“Caríssimos, se nos amarmos assim, sobre o fundamento de Cristo, que é ‘o Alfa e o Ômega’, ‘o Princípio e o Fim’, seremos sinal de paz para todos na sociedade e no mundo. E não esqueçamos: das famílias nasce o futuro dos povos”. Foram palavras de Leão XIV na Santa Missa por ocasião do Jubileu das Famílias, das Crianças, dos Avós e dos Idosos, presidida pelo Pontífice na Praça São Pedro este domingo, 1º de junho, em que celebramos a Solenidade da Ascensão do Senhor.
Raimundo de Lima – Vatican News
“Na família, a fé é transmitida, de geração em geração,
juntamente com a vida: é partilhada como o alimento da mesa e os afetos do
coração. Isso torna-a um lugar privilegiado para encontrar Jesus, que nos ama e
quer sempre o nosso bem”. Foi o que disse o Papa na Santa Missa por ocasião do
Jubileu das Famílias, das Crianças, dos Avós e dos Idosos, presidida pelo
Pontífice na Praça São Pedro este domingo, 1º de junho, em que celebramos a
Solenidade da Ascensão do Senhor.
Partindo do Evangelho proposto na liturgia, que nos mostra
Jesus rezando por nós na Última Ceia (cfr. Jo 17, 20), Leão XIV fez sua
homilia, numa Praça São Pedro com 70 mil pessoas, concentrando-se na unidade -
maior bem que possa ser desejado -, cujo dom devemos pedir ao Senhor:
Cristo pede, com efeito, que todos sejamos “um só”.
Trata-se do maior bem que possa ser desejado, porque esta união universal
realiza entre as criaturas a comunhão eterna de amor em que se identifica o
próprio Deus, como Pai que dá a vida, Filho que a recebe e Espírito que a
partilha.
Jesus nos revela que Deus nos ama como ama a si mesmo
A unidade pela qual Jesus reza é, portanto - prosseguiu o
Papa - uma comunhão fundada no mesmo amor com que Deus ama, do qual provêm a
vida e a salvação. E, como tal é, primeiramente, um dom que Jesus vem trazer.
É, pois, a partir do seu coração de homem que o Filho de Deus se dirige ao Pai
dizendo: “Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e
assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim”.
Ouçamos com admiração estas palavras: Jesus está a
revelar-nos que Deus nos ama como ama a si mesmo. O Pai não nos ama menos do
que ama o seu Filho Único, isto é, infinitamente. Deus não ama menos, porque
ama antes, ama por primeiro! O próprio Cristo testemunha isso quando diz que o
Pai o amou «antes da criação do mundo» (v. 24). E é exatamente assim: na sua
misericórdia, Deus sempre quis atrair todos os homens para si, e é a sua vida,
entregue por nós em Cristo, que nos faz um, que nos une uns aos outros.
Santa Missa presidida pelo Papa Leão XIV – 1º de junho de
2025:
Sermos “um”, como o Senhor nos quer “um”
Leão XIV afirmou que ouvir hoje esse Evangelho,
durante o Jubileu das Famílias, das Crianças, dos Avós e dos Idosos,
enche-nos de alegria. Todos nós vivemos graças a uma relação, ou seja, a um
vínculo livre e libertador de humanidade e de cuidado recíproco.
É verdade, continuou o Santo Padre, que às vezes essa
humanidade é traída. Por exemplo, cada vez que se invoca a liberdade não para
dar a vida, mas para tirá-la; não para socorrer, mas para ofender. No entanto,
mesmo diante do mal, que cria discórdia e mata, Jesus continua a interceder por
nós junto ao Pai, e a sua oração age como um bálsamo nas nossas feridas,
tornando-se para todos um anúncio de perdão e reconciliação. Essa oração do
Senhor dá sentido pleno aos momentos luminosos do nosso querer bem aos outros,
como pais, avós, filhos e filhas. E é isso que queremos anunciar ao mundo:
estamos aqui para sermos “um”, como o Senhor nos quer “um”, nas nossas famílias
e onde quer que vivamos, trabalhemos e estudemos: diferentes, mas um; muitos,
mas um; sempre, em todas as circunstâncias e em todas as etapas da vida.
Caríssimos, se nos amarmos assim, sobre o fundamento de Cristo, que é “o Alfa e
o Ômega”, “o Princípio e o Fim”, seremos sinal de paz para todos na sociedade e
no mundo. E não esqueçamos: das famílias nasce o futuro dos povos.
Casamento, regra do verdadeiro amor entre homem e mulher
Nas últimas décadas, recebemos um sinal que nos enche de
alegria e, ao mesmo tempo, nos faz refletir: refiro-me à Beatificação e
Canonização de casais, não separadamente, mas juntos, enquanto casais. Penso em
Luís e Zélia Martin, pais de Santa Teresinha do Menino Jesus; e gosto de
recordar os Beatos Luís e Maria Beltrame Quattrocchi, cuja vida familiar
transcorreu em Roma no século passado. E não nos esqueçamos da família polaca
Ulma: pais e filhos unidos no amor e no martírio. Eu dizia que se trata de um sinal
que faz pensar, pois a Igreja, apresentando-os como testemunhos exemplares dos
cônjuges, diz-nos realmente que o mundo de hoje precisa da aliança conjugal
para conhecer e acolher o amor de Deus e superar, com a sua força que une e
reconcilia, as forças que desagregam as relações e as sociedades.
Antes de concluir, o Pontífice fez uma premente exortação:
Digo a vós, esposos, com o coração cheio de gratidão e esperança: o casamento
não é um ideal, mas a regra do verdadeiro amor entre o homem e a mulher; amor
total, fiel, fecundo. Esse mesmo amor, ao transformar-vos numa só carne,
torna-vos capazes de, à imagem de Deus, doar a vida. Portanto, encorajo-vos a
ser exemplos de coerência para os vossos filhos, comportando-vos como quereis
que eles se comportem, educando-os para a liberdade através da obediência,
procurando sempre os meios para aumentar o bem que existe neles. E vós, filhos,
sede gratos aos vossos pais: dizer “obrigado” pelo dom da vida e pelos dons que
recebemos todos os dias é a primeira forma de honrar o pai e a mãe. Por fim, a
vós, queridos avós e idosos, recomendo que cuideis daqueles que amais, com
sabedoria e compaixão, com a humildade e a paciência que os anos ensinam.
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