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domingo, 18 de julho de 2021

XVI DOM TEMPO COMUM - Ano "B"

Dom Paulo Cezar Costa | ArqBrasília

Por Dom Paulo Cezar - Arcebispo de Brasília

 Compaixão, sentimento que move as ações de Jesus Cristo

            O Evangelho deste domingo (Mc 6, 30 – 34) apresenta o retorno dos doze discípulos após terem cumprido a missão que Jesus lhes dera. Por primeiro, eles narram para Jesus tudo o que tinham feito e ensinado.  Tinham cumprido a missão. Aquela, talvez, para eles, tenha sido a grande primeira experiência missionária. Serão eles que levarão adiante a missão após a ascensão do Senhor e o envio do Espírito Santo.

Jesus os chama para um lugar deserto, para descansarem um pouco: “Vinde vós, sozinhos, a um lugar deserto e descansai um pouco” (Mc 6, 31). A expressão kat`idian – para um lugar à parte (que foi traduzida para o português simplesmente por um lugar deserto e que no texto aparece duas vezes) quer enfatizar a intimidade que se estabelece entre Jesus e Seus discípulos. Quando ensinava a multidão, em parábolas, depois kat`idian (Mc 4, 34), à parte explicava tudo para os discípulos. Este elemento expressa o motivo central da constituição dos doze: “… para que ficassem com ele, para enviá-los a pregar” (M. Grilli, In Ascolto della Voce, 179). É este o elemento central da vida de todos os discípulos e discípulas de Jesus Cristo: estar com Ele. É no estar com Jesus que se vai formando a personalidade do discípulo, que o discípulo (a) vai sendo plasmado segundo o coração de Cristo. É no estar com Jesus que se formam os pastores do Povo de Deus, pastores que serão presença do Pastor Bom e Belo: Jesus Cristo.

Assim que desembarcou, Jesus viu uma grande multidão e ficou tomado de compaixão por eles, pois estavam como ovelhas sem pastor (Mc 6, 34).  Jesus é o Bom Pastor que não é indiferente à multidão. Ele tem compaixão da multidão. A compaixão é expressa com a palavra grega Splanchna, substantivo usado quase sempre no plural, e denota as partes interiores dos homens e animais (as vísceras); com relação a uma mulher, refere-se ao útero materno. Assim, splanchnizomai, ou ter compaixão, descreve um sentimento que vem do profundo do ser. A compaixão é um sentimento que vem das entranhas de Deus, de Jesus. É este amor, que vem do mais profundo do Seu ser, que fez Jesus agir no decorrer do seu ministério. “A sua pessoa não é senão amor, um amor que se dá gratuitamente. O seu relacionamento com as pessoas, que se abeiram d’Ele, manifesta algo de único e irrepetível. Os sinais que realiza, sobretudo para com os pecadores, as pessoas pobres, marginalizadas, doentes e atribuladas, decorrem sob o signo da misericórdia. Tudo n’Ele fala de misericórdia. N’Ele, nada há que seja desprovido de compaixão.” (Misericordiae Vultus, 8). E é a compaixão que leva Jesus a ensinar a multidão.

Jesus é o pastor segundo o coração de Deus, descrito pelo profeta Jeremias: “suscitarei para elas novos pastores que as apascentem; não sofrerão mais o medo e a angústia, nenhuma delas se perderá…” (Jr 23, 4ss). Que este texto, lido nas nossas celebrações, neste domingo, leve cada um de nós, que temos responsabilidade diante do nosso povo, a nos perguntarmos: que tipo de pastor estou sendo? Estou fazendo como Jesus, não sendo indiferente diante dos sofrimentos da multidão, ou não me importo com as pessoas, com os seus sofrimentos?

Fonte: Arquidiocese de Brasília

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF