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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

O VALOR DAS BOAS OBRAS

Com. Sagrada Família

 Nesta noite escura da pandemia da Covid-19, o nosso país, o Brasil, está atravessando uma séria crise social e econômica e, por isso, muitas pessoas estão desempregadas e sem perspectivas de trabalho para os próximos dias ou meses. Desse modo, elas não conseguem se manter com a mínima dignidade possível e, assim, não vislumbram a esperança de dias melhores.

Com os olhos da fé, diante das necessidades do nosso próximo, nós devemos perceber que este tempo de pandemia é um momento favorável para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de santidade, a fim de que possamos realizar uma caridade efetiva sempre maior, “como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia”. (Prov 4,18).

Nestes dias, em que a caridade urge, o Cristo sussurra aos nossos ouvidos: “Fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca”. (Lc 6,35). Para realizarmos o bem, devemos estar atentos às necessidades do nosso próximo, observarmos bem suas carências, estarmos atentos ao que lhe está faltando, olharmos conscientemente, a fim de que possamos dar-nos conta da difícil realidade dos nossos irmãos.

O bem é tudo aquilo que suscita, protege, acolhe e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. O bem é um fruto da caridade, é uma percepção de que a atenção ao outro inclui que se deseje para ele a dignidade e a valorização em todos os aspectos: físico, moral e espiritual.

É sempre muito bom podermos ver que organizações não governamentais estão buscando os meios oportunos para socorrer aos pobres e aos excluídos por meio da doação de cestas básicas, equipamentos de proteção individual e, até mesmo, computadores e equipamentos eletrônicos para os estudantes carentes das escolas públicas.

Mas esse serviço não pode ser exclusivo das ONGS, pois, nós, fiéis cristãos, também devemos colaborar significativamente nesta empreitada. Com esse intuito, devemos perceber que  não podemos esperar o fim desta pandemia para irmos ao encontro das necessidades dos nossos coetâneos que gritam suplicando por piedade, pois para quem tem fome, sede, cansaço ou está doente, esperando uma ajuda samaritana – que nos impele a ver, sentir compaixão e cuidar – o socorro é para agora, para este exato momento e, por isso, hoje é um dia propício para ouvirmos o conselho do autor da Carta aos Hebreus que nos diz: “Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras”. (Hb 10, 24).

Nós, fiéis cristãos, podemos e devemos levar os sinais da caridade de Jesus Cristo ao nosso próximo que habita as periferias de nossa cidade, por meio da doação de alimentos e de tudo aquilo que for preciso para o resgate da cidadania. Se agirmos assim, ao ver as nossas boas obras, o nosso próximo sentirá a necessidade de dar glória a Deus, ao descobrir o Seu amor inefável. Se agirmos assim, iremos testemunhar que somos pessoas eucarísticas, pessoas que deixam nosso Senhor Jesus Cristo agir em suas vidas e em suas ações, com a convicção de que Ele nos recompensará por todas as boas obras.

O nobre ideal de realizar boas obras deve ser para todos nós, nestes dias tão difíceis, uma necessidade de amor, um compromisso de santidade. Por conseguinte, ao sairmos da celebração da Santa Missa, mesmo usando máscaras que escondem o nosso rosto, as nossas mãos devem estar abertas para levar as bênçãos de Deus às atividades diárias e aos ambientes sociais. Ao sairmos da celebração da Santa Missa, devemos sentir em nossas almas o ardor da caridade que nos impele “a aspirar os dons mais elevados”. (1 Cor 12, 31). Na busca dos dons mais elevados, “a Eucaristia engaja-nos em relação aos outros, de maneira especial aos pobres, educando-nos a passar da Carne de Cristo para a carne dos irmãos, onde Ele espera ser por nós reconhecido, servido, honrado e amado”. (Catecismo da Igreja Católica, n.º 1397).

Hoje, amanhã e sempre, nós devemos realizar boas obras com a consciência de que “cada um receberá a recompensa devida às obras boas ou más que tiver praticado enquanto estava revestido do seu corpo”. (2 Cor 5, 10). Não obstante o egoísmo e o individualismo de muitas pessoas que nos cercam, não podemos deixar de recorrer aos nossos amigos e familiares para que nos ajudem a socorrer os pobres, as paróquias e as comunidades em suas necessidades. Se for preciso, recorramos a eles, utilizando as palavras de Santa Dulce dos Pobres: “Uma ajudinha para os pobres”.

Que Deus nos ajude a oferecer ao nosso mundo, neste momento de tempestades que exige dos fiéis cristãos um renovado testemunho de amor e de fidelidade ao Senhor, o grato testemunho de que o Evangelho de Cristo entrou em nossos ouvidos, alcançou o nosso coração e chegou às nossas mãos para fazermos boas obras.

Que a Virgem Santa Maria, Nossa Senhora Serva, nos ajude a servir a Deus e à Igreja e nos fortaleça no aprendizado da caridade, na dedicação cotidiana da santidade e na concretização do serviço do amor que resplandece por meio das obras corporais e espirituais de misericórdia. Dessa maneira, realizando e praticando boas obras, nós iremos professar que cremos em Deus, que depositamos nossa confiança no Senhor, pois é Ele quem nos move e impulsiona a passar pelo mundo fazendo o bem, testemunhando, nestes dias de sombras em que vivemos, os belos raios do sol da aurora da esperança, que já estão despontando no belo horizonte do serviço caritativo da fé.

Aloísio Parreiras

(Escritor e membro do Movimento de Emaús)

Arquidiocese de Brasília

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF