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quinta-feira, 17 de junho de 2021

Evangelização também pode começar com atos de amor, diz cardeal

Cardeal Luis Antonio Tagle. Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa
Por Mercedes de la Torre | ACI Prensa

Vaticano, 16 jun. 21 / 12:04 pm (ACI).- Em algumas partes do mundo, o primeiro passo para a evangelização é por meio de “atos concretos de amor”, disse o cardeal Luis Antonio Tagle, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos e presidente da Caritas Internationalis, no dia 15 de junho.

Num encontro com jornalistas na sala de imprensa da Santa Sé por ocasião do encerramento da campanha “Compartilhe a viagem” (“Share the Journey”), o cardeal Tagle falou sobre essa iniciativa lançada em 2017 pela Caritas Internationalis com o desafio de “difundir uma nova cultura em todo o mundo, uma cultura viva de encontro, uma nova visão da acolhida do migrante como pessoa humana”.

O cardeal filipino disse que “em algumas partes do mundo, o primeiro passo para a evangelização, para tornar Jesus conhecido, para fazer conhecer a mensagem do Evangelho do amor, são os atos concretos de amor”. Devemos “dar graças a Deus” pela “liberdade para anunciar, verbalizar, articular o Evangelho” em algumas partes do mundo.

Tagle contou que, durante uma visita a um campo de refugiados no Líbano, alguns refugiados lhes perguntaram: “por que vocês estão fazendo isso por nós? Por que vocês pensam em nós?”, Logo, uma menina se aproximou e disse: “O seu Deus é lindo”.

O cardeal enfatizou a “interligação” entre o trabalho da Caritas e a evangelização. Assim como a Caritas Internationalis trabalha unida ao Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, ela também “tem outro parceiro ('partner'), que é a Congregação para a Evangelização dos Povos”, disse Tagle.

Para o cardeal, é preciso “não ficar satisfeito em só ver os emigrantes, mas olhar para eles com compaixão; não apenas ouvir a sua voz, mas escutar os seus gritos e preocupações; não apenas passar por eles, mas parar, como o bom samaritano, e experimentar um momento de comunhão com eles”.

O cardeal também afirmou que, “num momento em que a covid-19 deve nos levar a ser mais solidários, em que os Estados estão cada vez mais preocupados com seus próprios cidadãos, existe o risco do egoísmo” que “sempre está presente”. Por isso, ele assegurou que campanha global da Caritas Internationalis mostrou a necessidade de “continuar compartilhando o caminho com os migrantes, algo que hoje é ainda mais necessário”.

Ao final da entrevista, o cardeal revelou que o fato de partilhar experiências com alguns migrantes e refugiados lhe fizeram lembrar “a sua origem migratória”, e que nos seus rostos pôde ver o seu avô chinês, “que deixou a sua pátria, a sua cultura e a sua segurança social para buscar outras formas de sobrevivência”.

Fonte: ACI Digital

Santo Ranieri de Pisa

S. Ranieri de Pisa | ArquiSP
17 de junho

São Ranieri de Pisa

A cidade de Pisa era, nos séculos XI e XII, um importante pólo comercial marítimo da Itália, que contribuía também no combate aos piratas sarracenos. Assim, paralelamente, ao burburinho dos negócios, a vida mundana da corte era exuberante e tentadora, principalmente para os mais jovens.

Foi nessa época, no ano 1118, que Ranieri Scacceri nasceu em Pisa. Era filho único de Gandulfo e Emengarda, ambos de famílias tradicionais de nobres mercadores riquíssimos. A sua educação foi confiada ao bispo de Kinzica, para que recebesse boa formação religiosa e para os negócios. Porém Ranieri, mostrando forte inclinação artística, preferiu estudar lira e canto. E para desgosto dos pais e do bispo, seu tutor, ele se entregou à vida fútil e desregrada, apreciando as festas da corte onde se apresentava. Com isso, tornou-se uma figura popular e conhecida na cidade de Pisa.

Aos dezenove anos de idade, impressionado com a vida miserável dos pobres da cidade e percebendo a inutilidade de sua vida, decidiu mudar. Contribuiu para isso o encontro que teve com o eremita Alberto da Córsega, que o estimulou a voltar para a vida de valores cristãos e a serviço de Deus. Foi assim que Ranieri ingressou no Mosteiro de São Vito, em Pisa, apenas como irmão leigo.

Depois de viver, até os vinte e três anos de idade, recolhido como solitário, doou toda a sua fortuna aos pobres e necessitados e partiu em peregrinação à Terra Santa, onde permaneceu por quase quatorze anos. Viajou por todos os lugares santos de Jerusalém, Acre e outras cidades da Palestina, conduzindo a sua existência pelo caminho da santidade. Foi nessa ocasião que sua virtude taumatúrgica para com os pobres passou a manifestar-se. Vestido com roupas pobres, vivendo só de esmolas, Ranieri lia segredos nos corações, expulsava demônios, realizava curas e conversões.

Já com fama de santidade, em 1154 retornou a Pisa e ao Mosteiro de São Vito, mas sempre como irmão leigo. Em pouco tempo, tornou-se o apóstolo e diretor espiritual dos monges e dos habitantes da cidade. Segundo os registros da Igreja, os seus prodígios ocorriam por meio do pão e da água benzidos, os quais distribuía a todos os aflitos que o solicitavam, o que lhe valeu o apelido de "Ranieri d'água".

Depois de sete anos do seu regresso da longa peregrinação, Ranieri morreu no dia 17 de junho de 1161. E desde então os milagres continuaram a ocorrer por sua intercessão, por meio da água benzida com sua oração ou colocada sobre sua sepultura.

Canonizado pelo papa Alexandre III, são Ranieri de Pisa foi proclamado padroeiro dos viajantes e da cidade de Pisa. A catedral dessa cidade conserva suas relíquias, que são veneradas no dia de sua morte.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Qual é a identidade de um católico?

Marko Vombergar / Aleteia
Por Padre Reginaldo Manzotti

A nossa identidade como católicos não foi tirada do nada; ela é bíblica.

Qual é a identidade de um católico? Em nossa vida civil o que nos identifica como cidadãos é a nossa Carteira de Identidade, popularmente conhecida como RG. Onde quer que vamos é o primeiro documento solicitado (ou o CPF). E como católicos qual é a nossa identidade?

Alguns podem pensar que é a devoção à Nossa Senhora, mas não, isso é consequência. Nossa identidade de católicos é a Santíssima Trindade. Nenhum católico começa uma oração, uma espiritualidade, uma adoração, a Santa Missa, sem invocar a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, fazendo o sinal da Cruz.

Não entendo como alguém pode negar a existência da Santíssima Trindade, se Jesus foi muito claro: “Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo” (Mateus 28,19-20).

A identidade do católico é bíblica

Pois bem, é bíblico! Tanto que em nosso Batismo, seja por imersão, como era antigamente ou como nós fazemos, hoje, por ablução, que consiste em derramar um pouco de água sobre a cabeça da criança ou do catequizando candidato ao Batismo. E o fazemos não em nome só de Jesus ou só do Espírito Santo. Um Batismo assim não seria válido. Batizamos seguindo o que nos pede Jesus: “Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

Logo, nossa identidade como católicos não foi tirada do nada. Porém, não é fácil compreender o mistério da Santíssima Trindade. Conta-se que Santo Agostinho andava em uma praia meditando sobre o mistério da Santíssima Trindade: um Deus em três pessoas distintas… Enquanto caminhava, observou um menino que portava uma pequena tigela com água. A criança ia até o mar, trazia a água e derramava dentro de um pequeno buraco que havia feito. Após ver repetidas vezes o menino fazer a mesma coisa, resolveu interrogá-lo sobre o que pretendia. O menino, olhando-o, respondeu com simplicidade: –“estou querendo colocar a água do mar neste buraco”. Santo Agostinho sorriu e respondeu-lhe: – “mas você não percebe que é impossível?”

Então, novamente olhando para Santo Agostinho, o menino respondeu-lhe: – “ora, é mais fácil a água do mar caber nesse pequeno buraco do que o mistério da Santíssima Trindade ser entendido por um homem! Quem fita o sol, deslumbra-se, mas quem persiste em fitá-lo nada mais enxerga; assim sucede com os mistérios da fé: quem pretende compreendê-los deslumbra-se e quem se obstina em perscrutá-los perder-se-á completamente”. E a criança, que era um anjo, desapareceu…

Compreender o mistério da Trindade

Verdade ou não, esta história nos leva a refletir que podemos conhecer o mistério que é Deus uno e trino, mas jamais compreenderemos a profundidade deste mistério em sua totalidade, mas isso não deve ser um empecilho para celebrar a Santíssima Trindade, o Pai Criador, o Filho Redentor e o Espírito santificador.

Nós somos convidados a clamar: “Pai, eu fui criado, e recriado pela graça da redenção do Teu Filho. Eu creio nisso, mas preciso mais, então dai-me o Teu Espírito Santificador. Dá-me o Teu Espírito consolador, que vem em auxílio das minhas fraquezas. Aquele que vem me defender do mal. Aquele que vem afugentar o Inimigo. Vem Espírito Santo, vem com Seu poder”.

Termino dizendo que negar a doutrina da Santíssima Trindade é rejeitar todo plano de Deus para nossa redenção e salvação.

Por Padre Reginaldo Manzotti

Fonte: Aleteia

Divulgado hino oficial do Congresso Eucarístico Internacional

Guadium Press
Previsto inicialmente para ocorrer no ano de 2020, o Congresso Eucarístico Internacional foi adiado para 2021, por conta da pandemia de Covid-19.

Budapeste – Hungria (15/06/2021 14:19, Gaudium Press) Durante uma coletiva de imprensa realizada na última segunda-feira, 14, o Cardeal Péter Erdő, Arcebispo Metropolitano de Esztergom-Budapeste, apresentou o vídeo com o hino oficial do Congresso Eucarístico Internacional, que será realizado em setembro na capital húngara.

A canção é, na realidade, uma versão atualizada de um hino escrito para o Congresso Eucarístico Internacional de 1938, último ano que Budapeste acolheu o evento. No vídeo também foram contadas as histórias de conversão de três jovens em Budapeste.

Tema e embaixadores do Congresso Eucarístico Internacional

Previsto inicialmente para ocorrer no ano de 2020, o Congresso Eucarístico Internacional, que terá como tema “Todas as minhas fontes estão em você” (Sl 87.7), foi adiado para 2021, por conta da pandemia de Covid-19.

O Cardeal Erdő apresentou ainda doze embaixadores do Congresso Eucarístico Internacional, nos quais estão incluídos músicos, cantores e poetas famosos que pretendem ser “testemunhas da Eucaristia”.

Guadium Press

Programação do Congresso Eucarístico Internacional

A abertura do Congresso Eucarístico Internacional será realizada na Praça dos Heróis através de uma Missa Solene, que terá o acompanhamento de um coral de mil vozes. Entre os dias 6 a 10 de setembro, as celebrações eucarísticas, catequeses, exposições e outros eventos culturais ocorrerão em ‘Hungexpo in Pest’.

O Arcebispo de Esztergom-Budapeste, Cardeal Péter Erdő, celebrará uma Santa Missa no dia 11 de setembro, na Praça Kossuth. Em seguida será realizada uma procissão luminosa até a Praça dos Heróis. Local onde, no dia 12 de setembro, será realizada a Missa conclusiva presidida pelo Papa Francisco. (EPC)

https://gaudiumpress.org/

Infância e adolescência em estado de alerta

Diário de Pernambuco

Infância e adolescência em estado de alerta

VIOLÊNCIA A exemplo da Igreja Católica, outras instituições se mobilizam para impedir que crianças e adolescentes sejam vítimas da pedofilia e de outros abusos sexuais e morais. A informação e uma série de cuidados no trato com o público infanto-juvenil estão entre as principais armas contra esse grave problema

por Luís Henrique Marques   publicado em 28/05/2021

“Comecei a fazer uso de drogas aos 18 anos com um grupo de amigos, num carnaval, em Salvador. Decidi experimentar cocaína. Eu carregava comigo um trauma, um momento de dor pelo qual passei aos sete anos, devido a um abuso sexual que sofri. Isso mexeu muito com a minha vida, porque eu tinha medo das pessoas, desconfiava delas, era uma pessoa presa”, conta Alexandre Falcão, recuperando da Fazenda da Esperança. Dramas como o de Alexandre são comuns, ainda que nem sempre venham a público. E uma das razões para isso está no fato de que a própria vítima de abuso sexual tende a esconder o caso por se sentir culpada. Segundo dados do Ministério da Saúde referentes ao período de 2011 a 2017, 37% das crianças e 38% dos adolescentes são vítimas de abuso sexual em ambiente familiar.

O tema não é novo, mas tem ganhado espaço no noticiário recentemente por conta das denúncias ocorridas no âmbito da hierarquia da Igreja Católica, especialmente em países como Estados Unidos e Irlanda. Segundo o padre e doutor em teologia moral Celito Moro, esse tipo de escândalo ganha ainda mais projeção quando ocorrido da Igreja porque os agressores se aproveitam da condição de serem referência para a comunidade ao assumirem uma vocação no ministério religioso, quando deveriam fazer o bem, especialmente para os mais vulneráveis. “Como afirmou o papa Francisco, isso é algo que nos envergonha e que não deveria acontecer”, diz o sacerdote. 

Moro considera, no entanto, que o papa se mostra corajoso e coerente ao enfrentar esse tipo de problema, embora reconheça que nem todos os bispos tenham a mesma postura, uma vez que silenciam quando o assunto é pedofilia ou até mesmo protegem padres acusados de abuso. “O papa Francisco convida a toda Igreja – e especialmente quem nela trabalha com menores – a assumir o compromisso da tutela e do cuidado de crianças e de outras pessoas em condição de vulnerabilidade”, afirma Moro. “Mais que isso, o papa propõe que seja feita uma revisão de como a Igreja tem tratado a questão da afetividade e da sexualidade, a começar do seu clero”, completa o sacerdote. 

Recentemente, a Igreja publicou o documento O cuidado Pastoral das Vítimas de Abuso Sexual, elaborado em resposta ao pedido da Congregação para a Doutrina da Fé a todas as conferências episcopais da Igreja no mundo. O texto traz diretrizes sobre como enfrentar a questão do abuso sexual, de poder e de consciência que acontece no seio da Igreja. 

Membro da Comissão Pontifícia para a Tutela do Menor, Nelson Giovanelli Rosendo dos Santos explica que “a iniciativa faz parte de um caminho que a Igreja, desde João Paulo 2º, realiza no sentido de fazer com que, definitivamente, não exista mais esse tipo de problema no seu interior ou, pelo menos, tente evitá-lo a todo custo”. Além do cuidado pastoral com as vítimas, o documento traz orientações sobre como enfrentar esse problema do ponto de vista jurídico, pastoral e canônico.  

Um dos fundadores da Fazenda da Esperança, Nelson acompanha de perto o problema do abuso sexual de maneira geral, uma vez que muitos recuperandos de dependência química assistidos pela entidade foram vítimas de violência sexual na infância ou na adolescência. Ele corrobora a visão do padre Celito Moro de que o papa Francisco deve ser intransigente contra esse tipo de crime, que precisa ser denunciado. Além disso, o pontífice coloca ênfase no cuidado para com as vítimas que “devem ser escutadas, acompanhadas, tanto do ponto de vista psicológico, como espiritual e pastoral, assim é preciso tomar medidas em relação aos agressores”, diz Nelson. Seminários, cursos e workshops de formação também deveriam ser feitos, segundo o papa, para membros do clero, candidatos ao sacerdócio, lideranças leigas e fiéis em geral.

“Eu parto do princípio de que onde há sombras, há também luz”, diz Nelson dos Santos sobre o trabalho de combate ao problema dos abusos na Igreja. A exemplo do que acontece em muitas instituições ao redor do mundo, a própria Fazenda da Esperança é uma referência no acompanhamento de vítimas e de agressores. “Sem que nós nos déssemos conta, com o método terapêutico da Fazenda, baseado fundamentalmente na experiência da vivência do Evangelho, com especial foco no amor e no perdão, verificamos experiências extraordinárias de acompanhamento de vítimas, que inclui perdão, reconciliação e até cicatrização das feridas”, afirma Nelson. Segundo ele, entre 40% e 50% daqueles que chegam à Fazenda da Esperança para passar pelo processo de recuperação tiveram, na juventude, alguma experiência ligada a abuso sexual ou de poder que levaram à dependência química. 

PONTO DE VISTA LEGAL

A pedofilia em si, no entanto, não é crime. “Do ponto de vista jurídico-penal não existe um crime específico de pedofilia”, diz o procurador de justiça de Sergipe, Carlos Augusto Alcântara Machado. “Contudo, decorrentes de tal transtorno, diversas condutas reprováveis são classificadas como infração penal, tanto pelo Código Penal, como pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).” Em outras palavras: uma pessoa pode ser pericialmente considerada pedófila, mas ela só será considerada criminosa a partir do momento em que cometer abuso contra uma criança ou adolescente. 

A médica pediatra e advogada Eliane Freire Rodrigues de Souza De Carli explica que a pedofilia é considerada uma “parafilia, isto é, um distúrbio psíquico caracterizado pela preferência ou obsessão por prática sexual com uma criança ou adolescente”. Já o abuso sexual, por sua vez, se caracteriza pelo ato de violência sexual contra crianças e adolescentes e “que pode envolver práticas distintas do contato genital, como carícias, beijos, exposição à pornografia ou a situações sexualizadas”, explica De Carli, que é referência no assunto para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Carlos Machado esclarece que o Código Penal brasileiro tipifica crime de estupro de vulnerável como prática de qualquer ato libidinoso com menor de 14 anos, com “pena de reclusão de oito a 15 anos, podendo chegar a 30 anos, se a conduta resulta em morte”. Nesse caso, acrescenta o procurador da justiça, “a lei classifica como crime não somente a conjunção carnal (o ato sexual propriamente dito), mas qualquer outro ato libidinoso, até mesmo carícias íntimas”. Ele explica que crimes dessa natureza são passíveis de ação penal pública incondicionada, isto é, não dependem da vontade das vítimas ou de seus pais ou responsáveis. 

O procurador da justiça aposentado do Ministério Público de São Paulo e um dos colaboradores na redação do ECA, Munir Cury, afirma que o cidadão que tomar conhecimento desse tipo de abuso deve comunicá-lo ao Conselho Tutelar da comarca em que se encontra. Esse, por sua vez, comunica o procurador da Justiça. “Com indícios veementes, é instaurado um inquérito policial, que é inquisitorial (não tem participação do advogado de defesa), mas colhe provas documentais ou indiciárias que possam caracterizar a existência de um abuso”, explica Cury. Ele afirma também que o cidadão que se omite em denunciar casos desse tipo também pratica crime. Munir Cury ressalta ainda que o respeito aos direitos fundamentais da criança cabe (nessa ordem) à família, à escola, ao Conselho Tutelar, ao promotor da Justiça e, finalmente, ao juiz. Cury reconhece, no entanto, fragilidades na condição em que atuam todos esses envolvidos na proteção à infância e ao adolescente, hoje no Brasil. 

Por sua vez, a professora de Direito da Criança e do Adolescente da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Josiane Rose Petry Veronese, faz um balanço sobre como o Brasil trata o problema da pedofilia e dos abusos decorrentes dela. “No que se refere à exploração sexual infanto-juvenil, o Brasil tem se situado como extremamente negligente, o que caracteriza um desrespeito à Constituição Federal, um descaso com a Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989 e para com os direitos proclamados e regulamentados no Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990”, denuncia. 

Veronese considera que se trata, “em síntese, de uma profunda negação dos direitos fundamentais da pessoa humana, sobretudo tendo-se em conta que esta negativa de cidadania atinge justamente aqueles que são merecedores de proteção especial e integral, por estarem num processo de desenvolvimento”. Para a professora, pesquisadora e autora de várias obras nessa área, esse quadro de descaso parte não só do poder público e da sociedade em geral, como da família em particular.

CUIDADOS EM CASA E NA ESCOLA

O psicólogo Allan Magalhães compartilha da opinião da professora Veronese. Segundo ele, as crianças sofrem diversos outros tipos de violência que incluem, além do abuso sexual, o abuso moral (como o bulling, por exemplo), a pressão, a chantagem e outros. Esse sofrimento elevado se manifesta, por vezes, na forma de automutilação, na depressão e no suicídio. Isso não tem relação apenas com abusos, mas diz respeito às próprias condições de vida que a sociedade impõe a crianças e adolescentes, argumenta Magalhães. “A criança está muito abandonada hoje em dia. Às vezes, está cercada de bens materiais, mas lhe falta relacionamento”, conclui o psicólogo (confira artigo na seção Psicologia desta edição).

A proteção à infância é ainda mais vital quando se leva em conta que as consequências do abuso têm repercussões para toda a vida da pessoa. “Não é raro que alguém que foi abusado se torne um abusador”, afirma Magalhães. Ele explica que o pedófilo está sujeito ao vício, mas pode controlá-lo, primeiramente, se conseguir realizar um resgate da estrutura moral que o convença a se afastar da prática de abuso sexual. Depois, deve usar estratégias que o previnam de situações de risco. “Como dizem os Alcóolicos Anônimos, é uma doença perene”, explica o psicólogo.

Quanto à vítima da pedofilia, o psicólogo reforça que, com ajuda e orientação adequadas, ela pode ser “conduzida de volta a uma experiência positiva”. De fato, a experiência de Alexandre Falcão parece confirmar esse fato. “Na Fazenda, tive coragem de abrir o meu coração e falar do abuso que havia sofrido”, conta. “Foi essa dor que me levou a usar a droga e tornou-me um homem que não conseguia perdoar ninguém, nem amar ninguém. Depois que tive coragem de me abrir e falar tudo, experimentei uma leveza e uma sensação de paz interior que eu nunca tinha experimentado na vida. Encontrei o amor misericordioso de Deus que foi me curando. Fui encontrando o sentido da vida”, afirma o recuperando da Fazenda da Esperança. 

Para a pedagoga Soraia Giovani, é preciso pensar numa “rede de proteção às crianças e adolescentes”. Ela argumenta que os adolescentes em particular “vivem um período de natural e necessário distanciamento da família para confrontar se aquilo que aprenderam com os familiares é verdadeiro”. Isso os expõe ainda mais a certos perigos, razão pela qual, esclarece Giovani, esses adolescentes precisam contar com adultos em quem depositem confiança e que lhes sirvam de referência. “Esses adultos podem ser aqueles a lhes chamar a atenção para o perigo de certas experiências e riscos que possam estar correndo”, explica. 

Nesse processo, os professores podem ser importantes aliados. Primeiramente, porque se tornam esses adultos em quem – fora de casa – os menores podem confiar. “Na convivência, o professor é capaz de perceber quando a criança muda de comportamento; quando está triste, por exemplo”, diz a especialista. Ela alerta para o fato de que o abusador costuma envolver a criança (inclusive com presentes), a ponto de o menor acreditar que, se disser algo contra o agressor, estará traindo a sua confiança. Antes, no entanto, de a escola encaminhar qualquer denúncia ao Conselho Tutelar, é adequado chamar a família e orientar a observar e escutar a criança. Soraia Giovani afirma também que instituições de ensino e a Igreja devem tomar certos cuidados no trato das crianças como, por exemplo, nunca permitir que apenas um adulto esteja com uma criança ou com um grupo de crianças. 

Atualmente, existem materiais impressos e audiovisuais didáticos que podem orientar os pais a iniciarem um diálogo com seus filhos menores sobre questões de sexualidade, prevenindo-os de certos riscos. Mas Giovani faz dois alertas: “Muitas vezes, a criança ainda não despertou para uma situação que diz respeito à sexualidade e antecipar algo que não corresponde à sua curiosidade pode ser arriscado”. Além disso, as escolas precisam ter um projeto elaborado de orientação sexual e contar com o consentimento dos pais para aplicá-lo. Sem isso, “mesmo diante de certas perguntas naturais dos alunos, a escola deve questionar a criança se já tratou o assunto em casa”, recomenda Giovani.

SINAIS DE ABUSO 

A Editora Cidade Nova lançou o livro Proteger a infância, obra de autoria de Carina Rosas e Viviana Carlevaris Colonnetti sobre o cuidado com crianças e adolescentes ante diferentes tipos de violência. Originalmente publicado na Argentina, a edição brasileira contou com a revisão técnica de vários especialistas, de modo a adequá-lo à nossa realidade cultural. O livro traz diferentes abordagens sobre o assunto (psicologia, medicina, direito, teologia moral etc.) e propõe dinâmicas de diálogo para o leitor poder refletir melhor o tema. No trecho a seguir, apresentamos alguns sinais que identificam crianças e adolescentes vítimas de algumas dessas violências:

“Alguns sinais para a identificação das vítimas, são apontados pela respeitada ONG Childhood Brasil, entre eles: 1) mudanças no padrão de comportamento, cuja alteração costuma ocorrer de maneira imediata e inesperada; 2) proximidades excessivas, pois o abusador muitas vezes manipula emocionalmente a criança, que não percebe estar sendo vítima e, com isso, costuma ganhar a confiança dela, fazendo com que ela se cale; 3) silêncio predominante, e, para obtê-lo, o abusador costuma fazer ameaças de violência física e psicológica, além de chantagens, sendo frequente a utilização de presentes, dinheiro ou outro tipo de material para construir uma relação amigável com a vítima; 4) mudanças de hábito súbitas, destacando-se o sono, a falta de concentração, aparência descuidada e outras; 5) comportamentos sexuais, tais como brincadeiras, palavras ou desenhos que se referem às partes íntimas, podem indicar uma situação de abuso; 6) traumatismos físicos são os vestígios mais óbvios da violência, destacando-se marcas de agressão, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez; 7) enfermidades psicossomáticas, sem aparência clínica, tais como dor de cabeça, erupções na pele, vômitos, dificuldades digestivas, podem constituir um reflexo psicológico e emocional; 8) frequência escolar, como a queda nessa frequência ou o baixo rendimento causado por dificuldade de concentração e aprendizagem, a pouca participação nas atividades escolares e a tendência ao isolamento social.”

Texto originalmente publicado pela Revista Cidade Nova, em maio de 2019.

A Igreja como rebanho de Cristo

Papa Francisco no Presépio vivo na
Paróquia Santo Afonso de Ligório, em Roma |
Vatican News

"Nessa imagem da Igreja como rebanho de Cristo, é importante fazer um resgate inteiro das comparações infinitas da Sagrada Escritura que compara o Povo da Aliança como um rebanho. E há imagens significativas utilizadas pela Bíblia sempre comparando o Povo da Aliança como um rebanho apascentado por Deus."

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

Ao dar continuidade à sua explanação sobre os documentos conciliares, já há alguns programas o padre Gerson Schmidt – sacerdote incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre – tem nos proposto um aprofundamento da Constituição Dogmática Lumen Gentium, um dos mais importante documentos do Concílio Vaticano II. Nos últimos programas, em particular, tem apresentado as várias imagens da Igreja que o documento apresenta, em particular no n. 6. No programa de hoje, padre Gerson nos fala sobre sobre “A Igreja como Rebanho de Cristo”:

“Aqui fizemos já diversos comentários a respeito das imagens utilizadas pela Lumen Gentium para comparar a Igreja. Na interpretação do Concílio, nesses anos todos, se centrou muito a imagem da Igreja como Povo de Deus, esquecendo-se as outras. Aí se se prejudicou a visão mais global. Por isso aqui o fazemos, utilizando todas as imagens e comparativas da Igreja utilizadas pela Lumen Gentium.  Já falamos sobre a Igreja como Corpo de Cristo, do qual Cristo é a cabeça, nós os membros. Também comentamos a Igreja que é comparada a uma Esposa. Ela é a verdadeira Esposa de Cristo. Cristo que amou a Igreja e se entregou por ela, imaculada, sem ruga e sem mancha.

Lumen Gentium comenta ainda outras imagens da Igreja. Introduz essas comparativas dizendo assim, no número 6: “Assim como, no Antigo Testamento, a revelação do Reino é muitas vezes apresentada em imagens, também agora a natureza íntima da Igreja nos é dada a conhecer por diversas imagens tiradas quer da vida pastoril ou agrícola, quer da construção ou também da família e matrimônio, imagens que já se esboçam nos livros dos Profetas”.

A Igreja é ainda comparada a um redil, um rebanho, uma grei, onde Cristo é a porta das ovelhas. Embora por pastores humanos, as ovelhas de Cristo são conduzidas e nutridas pelo próprio Cristo, o Bom Pastor e Príncipe dos Pastores, que deu sua vida pelas ovelhas.

Nessa imagem da Igreja como rebanho de Cristo, é importante fazer um resgate inteiro das comparações infinitas da Sagrada Escritura que compara o Povo da Aliança como um rebanho. E há imagens significativas utilizadas pela Bíblia sempre comparando o Povo da Aliança como um rebanho apascentado por Deus. Os pastores humanos nem sempre são fiéis. Foram maus e não apascentaram o rebanho do Senhor. Não cuidaram das ovelhas doentes, das transviadas.

O documento dogmático Lumen Gentium, quando usa essa imagem da grei-rebanho, referenda um texto bíblico do novo testamento que aponta a missão dos pastores a apascentar o rebanho Cristo, tirado da primeira carta de São Pedro, que diz assim: “Eis a exortação que dirijo aos anciãos que estão entre vós, – anciãos leia-se aqui os presbíteros - porque sou ancião como eles, fui testemunha dos sofrimentos de Cristo e serei participante com eles daquela glória que se há de manifestar. Apascentai o rebanho de Deus, que vos é confiado. Tende cuidado dele, não por coação, mas de livre vontade, como Deus quer, nem por torpe ganância, mas por devoção, nem como senhores daqueles que vos couberam por sorte, mas antes como modelos do vosso rebanho. Assim, quando aparecer o supremo Pastor, recebereis a coroa imperecível de glória” (1Pdr 5,1-4).

Esse é o imperativo de São Pedro aos presbíteros: “Apascentai o rebanho de Deus, que vos é confiado”.  Não por interesse, por coação, por ganância, ou instinto de dominação, comenta a nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém. Mas por livre vontade, com dedicação, com devoção, como Deus o quer. Entenda-se devoção aqui nesse texto da Carta de São Pedro, não como um piegas espiritualismo, mas uma profunda dedicação com amor e ardor. Cabe a cada pastor – cada presbítero na linguagem petrina – apascentar como modelos do rebanho – de “bom coração”, de “bom grado” – não com tirania, mas com zelo apostólico para congregar a todos na única grei de Cristo – o verdadeiro e bom pastor do rebanho.  Como um belo cântico que recordamos aqui traduz de maneira muito significativa essa missão: “Verdes prados e belas montanhas hão de ver o Pastor, rebanho atrás, junto a mim, as ovelhas terão muita paz, poderão descansar”. Seremos bons pastores do rebanho enquanto conduzirmos as ovelhas ao verdadeiro e Bom Pastor que é Cristo.”

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Fonte: Vatican News

Patriarcado Latino de Jerusalém consagrará Oriente Médio à Sagrada Família

Imagem referencial. Crédito: Unsplash
Por Harumi Suzuki | ACI Prensa

REDAÇÃO CENTRAL, 15 jun. 21 / 04:27 pm (ACI).- O patriarcado latino de Jerusalém celebrará o “Dia da Paz para o Oriente”, no dia 27 de junho, para pedir a Deus misericórdia e paz e consagrar o Oriente Médio à Sagrada Família.

Em nota, o patriarca, dom Pierbattista Pizzaballa, disse que, por ocasião da celebração dos 130 anos da encíclica do papa Leão XIII Rerum novarum, a Comissão Episcopal Justiça e Paz lançou a “Jornada da Paz para o Oriente”. A comissão episcopal pediu que, no dia 27 de junho, seja celebrada uma missa em cada país pertencente ao Conselho dos Patriarcas Católicos do Oriente Médio.

“Todos os patriarcas e bispos estão convidados a participar nesta intensa oração e a estar juntos numa profunda comunhão de oração durante este dia abençoado”, acrescentou Pizzaballa.

O patriarca anunciou que, por ocasião do Ano de São José, a consagração do Oriente Médio à Sagrada Família acontecerá na missa que será celebrada na basílica da Anunciação, em Nazaré.

“Abençoaremos um ícone da Sagrada Família especialmente pintado e incrustado com relíquias da mesma basílica da Anunciação”, disse. Ele disse que o ícone representa a pintura da Sagrada Família que “está sobre o altar da igreja de São José, em Nazaré, onde ficava a casa do carpinteiro, de acordo com a tradição”. “Uma vez abençoado, o ícone peregrinará pelos países do Oriente, partindo do Líbano até chegar em Roma no final do ano de São José, no dia 8 de dezembro de 2021”, acrescentou.

O patriarca disse que, após a chegada do ícone a Roma, “o papa Francisco dará a sua bênção apostólica especial para a ‘Jornada da Paz para o Oriente’”. Em seguida, o ícone regressará definitivamente à Terra Santa.

“Estão todos convidados a participar com a sua presença, e se não for possível, que seja através da comunhão na oração conosco, cada um desde a sua paróquia ou convento de origem, para implorar a misericórdia de Deus e a sua paz no nosso amado Oriente Médio, onde a fé cristã nasceu e continua viva, apesar dos sofrimentos”, concluiu.

Fonte: ACI Digital

Santos Julita e Ciro

SS. Julita e Ciro | ArquiSP

16 de junho

Santos Julita e Ciro

Julita vivia na cidade de Icônio, na Licaônia, atualmente Turquia. Ela era uma senhora riquíssima, da alta aristocracia e cristã, que se tornara viúva logo após ter dado à luz um menino. Ele foi batizado com o nome de Ciro, mas também atendia pelo diminutivo Ciríaco ou Quiríaco. Tinha três anos de idade quando o sanguinário imperador Diocleciano começou a perseguir, prender e matar cristãos.

Julita, levando o filhinho Ciro e algumas servidoras, fugiu para a Selêucia e, em seguida, para Tarso, mas ali acabou presa. O governador local, um cruel romano chamado Alexandre, tirou-lhe o filho dos braços e passou a usá-lo como um elemento a mais para sua tortura. Colocou-o sentado sobre seus joelhos, enquanto submetia Julita ao flagelo na frente do menino, com o intuito de que renegasse a fé em Cristo.

Como ela não obedeceu, os castigos aumentaram. Foi então que o pequenino Ciro saltou dos joelhos do governador, começou a chorar e a gritar junto com a mãe: "Também sou cristão! Também sou cristão!" Foi tamanha a ira do governador que ele, com um pontapé, empurrou Ciro violentamente, fazendo-o rolar pelos degraus do tribunal, esmigalhando-lhe, assim, o crânio.

Conta-se que Julita ficou imóvel, não reclamou, nem chorou, apenas rezou para que pudesse seguir seu pequenino Ciro no martírio e encontrá-lo, o mais rápido possível, ao lado de Deus. E foi o que aconteceu. Julita continuou sendo brutamente espancada e depois foi decapitada. Era o ano 304.

Os corpos foram recolhidos por uma de suas fiéis servidoras e sepultados num túmulo que foi mantido oculto até que as perseguições cessassem. Quando isso aconteceu, poucos anos depois, o bispo de Icônio, Teodoro, resolveu, com a ajuda de testemunhas da época e documentos legítimos, reconstruir fielmente a dramática história de Julita e Ciro. E foi assim, pleno de autenticidade, que este culto chegou aos nossos dias.

Ciro tornou-se o mais jovem mártir do cristianismo, precedido apenas dos santos mártires inocentes, exterminados pelo rei Herodes em Belém . Por isso é considerado o santo padroeiro das crianças que sofrem de maus-tratos. A festa de santa Julita e de são Ciro é celebrada pela Igreja no dia 16 de junho, em todo o mundo católico.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

terça-feira, 15 de junho de 2021

A CONFISSÃO

Crédito: Aleteia

Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta (RS)

A CONFISSÃO

            No Ano do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que o Papa Francisco instituiu, em 13 de março de 2015, escrevi algumas “Orientações Pastorais sobre a Misericórdia e o Sacramento da Reconciliação”, em 20 de fevereiro de 2016. De fato, tinha como objetivo experimentarmos a misericórdia divina e um estilo de vida misericordioso. Na oportunidade, salientei que queria “sublinhar o valor e a beleza do sacramento da Reconciliação, como lugar privilegiado da manifestação gratuita da misericórdia de Deus, que nos move a sermos “misericordiosos como o Pai” (Lc 6,36)” (n.2). Neste tempo de pandemia, neste ano mais em casa do que nas comunidades, mais nos ambientes familiares do que nos retiros e formações, nossos católicos precisam novamente ter o sentido deste sacramento. Pode ter sido insuficiente em nossos católicos a iniciação cristã, que não conseguiu fazer nossos cristãos verem este rosto misericordioso de Deus. Faltou a experiência da gratuidade do homem, amado para amar, e, nunca, marcado pela justiça fria e cega. A misericórdia é gratuidade pura.

            Mas, sem dúvidas, a grande causa é o esfriamento da fé, que leva a um afastamento da penitência. Em todas pessoas pode-se perceber uma falta da busca do sacramento da penitência. Sabemos que não é fácil confessar os pecados. Exige um grande ato de humildade. O próprio fato, em si, de poder falar de si mesmo a alguém que escuta com o coração já é libertador e possui um caráter de não permitir que nossa consciência se acostume com o erro ou a não mais vê-los como pecado. A descristianização e o secularismo da sociedade, leva a perder a fé, no sentido do pecado e da necessidade da confissão. A nossa autorreferencialidade humana é o critério para nossas decisões morais, levando ao relativismo. A antropologia cristã não é ingênua: sabe que no coração humano residem a ambição, o ódio, a violência e o egoísmo. Especialmente no nosso tempo, onde tantos se deixam levar pelos meios de comunicação social, o pecado está muito presente, sobretudo pelo sentimento interior, pela divisão existente e pelas palavras ditas.

            Mas, não basta pedir perdão a Deus diretamente? Nosso Papa responde: “Não basta pedir perdão ao Senhor na própria mente e no próprio coração, mas é necessário confessar humildemente e com confiança os próprios pecados ao ministro da Igreja. Na celebração deste Sacramento, o sacerdote não representa somente Deus, mas toda a comunidade, que se reconhece na fragilidade de cada um de seus membros, que escuta comovida o seu arrependimento, que se reconcilia com ele, que o encoraja e o acompanha no caminho de conversão e amadurecimento cristão. Alguém pode dizer: eu me confesso somente com Deus. Sim, você pode dizer a Deus “perdoa-me”, e dizer os teus pecados, mas os nossos pecados são também contra os irmãos, contra a Igreja. Por isto é necessário pedir perdão à Igreja, aos irmãos, na pessoa do sacerdote” (Audiência Geral, 19/02/14). Não devemos temer a confissão de nossos pecados. Como o filho pródigo arrependido, nós também temos necessidade de dizer a Deus Pai o que nos pesa e a esperança que carregamos de uma vida nova.

            A confissão de nossos pecados é uma graça, que cura e liberta. O próprio sacerdote, ao acolher, sabe-se pecador e necessitado da graça do perdão. Quando nos apresentamos ao sacerdote, “que se sinta pecador, que se deixe surpreender, ser tocado por Deus. Para que Ele nos preencha com o dom da Sua misericórdia infinita, temos de sentir a nossa necessidade, o nosso vazio, a nossa miséria” (FRANCISCO, O nome de Deus é misericórdia, 2016, p. 77).

Fonte: CNBB

A sensibilidade antiaborto cresce nos Estados Unidos: dois terços dos americanos apóiam restrições totais ou parciais

A Posição Contra O Aborto Gratuito É Mais Alta: 67% Contra 32%. Foto: Arquivo
Por Jorge Enrique Mújica
Em 2021, 74% dos partidários do Partido Republicano são a favor da vida, enquanto 70% dos democratas são a favor do aborto.

O que a população americana pensa sobre o aborto? O estudo mais recente realizado pelo grupo demográfico Gallup responde a isso: 46% acreditam que está errado e 47% é aceitável. Ou o que é o mesmo: a população também está dividida neste ponto. Ao longo dos anos em que Gallup conduziu esta pesquisa sobre a questão específica do aborto, as respostas variaram mais no sentido de considerar o aborto inaceitável do que aceitável. Em 2020, por exemplo, 47% disseram que o aborto era errado e 44% disseram que o aceitavam. Em 2013, 43% consideraram aceitável e 48% inaceitável.

Valorizando o aborto por afiliação política, o estudo mostra que 64% dos partidários do Partido Democrata, 51% dos independentes e apenas 26% dos republicanos consideram o aborto moralmente aceitável.

Quando questionados se são definidos como pró-aborto ou pró-vida, o percentual para ambos os casos é de 49% versus 47%, respectivamente. Esses dados, no entanto, não são necessariamente “ruins”: entre 1995 e 1997, as pessoas que se autodefiniam como pró-aborto eram 52% da população, enquanto as que eram pró-vida mal chegavam a 38%.

Em 2021, 74% dos partidários do Partido Republicano são a favor da vida, enquanto 70% dos democratas são a favor do aborto.

No entanto, todos os dados acima, o estudo Gallup revela que 48% dos americanos acreditam que o aborto deve ser legal apenas em certas circunstâncias, enquanto 32% acreditam que deveria ser em qualquer circunstância. 19% da população considera que o aborto deve ser ilegal em todas as circunstâncias. Nesse sentido, se somarmos os percentuais de proibição total e legal apenas em algumas circunstâncias, temos que a posição contra o aborto gratuito é maior: 67% contra 32%. Ou em outras palavras: dois terços dos americanos apoiam restrições parciais ou totais ao aborto.

Indo para baixo neste último item para mais detalhes, Gallup perguntou àqueles que pensam que o aborto deve ser legal apenas em certas circunstâncias se eles pensam que na "maioria" ou "apenas em algumas" situações. 52% apoiam medidas mais restritivas contra 45% que apoiam medidas menos restritivas.

Fonte: https://es.zenit.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF