59° DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
“Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações” (cf. 1 Pd 3,15-16)
Dentro da celebração do Sétimo Domingo da Páscoa, no Brasil,
solenidade transferida da Ascenção, comemora-se o Dia Mundial das Comunicações
Sociais, e, para essa data, o Santo Padre sempre prepara uma mensagem. Essa
mensagem ainda foi preparada pelo saudoso Papa Francisco, que nos encoraja a
sairmos em missão e anunciarmos a Palavra de Deus. Do mesmo modo que Jesus
enviou os discípulos para a missão e para dar continuidade a tudo aquilo que
Ele fez, Jesus nos envia hoje para sermos comunicadores da Palavra de
Deus.
Por isso é Dia Mundial das Comunicações Sociais, pois somos
chamados a usar todas as formas de mídia para anunciar a Palavra de Deus. Na
era digital em que vivemos, onde a internet está em alta, e a inteligência
artificial, podemos usar desses meios para o bem e para falar de Deus. O
Espírito Santo, que é nosso defensor, o Paráclito, nos dará palavras acertadas
para evangelizar. Como nos dizia o Papa Francisco, temos que ser uma Igreja em
saída, ou seja, ir ao encontro do outro e anunciar a Palavra. Dessa forma,
faremos como os discípulos e levaremos essa Igreja adiante.
O tema da mensagem deste ano vai ao encontro do Ano Jubilar
da Esperança que estamos vivenciando — como não poderia deixar de ser. Para
poder falar de Deus às outras pessoas, é preciso ter fé e esperança, para
animar os desanimados e encorajar os que estão vacilantes na fé. A nossa
esperança vem de Cristo Ressuscitado, e o Espírito Santo, que habita em nós
desde o batismo, nos impulsiona a anunciar a Palavra de Deus às outras
pessoas.
Desde o nosso batismo nos tornamos discípulos e missionários
de Jesus, e fomos imbuídos com os dons do Espírito Santo. Para sermos
discípulos de Jesus, deve nos acompanhar o dom da mansidão, conforme nos fala o
tema desta mensagem. A esperança do cristão é a vida eterna. Busquemos
evangelizar enquanto estamos aqui, fazer o bem, praticar a caridade, para, ao
final da nossa vida, sermos merecedores da vida eterna.
O Papa Francisco alerta, nesta mensagem, que nem sempre a
comunicação gera esperança, mas, algumas vezes, medo e desespero, preconceito e
rancor, fanatismo e até ódio. Em certas ocasiões, distorcem a realidade dos
fatos com o intuito de inflamar ainda mais os ânimos e gerar desconforto nos
outros. O Papa nos diz que é preciso “desarmar” a comunicação e purificá-la de
toda agressividade. Infelizmente, é o que vemos em alguns jornais que passam na
televisão, cujo foco principal são crimes, tiroteios e violência. Não
transmitem notícias, mas levam o telespectador a ter um sentimento de
insegurança e medo. Alguns reality shows focam em provocações, discórdias e
brigas, e não acrescentam em nada ao telespectador que os assiste.
O Papa alerta ainda que devemos tomar cuidado com as redes
sociais e não expor tanto a nossa vida e a de nossos familiares. Muitas vezes,
por meio das redes sociais, fomenta-se o ódio, combinam-se ações erradas contra
alguém. Enfim, para nós, cristãos, deve ser diferente: temos que usar as redes
sociais para o bem e para falar de Deus.
Outra preocupação do Santo Padre é a “dispersão programada
da atenção”. Ou seja, algumas pessoas que estão nas redes sociais, por trás da
tela do computador, apenas querem atenção e, algumas vezes, se aproveitar dos
outros. É preciso tomar cuidado e conhecer bem quem está do outro lado da tela.
Nas fotos pode parecer uma coisa; presencialmente, pode ser outra. Usemos menos
as redes sociais e tomemos cuidado. Antes de tudo, porém, usemos esse tempo
para evangelizar e falar de Deus.
O Papa Francisco afirma que, de fato, é difícil ter
esperança, principalmente no mundo de hoje, com tantas injustiças, violências e
guerras. A esperança é uma virtude cristã, e todos devem nutri-la. Temos que
ter esperança em dias melhores e acreditar que algo bom vai acontecer em nossa
vida. Somos dirigidos por nossos pensamentos: se pensarmos coisas positivas,
algo de bom acontecerá em nossa vida; agora, se só pensarmos negativamente e
não nutrirmos em nós a esperança, as coisas boas não virão.
O Papa afirma ainda que a comunicação deve ser feita com
mansidão e respeito. A comunicação deve ser feita de maneira próxima. Até mesmo
o sacerdote, ao proferir a homilia, deve se fazer próximo dos fiéis e fazer com
que toda a comunidade compreenda aquilo que está dizendo. Uma comunicação
próxima é uma comunicação clara e objetiva. Uma boa comunicação é aquela que
não vende ilusões ou medo, mas que é capaz de transmitir a esperança e ajudar
os outros a superar os medos e enfrentar as dificuldades.
A esperança deve ser um projeto comunitário. A exemplo deste
Ano Jubilar que estamos vivenciando, a Igreja inteira é chamada a nutrir a
esperança no Senhor e em dias melhores para a humanidade. Por isso, ao longo
deste ano, somos convidados a peregrinar até as Igrejas jubilares e vivenciar
este Ano da Esperança.
O Papa conclui essa mensagem dando algumas recomendações,
como, por exemplo, cuidar do coração — ou seja, da vida interior. Ser mansos e
nunca esquecer o rosto do outro. Por vezes, ficamos tanto tempo nas redes
sociais que não nos encontramos com as pessoas e até esquecemos sua fisionomia.
Semeemos sempre a esperança em nossa comunicação, construamos pontes e
atravessemos os muros visíveis e invisíveis do nosso tempo.
Estes são alguns tópicos da mensagem para este 59º Dia
Mundial das Comunicações Sociais. Não deixemos de nos comunicar e de nos
encontrar com o outro. Deixemos um pouco de lado as redes sociais, usemos com
sabedoria e para o bem a tecnologia, e anunciemos a esperança que vem de Cristo
Ressuscitado.
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