Paulo
Teixeira - publicado em 30/05/25
O Papa Francisco, poucos dias antes de morrer, reconheceu
as virtudes heroicas do Padre Ibiapina.
Em 31 de março o Papa Francisco publicou um decreto em que
reconhece as virtudes heroicas do Servo de Deus Padre José Antônio
Maria Ibiapina. A Diocese de Guarabira, na Paraíba, renovou seu compromisso
com o caminho para a beatificação do sacerdote.
Apóstolo do nordeste
Padre Ibiapina nasceu em 1806, na Vila de Sobral, no Ceará.
O pai foi tabelião e passou a infância em diversas cidades do Ceará, sempre
tendo acesso à instrução. Ingressou no seminário em Olinda, mas foi viver com
os padres oratorianos no Recife quando uma série de tragédias atingiram sua
família. A mãe morreu de parto quando ele tinha 17 anos; quando tinha 19 o pai
foi fuzilado no contexto da Confederação do Equador; o irmão mais velho foi
exilado em Fernando de Noronha.
Retornando ao Ceará, assume toda a responsabilidade pelos
irmãos menores. Depois consegue retornar ao Recife para estudar direito e, após
os estudos, atua como professor.
Em 1833 se apaixonou por Carolina Clarence de Alencar, prima
do escritor José de Alencar, e estava de casamento marcado no Ceará quando
soube que havia sido eleito deputado, aliás, o mais votado de sua província com
233 votos. Depois de concluir o ano letivo no Recife, de malas prontas para o
Rio de Janeiro, teve que desmarcar o casamento porque a noiva fugiu com um
primo.
Concluiu em março de 1835 a legislatura e retornou ao Ceará
como juiz em Quixeramobim. Sua postura ética lhe garantiu também o cargo de
chefe de polícia. Contudo, os conflitos com as lideranças regionais o levaram a
renunciar os ofícios e se dedicar à advocacia no Recife.
Missão
Em 1850 aconteceu que pela primeira vez perdeu uma causa.
Desistiu da profissão e se retirou em um sítio para se dedicar à oração. Ali,
após três anos de oração, tomou a decisão de ser padre e pediu ao bispo que
fosse ordenado sem nenhum exame. O bispo discordou a princípio, mas acabou
cedendo e em julho de 1853 foi ordenado.
Em 1866, aos 60 anos, se desfez de seus bens, renunciou aos
cargos da cúria diocesana e ao de professor no seminário, e foi nomeado
visitador diocesano da Paraíba. Padre Ibiapina viajou pelo sertão para ensinar
a fé e instruir as pessoas mais simples. Organizou missões, construiu igrejas,
açudes, cemitérios e hospitais.
Fundou mais de 20 Casas de Caridade que recebiam moças órfãs
para que tivessem acesso à instrução, tivessem formação religiosas e ajudassem
aos pobres e doentes. Levava orientações para os agricultores e comerciantes e
aconselhava as pessoas. Em 1875 ficou paralítico e se estabeleceu na Casa de Santa Fé de Arara, atual
município de Solânea, na Paraíba, que se tornou o centro da intensa vida
missionária.
Tinha 76 anos quando faleceu deixando preciosos ensinamentos
e fazendo florescer no sertão uma Igreja que se dedicava à oração e à
solidariedade.
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