PENTECOSTES: O ESPÍRITO SANTO E O NASCIMENTO DA IGREJA
04/06/2025
Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
O Domingo de Pentecostes encerra o Tempo Pascal com um dos
momentos mais marcantes da história da salvação: a vinda do Espírito Santo
sobre os apóstolos e Maria no Cenáculo. Esse acontecimento, narrado em Atos 2,
é muito mais que um episódio isolado — é o ponto de partida da missão da Igreja
no mundo.
Antes de subir ao céu, Jesus prometeu que enviaria o
Espírito Santo, o Defensor, que haveria de conduzir seus discípulos à verdade
plena (cf. Jo 14,16-17). No dia de Pentecostes — palavra que significa
“quinquagésimo”, pois ocorre cinquenta dias após a Páscoa — essa promessa se
cumpre: o Espírito é derramado como fogo e vento, símbolo de força, renovação e
purificação.
Os discípulos, antes medrosos e fechados, são transformados
em anunciadores corajosos do Evangelho. Pedro, que negara Jesus, agora o
proclama com ousadia diante de uma multidão. Um novo tempo se inaugura: o tempo
da Igreja conduzida pelo Espírito.
Com o Espírito Santo, nasce a Igreja missionária. O dom das
línguas manifesta que a mensagem de Jesus é universal e destinada a todos os
povos. Já não há mais fronteiras: a Boa Nova é para todos.
Pentecostes revela o rosto verdadeiro da Igreja: uma
comunidade animada pelo Espírito, que vive em comunhão, partilha os bens,
persevera na oração, no ensinamento dos apóstolos e na fração do pão (cf. At
2,42-47). Esse é o modelo para nossas comunidades hoje: fraternas, abertas,
animadas, evangelizadoras.
O Espírito Santo não é uma lembrança do passado. Ele
continua vivo e operante na Igreja e no coração de cada batizado. É Ele quem
inspira, consola, dá discernimento, fortalece na tribulação, move à oração,
anima os carismas e santifica a vida.
São Paulo nos lembra que somos templos do Espírito Santo
(1Cor 6,19) e que os dons recebidos devem ser colocados a serviço da comunidade
(cf. 1Cor 12). Sem o Espírito, a fé se torna estéril; com Ele, a fé se
transforma em testemunho.
Pentecostes nos convida a renovar nossa abertura à ação do
Espírito Santo. Em um mundo marcado por egoísmo, violência e indiferença, o
Espírito nos forma como instrumentos de paz, unidade e esperança. Seus frutos —
amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio
(cf. Gl 5,22-23) — são sinais da sua presença em nós.
Mais do que uma festa litúrgica, Pentecostes deve ser um
apelo permanente à conversão e à missão. Cada cristão, cheio do Espírito, é
chamado a ser testemunha de Cristo no mundo.
Pentecostes é o sopro novo de Deus sobre a humanidade. É o
fogo que purifica, a luz que orienta, a força que anima, o amor que unifica.
Celebrar Pentecostes é redescobrir a beleza da vida cristã vivida no Espírito,
é deixar-se conduzir por Ele nas escolhas, nos relacionamentos, na oração e na
missão.
Que neste Pentecostes, possamos dizer com confiança e
fé:
“Vinde, Espírito Santo! Renovai a face da terra… e do meu
coração!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário