Translate

sábado, 29 de novembro de 2025

DOCUMENTO : Os alicerces da casa comum

José Betori | 30Giorni

DOCUMENTO

Arquivo 30Dias nº 04 - 2003

Europa

Os alicerces da casa comum

Monsenhor Giuseppe Betori, Secretário-Geral da Conferência Episcopal Italiana, discursa perante as comissões mistas da Câmara dos Deputados e do Senado responsáveis ​​pelos Negócios Estrangeiros e pelos Assuntos Comunitários. O que a Igreja Católica pede da nascente Constituição Europeia.

Por Monsenhor Giuseppe Betori

Gostaria de expressar meus agradecimentos aos Presidentes das Comissões Mistas da Câmara dos Deputados e do Senado responsáveis ​​pelos Negócios Estrangeiros e pelos Assuntos Comunitários, pelo convite feito à Conferência Episcopal Italiana para apresentar suas observações no âmbito do inquérito sobre o futuro da União Europeia, com especial atenção aos temas em discussão na Convenção Europeia.

Trata-se de uma questão de grande importância e sensibilidade, na qual iniciativas como a presente, que visam fomentar formas de participação democrática no processo de desenvolvimento da União, se mostram particularmente oportunas.

O Episcopado Italiano acompanha este processo com atenção e de forma construtiva, convicto de que ele pode contribuir para o fortalecimento da Europa não apenas como uma realidade econômica e territorial, mas também como uma realidade cultural e espiritual, forjada por meio de um entrelaçamento fecunda de múltiplos e significativos valores e tradições. Parece particularmente importante que a Itália, e os católicos italianos que nela vivem, expressem sua vocação europeia trabalhando "para que uma Europa unida encontre sua proteção mais segura no reconhecimento do valor único e irredutível da pessoa humana e valorize, sem homogeneização forçada, o patrimônio cultural e moral de cada um de seus povos" (Camillo Ruini, Discurso de Abertura da Cinquentaª Assembleia Geral da Conferência Episcopal Italiana, 18-21 de novembro de 2002, n. 5).

Os esforços voltados para a construção de uma nova ordem, que também constitui o objetivo da Convenção estabelecida pelo Conselho Europeu em Laeken, em dezembro de 2001, mostram-se positivos em si mesmos, pois visam — por meio do desejável fortalecimento do quadro institucional da União Europeia à luz do princípio da subsidiariedade — contribuir efetivamente para o desenvolvimento da paz, da justiça e da solidariedade em todo o continente, bem como fomentar o processo de alargamento da União, que permanece uma prioridade a ser perseguida com urgente determinação.

Entre os temas mais debatidos na elaboração do futuro tratado constitucional, a identificação dos "valores comuns" da União é particularmente importante. Isso deve ser feito levando em consideração as diversas culturas e tradições que contribuíram e continuam a definir a identidade europeia.

Nesse sentido, a proposta dos primeiros dezesseis artigos, elaborada nas últimas semanas pela Convenção, apresenta algumas soluções positivas, mas também lacunas e deficiências que merecem uma análise mais aprofundada.

Entre os primeiros, podemos incluir a designação do respeito pela dignidade humana, pela liberdade, pela democracia, pelo Estado de direito e pelos direitos humanos em geral como "valores comuns" da União, com vistas a uma sociedade pacífica, justa e solidária.
Entre os aspetos que parecem exigir uma análise mais aprofundada, destacam-se, em particular, os relativos à designação de competências exclusivas e partilhadas, que se mostram suscetíveis de uma delimitação mais rigorosa, com vista à implementação efetiva e plena do princípio da subsidiariedade; o reforço da chamada subsidiariedade horizontal e a relação com a sociedade civil; e a dimensão da solidariedade, que afeta tanto as relações dentro de uma mesma comunidade como as relações entre Estados, não só como um dever ético pessoal, mas também como um princípio essencial do bem comum e um critério orientador para as subsequentes escolhas jurídicas e políticas.

Além disso, a omissão da consideração explícita do património religioso europeu é inadmissível. Certamente, são muitos os fatores que contribuíram para a afirmação dos valores da União, mas é inegável que, entre eles, a grande tradição religiosa, particularmente a cristã, ocupa um lugar especialmente importante, tendo contribuído para consolidá-los e promover o seu respeito. É objetivamente difícil compreender a modernidade e a pós-modernidade sem referência à experiência cristã e à dimensão religiosa. Ao mesmo tempo, é evidente que os valores religiosos são essenciais para a "coesão social" que o artigo 3.º do projeto inclui entre os objetivos da União e para a construção da futura "casa comum" europeia. Parece, portanto, razoável esperar que os membros da Convenção não deixem de mencionar, ao menos no preâmbulo, as raízes religiosas da Europa, e especificamente judaico-cristãs, considerando também a pertinência de incluir uma referência explícita a Deus, já presente noutras experiências constitucionais como as da Alemanha, da Polónia e dos Estados Unidos.

A inclusão de tais referências valorativas no texto constitucional não pode ser negada invocando concepções redutivas e ultrapassadas do princípio da laicidade. Pelo contrário, observa-se que os desenvolvimentos da laicidade contemporânea exigem que se leve em consideração a especificidade apresentada por uma comunidade (ou atividade) em virtude de sua natureza ou inspiração religiosa, e que se ultrapassem conceitos que tendem a confinar a experiência religiosa à consciência individual — que, no entanto, tem primazia — excluindo sua dimensão e relevância social. A menção explícita das raízes religiosas da Europa, portanto, “nada diminuirá a própria laicidade das estruturas políticas [...] mas, ao contrário, ajudará a preservar o continente do duplo risco do laicismo ideológico, por um lado, e do fundamentalismo sectário, por outro” (João Paulo II, Angelus, 16 de fevereiro de 2003, n. 2).
Deve-se também enfatizar que a referência à herança religiosa, e especialmente às raízes cristãs, deve ser entendida não como uma mera homenagem formal a um elemento da tradição, mas como um reconhecimento de uma realidade presente. De fato, essa herança continua sendo uma fonte de inspiração para grande parte da população do nosso continente, que se identifica com a religião cristã e com as Igrejas e comunidades religiosas que atuam na sociedade europeia a serviço do bem comum.

Essa perspectiva corrobora as demandas essenciais formuladas pelas denominações cristãs, que solicitam a inclusão no Tratado Constitucional Europeu de três disposições referentes a: a) reconhecimento da autonomia institucional das Igrejas e comunidades religiosas, o que implica o direito de se organizarem livremente de acordo com seus próprios estatutos; b) reconhecimento da identidade e do papel específicos desempenhados na sociedade pelas Igrejas e comunidades religiosas, o que inclui a previsão de um diálogo "estruturado" entre elas e a União Europeia; c) respeito, pelo sistema jurídico da União, ao estatuto específico de que cada Igreja e comunidade religiosa goza dentro dos sistemas jurídicos nacionais.
Essas solicitações expressam não apenas as expectativas da Igreja Católica, mas as de todos os fiéis em Cristo que vivem na Europa. Por essa razão, foram tornadas públicas em um documento conjunto dos episcopados da União Europeia e da Conferência das Igrejas Europeias. Este documento, entre outras coisas, foi precedido por uma contribuição pública inicial dos episcopados europeus, centrada nos valores que gostariam de ver reconhecidos no texto constitucional: a centralidade da pessoa humana, a solidariedade, a subsidiariedade e a participação, e a partilha de responsabilidades entre as Igrejas e a União.

Estas propostas não visam um estatuto jurídico privilegiado para as Igrejas e comunidades religiosas, mas sim prevenir o risco de potencial discriminação e desenvolver um quadro que assegure o exercício efetivo e pleno da liberdade religiosa, inclusive na sua dimensão especificamente institucional, com pleno respeito pela natureza laica das instituições civis e comunitárias, bem como das organizações não confessionais. Nesta perspectiva, que encontra pontos de referência úteis na concepção da nossa Constituição, não só defendemos uma reivindicação legítima de liberdade, como também expressamos o desejo de promover o contributo das energias específicas das comunidades religiosas para o árduo processo de unificação do continente, na convicção de que a "coesão social" da Europa requer uma base espiritual, ética e cultural sólida e continuamente renovada para a convivência civil.
É fácil compreender como seria praticamente inútil mencionar o património cristão deste continente se a liberdade religiosa das Igrejas e comunidades religiosas, que, de facto, existem e operam com uma precisa dimensão institucional ao serviço da humanidade e do bem comum, não estivesse efetivamente garantida na Europa de hoje e na Europa do futuro. A importância desta dimensão institucional e a necessidade de a garantir são reconhecidas há muito tempo não só pela jurisprudência europeia, mas também a nível internacional e político, em particular nos documentos finais das Conferências de Madrid (1983) e Viena (1989) e da Conferência sobre Segurança e Cooperação na Europa (CSCE), agora Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Seria paradoxal e extremamente redutivo se o reconhecimento explícito da autonomia institucional das Igrejas e comunidades religiosas, respeitando a eficácia da experiência jurídica, não encontrasse espaço e confirmação explícita num texto de tão grande relevância como o futuro tratado constitucional.

Além disso, no processo em curso, a identidade específica e o papel social das Igrejas e comunidades religiosas devem ser reconhecidos e salvaguardados. De fato, essas entidades podem dar uma contribuição singular ao processo de desenvolvimento da União Europeia, não apenas de uma perspectiva estritamente religiosa e ética — já que representam um lugar privilegiado e típico para a realização da experiência religiosa — mas também de uma perspectiva social — graças às funções significativas que desempenham nos campos educacional, cultural, social e de bem-estar — e devido às implicações políticas de seu trabalho na promoção da paz, do diálogo entre os povos europeus e tendo em vista o alargamento proposto da União.

Uma sessão da Convenção Europeia presidida por Valéry Giscard d'Estaing | 30Giorni

Um reconhecimento explícito disso encontra-se no Livro Branco sobre Governança, adotado pela Comissão Europeia em 25 de julho, que, embora sublinhe a necessidade de envolver as diversas expressões da sociedade civil no processo de formulação e implementação das políticas da UE, reconhece apropriadamente que " as igrejas e comunidades religiosas têm uma contribuição particular a dar " .

Além disso, devemos evitar o risco de classificar genericamente as igrejas e comunidades religiosas como associações e expressões da "sociedade civil", o que seria objetivamente redutivo em relação às características estruturais e funcionais específicas das denominações religiosas. De fato, essas entidades apresentam, sem dúvida, uma especificidade em comparação com o modelo associativo mais geral, não apenas por razões históricas e/ou sociológicas e/ou institucionais, mas, em última análise, por sua própria natureza, que determina suas características específicas quanto à fundação, aos objetivos e à estrutura dessas entidades. Nessa perspectiva, simplesmente assimilá-las às diversas formas de associação e realidades sociais não atenderia à necessidade de proteger sua identidade e valorizar a contribuição singular que podem oferecer ao desenvolvimento da "casa comum" europeia.

É necessária, portanto, uma abordagem mais matizada e flexível, que reconheça o papel (também) social da religião e a consequente oportunidade de envolver os grupos religiosos no processo de integração e desenvolvimento da União Europeia, reconhecendo, ao mesmo tempo, a sua especificidade. Neste contexto, apelamos a formas de diálogo devidamente regulamentadas entre as instituições europeias e as Igrejas e comunidades religiosas que o solicitem, a fim de reforçar o contributo destas últimas, especialmente em termos de espiritualidade e humanização.

As considerações acima apresentadas parecem capazes de abordar de forma correta e proveitosa a questão do chamado alargamento da União Europeia. Para evitar que este alargamento resulte numa espécie de anexação, potencialmente homogeneizadora, da Europa Central e Oriental pela Europa Ocidental, é necessário assegurar a efetiva aceitação das identidades específicas dos países que se aproximam da União, as quais representam fatores que enriquecem a identidade complexa, única e múltipla, do nosso continente.
No início deste milênio, uma Europa unida não pode ser construída sobre exclusões, fruto de esquematismos essencialmente ideológicos. Em vez disso, ela também precisa da contribuição coesa que vem de valores, práticas, experiências comunitárias, criatividade cultural, paixão pela caridade e assistência, e do esforço transcendente que as Igrejas e comunidades religiosas proclamam, propõem e sustentam de maneiras contínuas ao longo do tempo e disseminadas por todo o território, mesmo além das fronteiras nacionais.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Advento: muitas perguntas e uma pequena luz

Geralt | CC0

Carlos Padilla Esteban - publicado em 03/12/18

O que Deus quer que eu procure (e encontre) nestes dias de espera? Quisera eu ter o dom de decifrar os sinais deste mundo, em que tudo passa tão depressa!

Hoje, ouvi: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e na terra”. Há muito sinais em meu dia. Muitos sinais de esperança e desesperança. 

Olho ao redor. E vejo mortes, guerras, perseguições. Fome, pobreza, injustiça. E tenho medo. Onde fica a esperança? Onde nasce o Reino de Deus? Quem espera que Jesus nasça? 

Como entender as coisas difíceis que acontecem na minha vida? Como interpretar as vozes de Deus, que clamam diante de mim? Procuro respostas. 

Costumo desejar que os outros me mostrem o sentido do que acontece. Que me expliquem tudo. Que me faça ver o que Deus quer de mim. 

Gostaria de ser mais sábio. Ter mais luz no olhar e na alma. Gostaria ter mais respostas e menos perguntas. 

Olho para o céu querendo ver Deus. Creio que, para saber ler os sinais de Deus na minha vida, tenho que estar próximo da fonte de que brota a água. Mais unido a Deus. 

O Padre José Kentenich dizia: “Em tempos em que não se quer saber nada de Deus, que maravilhoso é ser uma pessoa cheia de Deus!”. [1]

Para saber discernir, preciso estar unido a Jesus, cheio do seu amor. Ele é a luz que dá início ao Advento. A primeira vela dá um pouco de luz para discernir. 

Como dizia Bento XVI: “Ser cristão implica sair do âmbito do que todos pensam e querem, dos critérios dominantes, para entrar na luz da verdade sobre nosso ser”. [2]

Ser cristão exige mudanças de perspectiva. Sair do olhar que todo mundo tem para olhar a vida com os olhos de Deus. É uma mudança radical. 

Comenta o Papa Francisco: “O que importa é que cada pessoa que acredita identifique seu próprio caminho e tire da luz o melhor de si, aquilo pessoa que Deus colocou nele”. [3]

Um olhar sobre a vida que nos ajude a interpretar corretamente os desígnios de Deus. A luz de uma vela não é o bastante. Mas já é algo. Uma luz na escuridão acaba com as trevas. Uma tênue luz basta para rasgar o véu da noite.

 Às vezes, creio que não tenho tanta luz em minha alma. Mas penumbra e escuridão. Estou cego e não sei ver bem como sou. 

Busco uma saída até a luz. Por onde vai meu caminho de Advento? O que Deus quer que eu busque e encontre nestes dias de espera? 

Coloco-me no caminho sem muita luz. Mas com esperança. Quero que a luz de Deus brilhe com força em mim. A primeira vela. Ao meu redor quero luz. Gosto de iluminar. Criar espaços abertos de esperança. Gosto quando minha voz incentiva os outros. Umas gotas de água fresca na sede do deserto. Um pouco de alegria em meio a lágrimas. 

Não sei se as minhas palavras funcionam sempre. Mas quero dar luz, não sombras. Quero dar alegria, não tristeza. Quero fazer do meu caminho um pedaço de esperança em meio a tantos sinais que me tiram a ilusão. 

Gosto de ver a vida dessa maneira. Começo meu caminho do Advento até Belém. Quero ter em minhas mãos a estrela que marca o caminho. Uma estrela que ilumina a noite. Quero aspirar o máximo, como dizia Padre Kentenich: “Sempre foi a mesma ideia, apontar para as estrelas, o radicalismo. E quando, no passado, houve flores e frutos, sempre originaram desse espírito de heroísmo”. [4]

O Advento me dá forças para mostrar esperança para os outros. Primeiro eu a semeio em minha alma. E sua presença me ilumina. 

Mostra-nos, Senhor, tua misericórdia e tua salvação. Assim começo o caminho. 

“Deixa-me ver, Senhor, com a tua luz, o sentido de minha vida. Assim eu peço neste advento. Quero mais luz e menos sombras. Mais alegrias e menos tristezas. Mais esperança e menos dor. 

 _______________________

[1] Kentenich Reader Tomo 3: Seguir al profeta, Peter Locher, Jonathan Niehaus

[2] La infancia de Jesús, Benedicto XVI

[3] Papa Francisco, Exhortación Gaudete y Exultate

[4] Kentenich Reader Tomo 1: Encuentro con el Padre Fundador, Peter Locher, Jonathan Niehaus

Fonte: https://pt.aleteia.org/2018/12/03/advento-muitas-perguntas-e-uma-pequena-luz/

O Papa: em caminho rumo à unidade, até Jerusalém no Jubileu de 2033

Viagem Apostólica do Papa Leão XIV à Turquia (Vatican Media)

No encontro a portas fechadas com os líderes e representantes das Igrejas e comunidades cristãs, o Papa retoma a comemoração do Concílio de Niceia, expressa a esperança de novos encontros e recorda que a divisão entre os cristãos é um obstáculo ao seu testemunho.

Vatican News

Uma oração assídua e constante para continuar caminhando juntos no caminho da unidade. Foi o que assegurou de Leão XIV ao concluir o encontro na manhã deste sábado, 29 de novembro, com líderes e representantes das Igrejas e comunidades cristãs na Igreja siríaca ortodoxa de Mor Ephrem, em Istambul. A informação é da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Após a visita à Mesquita Azul, o Papa se dirigiu à Igreja de Mor Ephrem, localizada em Yeşilköy, na parte europeia da cidade turca. Dedicada a Efrém, o Sírio, foi inaugurada em 2023 — após uma construção que durou cerca de uma década e teve vários adiamentos devido à pandemia de Covid-19 e ao terremoto. É a primeira e, até agora, a única igreja construída na Turquia (Türkiye) desde a fundação da República.

Nela, Leão XIV se encontrou com representantes das comunidades cristãs, todos sentados ao redor de uma mesa redonda. O Papa foi recebido pelo Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu, com quem se encontrará novamente no Fanar, sede do Patriarcado, no início da tarde, e com quem assinará uma Declaração Conjunta.

Papa Leão XIV com Bartolomeu I   (@Vatican Media)

Novos encontros e o anúncio do Querigma

Alguns dos presentes também estiveram em Iznik na tarde de sexta-feira, na cerimônia que comemorou o 1700º aniversário do Concílio de Niceia. O Papa Leão XIV, durante o encontro na Igreja de Mor Ephrem, referiu-se especificamente à celebração em Iznik, "cujo centro foi o Evangelho da Encarnação". Ele então expressou a esperança de que "novos encontros e momentos como aquele que vivenciamos surjam, mesmo com as Igrejas que não puderam estar presentes". Em seguida, "recordou a primazia da evangelização e da proclamação do querigma e lembrou como a divisão entre os cristãos é um obstáculo ao seu testemunho".

Em 2033, a viagem espiritual a Jerusalém

Por fim ele convidou a todos a caminharem juntos na jornada espiritual que leva ao Jubileu da Redenção em 2033, com vistas ao retorno a Jerusalém, ao Cenáculo, local da Última Ceia de Jesus com seus discípulos, onde ele lavou seus pés, e local do Pentecostes. Essa jornada conduz à plena unidade, citando seu lema episcopal: "In Illo Uno Unum".

A assinatura do Livro de Honra   (@Vatican Media)

Renovar nossa fé

Na Igreja de Mor Ephrem, o Pontífice deixou uma mensagem em inglês no Livro de Honra: "Nesta ocasião histórica, enquanto celebramos o 1700º aniversário do Concílio Ecumênico de Niceia, reunimo-nos para renovar nossa fé em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, celebrando a fé que compartilhamos." "Desejo todas as bênçãos a todos os aqui reunidos e a todas as comunidades que representam."

O penúltimo ato do dia ocorrerá após a Doxologia, um momento ritual na Igreja Patriarcal de São Jorge, e antes da Missa, para a qual são esperadas aproximadamente 4.000 pessoas.

https://youtu.be/jZPfBdfll2c

Na Igreja de Santo Efrém, o encontro privado do Papa com líderes e comunidades cristãs

Viagem Apostólica do Papa Leão XIV à Turquia (Vatican Media)
Viagem Apostólica do Papa Leão XIV à Turquia (Vatican Media)
Viagem Apostólica do Papa Leão XIV à Turquia (Vatican Media)
Viagem Apostólica do Papa Leão XIV à Turquia (Vatican Media)
Viagem Apostólica do Papa Leão XIV à Turquia (Vatican Media)
Viagem Apostólica do Papa Leão XIV à Turquia (Vatican Media)
Viagem Apostólica do Papa Leão XIV à Turquia (Vatican Media)
Viagem Apostólica do Papa Leão XIV à Turquia (Vatican Media)
Viagem Apostólica do Papa Leão XIV à Turquia (Vatican Media)
Viagem Apostólica do Papa Leão XIV à Turquia (Vatican Media)
Viagem Apostólica do Papa Leão XIV à Turquia (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Uma vela por semana

Advento (Calendarr)

UMA VELA POR SEMANA

27/11/2025

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

Há, no princípio das nossas inquietações, um desejo bom de preservar a luz que nunca se perde de si. Uma luz que que ilumina por dentro e devolve em cores mais belas tudo que recebe. Entre o temor de perdê-la e a sede de possuí-la, o coração humano ergueu muralhas, selou portas, levantou torres. E, como quem aperta demais o que ama, quebrou aquilo que pretendia guardar. Daí nasceram suspeitas, palavras afiadas e dissimulação que nos afastou de nós.  

O Advento começa aqui, quando a mão cansada desiste de trabalhar em muros, e a alma aprende o difícil ofício deesperar e fazer reparos. Uma espera produtiva que acende pequenas chamas no meio de ventanias. 

Jesus Cristo vem como Luz que não se fabrica, não se compra, não se oculta. Cujo brilho não é de pedras raras, mas dEle mesmo. Tocados por Ele, a esperança, que parecia definhar sob os golpes da noite, respira sem pressa e o tempo não é mais inimigo. 

Com a luz que se ergue acima dos morros, “Ele nos ensinará seus caminhos, e nós trilharemos suas veredas”. A subida começa com uma notícia. O Cristo que vem é juiz manso que mede sem humilhar, pesa sem esmagar e põe cada coisa no seu devido lugar. Um lugar que cura.  

Do alto dessa bondade forja-se um milagre de ferreiro eespadas viram arados, lanças viram lâminas de poda. O metal conserva a dureza, mas muda de destino. Tudo que feriu a terra aprende a cultivá-la. 

Dentro de nós, os talentos domesticados pelo medo reaprendem o serviço; a inteligência deixa de ser lâmina e torna-se lâmpada; a língua, que tanto cortou, transforma-se em instrumento de poda para que a vida frutifique. 

O Advento é uma oficina silenciosa onde, a cada semana, um gesto trocado, um instrumento convertido, um campo árido volta a receber vida e molda a coragem que espera o amanhecer. 

Quando a noite volta a se espalhar, porque ela sempre volta, já estamos assegurados pela Luz que não depende de nós. Ela vem como quem nos conhece pelo nome, sem barulho, como uma presença que aceita o caniço rachado da nossa história. 

O profeta havia dito: “Caminharemos na luz do Senhor”, e é nessa luz que caminhamos! Não caminhamos sozinhos, pois a humanidade que se esfacelava volta a entender a língua de encontro. A esperança deixou de murmurar e tornou-se realidade na manjedoura do mundo, porque o mundo todo é uma manjedoura. 

Ainda há sombras altas como as montanhas, há mentiras que se repetem até a exaustão, há poderes que se vestem de claridade para melhor cegar. Mas aprendemos com a vela do primeiro domingo que a noite não é soberana. A chama pequena não vence pelo seu tamanho; vence porqueinsiste. Ela retorna a cada sopro, reaparece a cada curva, e, quando as outras se juntarem a ela a sala inteira ficará iluminada. O Advento nos disciplina nessa teimosia. 

Quando o quarto domingo chegar e a coroa conter a inteireza de luz, saberemos que a esperança não morreu, porque foi Deus quem a sustentou enquanto aprendíamos a acreditar. 

E, na noite grande do mundo, não teremos armaduras, nem fórmulas de posse, nem pactos de ferro. Teremos olhos habituados ao clarão manso, ouvidos treinados na vereda, passos afinados ao ritmo de quem caminha na montanha. Então, mesmo que o mundo insista em entoar a velha canção do medo, nóscaminharemos na luz do Senhor porque já teremos sido alcançados por Ele.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

A oração em Niceia: regressar à experiência original de Jerusalém

Em procissão em İznik  (@Vatican Media)

"Um encontro de todos e para todos que foi tão esperado e desejado e que devemos acolher com grande admiração", são palavras de Dom Flavio Pace, secretário do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos ao comentar o histórico encontro ecumênico que reuniu em Iznik, juntamente com o Papa Leão XIV e o Patriarca de Constantinopla Bartolomeu I, muitos líderes religiosos pelos 1700 anos do Concílio de Niceia.

Vatican News

Regressar às origens para compreender melhor e mais profundamente o sentido de ser cristãos no mundo contemporâneo. A gênese do encontro ecumênico de oração vivido em İznik é recordada pelo arcebispo Dom Flavio Pace, secretário do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

Dom Pace, como o senhor viveu este evento?

Foi um encontro muito aguardado, muito desejado, muito preparado, no sentido de que houve muitas horas de discussão, de trabalho, de aprimoramento. É um evento que devemos acolher com grande admiração. Não negamos que há comentaristas que, dentro e fora da Igreja, sublinham mais as ausências do que as presenças; no entanto, este é um encontro histórico porque a grande maioria das confissões cristãs estava representada. Ouvi alguns dos participantes, mesmo os não católicos, e todos estavam muito contentes, todos muito comovidos. Quem estava presente certamente também levou no coração o sentimento da ausência de alguém que não esquecemos, nem excluímos. O momento culminante foi a recitação do Credo Niceno-Constantinopolitano. Hoje, tivemos a experiência real deste "nós cremos", porque vimos todos os nossos líderes dizê-lo juntos com o coração comovido. No fundo, apesar dos séculos, às vezes milênios, de divisões, de separações, de tensões que em parte ainda existem, estamos reafirmando a semente, o essencial da nossa fé, e isso é algo que comove. Compreendemos, então, por que, por um lado, o Patriarcado Ecumênico e, por outro, tantos outros líderes, primeiro o Papa Francisco e depois o próprio Papa Leão, tiveram a intenção de comemorar o aniversário. O Papa Leão disse claramente: "Eu estarei em Niceia”. São palavras que ele proferiu na véspera da festa dos Santos Pedro e Paulo, ao receber a delegação ortodoxa, especificando que a comemoração do Concílio seria ecumênica, ou seja, de todos. E isso hoje nós vimos, nós experimentamos.

Então, vamos dar um passo atrás, 1700 anos, por que o espírito daquela época ainda está vivo e pode estar vivo?

Naquele evento vieram muitos bispos, algo extraordinário para a época, e isso explicava o método do processo: enfrentar uma situação de dificuldade que, de alguma forma, corria o risco de se tornar também social — por isso o imperador se preocupava com isso —, mas que era interna à comunidade cristã. O método era o de se colocar na escuta e de se reunir, captar a voz do Espírito, discernir o que o Espírito estava pedindo à Igreja da época e dizer uma palavra que se tornava, assim, uma palavra guia. As divisões, porém, de alguma forma permaneceram, porque depois houve o partido que continuou a apoiar o Arianismo também na esfera política, houve tensões, pensemos em Ambrósio de Milão... As tensões continuaram, mas o coração estava centrado em preservar aquela regra da fé, que não era uma imposição dada por alguma autoridade, mas sim o fruto de um discernimento que ocorreu na escuta do Espírito por parte de todos os pastores da Igreja. Este método é válido também para o dia de hoje, para todas as situações. Nós somos frequentemente tentados, dentro e fora da Igreja, quando há alguma tensão, alguma dificuldade em nos compreendermos, a ficarmos divididos, a nos fragmentarmos. A obra do Espírito, pelo contrário, nos reúne novamente, na escuta de uma voz que já não é a minha, não é a sua, mas é aquela que, através de nós, é a voz do Espírito e, consequentemente, leva a iluminar uma escolha que é aquela que juntos se decide acolher. Portanto, é o processo que é muito interessante, porque é um processo que é verdadeiro também para o hoje, muito antes da, embora legítima, insistência na sinodalidade; é justamente um processo que convoca o ser humano à escuta do Espírito e cria comunhão, cria comunidade.

Excelência, em Niceia, 1700 anos atrás, também tinha sido decidida uma data comum para a Páscoa. Passos em direção à comunhão foram dados, passos também em direção à unidade. Este ano, tanto os católicos quanto os ortodoxos celebraram a Páscoa em uma data comum, o dia 20 de abril. A que ponto estamos com estas discussões?

O aniversário de Niceia levantou novamente a questão. O que é certo agora é que, por um lado, se quer voltar a falar sobre isso, e por outro, ao fazê-lo, não se deseja criar uma nova divisão. Creio que talvez seja necessário dar um passo atrás para depois voltarmos a pensar e discutir em conjunto, porque qualquer outro tipo de decisão criaria mais separações. E este não era o desejo do Papa Francisco, não é o desejo do Papa Leão, e a dimensão da Ortodoxia também o sabe bem. No entanto, há o desejo de voltar a discutir e encontrar um caminho de resposta.

Qual é a relação de Roma com Istambul, com aquela realidade, com os herdeiros da tradição do Patriarcado de Constantinopla?

Estamos celebrando também mais um aniversário: no dia 7 de dezembro de 1965, praticamente no encerramento do Concílio, foi assinada uma Declaração Conjunta entre Paulo VI e Atenágoras que retirava as excomunhões recíprocas de 1054. Desde então, há uma dimensão teológica de diálogo que segue adiante com todas as Igrejas ortodoxas e bizantinas; por um período foi com todas, agora o diálogo está um pouco mais lento, mas de todo modo continua. E depois, sobretudo, há este intercâmbio fraterno entre dois irmãos, pelo qual há sempre uma delegação de Constantinopla que vem para a festa dos Santos Pedro e Paulo e, vice-versa, há sempre uma delegação que vai para a festa de Santo André. Contudo, me ocorre recordar o que o Papa Leão disse neste verão, em julho, ao receber uma peregrinação conjunta católico-ortodoxa vinda dos Estados Unidos. Ele, antes de tudo, disse ter ficado surpreso, porque esta peregrinação conjunta nem sequer seria pensável há décadas. Em segundo lugar, recordou o título da peregrinação, "Da primeira à segunda Roma", e depois disse "acolho, eu vos acolho".

O Papa oferece esta mensagem muito bela, que na minha opinião é uma chave que devemos ter em mente nos próximos anos: sublinha que o problema não está ligado à discussão de uma primeira ou segunda Roma, o problema é que todos somos chamados a regressar à experiência original de Jerusalém, porque senão corremos o risco de ser como os apóstolos, que enquanto Jesus fala do fato de que irá a Jerusalém para dar a vida, eles estão atrás a discutir quem deles será o maior. E o Papa diz isto, e é uma coisa muito bela e que, na minha opinião, cria uma ponte, porque na Bula de Proclamação do Jubileu, o Papa Francisco não citou apenas o Jubileu da Esperança, mas estabeleceu um foco: o ano de 2033, quando celebraremos os dois mil anos da Redenção. Creio que o desafio do ecumenismo hoje também é que todos possam retornar à experiência original de Jerusalém. Porque, caso contrário, com todas as superestruturas históricas, que são compreensíveis até mesmo do ponto de vista teológico, não teriam existido sem Jerusalém: nem Antioquia, nem Alexandria, nem Roma, nem Constantinopla, nem Moscou. E neste tempo, ao dizer Jerusalém, dizer o Cenáculo que é o lugar da doação da vida de Jesus, e da doação do Espírito Santo, vemos que precisamos regressar ali.

Um cristão reconciliado é, de fato, um promotor da paz, e é um promotor da paz que atua naqueles lugares marcados pelos conflitos. Há uma humanidade ferida, refiro-me ao Oriente Médio, Gaza, mas também Ucrânia e em tantos outros contextos de guerra...

Neste evento de hoje, que foi possível pela coragem de alguns homens que o quiseram, viveram e continuarão a vivê-lo, devemos pensar no que significam os três anos de vida pública de Jesus — de 2030 a 2033 farão dois mil anos —, o que significa pôr-se na escuta para preparar a possibilidade de repetir juntos, por exemplo, o sermão da montanha, as bem-aventuranças. Há também um movimento de diversas confissões cristãs que está começando a pensar em ir ao Monte das Bem-aventuranças para repetir juntos o sermão das bem-aventuranças, mas não simplesmente para fazer algo com um sabor arqueológico, histórico, exegético, mas sim, para o repetir ao mundo, naquele lugar, voltando a ser conscientes da missão que o Senhor nos deu. Ou seja, quando Ele nos diz que sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo no mesmo sermão da montanha, Ele nos diz o que somos e nós devemos vivê-lo. Até porque, e aqui citamos diretamente o Papa há poucas horas, o uso da religião para justificar a guerra e a violência com qualquer forma de fundamentalismo e fanatismo deve ser rejeitado com força, enquanto os caminhos a seguir são os do encontro fraterno, do diálogo e da colaboração.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

As muitas faces da graça divina

Grâce divine | Shutterstock

Mónica Muñoz - publicado em 24/11/25

“A minha graça te basta”, escreveu São Paulo em sua segunda carta aos Coríntios. A graça divina, fonte de vida e sustento para os cristãos, manifesta-se de muitas formas. Da graça santificante recebida no batismo às graças discretas da vida diária, Deus nunca deixa de agir na vida dos fiéis.

Deus conhece as suas criaturas. Ele as preenche com a sua graça, fazendo-as participar da sua vida divina. Graça designa a benevolência absolutamente incondicional que Deus, desde toda a eternidade, demonstra à humanidade, chamando-nos a participar de sua própria vida. Essa é a intimidade com o Senhor concedida pelo batismo e renovada pelos sacramentos. É pela graça que Deus nos salva. Além da graça santificante recebida pelos cristãos no batismo, o Senhor concede outras formas de graça que auxiliam os fiéis em momentos específicos de suas vidas.

Graça santificante

O homem nasce marcado pelo pecado original, e a única maneira de ser libertado dele é o batismo, por meio do qual Deus o lava e o preenche com a sua graça santificante, como afirma o Catecismo da Igreja Católica: “A graça é participação na vida de Deus. Ela nos introduz na intimidade da vida trinitária: pelo batismo, o cristão participa da graça de Cristo, Cabeça do seu Corpo. Como ‘filho adotivo’, ele agora pode chamar Deus de ‘Pai’, em união com o Filho unigênito. Ele recebe a vida do Espírito, que o preenche de caridade e forma a Igreja (Catecismo da Igreja Católica, 1997).”

Cristo já realizou tudo. É por isso que essa graça é chamada de dom gratuito. “A graça de Cristo é o dom gratuito que Deus nos dá de sua vida, infundida pelo Espírito Santo em nossa alma para curá-la do pecado e santificá-la: é a graça santificante ou divinizante, recebida no batismo. Ela é em nós a fonte da obra de santificação (cf. Jo 4, 14; 7, 38-39). “Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo! Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo.” (2 Cor 5,17-18).” Essa graça pode ser perdida? Sim, através do pecado mortal, por isso, a única maneira de recuperá-la é através do sacramento da confissão. Idealmente, a vida cristã floresce na ausência do pecado mortal e na graça habitual, essa disposição permanente de viver e agir de acordo com a vocação divina.

Graças sacramentais

Outra forma de graça é aquela que Deus concede nos sacramentos; por isso são chamadas de graças sacramentais. “A graça inclui também os dons que o Espírito Santo nos concede para nos associar à sua obra, para nos capacitar a colaborar na salvação dos outros e no crescimento do Corpo de Cristo, que é a Igreja. Estas são as graças sacramentais, dons próprios dos diferentes sacramentos.”(Catecismo da Igreja Católica, 2003).

Assim, aqueles que se casam e aqueles que recebem o sacramento da Ordem obtêm graças que os ajudam a perseverar em seu estado de vida. Mas há também graças específicas para aqueles que recebem a Unção dos Enfermos ou que se confessam, pelas quais Deus os fortalece e os ajuda a continuar sua vida perto Dele, a observar os mandamentos e a se esforçar no caminho da santificação.

Carismas: graças especiais

Existem também graças especiais, também chamadas carismas, segundo o termo grego usado por São Paulo, que significa favor, dom gratuito, benefício (cf.LG12) “Seja qual for a sua natureza, por vezes extraordinária, como o dom dos milagres ou das línguas, os carismas estão ordenados à graça santificante e têm por fim o bem comum da Igreja. Estão ao serviço da caridade, que edifica a Igreja (cf.1 Cor12)” (CEC 2003).

Esses dons são por vezes espetaculares, mas não nos esqueçamos de que não se destinam ao benefício do destinatário, e muito menos a serem exibidos ou aproveitados, mas sim a servir a comunidade. E entre essas graças particulares, o Catecismo menciona as “graças de Estado que acompanham o exercício das responsabilidades da vida e dos ministérios cristãos dentro da Igreja” (CEC 2004) Por exemplo, São Paulo era conhecido por seu carisma ao ensinar.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/11/24/as-muitas-faces-da-graca-divina/

Leão XIV na Turquia, onde a Igreja retorna às origens e aprende a ser fermento

A Igreja de Santo Antônio de Pádua, em Istambul, decorada com bandeiras turcas e do Vaticano (Vatican Media)

Dom Massimiliano Palinuro, vigário apostólico de Istambul, descreve a comunidade de sua circunscrição eclesiástica, onde vivem aproximadamente 40.000 católicos, parte dos 60.000 presentes na nação euroasiática. Uma pequena minoria em um contexto predominantemente muçulmano, no mesmo lugar onde Angelo Giuseppe Roncalli foi vigário de 1934 a 1944. "Despojados de poder e visibilidade, somos uma família de filhos de Deus."

Por Massimiliano Palinuro*

Na saudação que o Patriarca Armênio me dirigiu na celebração que marcou o início do meu ministério episcopal em Istambul, ele disse: "Nossas comunidades cristãs na Turquia (Türkiye) são pequenas, mas também um diamante é pequeno. As coisas mais preciosas são sempre pequenas." Esta é a Igreja que o Papa Leão XIII visitará em sua primeira Viagem Apostólica, uma Igreja pequena, mas preciosa, fecunda como uma minúscula semente capaz de gerar nova vida.

Bispo Massimiliano Palinuro, vigário apostólico de Istambul e administrador apostólico de Constantinopla

https://youtu.be/xLVU_Di3eH8

Uma Igreja tão pequena quanto um grão de sal

A Turquia desempenha um papel significativo na complexidade do nosso mundo atual. Ponte entre o Oriente e o Ocidente, encruzilhada de povos e religiões, mosaico de culturas e tradições, esta terra foi justamente chamada de "Terra Santa do Novo Testamento". É esta a pátria do Apóstolo Paulo, e aqui pelo menos seis apóstolos pregaram o Evangelho. Aproximadamente um quarto do Novo Testamento foi inspirado aqui, e foi aqui, em Antioquia, que os discípulos de Jesus foram chamados de cristãos pela primeira vez. Aqui estão os túmulos dos Apóstolos João e Filipe, e a casa de Maria em Éfeso. Aqui foram realizados os oito primeiros concílios, e por meio dos ensinamentos dos grandes Padres da Igreja, a teologia cristã encontrou sua correta formulação.

E, no entanto, após dois milênios, a Igreja aqui permanece apenas uma pequena e frágil minoria, como um punhado de fermento, como um grão de sal.

Dois terços dos aproximadamente 60.000 católicos da Turquia vivem no território do Vicariato Apostólico de Istambul. O vicariato abrange a parte europeia do país e a parte asiática até Ancara. A presença da Igreja Católica Latina é muito antiga e esteve ligada, durante muito tempo, à presença de comunidades estrangeiras que aqui chegaram para o comércio.

O reino latino, fundado após a quarta cruzada (1209), levou à criação do Patriarcado Latino de Constantinopla, que sobreviveu como sé titular até tempos recentes.

A supressão definitiva do Patriarcado, desejada por São Paulo VI, marcou mais um passo significativo rumo à plena unidade com a Igreja Ortodoxa.

A comunidade católica, de fato, durante os últimos dois séculos, foi liderada por um vigário patriarcal, que mais tarde se tornou vigário apostólico.

Pessoas caminham em frente à Mesquita Azul em Istambul, Turquia, em 25 de novembro de 2025.   (ANSA)

Cristãos: 0,6% da população

O último século assistiu a um declínio drástico no número de cristãos. Em 1915, 35% da população do país ainda era cristã, enquanto hoje são apenas 0,6%.

Atualmente, a comunidade católica latina do vicariato é composta por pouco mais de 10.000 fiéis locais e aproximadamente 30.000 fiéis estrangeiros, refugiados ou migrantes. Além dos latinos, há também cerca de 8.000 católicos armênios, caldeus e siríacos, divididos em três ordinariatos que estendem sua jurisdição por toda a Turquia. Outros 10.000 fiéis latinos vivem entre a Arquidiocese de Esmirna e o Vicariato da Anatólia.

Uma comunidade enraizada em suas origens

A pequena comunidade católica, com seus quatro ritos, juntamente com as comunidades cristãs não católicas ainda menores, vive em um contexto predominantemente muçulmano. Aqui, em um contexto minoritário, a Igreja retorna às suas origens, aprendendo a ser sal e fermento. Despojada de poder e visibilidade, a comunidade dos discípulos de Jesus relembra sua identidade original, a de uma Igreja que é "a família dos filhos de Deus". Nossas comunidades, de fato, muitas vezes se assemelham a pequenas igrejas domésticas, como nos primórdios do cristianismo, onde cada pessoa é importante e ninguém se sente alienado.

Em nossas assembleias, se reúnem fiéis provenientes de dezenas de nações diferentes, e somos obrigados a falar línguas diferentes para que o milagre de Pentecostes se renove e cada pessoa possa ouvir a Palavra salvadora ressoar em sua própria língua. Povos diferentes, com culturas e tradições litúrgicas diferentes, se unem para formar o único povo de Deus, a única família dos filhos de Deus. Obviamente, nem tudo é idílico. Em um contexto eclesial tão diverso, momentos de tensão não faltam. No entanto, o fato de todos nos encontrarmos em uma situação minoritária e frágil em um contexto desafiador quase nos "obriga" a caminhar juntos e a nos apoiarmos uns aos outros.

Por essa mesma razão, aqui em Istambul, e em toda a Turquia em geral, o caminho ecumênico está progredindo mais rapidamente do que em outros lugares. Precisamente aqui, onde por razões puramente humanas começou a grande ruptura entre o Oriente Ortodoxo e o Ocidente Católico, também podemos vislumbrar os primeiros sinais de reconciliação.

Antes de ser Papa, São João XVIII foi núncio apostólico na Turquia. Quadro está na Catedral de Istambul.   (AFP or licensors)

O futuro Papa Roncalli esteve à frente do Vicariato por dez anos

Em Istambul, esse caminho de reconciliação começou com Angelo Giuseppe Roncalli, o futuro Papa João XXIII, que liderou o Vicariato de Istambul por dez anos, de 1934 a 1944. Logo depois, outro "profeta do ecumenismo" surgiu no lado ortodoxo, o Patriarca Atenágoras. Após ele, esse caminho continuou com seus sucessores Demétrio e Bartolomeu.

Nos últimos tempos, novos caminhos também têm se aberto para a proclamação e o testemunho do Evangelho. Aqui, por necessidade, a cruz não é empunhada, mas carregada com fé. Aqui, o Evangelho é sussurrado de coração para coração, e a Palavra de Deus é testemunhada pela coerência da vida. Sim, apesar de tudo, aqui também, o Evangelho, em sua pureza, fascina e atrai. Aqui, como em qualquer outro lugar da Terra, aqueles que buscam a verdade a encontram em Jesus. Aqui, o serviço caritativo da Igreja, especialmente dirigido aos numerosos refugiados e migrantes, não pode fazer distinções e deve evitar qualquer ostentação. E o testemunho da caridade incondicional torna-se, involuntariamente, uma preparação para o Evangelho.

Um visitante observa uma reprodução do Concillium Nicaeum (o primeiro concílio de Niceia) do pintor italiano Cesare Nebbia, exposta no museu da Basílica Bizantina dos Santos Padres, em Iznik, em 31 de outubro de 2025.   (AFP or licensors)

Um diálogo fraterno, marcado pelo respeito

Mesmo em nosso diálogo fraterno com os muçulmanos, experimentamos a obra da Graça e vemos sinais de esperança, especialmente no que diz respeito ao diálogo como caminho de crescimento no respeito recíproco.

A visita do Papa Leão XIV foi recebida com particular respeito e apoiada pelas autoridades civis, que também viabilizaram um parque arqueológico em Niceia, atual Iznik, para celebrar o local do Primeiro Concílio. O presidente Recep Tayyip Erdoğan também garantiu que a Santa Missa que encerraria a visita fosse realizada em um local capaz de acomodar um grande número de fiéis, além de assegurar a cobertura das consideráveis ​​despesas.

Os cristãos são, em geral, respeitados e protegidos, e a Constituição turca garante a liberdade religiosa.

A visita de Leão XIV também se insere nesse contexto de respeito e apreço. Portanto, que esta visita seja um incentivo para perseverarmos no seguimento do Senhor Jesus e para olharmos para o futuro com confiança.

Esta fotografia aérea mostra os restos da Basílica Bizantina dos Santos Padres, que afundou na margem do Lago Iznik, em Iznik, em 31 de outubro de 2025. (Photo by Ozan KOSE / AFP)   (AFP or licensors)

*Vigário Apostólico de Istambul

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

ARQUEOLOGIA CRISTÃ: Testemunhos do início da Idade Média

A Basílica de Santa Susana, em Roma, foi construída no local de um antigo titulus cristão primitivo; sua aparência atual data do final do século XVI | 30Giorni.

ARQUEOLOGIA CRISTÃ

Arquivo 30Dias nº 03 - 2003

Testemunhos do início da Idade Média

A Basílica de Santa Susana, em Roma, abriga um afresco raríssimo do início da Idade Média, descoberto há dez anos em um sarcófago. Essa descoberta incomum está sendo estudada novamente.

Por Lorenzo Bianchi

Ecce Agnus Dei, ecce qui tolis peccata mundi ": com esta frase, São João Batista, da esquerda, aponta para o Cordeiro apocalíptico colocado sobre o pergaminho com os sete selos no centro do afresco em forma de arco ogival, que se encontra na sacristia da Basílica de Santa Susana, em Roma. Da direita, seguindo o esquema iconográfico habitual, São João Evangelista faz o gesto de falar, acompanhado pelo versículo " In principio erat Berbum et Berbum erat aput Deum et Deus ", o primeiro de seu Evangelho, escrito em uma caligrafia que remonta aos primeiros séculos da Idade Média.

Nada na aparência da basílica atual aparentemente evoca uma era tão distante; O edifício que vemos hoje data do final do século XVI, renovado pelo Cardeal Girolamo Rusticucci para o Jubileu de 1600 (o interior data de 1595, a fachada na Via XX Settembre, projetada por Carlo Maderno, de 1603). E quase ninguém sabe que aqui, realocado perto do local onde foi descoberto, pode-se ver um dos raros afrescos da Roma medieval primitiva, do qual restam a imagem descrita acima e outros fragmentos, representando a Madona com o Menino entre duas santas (Ágata e talvez Susana), e os rostos de outros cinco santos.

Quase ninguém, exceto alguns estudiosos, porque após a descoberta inesperada, ocorrida há mais de uma década durante escavações arqueológicas realizadas entre 1990 e 1992 sob a direção científica de Margherita Cecchelli, e após a restauração de algumas das pinturas, somente agora começamos finalmente a organizar sistematicamente a documentação resultante das escavações e a preparar sua publicação completa.

Estas escavações arqueológicas visavam investigar a história deste local, pouco conhecido, que nos remonta aos primeiros séculos do cristianismo. Aqui, de fato, ainda dentro das primeiras muralhas da cidade, segundo fontes antigas, existia uma das mais antigas tituli ( paróquias) de Roma, datando talvez do século IV, ou mesmo do final do século III; depois dela, pelo menos duas fases principais de construção antiga precederam as renovações para o Jubileu de 1600: a do Papa São Leão III (795-816), que reconstruiu a basílica com três naves, e a anterior, à qual pertence o afresco, datada de diversas maneiras pelos estudiosos: no final do século VIII, durante o pontificado de Adriano I (772-795), ou no final do século VII, durante o pontificado de São Sérgio I (687-701).

Mas a extraordinária importância do afresco, que ainda aguarda estudo em relação ao seu contexto altamente específico, é sublinhada sobretudo pela sua localização singular no momento da descoberta.

Foi encontrado cuidadosamente colocado, em grandes fragmentos, dentro de um sarcófago que já continha um esqueleto (datado entre os séculos VI e VII) e, dada a sua posição em relação aos túmulos circundantes, parecia pertencer a uma figura de alguma importância. A razão para esta deposição invulgar das pinturas ainda nos escapa, mas vai claramente muito além da simples preservação: essas imagens devem ter tido um significado especial, se foram preservadas como relíquias, talvez ligadas a algum episódio particular dos eventos iconoclastas e à defesa da tradição e da liberdade da Igreja de Roma.

Contudo, neste momento, muitos detalhes cruciais permanecem obscuros: desde a proveniência original exata do afresco, que deve ter sido nas proximidades, até às suas dimensões reais e, portanto, à estrutura que decorava, embora a forma e a superfície lisa do gesso de suporte sugiram que provavelmente pertencia a um cibório. Por fim, ainda não sabemos se havia alguma ligação específica com a figura desconhecida enterrada, ou se a conexão foi mera coincidência.

A Basílica de Santa Susana é hoje a igreja nacional dos Estados Unidos da América em Roma, oficiada pelos Padres da Congregação Missionária de São Paulo, que ali residem desde 1922. Contudo, desde 1587 (com o intervalo entre a sua expropriação após o fim do poder temporal do papado e a sua subsequente restituição pelo Estado italiano), pertence às freiras cistercienses que residem no mosteiro de clausura adjacente.

Da sacristia, onde se conservam parte dos frescos, a área de escavação também é visível através de um piso de lajes de vidro, estendendo-se por baixo da sacristia dos Padres americanos e continuando por baixo da basílica. A abadessa do mosteiro, Madre Roberta, e o capelão, Padre Domenico Pacchierini, são responsáveis ​​pela particular solicitude com que facilitaram as investigações arqueológicas. Alessandra Milella, professora assistente de Arqueologia Cristã na Universidade de Roma La Sapienza, participou da investigação desde o início. Ela ilustra e discute abaixo as descobertas iniciais mais significativas.

Fonte: https://www.30giorni.it/

EDITORIAL: A força da pequenez

Viagem Apostólica à Turquia - Encontro de Oração na Catedral do Espírito Santo.  (@Vatican Media)

Nas palavras de Leão XIV aos cristãos turcos, uma indicação para toda a Igreja.

Andrea Tornielli

Ao encontrar-se com o “pequeno rebanho” dos católicos turcos na catedral de Santo Espírito, em Istambul, Leão XIV proferiu palavras que não só retratam a realidade da presença cristã nesta terra, mas também contêm uma indicação preciosa para todos.

O Papa convidou a adotar um olhar evangélico sobre esta Igreja de passado glorioso, hoje numericamente pequena. Convidou a olhar “com os olhos de Deus” para descobrir e redescobrir “que Ele escolheu o caminho da pequenez para descer entre nós”. A humildade da pequena casa de Nazaré, onde uma jovem disse o seu sim, permitindo que Deus se fizesse Homem, a manjedoura de Belém com o Todo-Poderoso que se tornou um recém-nascido completamente dependente dos cuidados de um pai e de uma mãe, a vida pública do Nazareno passada a pregar de aldeia em aldeia numa província nos confins do império, fora do radar da grande história. O Reino de Deus, lembrou Leão, “não se impõe atraindo a atenção”. E nessa lógica, na lógica da pequenez, está a verdadeira força da Igreja. O Sucessor de Pedro lembrou aos cristãos da Turquia que a Igreja se afasta do Evangelho e da lógica de Deus quando pensa que sua força está em seus recursos e estruturas ou quando faz com que os frutos de sua missão consistam no consenso numérico, no poder econômico, na capacidade de ser influente na sociedade. “Em uma comunidade cristã onde os fiéis, os sacerdotes, os bispos não seguem este caminho da pequenez, falta futuro... porque Deus brota no pequeno, sempre no pequeno”, disse o Papa Francisco em uma homilia em Santa Marta citada hoje por seu sucessor.

É a inversão total de toda a lógica humana, que também pode penetrar na Igreja, quando se impõem lógicas empresariais, quando a missão é reduzida a estratégias de marketing, quando quem anuncia o Evangelho se coloca em primeiro plano como protagonista, em vez de desaparecer para fazer brilhar a luz de Cristo. Em uma época em que parecem valer apenas os cliques e o número de seguidores, também a Igreja pode ser tentada a lamentar uma cristandade do passado, com seus anexos e conexões de poder, estruturas, influência e relevância social, colateralismo político.

Em vez disso, como nos ensina o Evangelho e nos repete hoje o Bispo de Roma, é preciso olhar o mundo com os olhos de Deus, com o olhar dos pequenos, dos humildes, dos que não têm poder. É essa revolução copernicana de Deus, que derrubou os poderosos de seus tronos e elevou os humildes, o caminho da missão, mas também o caminho para construir a verdadeira paz: na Igreja, na sociedade, nas relações internacionais.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Uma onda de conversões na cidade mais secular do Ocidente

Shutterstock

Aleteia Polônia - publicado em 27/11/25

Em Nova York, há um aumento acentuado no número de adultos que querem ingressar na Igreja Católica através da Iniciação Católica de Adultos (OCIA). Essa tendência, confirmada tanto na Arquidiocese de Nova York quanto na Diocese do Brooklyn, é surpreendente devido à secularização da cidade, que é considerada uma das mais seculares dos Estados Unidos.

Isso significa que estamos lidando com uma tendência que afeta sociedades mais secularizadas. Anteriormente, escrevemos tanto sobre a França, que está passando por uma espécie de pequeno boom religioso, mas também sobre a Austrália. Claro, não podemos falar sobre conversões em uma escala de massa, mas as porcentagens rompem o teto. Então agora vamos olhar para Nova York.

Aumento duplo

Na paróquia de St. Patryck's, o número de catecúmenos em Greenwich Village triplicou em comparação com o ano anterior, atingindo cerca de 130 pessoas. Dinâmicas semelhantes são visíveis na paróquia de St. Wincenty Ferreri no Upper East Side, onde o número de participantes dobrou para cerca de 90, e na Basílica da Antiga Catedral de St. Patryck's, esse número também aumentou para cerca de 100. As paróquias lutam com limitações espaciais, o que causa considerações sobre o aumento do número de Missas Sagradas. A diocese do Brooklyn também viu um grande aumento - em 2024, 538 adultos foram aceitos na Igreja, quase o dobro do que em 2023.

Uma parte significativa desse crescimento é composta por jovens profissionais que buscam estabilidade em um ambiente cultural turbulento. Entre as razões para a conversão, eles mencionam crises de vida, insatisfação com certos contextos ideológicos, bem como a necessidade de uma estrutura moral clara e apoio espiritual. Muitos recém-convertidos enfatizam que o sucesso material não lhes dá respostas duradouras para questões existenciais.

Motivações que merecem atenção

Os candidatos ao batismo muitas vezes apontam para o impacto dos eventos políticos e sociais contemporâneos nos Estados Unidos e o cansaço da polarização da sociedade e do caos da mídia. Experiências espirituais como leitura espiritual, participação em grupos paroquiais e contato com comunidades vivas também são importantes. O elemento comum é o desejo de uma vida ordenada, maior certeza existencial e combinação harmoniosa de fé com trabalho e vida familiar.

Esse fenômeno, apesar da falta de pesquisa completa sobre as causas, parece ser estável e tem uma dimensão mais ampla do que apenas campanhas de evangelização locais. Para a Igreja de Nova York, este é um desafio pastoral - é necessário acompanhar efetivamente os novos fiéis em sua formação e integrá-los a comunidades paroquiais vivas e bem organizadas.

A aventura de Deus

Este crescente movimento de conversão em um ambiente tão secularizado como Nova York mostra o desejo de muitas pessoas, especialmente jovens adultos, de encontrar a estabilidade espiritual e o significado da vida que parece estar emergindo no mundo de hoje. Vamos esperar, no entanto, que não seja apenas sobre os aspectos mundanos da religião, mas também sobre a fé sobrenatural que pode ser encontrada na Igreja. Sem dúvida, as paróquias locais devem adaptar suas estruturas para atender às necessidades dos novos fiéis e responder à sua busca espiritual. Podemos dizer que há um momento de uma bela aventura na Igreja de Nova York.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/11/27/uma-onda-de-conversoes-na-cidade-mais-secular-do-ocidente/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF