viver com boa saúde pelo maior tempo possível, é do interesse de todos parar de cuspir germes no rosto um do outro, mesmo porque ninguém gosta de cobrir o nariz com uma máscara de manhã até noite.

Liberdade e segurança

De fato, qualquer um pode entender o que Hobbes, Rousseau ou Kant quiseram dizer. A liberdade absoluta para todos é o fim da segurança de todos. Portanto, cada indivíduo deve renunciar à liberdade absoluta de vontade, tanto por interesse próprio quanto por ajuda mútua.

É preciso, então, adotar regras que garantam a segurança de todos e que nos protejam de nosso apetite pelo poder. Uma vez que essas regras tenham sido adotadas, a defesa das liberdades pode ser organizada: liberdades de opinião, expressão, associação, movimento e assim por diante.

A liberdade e o outro

Você pode fazer o que quiser, desde que não incomode ninguém?

Esta máxima visa o convívio em paz e permite que sejam lançadas as bases de um sistema democrático. Devemos nos surpreender que se tornou o início e o fim da conduta individual e coletiva.

Muitas pessoas parecem pensar: “Faça o que quiser, desde que não incomode ninguém!” Ou: “Explore todas as possibilidades, desde que a outra pessoa conceda consentimento”. De acordo com essa visão do mundo, “Eu sou livre” se traduz em “Eu faço tudo o que gosto, desde que não infrinja a liberdade dos outros”.

Essa ideia, entretanto, deixa de lado duas considerações críticas.

1 –  Compromisso

Primeiro, nossa liberdade não é automaticamente maior à medida que nosso campo de possibilidades se expande. Aquele que tem tudo ao seu alcance, mas nunca escolhe nada – diante de quem todas as portas se abrem, mas que nunca empurra nenhuma – está exatamente na mesma situação que um homem impedido de abrir qualquer porta.

Tal pessoa não faz nada, não porque a ação seja impossível, mas por impotência. Ele é incapaz de querer, de escolher, de se comprometer.

Na realidade, quanto mais livres queremos ser mais temos de ser capazes de nos comprometer. Uma capacidade forte, sólida e vigorosa de tomar decisões permite-nos escolher bem, e isso é a verdadeira liberdade.

2-  A serviço de um bem

Em segundo lugar, a liberdade não é medida pela quantidade de escolhas disponíveis para nós.

A pergunta que devemos fazer não é: “Até onde pode ir a liberdade – de opinião, de expressão, de movimento?” A única pergunta que realmente vale a pena fazer é: “Como devemos usar nossa liberdade de escolha?”

O que nos torna livres é a capacidade de criar e escolher projetos pelos quais valha a pena defender e lutar. Paradoxalmente, ser livre é estar sempre a serviço de um bem: luz para a inteligência e ímpeto para a vontade.

Portanto, vão vamos defender as liberdades com o objetivo estéril de autopreservação. A liberdade é comprovada e testada no compromisso, e o compromisso é acionado quando o amor entra em ação.

Assim, minha liberdade não termina onde começa a das outras pessoas. Ela termina quando não tenho nada para amar, quando não vejo mais nada que valha a pena salvar.

Decidir amar a vida e desejar um mundo onde cada um não cuide apenas de si mesmo é o coração da liberdade. É o valor de nossos objetivos que é a verdadeira medida de nossa liberdade.

Aleteia

São Cesário de Nazianzo

S. Cesário de Nazianzo | Convento da Penha
25 de fevereiro

Origens

Cesário nasceu no ano 330. Era irmão do famoso São Gregório Nazianzeno. Grande parte de vida foi vivida na cidade egípcia de Alexandria. Lá, onde estudou astronomia, geometria e medicina. Ele conheceu o cristianismo provavelmente através de seu irmão Gregório. Porém, demorou muito a optar decisivamente pelo batismo.

Catecúmeno

Cesário foi catecúmeno, ou seja, aspirante ao batismo, durante vários anos de sua vida. Alguns detalhes marcantes de sua vida nos foram transmitidos apenas através de uma oração de exéquias (oração para os mortos) composta por seu irmão Gregório. 

Médico na corte imperial

O ofício de médico, exercido com competência, levou-o até à corte imperial romana sediada na cidade de Constantinopla. Como médico imperial, foi tentado várias vezes a abandonar a fé cristã e assumir a vida pagã. O próprio imperador Juliano tentou convertê-lo várias vezes ao paganismo. Cesário, porém, mesmo sendo somente catecúmeno, nunca cedeu. Ao contrário, justificou seu nome latino que significa “grande e honrado”, e permaneceu firme.

Salvo de um terremoto

Cesário só optou por receber a graça do batismo depois de, milagrosamente, sobreviver a um violento terremoto ocorrido em Nicéia. Este fato marcou profundamente sua vida. E sua opção pelo batismo foi decisiva. Depois desse episódio e de seu batismo, ele abandonou a medicina e sentiu no coração o chamado para se dedicar à cura dos corações e das almas feridas, levando a elas a salvação que somente Jesus Cristo pode oferecer.

Pobreza e penitência

Depois de seu batismo, São Cesário passou a viver uma vida simples e penitente. Pregou a Palavra de Deus e ajudou a muitos no conhecimento de Cristo. Tornou-se um nome importante na comunidade cristã no que diz respeito à fé, às virtudes cristãs e à caridade para com todos. Sabe-se que pouco tempo depois desta feliz experiência de vida cristã, São Cesário veio a falecer ainda muito jovem. Antes de morrer, teve condições de fazer seu testamento: deixou tudo o que possuía para os pobres.

Oração a São Cesário de Nazianzo

“Ó Deus, concedei-nos, pelas preces de São Cesário de Nazianzo, a quem destes perseverar na imitação de Cristo pobre e humilde, seguir a nossa vocação com fidelidade e chegar àquela perfeição que nos propusestes em vosso Filho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. São Cesário de Nazianzo, rogai por nós.”

Cruz Terra Santa

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Fidelidade à vocação e a paixão aos estudos de São Tomás de Aquino

EduQC

Grande figura da teologia católica, padroeiro das escolas católicas, Doutor da Igreja e presbítero dominicano. Nesse dia 28 de janeiro, celebramos a vida e os ensinamentos deste grande santo católico: São Tomás de Aquino.

por Teresa Breda - em 26/01/2021

Grande figura da teologia católica, padroeiro das escolas católicas, Doutor da Igreja e presbítero dominicano. Estas são algumas das nomeações que São Tomás de Aquino conquistou por sua sedenta e incessante busca de explicar ao mundo a filosofia e a teologia dos Mistérios de Deus. “Dá-me, Senhor, agudeza para entender, capacidade para reter, método e faculdade para aprender, sutileza para interpretar, graça e abundância para falar. Dê-me, Senhor, acerto ao começar, direção ao progredir e perfeição ao concluir”, dizia. Nesse dia 28 de janeiro, celebramos a vida e os ensinamentos deste grande santo católico.

DA PRISÃO À LIBERDADE

Sua primeira batalha foi contra a própria família que não aceitava sua inclinação à vida dominicana. Nascido em 1225 no Castelo de Roccasecca, sul do Lácio, da família dos Condes Aquino, com certo parentesco com o imperador Federico II, Tomás tinha uma natureza tímida e gentil. Por isso, o desejo de seu pai, Landolfo, era que se tornasse abade do Mosteiro de Montecassino. Entretanto, rejeitou as ordens ambiciosas do pai e identificou que sua real vocação estava junto aos frades Dominicanos.  

Nada satisfeitos com sua escolha, seus dois irmãos o prenderam em uma cela proverbial, como uma tentativa de fazê-lo desistir da ideia. Em um dado momento, enviaram uma prostituta para sua cela, o irritando profundamente, a ponto de abandonar  sua disposição pacífica por instantes para afugentá-la com uma brasa ardente. A história conta que apenas conseguiu escapar  com a ajuda de suas duas irmãs, pela janela da prisão. 

A PAIXÃO PELOS ESTUDOS E A SENSIBILIDADE À VOZ DE DEUS

Livre, dedicou-se aos estudos sobre aristotelismo sendo discípulo do Santo Alberto Magno em Colônia e lecionou em uma universidade de Paris. Após intensificar seus estudos, escreveu o hino “Pange Lingua”, cantado na solenidade de Corpus Christi, e deu início a sua grande obra para explicar a existência de Deus: “Summa theologiae”. Esta é dividida em cinco partes e apresenta a filosofia como serva da teologia, assim como a necessidade de se confiar na razão e nos sentidos. 

A paixão pelos estudos se estendeu por toda sua vida. Em 06 de dezembro de 1273 proclamou ao coirmão Reginaldo que não podia mais escrever pois “tudo o que escrevi é como palha para mim, em comparação ao que me foi revelado", e parou. Biógrafos afirmam que o fato se deu após um diálogo místico com Jesus. 

Também chamado de “Doutor Angélico”, deixou para a igreja uma síntese do pensamento católico e faleceu em 1274, com apenas 49 anos. 

EXEMPLOS DE SANTIDADE

A história e os textos deixados por São Tomás de Aquino nos convidam a compreender os Mistérios de Deus e a seguir nossa vocação, mediante aos desafios. Por isso, convidamos você a conhecer obras de santos publicadas pela Cidade Nova como fonte de inspiração para uma vida cristã cada vez mais santa.

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Quaresma, a grande limpeza da nossa vida interior

Fred de Noyelle / Godong

Nos despojamos de tudo aquilo que parece inútil e daquilo que encobrimos dentro de nós mesmos. Por que não aproveitar a Quaresma para fazer uma grande limpeza na sua vida?

Para Yves Boulvin, psicoterapeuta cristão, a Quaresma é uma oportunidade maravilhosa para voltar o olhar para si mesmo, para a própria vida interior, para os outros e redescobrir a Deus. A seguir, ele nos dá alguns conselhos sobre o assunto.

Como você vê a Quaresma?

Este tempo é uma grande oportunidade para trabalhar sobre si mesmo e discernir do que é preciso se libertar. “Eu vim para libertar os cativos”, garante Jesus. No entanto, vivemos apenas em semi-liberdade, presos a muitos condicionamentos. Durante a Quaresma, Cristo nos diz: “Eu vim para te libertar, você me aceita?”. A boa nova é muito grande!

Se a Quaresma não existisse, teria que ser inventada?

Sim, é um momento de fazer um inventário e uma limpeza. Livramo-nos do desnecessário, daquilo que pesa. Fazemos isso em nossas casas, nossos carros, nossos escritórios, por que não em nossas vidas?

Qual é a primeira dica para uma Quaresma frutífera?

Saia da culpa e entre em verdadeira contrição. Sentir-se culpado e apenas culpado é se julgar em um perfeccionismo moral onde você quer ser perfeito. Há até quem se alivie da culpa sentindo-se culpado: “Sou uma boa pessoa porque me sinto culpado!”. A culpa que não leva à fertilidade nos faz andar em círculos; ao contrário da contrição, esta lágrima do coração que nos atravessa ao perceber o que está errado com a nossa vida e que levará à decisão por uma mudança, sabendo que vai demorar, que é preciso paciência e verdadeira perseverança e, portanto, verdadeira humildade para ter sucesso.

O que é preciso mudar primeiro em si mesmo?

Nosso “perfeccionismo”, justamente. Somos prisioneiros de uma interpretação “moralizante” do convite de Cristo: “Sede perfeitos como o vosso Pai é perfeito”. Acreditamos que podemos ser perfeitos como Deus, e no agora. Fizemos de um objetivo a ser alcançado uma obrigação imediata. E como não somos capazes de ser perfeitos no hoje, nos sentimos culpados, não nos amamos, nos criticamos, e nos desesperamos. Admito que não sou perfeita e nunca serei. Mas decido ir de imperfeição em imperfeição, aceitando-as cada vez mais no amor de Deus. Não há perfeição, exceto na imperfeição perfeitamente aceita. Jesus nunca acusou um pecador, mas condenou os orgulhosos fariseus que se colocavam acima dos outros.

Por que temos tanto medo da Quaresma?

Trazemos em torno da Igreja um legado de medos, muitos dos quais ainda não emergiram: medo de um Deus juiz, do inferno, do castigo… E então, temos medo de mudar hábitos. As velhas rotinas nos tranquilizam; elas até geram em nós um efeito de consolação. A Quaresma oferece a oportunidade de nos questionar sobre esses hábitos.

Por exemplo?

Quais são os comportamentos prejudiciais que tenho tido há muito tempo no meu estilo de vida: vou para a cama tarde demais, como irregularmente enquanto mordisco a toda hora, não faço exercícios, entre outros. Como posso imaginar uma mudança que seja gradual, que não seja muito frustrante e que seja adequada com o meu dia a dia? O que eu gostaria de mudar em minhas relações com os outros? O hábito de evitar confrontos; o caráter muito submisso, muito gentil ou muito rebelde; a tendência de caluniar, criticar, de desconfiança perpétua… Aceitemos sem nos justificar, sem nos sentir culpados, enfrentar as inclinações das quais gostaríamos de nos livrar. Me deixo aprisionar por esse hábito e sofro com isso? Então preciso buscar não me deixar dominar pela culpa, não adianta. Decidir mudar algo e manter minha decisão dia após dia. Não esquecendo que uma resolução deve ser assumida diariamente, aceitando erros, valorizando o progresso, incentivando-se a cada dia.

Podemos assim buscar o axioma observação-ação-reação para uma conversão autêntica?

Sim. Um dos principais obstáculos para melhorar nossa vida é justamente admitir que temos dificuldades, conflitos internos, mas paramos comumente na observação. Isso não leva a nenhuma mudança, nenhuma “conversão”. Dizemos a nós mesmos: “Não é na minha idade que vou mudar!”; “Eu sou assim”; “Jamais farei isso”. Porém, como há um necessário abandono dos acontecimentos para os quais nada posso mudar, há também uma reação necessária para ter que expulsar a passividade, a inércia, a recusa em questionar a si mesmo, que nos paralisa.

Os conflitos internos que nos enchem de pensamentos dependem especialmente de mim mesmo: eles só existem porque eu os alimento. Mesmo que eu acredite que sou infeliz pelo que aconteceu com determinada pessoa, na verdade, sou eu quem cultiva o sofrimento. Em primeiro lugar, tenho de ver com humildade como contribuo para a minha infelicidade: entendo que sou o autor do que sinto. Não sou responsável pela parte dos outros, mas apenas pelo que faço.

Como discernir nossas verdadeiras falhas? Existem muitas defesas dentro de nós.

Um teólogo ortodoxo disse: “Você não desce ao porão sem acender a luz, senão quebra a cara”. Entrar no exame das camadas psicológicas de alguém sem a Luz de Deus é perigoso, porque muitas vezes pode gerar grande desespero. Se eu permanecer no julgamento, acusarei a mim mesmo ou a outros. E vou jogar o jogo do Acusador. Se procuro esse discernimento no amor de Deus, ele me enriquece, entendo melhor os outros, fico mais humilde e mais tolerante.

Você acredita em uma Quaresma decididamente positiva?

Estou aprendendo a ver as coisas de forma diferente! Por exemplo, eu olho para esse colega de trabalho, meu chefe, meu cônjuge, essa criança, de forma diferente. Não o vejo mais como um perseguidor, mas como um ser ferido, igual a mim. Sem dúvida, levará meses, até anos, mas não posso mais me contentar em ver a existência de meus tormentos e os danos físicos que eles causam sem modificar nada em minha vida. Agora eu realmente quero mudar e treino dia após dia para não ser mais oprimido por pensamentos negativos.

“Eu quero”… Posso realmente querer, já que nunca consigo?

Aqui está uma frase bem simples que sugiro que você escreva em um pedaço de papel que verá todos os dias: “Vou chegar lá!”. Essa frase é importante, pois serve de contrapeso às reflexões que o terapeuta ouve diariamente: “É impossível”; “Eu nunca vou conseguir” ; “Sou incapaz”. Existem em nós, portanto, frases venenosas, palavras com que nos entregamos ao sofrimento, que nós alimentamos em vez de as combater com determinação. Pare de complacência, pare com essas injunções negativas que impedem a ação de Deus. Diga a si mesmo: eu vou chegar lá!

Porém, nem tudo é possível.

Não, mas o possível, ao invés de me desvalorizar e reclamar, pode ser optar por implementar uma estratégia real de mudança. Vai demorar, vai passar por etapas, mas é possível, e vou chegar lá com a ajuda de Deus! Isso diz respeito tanto às mudanças de comportamento quanto à redução de certas compensações: alimentação, álcool, tabaco, trabalho; como mudanças profissionais, mudanças na minha vida privada, ou ao reequilíbrio da minha vida profissional, minha vida familiar e minha vida pessoal , porque um desses três planos está sobrerrepresentado.

Você acredita que é possível mudar de vida?

Com a condição de passar pela realização concreta e progressiva de uma meta que terei estabelecido para mim. Se não tenho um objetivo, não posso mudar; se eu tiver muitos objetivos, eu não tenho foco. Terei que discernir o objetivo que o Senhor me dá, considerando quem eu sou. O reequilíbrio que ele nos propõe é bastante pessoal. Quando Deus fala, sua palavra é breve: fique, aceite a mudança, aprenda a amar, vá em frente, confie, eu estou com você, persevere, ouse… Porém, na maioria das vezes, nos afogamos em uma quantidade grande de palavras e não nos limitamos a nenhuma. Outras pessoas ancoraram nelas um versículo bíblico: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” ; “Eu vim para libertar os cativos” ; “Levante-se e ande” ; “Eles colocam tudo em comum” ; “Não tenha medo, estou com você em tudo que você fizer e onde quer que você vá”.

Você costuma dizer: “Meu treinador é o Senhor”. Isso é apenas uma bricadeira?

É sério (risos)! O Senhor não está ao meu lado para me punir, mas para me ajudar, junto com os anjos e os santos, a realizar muito mais plenamente para que fui feito. Para atualizar profundamente o que sou, para mim e para os outros. Gosto da imagem do xadrez: todas as peças são igualmente importantes. O importante é que me sinto bem no meu lugar: não é melhor nem pior do que o vizinho, é meu. A comparação é um veneno mortal: ou eu me desvalorizo ​​ou me supervalorizo. Dói quando ouço estes pensamentos: “Como sou estúpido” ; “Eu sou terrível!” O problema não é saber se sou mais ou menos inteligente, mas qual é o meu tipo de inteligência – sabemos hoje que são pelo menos oito delas -, de sensibilidade e de memória, que será utilizada para frutificar os dons que Deus colocou em mim.

No final de uma conferência uma pessoa me fez a seguinte pergunta: “As coisas ainda estão muito piores do que melhores no mundo, não é? Eu disse: “Você provavelmente pode dizer isso!”. Mas também podemos dizer: em vez de resmungar contra as nuvens, podemos maravilhar-nos de ter olhos que as vêem; em vez de protestar contra o que está errado com nosso corpo, podemos agradecer por essa maravilha que é o corpo e por tudo que ele nos permite realizar, etc. A atitude do pequeno filho de Deus que está em nós é olhar para o que temos e não para o que não temos, e maravilhar-se com isso.

Essa visão da vida e do mundo não depende de cada um? Podemos mudá-la?

Acredito que ela também depende da cultura familiar; da atmosfera mais ou menos positiva em que somos inseridos enquanto crianças; se fomos amados, esperados, desejados ou não; como éramos amados… Mas se depende do nascimento, depende muito também do renascimento. Como posso mudar minha visão, posso converter minha visão negativa da vida e, aos poucos, mudar minha visão sobre o que vivi para me libertar e ajudar outros? Porque exatamente onde me machuquei, posso ajudar outras pessoas. Somente alcoólatras sóbrios podem realmente ajudar os alcoólatras a abandonar o álcool.

A conversão da Quaresma seria principalmente a do olhar?

De minha parte, vou olhar com lucidez. Pode doer, posso me sentir uma bagunça, mas longe de me culpar, vou chorar pelo que perdi, nos braços de Deus. Posso descobrir então que a melhor maneira parar de sofrer pelo meu filho problemático ou meu marido que se foi é entrar em uma atitude de consciência, de arrependimento positivo. E, em vez de querer mudá-lo, primeiro vou mudar a mim mesmo, descobrindo o que em minha vida está na origem de meus próprios ferimentos.

Encontrarei a verdadeira alegria interior sempre que me aprofundar nessa noção de bagunça interna, onde não se trata de acusação, mas de entender o que realmente aconteceu. Felizes os que choram quando realmente compreendem a fonte de sua dor, pois vão descobrir a alegria!

A Quaresma é também um momento de combate?

Pode ser a luta contra a sabotagem interna que continua me trazendo de volta ao negativo. A luta contra a culpa esterilizante. Tenho muitas pessoas com TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) causado pela culpa não resolvida da infância. Não é nada fácil desalojar essas obsessões, é uma verdadeira luta! É a luta de uma criança que aprende a andar – pois o Senhor me convida a ser uma criança novamente. Em passos pequenos, às vezes cambaleantes, às vezes caindo. Dizia Santa Teresinha: “Os pequeninos dão pequenos passos”. Apenas devo começar, dando meu pequeno passo! Saber que os pais divinos estão ao meu lado, prontos para me segurar. Theresa acrescentou: “Uma criança nunca cai de uma grande altura”. Somos vulneráveis, mas quão vulnerável Deus também se fez em relação a nós! Quanto mais amamos, mais vulneráveis ​​somos. Mas ele nos ama infinitamente!

Estamos vulneráveis ​​e feridos?

Todos nós fomos feridos, machucados. Todos nós já experimentamos, em algum momento de nossa vida, uma sensação de abandono, rejeição, injustiça, traição ou humilhação quando palavras depreciativas nos fazem sentir vergonha. Essas são as nossas cinco grandes feridas: Traição, Rejeição, Abandono, Humilhação, Injustiça.

Se você tem dificuldade em estabelecer laços emocionais duradouros, em manter relações de confiança com amigos ou colegas, se passa mal com o que as pessoas te falam, se tem medo de julgamentos, se demonstra excesso de prudência nos seus compromissos, é porque você acumulou “experiências ruins” que se referem a uma dessas feridas. Portanto, temos que encontrar um lugar para conversar sobre o que doeu. Mas a próxima pergunta é: o que eu faço com minhas feridas, como posso torná-las fecundas?

Elas podem se tornar uma fonte de graça?

Sim, se eu conseguir enxertar o amor de Deus de volta em minhas feridas, em vez de fazer duas pilhas: Deus perfeito de um lado, e eu imperfeito do outro, escondendo cuidadosamente meus erros, meus pecados, meu “lado ruim”. A santidade é enxertada em uma pequena brecha. São Paulo fala de “lascas na carne”. Uma falha feliz, um espinho feliz que nos permite ser mais humildes e que nos leva à compreensão do outro, porque já não podemos julgar da mesma maneira. Em vez de sermos santos por nós mesmos, sabemos que só podemos receber a santidade de Deus. Ser cristão é permitir que Deus passe por tudo o que vivemos: luto, separação, dependências, para nos tornarmos um transeunte da luz de quem sofre ou sofreu do mesmo mal.

Transmissores de luz?

Gosto desta anedota: Existe uma mãe que vai à missa com o filho. Este detalha a arquitetura da igreja durante a liturgia e questiona sua mãe enquanto aponta o dedo para um vitral: Quem é aquele? A mãe, imersa na oração, responde: “Ele é cristão”. Cinco minutos depois, o menino aponta para outra janela: “Quem é esse?”, e recebe a mesma resposta. Depois, uma terceira vez, a mesma pergunta, a mesma resposta. Na semana seguinte, no catecismo, o líder pergunta: “O que é um cristão?” E o menino responde: “É alguém através de quem vemos a luz”. O santo não é alguém que é leve por si mesmo – alguém tão limpo que brilha, porque um vitral muitas vezes fica um pouco sujo – ele é alguém que deixa ser ultrapassado pela luz de Deus. Um pobre homem que aceitou que em toda a sua vida, todas as suas faltas fossem cruzadas por essa luz.

Essa é a sua definição de santidade?

Acredito que sim. Não é uma plenitude que damos a nós mesmos, mas um vazio, às vezes doloroso, que Deus vem preencher. Não posso me tornar um santo sozinho, levando meu ego em direção a um ideal, ficando tenso no perfeccionismo. Mas se eu consentir no vazio ao dizer sim a todos os acontecimentos da minha vida, mesmo os mais infelizes, os mais intoleráveis, então haverá uma abertura em mim, uma lacuna. Se eu tentar preencher esse buraco com minhas compensações habituais, minhas pequenas “manchas” da alma, não vou deixar tempo nem espaço para o Espírito vir ao meu encontro. Porque só o ouro da santidade de Deus pode transfigurar todas as falhas da minha vida.

Ele é um Deus que acolhe infinitamente?

Fiquei chocado ao redescobrir o mundo cristão há 35 anos, ao ver como algumas pessoas projetavam na face de Deus seus próprios problemas, o que não haviam resolvido por si mesmas, a forma como viveram a educação dada pelos pais: por que permitiu isso, por quetanto sofrimento, por que me privou de tanto? Se eu deixasse meu filho aprender a dirigir e ele se matasse no carro alguns anos depois, não “permiti” que ele se matasse, apenas “deixei” que ele fosse livre!

O Deus que conheci não é um Deus que acusa e pune. Ele é um Deus como Mons. Bienvenu, o bispo de Os miseráveis, de quem Jean Valjean acaba de roubar os talheres e que, longe de censurá-lo, oferece-lhe dois castiçais: um Deus que sempre dá mais, renovando sua confiança constantemente.

Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF