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terça-feira, 18 de julho de 2023

SÃO CARLOS BORROMEU: A casa construída sobre a rocha (4/4)

São Carlos se prepara à morte no Sacro Monte de Varallo, detalhe, Giovanni Battista della Rovere, chamado o Fiammenghino, Catedral de Milão (30Giorni)

Arquivo 30Dias – 07/08 - 2011

SÃO CARLOS BORROMEU:
A casa construída sobre a rocha

“Tudo o que São Carlos fez e realizou, o edificou sobre a rocha indestrutível que é Cristo, na plena coerência e fidelidade ao Evangelho, no amor incondicionado pela Igreja do Senhor”. O discurso do arcebispo emérito de Milão no Meeting de Rímini.

pelo Cardeal Dionigi Tettamanzi

O anel, o báculo, o cálice

Concluo voltando a falar da mostra que hoje é inaugurada, chamando a atenção a uma parte original. No centro da mostra estão expostas não três obras de arte, mas três autênticas relíquias, que de algum modo revelam a personalidade de São Carlos, são uma epifania do seu coração, uma manifestação do seu segredo espiritual.

O anel episcopal de São Carlos, Museu da Catedral de Milão (30Giorni)

Antes de tudo encontramos o anel de Borromeu. E o anel de um bispo fala-nos simbolicamente da sua ligação esponsal com a Igreja que lhe foi confiada. Portanto é o sinal do amor pastoral, da fidelidade ao ministério, da própria dedicação total.

O báculo de São Carlos, Museu da Catedral de Milão

Depois encontramos o bastão pastoral: é o símbolo da autoridade e do governo do bispo. Mas, como sabemos, está em questão uma autoridade que não poderá jamais ser atuada como puro exercício de poder. A imitação de Cristo – o Bom Pastor por antonomásia – o exercício do governo pastoral coincide com a oferta da própria vida até a plena consumação de si. Assim fez Cristo, assim fizeram os santos pastores, como Carlos Borromeu.

O cálice de São Carlos, Museu da Catedral de Milão (30Giorni)

Enfim pode-se ver o seu cálice, o que foi usado por ele para celebrar o sacrifício eucarístico. Este coloca-se como testemunho da vida de oração que o bispo deve ter; como chamada que, em última análise, é o sacrifício de Cristo sobre a cruz, são a sua palavra e os seus sacramentos – nos quais é presente e eficaz a sua ação de salvação – a edificar a Igreja, a iluminá-la, animá-la e guiá-la.

Como eu dizia no início, com o IV centenário da canonização de São Carlos cheguei à conclusão do meu mandato pastoral na Igreja de Milão. Pois bem, devo confessar que estes três “símbolos” expostos (o anel, o báculo e o cálice de São Carlos) acendem em mim uma profunda alegria espiritual, ao pensamento de que como os recebi dos meus predecessores logo também eu os transmitirei ao meu sucessor.

É o belíssimo mistério da “traditio”, da tradição viva da Igreja, que – como nos ensinou São Carlos – é verdadeiramente “a casa construída sobre a rocha”! Sim, “caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não desabou, porque estava construída sobre a rocha” (Mt 7, 25). Isso vale para a Igreja que nos antecedeu no tempo, para a Igreja que estamos vivendo agora, para a Igreja que se abre ao futuro: uma Igreja sempre cheia da graça e do amor do seu Esposo e Senhor. É então que sem nenhum medo, mas com a inalterável e sobrepujante confiança que nos vem de Cristo, que todos juntos somos chamados a prosseguir o nosso caminho para a santidade, ouvindo a sua palavra e tornando-a experiência cotidiana de vida: “Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem sensato, que construiu sua casa sobre a rocha” (Mt 7, 24).

Que São Carlos possa nos ajudar!

Fonte: http://www.30giorni.it/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF