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quarta-feira, 8 de março de 2023

Igualdade da mulher, para gerar um amanhã sustentável e fraterno

Brasil Escola - UOL

IGUALDADE DA MULHER, PARA GERAR UM AMANHÃ SUSTENTÁVEL E FRATERNO

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ) 

Comemorando a data do Dia Internacional da Mulher, não simplesmente aderimos a uma das diretrizes da ONU, para o desenvolvimento sustentável da agenda 2030, mas celebramos o seu contributo imprescindível, para um crescimento integral, harmonioso e promissório, do ser humano e da Criação inteira. De fato, como estamos percebendo os sinais graves de uma crise civilizatória em todo o planeta, descobrimos, e acreditamos, também, com esperançosa visão, que a participação e a dignificação da mulher são uma das chaves para uma solução humanitária e consciente.  

Certamente, vincular as mulheres a sua capacidade, e liderança, em cuidar e preservar a vida e a integridade da Natureza, é consenso graças ao Deus da Vida, cada vez mais claro e nítido. Não apenas garantem um mundo mais sustentável e limpo, mas são também as artífices e parteiras de uma humanidade em paz, sem guerras e ódios homicidas. Por isso, torna-se obsoleto e criminoso, a violência contra a mulher, o machismo, e todo tipo de dominação, por tornar-se cega e injusta.  

Se queremos famílias que sejam remanso de alegria, paz, e afeto, tudo começa com o respeito, com a complementaridade e a singularidade, que a mulher representa no lar, não limitando, ou forçando, sua presença exclusivamente à esfera doméstica, mas compartilhando com elas a liderança civil, econômica e cultural, da edificação de uma civilização do dar e do dar-se, da reciprocidade, e parceria fraterna e convergente. Sim, uma vez mais, seguindo a nossa fé cristã, homenageamos e honramos as nossas irmãs mulheres, aprendendo com elas a ternura e o amor incondicional, a paciência e o cuidado, para com a vida e toda a Criação. 

Reconhecendo o valor, a inteligência espiritual e sócio emocional, a solicitude e generosidade da mulher, em todos os planos e dimensões, como uma preciosa companheira e irmã, estaremos sendo fiéis a nossa vocação e missão de sermos, com elas, guardiões e jardineiros da Terra, dom de nosso querido e amado Pai das misericórdias. Deus seja louvado!

Dia Internacional da Mulher: um olhar criativo e um coração terno

Audiência Geral com o Papa Francisco | Vatican News

"Neste Dia Internacional da Mulher, agradeço-lhes pelo empenho na construção de uma sociedade mais humana, através da sua capacidade de perceber a realidade com um olhar criativo e um coração terno. Este é um privilégio apenas das mulheres!"

Ir. Grazielle Rigotti - Cidade do Vaticano

O Dia Internacional da Mulher traz em si um resgate de valores que são essencialmente femininos. Muito além de uma luta de gêneros, a data comemorativa procura ressaltar características que lhe são particulares. Em sua Audiência Geral desta manhã o Papa Francisco relembra em sua catequese, de forma especial, a celebração de hoje:

Neste Dia Internacional da Mulher, agradeço-lhes pelo empenho na construção de uma sociedade mais humana, através da sua capacidade de perceber a realidade com um olhar criativo e um coração terno. Este é um privilégio apenas das mulheres! Uma bênção especial para todas as mulheres presentes na praça. E uma salva de palmas para as mulheres! Elas merecem!’

De fato, olhar para a mulher neste dia, faz retomar as características divinas que levam à afirmação de que Deus é Pai, e também é Mãe. E pensando à maternidade divina, se confirmam estas duas características humanas: a criatividade e a ternura.

A criatividade como dom do Espírito, que faz ver com olhar potencialmente confiante a criatura divina, por vezes reduzida aos limites da própria realidade. Discorrendo ainda sobre o tema da Evangelização, o Papa relembrou a responsabilidade de cada evangelizador e evangelizadora em anunciar com a criatividade que é característica própria da vida cristã. Nesta missão, muitas mulheres doam suas vidas no caminho do seguimento de Jesus, iniciado no batismo.

Também à imagem de Deus que ama a todos os seus filhos com coração grande e terno, vemos ressoar nas mulheres o desafio de acolher a humanidade, principalmente os mais pobres e sofredores, com a característica própria do coração de Deus: sua ternura infinita com a qual abraça a todos os seus filhos, e a cada um em particular.

Diante de Nossa Senhora, espelho e modelo de vida cristã, está refletida a imagem do sonho de Deus para todo ser humano, por isso, de modo especial neste dia, o apelo seja adentrar no espaço sagrado do próprio interior com olhos novos, sempre mais inspiradas e inspirados pelo Espírito, pela Santa Ruah, que guia e dá dinamismo e feminilidade à vida cristã.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São João de Deus

São João de Deus | UCDB
08 de março
São João de Deus

Origens

João Cidade Duarte era seu nome de batismo. Ele nasceu em 08 de março de 1495, em Montemor-o-novo, Portugal. Seu pai vivia de vender frutas na rua. Da sua infância sabe-se apenas que, aos oito anos fugiu ou foi levado por um viajante que tinha se hospedado na sua casa. Vinte dias após seu sumiço, sua mãe morreu de tristeza. Seu pai foi para um convento de franciscanos, que o receberam. Lá, ele encerrou seus dias. 

Um menino levado pelo vento

Sabe-se que João foi levado a pé para a cidade de Madrid, na Espanha. Caminhou ao lado de saltimbancos e mendigos. Perto da cidade de Toledo, o viajante o entregou a um bom homem, chamado Francisco Majoral. Este administrava os rebanhos do Conde de Oropesa, afamado por ser caridoso. Nessa época o menino recebeu o apelido de “João de Deus”, porque ninguém sabia ao certo quem ele era e, muito menos, de onde vinha. 

Uma nova família

Durante seis anos Francisco Majoral educou João como a um filho, juntamente com a pequenina filha que a família tinha. Depois, dos catorze aos vinte e oito anos, João trabalhou para Francisco como um pastor. A relação entre eles era quase como a de pai e filho. Porém, quando a filha de Francisco atingiu idade para casar-se, Francisco quis casá-la com João de Deus. João, sem querer o casamento e sem saber o que fazer, fugiu e começou uma vida errante.

Vida errante

João de Deus alistou-se soldado do rei Carlos V. Como soldado, lutou na batalha de Paiva, contra o rei Francisco I e seu exército. Vencedor, abandonou o exército e ganhou o mundo.

Peregrinou por toda a Europa. Depois, foi para a África. Lá, fez-se vendedor ambulante na cidade de Gibraltar. Então, como um filho pródigo, voltou à cidade onde nascera. Ninguém, porém, o reconheceu. Seus pais já tinham morrido. Então, ele voltou para a Espanha e abriu uma livraria na cidade de Granada.

Conversão

Em Granada, no ano 1538, João de Deus ouviu um sermão inflamado pregado pelo futuro São João D’Ávila. O sermão tocou-o de tal maneira que ele saiu da igreja aos gritos de "misericórdia, Senhor, misericórdia". O povo, sem compreender ou ria dele ou estranhava. Mas ele não deu importância a isso. Distribuiu os bens que tinha acumulado aos pobres e iniciou uma vida de penitências rigorosas.

Internado como louco

Tido como louco por muitos, João de Deus foi internado num hospício. Lá, recebeu tratamento desumano, conforme a ignorância da época quanto às doenças mentais. Depois de ter sofrido cruelmente, ele foi acolhido e orientado por São João d'Ávila. Então, ele decidiu fundar o que chamou de “casa-hospitalar”, cujo objetivo era dar tratamento mais adequado aos tidos como “loucos”.

Uma Ordem religiosa para cuidar dos doentes mentais

A Casa Hospitalar de João de Deus começou a dar frutos, curando a muitos doentes mentais para espanto da sociedade de então. Com isso, nascia uma Ordem religiosa, que ele chamou de Ordem dos Irmãos Hospitaleiros. Apesar de nunca ter estudado medicina, João de Deus conseguia a cura de vários doentes mentais utilizando sua própria experiência aliada à fé cristã. Tinha como princípio o fato de que, se a alma for curada, meio caminho estava feito para a cura do corpo.

Loucura? 

Por ter sido tratado como louco, João de Deus conhecia em profundidade a difícil situação dos doentes mentais. Ele dizia que pertencia ao mundo dos loucos. Dizia também que pertencia e ao mundo dos pecadores, dos indignos. Mas isso era o que o entusiasmava a trabalhar pela reabilitação, dignificação e inserção tanto dos doentes mentais quanto dos pecadores. Num mundo onde qualquer distúrbio mental era sumariamente classificado como “loucura”, João de Deus criou um modelo de empatia, de tratamento, de contato e de convicções profundas, que ajudaram a milhares de sofredores e inspirou várias outras instituições. Estas, seguiram suas inspirações e orientações. Muitas ainda seguem nos tempos de hoje. 

São João de Deus, o precursor da psicanálise

Para cuidar dos doentes mentais, São João de Deus usava um processo próprio, que unia a conversa, o acolhimento, a oração, a cura interior. Por tudo isso, ele é considerado o precursor do método de tratamento psicanalítico e da compreensão de que as doenças têm origens psicossomáticas, ou seja, uma alma ou mente perturbada gera doenças físicas. Os traumas, os rancores, as mágoas causam doenças físicas. Freud e seus discípulos chegaram a isso quatro séculos depois.

A obra se espalha

O sucesso, da obra de São João de Deus foi tão grande que, acima de oitenta casas-hospitalares foram fundadas pela Europa. A princípio, elas abrigavam os doentes mentais e os doentes terminais. Depois, São João de Deus e seus seguidores começaram a atender a todos os tipos de doentes. Seu lema resumia uma verdade para toda a vida: "fazei o bem, irmãos, para o bem de vós mesmos".

Morte

São João de Deus faleceu no mesmo dia de seu nascimento, em 8 de março. Era o ano 1550. Ele tinha apenas cinquenta e cinco anos de idade. Sua canonização foi celebrada pelo Papa Leão XIII. Na ocasião, Leão XIII proclamou-o padroeiro dos hospitais, padroeiro dos doentes e padroeiro de todos os que trabalham para a obtenção da cura dos doentes.

Legado

Nos dias de hoje a Ordem Hospitaleira de São João de Deus tem as dimensões de um instituto religioso internacional. Sua sede fica em Roma. O instituo é formado por homens que se consagram à misericordiosa hospitalidade cristã, que visa acolher os doentes e os mais necessitados. A obra está presente em quarenta e cinco países.

Oração a São João de Deus

“Senhor, que inflamastes São João de Deus no fogo da caridade para que fosse na terra o Apóstolo dos pecadores, Socorro dos pobres e Saúde dos doentes; no céu o constituístes Alívio dos que sofrem, Padroeiro e Modelo dos profissionais de saúde. Concedei-nos, por sua intercessão, a graça que neste momento vos pedimos, prometendo imitá-lo nas suas virtudes, na construção do Vosso Reino de Paz, Justiça, Amor e Misericórdia. Por nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho na unidade do Espírito Santo. Amém.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

terça-feira, 7 de março de 2023

Cardeal Sérgio da Rocha é nomeado membro do Conselho de Cardeais

Cardeal Sérgio da Rocha | cnbb

CARDEAL SERGIO DA ROCHA É NOMEADO MEMBRO DO CONSELHO DE CARDEAIS

O Papa Francisco renovou o Conselho de Cardeais, o chamado C9, após o mandato anterior ter expirado. O cardeal brasileiro Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador (BA), foi confirmado entre os purpurados que compõem o conselho.

Dom Sergio já é membro do Dicastério para os Bispos, do Dicastério para o Clero, do Conselho do Sínodo dos Bispos e da Pontifícia Comissão para a América Latina.

“Este é mais um serviço que sou chamado a prestar à Igreja, colaborando com o Papa, e não uma honraria. Agradeço profundamente ao Papa Francisco e peço as orações de todos”, afirma o cardeal brasileiro, que está à frente da sede primaz do Brasil.

São os outros membros os cardeais: Pietro Perolin, secretário de Estado; Fernando Vérgez Alzaga, presidente do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano; Fridolin Ambongo, arcebispo de Kinshasa, na República Democrática do Congo; Oswald Gracias, arcebispo de Mumbai, na Índia; Seán Patrick O’Malley, arcebispo de Boston, nos Estados Unidos; Juan José Omella, arcebispo de Barcelona, na Espanha; Gérald Lacroix, arcebispo de Québec, no Canadá; e Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo.

O secretário da comissão é dom Marco Mellino. A próxima reunião do Conselho será no dia 24 de abril, às 9h, na Casa Santa Marta. A última reunião do Conselho, realizada em dezembro do ano passado, foi dedicada, entre outros temas, à fase continental do Sínodo em andamento. A primeira reunião foi realizada de 1° a 3 de outubro de 2013.

Atribuição

O Conselho de Cardeais foi instituído pelo Papa Francisco com o Quirógrafo de 28 de setembro de 2013 com a tarefa de auxiliá-lo no governo da Igreja universal e de estudar um projeto de revisão da Cúria Romana, este último realizado com a nova Constituição Apostólica Praedicate Evangelium publicada em 19 de março do ano passado. O Conselho de Cardeais – lê-se no Quirógrafo – é entendido como “uma expressão ulterior da comunhão episcopal e do auxílio ao munus petrinum que o Episcopado espalhado pelo mundo pode oferecer”.

Anuário Pontifício 2023

Foto ilustrativa / Shutterstock
Por Walter Sánchez Silva / ACN Prensa

O número de católicos aumenta, mas o de padres diminui, diz o Anuário Pontifício 2023.

Vaticano, 06 Mar. 23 / 09:45 am (ACI).- A Santa Sé publicou o Anuário Pontifício 2023 e o Anuário Estatístico da Igreja 2021, que informam o número de fiéis, seminaristas, diáconos, padres e bispos da Igreja Católica em todo o mundo.

Vatican News informou em 4 de março que os documentos publicados pela Biblioteca Editrice do Vaticana oferecem informações sobre a Igreja de 1º de dezembro de 2021 a 30 de novembro de 2022.

Os católicos no mundo aumentaram

Os textos indicam que o número de católicos batizados passou de 1,36 bilhão em 2020 para 1,37 bilhão em 2021, representando um aumento de 1,3%.

Em 2021, os católicos no mundo representam 17,67% da população total de 7,78 bilhões.

Por continentes, a África é onde os batizados mais aumentaram com 3,1%, na Ásia o aumento foi de 0,99%, enquanto na América foi de 1,01%. Na Europa, o número ficou estável.

O maior número de fiéis está na América, com 48% dos católicos do mundo. Desse grupo, 57% estão na América do Sul, sendo 27% apenas no Brasil, o país com mais católicos do mundo, com 180 milhões.

O número de bispos diminuiu

Segundo dados de 2021, há 462.388 membros do clero em todo o mundo.

Destes 5.340 são bispos, 407.872 são sacerdotes e 49.176 são diáconos permanentes.

Em 2020 os bispos eram 5.363.

Os bispos diminuíram em todos os continentes, exceto na África, onde aumentaram em 7.

O número de padres também diminuiu

O número de padres diminuiu de 410.219 em 2020 para 407.872 em 2021, ou seja, a queda foi de 0,57%.

Na Europa e na América, os padres diocesanos e os padres religiosos diminuíram; enquanto na África e na Ásia ambos os números aumentaram.

Na África, os padres diocesanos passaram de 35.561 para 36.535, um aumento de 2,74%, enquanto os padres religiosos cresceram 3,65%. Na Ásia, o crescimento foi de 1,0%.

Na Oceania foi registrado um aumento de 0,2%.

Com estes números, a média de católicos por padre em 2021 é a seguinte: na América 5.534, na África 5.101, na Oceania 2.437, na Ásia 2.137 e na Europa 1.784.

Os diáconos permanentes aumentaram

Em 2020 eram 48.635 e em 2021 49.176, o que constitui um aumento de 1,1%.

O aumento ocorre em todos os continentes.

Na Europa passaram de 15.170 para 15.438; enquanto na América eles subiram de 32.226 para 32.373.

Os seminaristas e os religiosos diminuíram

Segundo dados de 2021, há 109.895 seminaristas, dos quais 61% são seminaristas diocesanos e os 39% restantes são religiosos. Em comparação com 2020, eles caíram 1,8%.

Os religiosos professos não sacerdotes também diminuíram. Em 2020 eram 50.569 e caíram para 49.774 em 2021, uma variação de -1,6%.

A queda por continente é assim: Europa -4,1%, América do Norte -3,6%, Oceania -10,3%, na África subiram 2,2% e ficaram estáveis ​​na Europa.

Fonte: https://www.acidigital.com/

O CRISTIANISMO E AS RELIGIÕES (13/16)

O cristianismo e as religiões | Politize!

COMISSÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL

O CRISTIANISMO E AS RELIGIÕES

(1997)

III. 2. A questão da revelação

88. A especificidade e irrepetibilidade da revelação divina em Jesus Cristo se funda em que só em sua pessoa se dá a autocomunicação do Deus trino. Daí, em sentido estrito, não mais se poder falar de revelação de Deus a não ser enquanto Deus dando-se a si mesmo. Cristo é ao mesmo tempo o mediador e a plenitude de toda a revelação (cf. DV 2). O conceito teológico de revelação não pode ser confundido com o da fenomenologia religiosa (religiões de revelação, aquelas que se consideram fundadas em uma revelação divina). Somente em Cristo e em seu Espírito, Deus se deu completamente aos homens; por conseguinte, apenas quando se dá a conhecer essa autocomunicação se dá a revelação de Deus em sentido pleno. A doação que Deus faz de si mesmo e sua revelação são dois aspectos inseparáveis do acontecimento de Jesus.

89. Antes da vinda de Cristo, Deus revelou-se de modo peculiar ao povo de Israel como o único Deus vivo e verdadeiro. Enquanto testemunho dessa revelação, os livros do Antigo Testamento são palavra de Deus e conservam um valor perene (cf. DV 14). Apenas no Novo Testamento os livros do Antigo recebem e manifestam sua significação completa (cf. DV 16). Porém, no judaísmo persiste a verdadeira revelação divina do Antigo Testamento. Certos elementos da revelação bíblica foram recolhidos pelo Islã, que os interpretou em um contexto diferente.

90. Deus se deu a conhecer e continua dando-se a conhecer aos homens de muitas maneiras: por meio das obras da criação (cf. Sb 13,5; Rm 1,19-20); por meio dos juízos da consciência (cf. Rm 2,14-15) etc. Deus pode iluminar os homens por caminhos diversos. A fidelidade a Deus pode dar lugar a certo conhecimento por conaturalidade. As tradições religiosas foram marcadas por "muitas pessoas sinceras inspiradas pelo Espírito de Deus" (Diálogo e Anúncio, 30). A ação do Espírito não deixa de ser percebida de algum modo pelo ser humano. Se, segundo o ensinamento da Igreja, nas religiões se encontram "sementes do Verbo” e "raios da verdade”, não podem ser excluídos delas elementos de um verdadeiro conhecimento de Deus, mesmo com imperfeições (cf. RM 55). A dimensão gnosiológica não pode estar de todo ausente onde reconhecemos elementos de graça e de salvação.

91. No entanto, ainda que Deus tenha podido iluminar os homens de maneiras diferentes, nunca temos a garantia da reta acolhida e interpretação dessas luzes em quem as recebe. Só em Jesus há a garantia da plena acolhida da vontade do Pai. O Espírito assistiu de maneira especial os apóstolos no testemunho de Jesus e na transmissão de sua mensagem; da pregação apostólica surgiu o Novo Testamento, e também graças a ela a Igreja recebeu o Antigo. A inspiração divina que a Igreja reconhece nos escritos do Antigo e Novo Testamentos assegura que neles se recolheu tudo e só o que Deus queria que se escrevesse.

92. Nem todas as religiões têm livros sagrados. E embora não se possa excluir, nos termos expostos, alguma iluminação divina na composição desses livros (nas religiões que os têm), é mais adequado reservar o qualificativo de inspirados aos livros canónicos (cf. DV 11). A denominação de "palavra de Deus" reservou-se na tradição aos escritos dos dois testamentos. A distinção é clara inclusive nos antigos escritores eclesiásticos que reconheceram sementes do Verbo nos escritos filosóficos e religiosos. Os livros sagrados das diferentes religiões, ainda quando possam fazer parte de alguma preparação evangélica, não podem ser considerados como equivalentes ao Antigo Testamento, que constitui a preparação imediata para a vinda de Cristo ao mundo.

Fonte: https://www.vatican.va/

Estudo de Harvard revela os benefícios levar os filhos à igreja

Marko Vombergar-ALETEIA
Por Cerith Gardiner

Uma educação religiosa está diretamente ligada a resultados positivos em jovens adultos.

Educar os filhos na fé traz não só benefícios espirituais. Um estudo recente de Harvard revela que as crianças se beneficiam também física e mentalmente da formação religiosa.

O estudo, divulgado em 2018 pela Harvard T. H. Chan School of Public Health, descobriu que crianças que participavam da missa semanalmente ou tinham uma vida de oração ativa eram mais positivas e tinham maior satisfação com a vida quando atingiam seus vinte anos. Esses jovens adultos tinham uma tendência a escolher um estilo de vida mais saudável – evitando beber, fumar, usar drogas e a promiscuidade sexual.

Usando uma amostra de 5.000 crianças durante um período de 8-14 anos, o estudo trouxe revelações impressionantes: pelo menos 18% dos frequentadores regulares da igreja relataram níveis mais altos de felicidade em seus vinte anos do que seus colegas não religiosos. E, mais importante, 29% tendiam a se unir a causas comunitárias e 33% se afastavam de drogas ilícitas.

Um dos autores do estudo, Ying Chen, reconheceu que a formação religiosa das crianças no contexto familiar e da igreja “pode afetar poderosamente sua saúde física, saúde mental, felicidade e bem-estar geral”.

Este não é o primeiro estudo a demonstrar as vantagens de uma educação religiosa. Segundo a diretora do Centro DeVos para Religião e Sociedade Civil da Fundação Heritage, Emilie Kao, “as crenças religiosas dão às pessoas forças espirituais que levam a hábitos saudáveis, constroem suas redes sociais e lhes dão a capacidade de superar obstáculos em suas vidas”.

O estudo pode ajudar a servir como motivação para os pais.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

As relíquias da cruz de Jesus, uma peregrinação de séculos entre fé e arqueologia

Stauroteca com as relíquias da verdadeira cruz, obra de
Giuseppe Valadier (1803), Santa Croce in Gerusalemme, Roma

Entre as relíquias da Paixão não é raro encontrar as dos fragmentos da Cruz. A descoberta de Elena, mãe de Constantino, suscitou enorme ressonância na época, contada por fontes hagiográficas e pela arte. A cruz foi dividida em três pedaços que foram levados às cidades mais importantes: Jerusalém, Constantinopla e Roma, sendo mais tarde subdividida para a adoração dos fiéis de todo o mundo cristão.

Maria Milvia Morciano – Cidade do Vaticano

A cruz: o sinal que apareceu no céu que, como prometido, fez vencer a batalha na ponte Mílvia em 312, logo se tornou o próprio símbolo do império de Constantino, bem como da nova religião. A cruz traz em si a totalidade de Cristo e de seu desígnio de salvação na terra. Nenhum outro símbolo é mais disruptivo e icônico. Nenhum é mais reconhecível e indelével.

A procura da cruz Verdadeira

Por esse motivo, se concretizou a intenção do imperador de concretizar a novidade buscando o autêntico lenho sobre o qual Cristo havia sido crucificado. O imperador apoiou a viagem de sua mãe Elena aos lugares sagrados justamente para buscar evidências tangíveis da nova religião. A imperatriz partiu e esteve na Palestina entre 326 e 328. Uma viagem arqueológica pelo rastro da vida de Jesus, sua Paixão e Ressurreição.

Piero della Francesca, História da Verdadeira Cruz, afresco, 1452-1466, basílica de São Francisco, Arezzo

A pesquisa centrou-se precisamente na descoberta da verdadeira Cruz. Esta é uma história memorável, contada por alguns relatos do século IV e depois incorporada à Legenda Aurea (LXIV; CXXXII) e retratada em algumas maravilhosas obras de arte, como os afrescos de Agnolo Gaddi na basílica da Santa Cruz em Florença (1380-90) e por Piero della Francesca na basílica de São Francisco em Arezzo (1452-66). Também na basílica de Santa Cruz em Jerusalém (Santa Croce in Gerusalemme) em Roma, as histórias da verdadeira cruz são representadas nos afrescos da abside pintados por Antoniazzo Romano e Marco Palmezzano entre 1492 e 1495.

Antoniazzo Romano, História da Verdadeira Cruz (fim do XV século) abside da basílica de Santa Cruz em Jerusalém, Roma

Elena, como nos conta a tradição, conseguiu que lhe apontassem o túmulo de Cristo para que encontrasse a cruz recorrendo a alguns estratagemas. Ela encontrou três cruzes. Qual seria a autêntica? Ela tentou tocar com elas uma mulher doente, e com uma delas o corpo recuperou a saúde. A cruz de Cristo havia sido identificada, as outras duas deviam ser dos ladrões. Um detalhe interessante é que a cruz foi encontrada ao lado do túmulo: portanto, de acordo com essas tradições, muitos objetos teriam sido reunidos no túmulo do Senhor. De fato, fala-se também da contextual descoberta dos cravos, assim como do Titulus Crucis.

Relíquias expostas no palácio imperial

Elena expôs as relíquias sagradas, incluindo o fragmento da cruz, em uma capela de seu palácio, o Sessorianum. A Basílica da Santa Cruz em Roma é, portanto, uma parte de Jerusalém na cidade. Foi construída e ampliada a partir de uma capela fundada em terra trazida da Terra Santa. É um baú de relíquias e obras de arte. Tudo é projetado para ser um hino ao símbolo mais reconhecível e sagrado de todo o cristianismo.

A fachada como a vemos hoje remonta ao século XVIII, sob o pontificado de Bento XIV, projetada pelos arquitetos Domenico Gregorini e Pietro Passalacqua. Ao longo do tempo sofreu algumas alterações, como a capela das relíquias, no final do caminho da Via Crucis, erguida na era moderna para abrigar objetos sagrados que antes eram guardados num ambiente úmido e impróprio. Entre as relíquias, além do Titulus Crucis, encontram-se alguns fragmentos da Cruz de Cristo guardados numa "stauroteca", ou seja, um relicário em forma de cruz, como indica a sua etimologia do grego, stauròs, ou seja, cruz, e theke, que significa agrupamento, coleção.

Um relicário precioso

O relicário alojado na Basílica de Santa Cruz Santa Cruz é uma preciosa cruz de ouro de Giuseppe Valadier, do início do século XIX. O precioso relicário foi encomendado ao arquiteto pela duquesa espanhola de Villehermosa para substituir o anterior, confiscado em 1798. É em prata dourada e lápis-lazúli, com figuras de anjos voadores e da Virgem aos pés da cruz.

Fragmentos da cruz no mundo cristão

Lascas da madeira preciosa são encontradas não apenas na basílica de Santa Cruz ou São Pietro, no relicário de São Justino, mas em muitos outros lugares da Itália, Europa e outros. Os mais famosos encontram-se em Notre Dame em Paris, na Catedral de Pisa e em Santa Maria del Fiore, em Florença. Em uma catequese de 348, Cirilo de Jerusalém afirma que "toda a Terra está cheia das relíquias da Cruz de Cristo", e ainda "... o santo lenho da Cruz nos dá testemunho, visível entre nós hoje, e que deste lugar já se espalhou por todo o mundo, por aqueles que, em sua fé, levam pedaços dele”. Percorrer os diferentes caminhos das várias doações e traslados não é fácil, mas deixam margem para algumas reflexões. "Se todas as peças rastreáveis ​​[da cruz] fossem reunidas, dariam uma boa carga para um navio, embora o Evangelho afirme que apenas uma pessoa poderia carregá-la. Que afronta, então, encher todo o mundo com fragmentos que exigiriam mais de trezentos homens para carregá-los!" disse Calvino, o teólogo que reformou o cristianismo protestante na primeira metade do século XVI. De fato, essa consideração foi uma das principais razões de sua dissidência do catolicismo. Para ele as relíquias eram fruto de superstição.

Os fragmentos conhecidos da cruz não bastam para fazer uma cruz inteira

Por outro lado, Rohalt de Fleury, após um meticuloso trabalho de catalogação de todos os fragmentos conhecidos da Verdadeira Cruz, notou que seu volume total era igual a um cubo com lados de 16 cm, ou seja, 0,17 metros cúbicos de uma cruz inteira de quase 4 kg, caso fosse feita com madeira mais pesada, como oliveira. Assim, os fragmentos conhecidos, reunidos, não formam uma cruz real, feita sob medida para um homem, e menos ainda a de Cristo, que deve ter sido do tipo mais alto - e portanto mais pesado - como evidenciam os Evangelhos (Mc 15 , 36; Jo 19, 28-29): quando Cristo estava com sede e o soldado lhe molhou os lábios com água e vinagre, ou seja, com posca, a bebida dos soldados romanos, fê-lo fixando a esponja embebida "em cima de uma cana" . A cruz de Cristo era visível de longe porque o poste vertical, o stipes, no qual o patibulum, ou trave horizontal, era colocado, era muito alto.

O culto das relíquias não é ligado à matéria em si

Faz-se uma pausa na reflexão para compreender o valor, para o fiel, das relíquias, que não se limitam ao objeto em si ou mesmo à sua integridade. Basta que um fragmento sagrado entre em contato com um objeto anônimo para transmitir sua sacralidade. Uma transmissão que permitiu a fragmentação de objetos sagrados e também de restos mortais de santos e mártires. Assim se explica por que diferentes partes do corpo de um santo, por exemplo, se encontram em lugares diversos e expostas à devoção dos fiéis. São testemunhas espirituais vivas e, portanto, não vinculadas ao conceito material de integridade.

A nobre e a escrava: Santas Perpétua e Felicidade, mulheres de fibra e mártires da fé

Public Domain

Uma era mãe de recém-nascido, a outra estava grávida: nem isso impediu a perseguição anticristã de martirizá-las covardemente.

A Igreja celebra duas grandes mulheres em 7 de março, véspera daquele que veio a ser chamado de “dia internacional da mulher”. Trata-se das santas mártires Perpétua e Felicidade, duas mulheres de fibra que se mantiveram firmes diante da ameaça de morte por causa da fé.

A nobre e a escrava

Perpétua era filha de uma família nobre e tinha um filho recém-nascido. Felicidade era escrava e estava grávida. As duas mães do norte da África foram presas por serem cristãs, durante uma das muitas épocas de perseguição brutal contra os seguidores de Jesus – dessa vez, promovida pelo imperador Severo.

SAINT FELICITY
Paullew | Flickr CC by NC ND 2.0

Na prisão em Cartago, onde fizeram questão de ser batizadas, as duas amigas deram prova de coragem e fé sólida.

Felicidade recebeu a graça que tanto tinha suplicado a Deus: a de dar à luz o seu filho antes do dia da execução. Mesmo em meio às dores do parto, ela respondeu ao guarda que a provocava:

“O que sofro agora é fruto da natureza, mas quando for atacada pelas feras, não estarei sofrendo sozinha: Cristo sofrerá por mim!”

Perpétua, no dia do martírio ao lado da amiga Felicidade, também registrou:

“Permanecei firmes na fé e guardai a caridade entre vós; não deixeis que o sofrimento se converta em pedra de escândalo”.

O dia do martírio

Segundo uma narração do século III, Perpétua e Felicidade foram jogadas diante de uma vaca brava, às vistas da multidão reunida para assistir ao “espetáculo”. A primeira a ser atacada foi Perpétua, que não se deixou amedrontar e ainda encorajou Felicidade, que estava no chão. Resistentes, as duas foram retiradas da arena pela porta dos gladiadores vitoriosos.

SAINT PERPETUA
Public Domain

Foi quando Perpétua voltou a si de uma espécie de êxtase: só então ela perguntou se já era hora de enfrentar as feras. Ao saber que ambas já tinham passado pela arena e saído vivas, ela mal pôde acreditar. Mas a multidão clamou pelo retorno das duas mártires, que se deram um beijo da paz e foram reconduzidas ao local em que a sua morte serviria como abjeta “distração” para um público profundamente degenerado.

Felicidade foi decapitada pelos gladiadores. Perpétua, porém, escapou ao primeiro golpe porque o seu carrasco estava tão nervoso que o errou. Ela própria ofereceu então o pescoço e, assim, morreu pela fé ao lado de Felicidade e de outros mártires que no mesmo dia também foram executados. (Fonte: https://pt.aleteia.org/)

segunda-feira, 6 de março de 2023

Passado, presente e futuro: em qual o cristão deve estar?

Shutterstock I ShotPrime Studio
Por Julia A. Borges

Santo Agostinho já alertava: “Cuide do seu corpo como se fosse viver para sempre e da sua alma como se fosse morrer amanhã”. Veja aqui:

“Passado é passado” – a máxima inserida no senso comum e que norteia a vida de muitas pessoas ao redor do mundo pode ser entendida como uma espécie de falta de comprometimento do ser humano perante as suas atitudes e, ao mesmo tempo, um método de guiar a vida sem se atentar ao que foi, ao que é e ao que, fatalmente, será. Ou seja, nega-se o ontem a fim de viver um hoje sem máculas e não atento ao amanhã, uma vez que o estabelecimento de limites pressupõe uma sensatez que não é muito convidativa ao modus pensandi da atualidade.

A aporia se manifesta na medida em que o indivíduo sente a quase necessidade de se encontrar em algum estado do tempo – passado, presente e futuro, para então buscar alcançar alguma solução lógica de suas atitudes, ou até mesmo de sua existência. É como se ao se enquadrar em alguma camada temporal, o inexplicável se tornasse mais acessível à compreensão humana, fazendo com que a psique conseguisse assimilar a lógica de alguns fatos ao longo da vida.

Há os que se fixam ao passado e dele não saem, vivem com os olhos naquilo que não podem mais modificar e passam o restante da vida a lamentar por escolhas e atitudes tomadas. Há os que se projetam no futuro a todo o instante e transformam a futuridade na grande aflição do cotidiano. Há, entretanto, aqueles que vivem o hoje como se tivessem nascido agora e fossem morrer nesse mesmo instante, deixando as angústias do ontem de lado e sem as preocupações do futuro que pode até nem se concretizar.

O aqui e o agora

Talvez o leitor, ao ler a exposição desses três tipos de comportamento humano acerca do tempo, vá, fatalmente, presumir a melhor: o terceiro grupo! Viver o aqui e agora! É o que a filosofia contemporânea mais sugere e, existem, de fato, suas bases teóricas que justificam tal atitude. Mas se analisarmos como verdadeiros cristãos, todos esses três modelos não são padrões no caminho da verdadeira santidade.

A compreensão do todo sempre foi algo inalcançável ao homem e as tentativas de explicação do mundo; do tempo; do cosmo; do próprio indivíduo e também de Deus, levaram à fragmentação teórica a fim de obter a consciência das partes para que, desta forma, o entendimento articulado e agregado pudesse servir de resposta para as mais complexas perguntas da humanidade. Tal fato foi movendo o homem a um cientificismo que, em muitos casos, levava à anulação do verdadeiro Mistério, e como discípulos que somos, negar esse Mistério é negar a potência do inalcançável poder da fé.

Sim, o passado existe. Sim, vivemos no presente e sim, se for da vontade de Deus, teremos um futuro. Nada dessa frase pode ser negado, então por que repelir o ontem? Por que existe a necessidade de o esquecer se somos construídos e erguidos a partir dele? Temos em nós uma carga a transportar e não há nada que mude isso. Encare a cruz, pegue-a e siga. Mas o problema é quando nosso olhar só consegue se fixar no ontem sem o vislumbre do agora. 

A memória

A memória, que tanto os escritores da Antiguidade se vangloriavam em tê-la e, inclusive, colocava-a  na categoria de musa, é uma grande ferramenta da nossa mente, mas pode ser bastante perigosa se dependermos dela única e exclusivamente. O ser humano é capaz de revisitar um mesmo fato passado várias vezes e cada uma com interpretações diferentes. Qual, portanto, era a verdadeira? Como o fato realmente ocorreu?

Não se trata da tentativa infundada de modificar o passado ou, ainda pior, aniquilá-lo; trata-se de entendê-lo e ressignificá-lo, colocando as perguntas necessárias dos acontecimentos para que no hoje seja possível respondê-las. Eis uma verdade triste de admitir: a mente humana é falha, e as visitas ao passado dependerão da construção da consciência e entendimento do indivíduo de hoje, portanto, nem todo momento é interessante virem à mente algumas lembranças porque para ressignificar o passado é necessário ser um novo eu no presente.

E nesse presente não se deve se fixar apenas no aqui e agora como se as atitudes não reverberassem no nosso amanhã ou até mesmo no hoje de outrem. É um egoísmo viver apenas para si, acreditando que o que importa é ser feliz. É um pensamento raso que extingue o chamado a mergulhar em águas mais profundas. E justamente também por esse chamado é que o grupo dos que só pensam no futuro acaba por morrer na areia. A prudência é um atributo que deve ser semeado, mas não deve ser confundido com a covardia. Santa Teresa Benedita da Cruz, também conhecida como Santa Edith Stein, mártir da época do regime nazista, afirmava o seguinte: “coragem é ir com medo”.

Vítima do ontem

 Tornar-se vítima do ontem lhe transporta a uma prisão perpétua na qual nada mais pode ser feito e a condenação eterna é imposta pelo próprio prisioneiro. Viver o hoje sem projetar o amanhã é não querer sequer adentrar ao paraíso que o espera; mas também só  pensar única e exclusivamente no futuro é não ser protagonista da sua história e deixar a única oportunidade que há de se santificar em poderio do acaso.

Como cristãos somos chamados a viver o hoje, fazendo uso da sensatez ao olhar para o passado, mas fincados na esperança do futuro, porque não se deve ter a ideia de fragmentação do tempo, mas de confluências e afluências que nos trouxeram até aqui. Não é quebra, não é divisão, o mistério é um único, indivisível e singular!

Santo Agostinho já alertava: “Cuide do seu corpo como se fosse viver para sempre e da sua alma como se fosse morrer amanhã”. A vida é um presente de Deus, restabelecido em um passado através de Seu único filho para a eterna aliança que se manifestará em maravilhas em um futuro no céu. Portanto, é necessária a reconciliação do seu ontem, para que o seu hoje esteja pronto a combater o verdadeiro combate para o amanhã celestial.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF