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quarta-feira, 1 de julho de 2020

A cruz e o peixe: como um símbolo cristão superou o outro

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Shutterstock

Depois de Constantino legalizar o cristianismo, os seguidores do Crucificado puderam exibir mais abertamente o instrumento da salvação

O cristianismo está repleto de símbolos. E o símbolo mais importante, é claro, é a cruz. Outrora um temido instrumento de uma morte horrível, tornou-se a fonte de identidade para milhões de cristãos.

Da cruz no topo das igrejas ao ato de fazer o sinal da cruz no próprio corpo, o símbolo da cruz se tornou tão arraigado no cristianismo que é impossível ficar sem ele.
Mas a cruz nem sempre foi tão proeminente assim. Os cristãos sempre acreditaram que Jesus entregou sua vida numa cruz e ressuscitou dentre os mortos no terceiro dia, mas até que o cristianismo ganhasse um status legal no império romano, não seria possível encontrar a cruz como expressão de identidade cristã.
“Antes da época do imperador Constantino no século IV, os cristãos eram extremamente reticentes em retratar a cruz, porque uma exibição muito aberta dela poderia expô-los ao ridículo ou ao perigo”, diz a Encyclopaedia Brittanica.
Depois que Constantino se converteu ao cristianismo, ele aboliu a crucificação como pena de morte e promoveu, como símbolos da fé cristã, a cruz e o monograma chi-rho do nome de Cristo. Os símbolos tornaram-se imensamente populares na arte cristã e nos monumentos funerários a partir do ano 350.
Catholic Encyclopedia também fala da “quase total ausência” de monumentos fazendo referência à cruz no período das perseguições, embora os primeiros cristãos fizessem o sinal da cruz em seus corpos.
Por outro lado, se a cruz não era tão proeminente nos primeiros séculos, o peixe era. Mas por quê, já que o peixe fora usado ​​na arte pré-cristã como um sinal decorativo?
A palavra grega para peixe, Ichthys, fornecia uma ferramenta útil para os cristãos se recordarem de uma verdade importante. As letras de Ichthys formam as iniciais de: Iesous Christos Theou Yios Soter, ou seja, Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.”
Conhecemos o simbolismo do peixe através da arqueologia e de registros escritos. A enciclopédia católica explica que a referência literária mais antiga ao peixe é feita por Clemente de Alexandria, nascido por volta do ano 150, que recomenda a seus leitores no Pedagogue que usem selos gravados com uma pomba ou um peixe.
Mesmo antes disso, nas primeiras décadas do século II, encontramos o símbolo do peixe retratado em monumentos romanos, como a Capella Greca e as capelas sacramentais da catacumba de São Calisto.
“O símbolo em si pode ter sido sugerido pela multiplicação milagrosa dos pães e peixes ou pela refeição dos sete discípulos, após a ressurreição, na costa do mar da Galileia”, diz a enciclopédia. Ele aparece em afrescos, representações esculpidas, utensílios, anéis e medalhões.
“Após o século IV, o simbolismo do peixe desapareceu gradualmente”, afirma a enciclopédia católica.
“Representações de peixes em fontes batismais e em copos de bronze como as encontradas em Roma e Trier, agora no Museu Kircheriano [em Roma], são meramente de caráter ornamental, sugeridas provavelmente pela água usada no batismo.”

Aleteia

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF