segunda-feira, 1 de dezembro de 2025
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Leão XIV: Líbano, aqui a paz é um desejo e uma vocação
Em seu discurso às autoridades libanesas, o Papa ressaltou
que "o compromisso e o amor pela paz não conhecem o medo diante das
aparentes derrotas, nem se deixam abater pelas desilusões, mas sabem olhar para
o futuro, acolhendo e abraçando todas as realidades com esperança".
"A paz é saber viver juntos, em comunhão, como pessoas
reconciliadas", disse Leão XIV, sublinhando "o papel indispensável
das mulheres no árduo e paciente esforço de preservar e construir a paz".
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Leão XIV iniciou, neste domingo (30/11), a segunda
etapa de sua primeira viagem apostólica internacional que o leva ao Líbano.
O Pontífice chegou a Beirute onde encontrou-se com as
autoridades, os representantes da sociedade civil e o Corpo diplomático, no
Palácio Presidencial. O Papa iniciou o seu discurso com as seguintes palavras:
“É uma grande alegria
encontrar-vos e visitar esta terra onde “paz” é muito mais do que uma palavra:
aqui a paz é um desejo e uma vocação, é um dom e um canteiro sempre aberto.”
A obra da paz é um contínuo recomeçar
Recordando as palavras de Jesus, «Felizes os que promovem a
paz», o Santo Padre refletiu sobre o que significa ser promotor de paz "em
circunstâncias muito complexas, conflituosas e incertas". Ressaltou uma
qualidade que distingue os libaneses: "Sois um povo que não sucumbe e
que, diante das provações, sabe sempre renascer com coragem".
“A vossa resiliência é uma
característica imprescindível dos autênticos promotores da paz: realmente, a
obra da paz é um contínuo recomeçar. O compromisso e o amor pela paz não
conhecem o medo diante das aparentes derrotas, nem se deixam abater pelas desilusões,
mas sabem olhar para o futuro, acolhendo e abraçando todas as realidades com
esperança. É preciso tenacidade para construir a paz; é preciso perseverança
para cuidar e fazer a vida crescer.”
Uma sociedade civil vivaz, bem formada, rica em jovens
Portanto, falar a "língua da esperança", aquela
que sempre permitiu os libaneses de recomeçar, num mundo em que "uma
espécie de sentimento de impotência e pessimismo parece ter levado a melhor: as
pessoas parecem já nem sequer conseguir perguntar-se o que podem fazer para
mudar o rumo da história".
“Sofrestes muito as
consequências de uma economia que mata, da instabilidade global – que também no
Levante tem repercussões devastadoras –, bem como da radicalização das
identidades e dos conflitos; mas sempre quisestes e soubestes recomeçar.”
"O Líbano pode orgulhar-se de uma sociedade civil
vivaz, bem formada, rica em jovens capazes de expressar os sonhos e as
esperanças de todo um País", frisou o Papa. "Que vos ajude também
o profundo laço de afeto que une tantos libaneses espalhados pelo mundo ao seu
país", sublinhou.
Segue, na íntegra, o discurso do Papa Leão XIV às
autoridades libanesas.
Recomeçar através do árduo caminho da reconciliação
A seguir, o Pontífice falou sobre a segunda característica
dos que promovem a paz: eles sabem recomeçar sobretudo através do árduo
caminho da reconciliação. "Existem feridas pessoais e coletivas que
para poderem cicatrizar exigem longos anos, às vezes gerações inteiras. Se não
forem tratadas, se não se trabalhar, por exemplo, na cura da memória, na
aproximação entre aqueles que sofreram ofensas e injustiças, dificilmente se
alcançará a paz", disse ainda o Papa Leão.
De acordo com o Santo Padre, "não há reconciliação
duradoura sem uma meta comum, sem uma abertura para um futuro em que o bem
prevaleça sobre o mal sofrido ou infligido, no passado ou no presente".
A paz é saber viver juntos, em comunhão
Segundo o Papa Leão, "uma cultura da reconciliação não
nasce apenas de baixo, da disponibilidade e da coragem de alguns, mas precisa
de autoridades e instituições que reconheçam o bem comum como superior ao bem
parcial".
“A paz é, na verdade, muito
mais do que um sempre precário equilíbrio entre aqueles que vivem separados sob
o mesmo teto. A paz é saber viver juntos, em comunhão, como pessoas
reconciliadas. Uma reconciliação que, além de nos fazer conviver, nos ensinará
a trabalhar juntos, lado a lado, por um futuro partilhado. Estamos inseridos
juntos num desígnio que Deus preparou para que nos tornemos uma família.”
Sangria de jovens e famílias
A terceira característica dos que promovem a paz é que
"eles ousam permanecer, mesmo quando isso implica sacrifício".
“Sabemos que a incerteza, a
violência, a pobreza e muitas outras ameaças produzem aqui, como em outros
lugares do mundo, uma sangria de jovens e famílias que procuram um futuro
melhor noutro lugar, mesmo com grande dor por deixarem a sua pátria. Temos de
reconhecer que muito de positivo chega-vos dos Libaneses espalhados pelo mundo.
No entanto, não devemos esquecer que permanecer na pátria e colaborar dia após
dia para o desenvolvimento da civilização do amor e da paz continua sendo algo
muito apreciável.”
O Papa sublinhou que "a Igreja não se preocupa apenas
com a dignidade daqueles que se deslocam para países diferentes do seu, mas
deseja que ninguém seja obrigado a partir e que todos aqueles que o desejem
possam regressar em segurança".
De acordo com o Pontífice, "a mobilidade humana
representa uma imensa oportunidade de encontro e de enriquecimento mútuo, mas
não apaga o vínculo especial que une cada um a determinados lugares, aos quais
deve a sua identidade de uma forma totalmente peculiar. E a paz cresce sempre
num contexto vital concreto, feito de laços geográficos, históricos e
espirituais. É preciso encorajar aqueles que os favorecem e promovem, sem ceder
a localismos e nacionalismos. Na Encíclica Fratelli tutti, o Papa
Francisco indicava este caminho".
O papel das mulheres na construção da paz
Leão XIV convidou a se perguntar sobre o que fazer para que
os jovens não se sintam obrigados a abandonar a sua terra. De acordo com o
Pontífice, "cristãos e muçulmanos, com todos os componentes religiosos e
civis da sociedade libanesa, são chamados a fazer a sua parte nesse sentido e a
comprometer-se em sensibilizar a Comunidade internacional sobre o
assunto".
“Neste contexto, gostaria de
sublinhar o papel indispensável das mulheres no árduo e paciente esforço de
preservar e construir a paz. Não esqueçamos que as mulheres têm uma capacidade
específica de promover a paz, porque sabem conservar e desenvolver laços
profundos com a vida, com as pessoas e com os lugares. A participação delas na
vida social e política, bem como na vida das suas comunidades religiosas, à
semelhança da energia que emana dos jovens, representa em todo o mundo um fator
de verdadeira renovação. Portanto, felizes as pacificadoras e os jovens que
permanecem ou que regressam, para que o Líbano continue sendo uma terra cheia
de vida.”
Paz, um caminho movido pelo Espírito
O Papa concluiu, ressaltando que o povo libanês é um
"povo que ama a música, que, nos dias de festa, se transforma em dança,
linguagem de alegria e comunhão". Um traço da cultura libanesa que nos
ajuda "a compreender que a paz não é apenas o resultado de um esforço
humano", mas "um dom que vem de Deus e que, antes de mais nada,
habita no nosso coração". "É como um movimento interior que se
derrama para o exterior, permitindo-nos ser guiados por uma melodia maior do
que nós mesmos: a do amor divino", disse ainda Leão XIV.
“Assim é a paz: um caminho movido pelo Espírito, que
coloca o coração em escuta e o torna mais atento e respeitoso para com o outro.
Que cresça entre vós este desejo de paz que nasce de Deus e pode transformar,
já hoje, a maneira de olhar para os outros e de habitar juntos esta Terra que
Ele ama profundamente e continua a abençoar.”
O Líbano, uma terra bíblica
Camille
Dalmas - publicado em 01/12/25
De 30 de novembro a 2 de dezembro, o Papa Leão XIV
visitará o Líbano em sua primeira viagem internacional. O "país do
cedro" ocupa um lugar muito importante nas Sagradas Escrituras.
Mencionado apenas no Antigo Testamento, o Líbano é citado em
71 ocasiões. A cordilheira que ocupa grande parte de seu território é descrita
pelos profetas como uma das fronteiras naturais da Terra Prometida oferecida
por Deus ao povo de Israel. "Todo lugar que pisar a sola do vosso pé será
vosso: a vossa fronteira se estenderá desde o deserto até ao Líbano, e desde o
rio Eufrates até ao mar ocidental" (Dt
11,24), afirma Moisés depois da fuga do Egito. O sucessor de Moisés, Josué,
inclui até mesmo neste território "Baal-Gad, no vale do Líbano".
Embora não se saiba ao certo onde esta cidade, o ponto norte das terras da
nação judaica, várias hipóteses apontam para o sul do vale do Bekaa, no Líbano.
Na Bíblia, o Líbano também é frequentemente associado às
magníficas florestas de cedros que crescem nas encostas de suas montanhas.
Mencionada em 75 ocasiões, esta árvore, que hoje aparece na bandeira libanesa,
representava na época um recurso econômico chave para o Oriente Médio. Salomão
o usou para construir o templo de Jerusalém, o lugar mais sagrado do judaísmo
antigo, mas também o palácio do sábio soberano. Para realizar essas
construções, Salomão enviou várias dezenas de milhares de judeus ao rei libanês
Hiram de Tiro para transportar os preciosos troncos.
A reputação de beleza das florestas de cedro do Líbano
aparece em alguns dos versículos mais poéticos da Bíblia. É o caso do Salmo 92,
onde se diz que os justos "se elevam como o cedro do Líbano" e
prosperam apesar da idade, como essas árvores "cheias de seiva e
verdes" (Sl 92,13-15). No Salmo
104, as florestas libanesas se tornam uma imagem da perfeição da
criação divina: “As árvores do Senhor são saciadas, os cedros do Líbano, que
ele plantou. Ali aninham as aves» (Sl 104,16-17).
No Cântico dos Cânticos, as riquezas do Líbano ressoam no
canto de amor do marido à sua amada. Expressando toda a sua sensualidade e
desejo, o homem se maravilha com a beleza de sua esposa, comparando sua boca
com o leite e o mel e afirmando que “o aroma de [seus] vestidos é como o aroma
do Líbano” (Ct 4,11). O amado promete a sua amada levá-la para visitar os picos
do maciço libanês, "fonte dos jardins, poço de águas vivas que brotam do
Líbano" (Ct 4,15). E ela, por sua vez, contempla o objeto de seu amor,
parando em suas pernas, "colunas de mármore sobre bases de ouro
puro", cujo aspecto "é o do Líbano: como o cedro, sem rival!"
(Ct 5,15). A beleza da terra libanesa também inspira os profetas Ben Sira,
Oséias e Nahum, que exaltam seu perfume, a fama de seu vinho e a delicadeza de
sua flora.
Um espelho do poder divino
O profeta Isaías, por sua vez, vê no verde Líbano um
testemunho da força natural que só Deus pode dominar. "O Senhor, Deus dos
exércitos, quebra os galhos com violência: os maiores são cortados, os mais
altos são derrubados; derruba com o ferro os matos da floresta, e o Líbano cai
sob o Poderoso" (Is 10,33-34). Da mesma forma, "a voz do Senhor
quebra os cedros do Líbano" (Sl 29,5), e seu poder os faz ondular como
"espigas" (Sl 72,16). Por sua vez, o profeta Jeremias afirma que Deus
seria capaz de transformar os picos brancos do Líbano em um deserto
infértil (Jr 22,6).
Várias referências associam o Líbano à sua fauna, e Isaías
menciona a presença de leões e leopardos em suas montanhas. Nos picos libaneses
também se encontra a "grande águia, de grandes asas, de imensa
envergadura, de plumagem espessa e colorida", mencionada por Ezequiel, que
domina "a copa do cedro" (Ez 17,3). Uma grandeza natural notável que,
muitas vezes, se curva diante da onipotência divina: "O Líbano não seria
suficiente para o fogo, nem seus animais para o holocausto", assegura
Isaías para exaltar ainda mais a grandeza divina, ainda mais imensa que a
"glória do Líbano" (Is 40,16; Is 35,2).
E no Novo Testamento?
Embora o Líbano não seja explicitamente mencionado no Novo
Testamento, ele pode aparecer nele. A cidade de Caná, onde Jesus realiza seu
primeiro milagre, transformando água em vinho durante um casamento, pode
corresponder às cidades de Qana, no sul do Líbano, mas também às de Kafr Cana e
Khirbet Cana, em Israel.
Os arqueólogos não se pronunciaram sobre o assunto, mas
Antonio Andary, da Fundação Maronita, defende a hipótese libanesa. Além disso,
ele considera que Jesus também teria visitado território libanês em outras
ocasiões, em particular durante seu encontro com a mulher cananeia, que,
segundo ele, teria ocorrido perto de Sidon.
Finalmente, afirma que a Transfiguração pode ter ocorrido no
topo do Monte Hebron, uma montanha de Golã que pertence em parte ao Líbano e à
Síria (mas que é ocupada por Israel desde 2024). No entanto, o lugar
tradicionalmente aceito é o Monte Tabor, em Israel.
História de São Carlos de Foucauld
Infância e juventude
São Carlos de Foucauld nasceu em 15 de setembro de 1858, em
Estrasburgo, França, em uma família nobre. Órfão de pai e mãe aos seis anos,
foi criado pelo avô, que lhe deu boa educação, mas não conseguiu conter sua
rebeldia juvenil.
Na adolescência afastou-se da fé. Inteligente e curioso,
mergulhou nos estudos militares e herdou fortuna considerável. Contudo, levou
vida mundana e dissoluta, confessando mais tarde que se tornara "um morto
vivo".
Crise espiritual e busca interior
A carreira militar levou-o ao Norte da África, onde
descobriu o fascínio do deserto. Mesmo afastado da religião, começou a
questionar o sentido da vida. O contato com a fé dos muçulmanos o impressionou:
via neles a presença de Deus no cotidiano, algo que lhe faltava.
Após regressar à França, iniciou profunda busca espiritual.
Frequentando círculos intelectuais parisienses, reencontrou-se com o
cristianismo graças ao testemunho de sua prima Maria de Bondy.
Acompanhado pelo abade Huvelin, confessou-se e recebeu a
comunhão em 1886. Essa experiência foi decisiva: aos 28 anos, converteu-se de
coração e entregou-se totalmente a Cristo.
Peregrinação e vida monástica
Desejando imitar a vida escondida de Jesus, Carlos
peregrinou à Terra Santa em 1888. Em Nazaré, diante da simplicidade da vida de
Cristo, compreendeu sua vocação: viver pobre, oculto e unido ao Senhor.
Ingressou na Trapa, ordem cisterciense de estrita
observância, e passou sete anos em mosteiros na França e na Síria. Contudo,
sentia-se chamado a uma forma ainda mais radical de pobreza e contemplação.
Deixou a Trapa em 1897 e foi para Nazaré, onde viveu como eremita, trabalhando
como sacristão das Clarissas.
Sacerdócio e missão no deserto
Em 1901, foi ordenado sacerdote em Viviers. Logo partiu para
o deserto do Saara, estabelecendo-se em Beni-Abbés, no sul da Argélia. Ali
fundou uma fraternidade de acolhida, aberta a todos, cristãos ou muçulmanos.
Seu ideal era viver como "irmão universal",
reproduzindo em sua vida a presença silenciosa de Jesus em Nazaré. Visitava os
nômades, partilhava sua pobreza, aprendia a língua e os costumes, sempre
testemunhando o amor de Cristo sem proselitismo.
A vida em Tamanrasset
Mais tarde, transferiu-se para Tamanrasset, no coração do
Hoggar. Entre os tuaregues, dedicou-se à amizade, ao serviço e ao estudo de sua
cultura. Compôs um vasto dicionário e gramática da língua tuaregue, preservando
a herança desse povo.
Sua casa tornou-se lugar de acolhida e refúgio. Passava
horas em adoração diante da Eucaristia, da qual tirava força para a vida
missionária silenciosa.
Espiritualidade de Nazaré
O núcleo de sua espiritualidade era a imitação da vida
oculta de Jesus em Nazaré: humildade, simplicidade, pobreza e proximidade com
os pequenos.
Sua oração constante era: "Meu Pai, eu me abandono a
Vós, fazei de mim o que quiserdes". Essa entrega total tornou-se expressão
de sua confiança absoluta em Deus.
Martírio
No dia 1º de dezembro de 1916, durante um período de
instabilidade no Saara, sua residência em Tamanrasset foi atacada por um grupo
armado. Preso, foi mantido sob vigilância, mas acabou morto por um tiro durante
uma tentativa de assalto.
Morreu sozinho, sem companheiros, mas sua vida silenciosa e
oferecida tornou-se semente de uma grande obra espiritual.
Reconhecimento da Igreja
Após sua morte, escritos e cartas foram publicados,
revelando a profundidade de sua espiritualidade. Muitos foram tocados por seu
exemplo de entrega radical a Cristo.
O Papa Bento XVI beatificou Carlos de Foucauld em 13 de
novembro de 2005, reconhecendo-o como modelo de missionário contemplativo. Em
15 de maio de 2022, o Papa Francisco o canonizou, apresentando-o como santo
para o mundo inteiro.
Legado espiritual
A influência de São Carlos de Foucauld é vasta:
- Inspirou
a fundação de diversas congregações e institutos seculares, como os
Pequenos Irmãos de Jesus e as Pequenas Irmãs de Jesus, que vivem no
espírito de Nazaré.
- Sua
vida mostra que a santidade não exige obras grandiosas, mas fidelidade no
cotidiano e amor até o fim.
- Sua
figura de "irmão universal" é atual num mundo marcado por
divisões, mostrando que a fraternidade nasce do coração de Cristo.
Iconografia
Na arte, é representado como eremita no deserto, com o
hábito branco marcado pelo coração vermelho com a cruz, símbolo da
fraternidade. Muitas vezes aparece com o cálice e a hóstia, expressão de sua
vida centrada na Eucaristia.
Festa litúrgica
A memória de São Carlos de Foucauld é celebrada em 1º de
dezembro, dia de seu martírio.
Oração a São Carlos de Foucauld
"Senhor Jesus, que inspirastes São Carlos de Foucauld a
viver na pobreza e na simplicidade de Nazaré, fazei que, por sua intercessão,
aprendamos a reconhecer-vos nos pobres e abandonados e a viver como irmãos
universais. Dai-nos a graça de uma entrega total à vossa vontade e de uma vida
alimentada pela Eucaristia. Vós que viveis e reinais para sempre. Amém."
A oração do Papa diante do túmulo de São Charbel: proteja o Líbano e o seu povo
Visita histórica de Leão XIV ao túmulo de São Charbel, santo
moldado pelo Espírito Santo "para que ensinasse a oração aos que vivem sem
Deus, o silêncio aos que vivem no barulho, a modéstia aos que vivem para
aparecer, a pobreza aos que buscam riquezas. São todos comportamentos que vão
contra a corrente, mas é justamente por isso que nos atraem, como água fresca e
pura para quem caminha no deserto".
Bianca Fraccalvieri, de Beirute
O segundo dia de Leão XIV no Líbano representa o coração
espiritual da viagem. O dia começou com a oração diante do túmulo de São
Charbel Maklūf.
Sacerdote maronita e eremita, é um dos santos mais amados de
todo o Oriente Médio, respeitado até mesmo por quem não é cristão. Símbolo da
santidade ascética, viveu no Mosteiro de São Maroun, onde está sepultado, e é
conhecido pelos muitos milagres atribuídos à sua intercessão após sua morte,
especialmente pela cura dos doentes.
É interessante notar que num país de um cristianismo tão
antigo, que remonta à passagem do Apóstolo Paulo nestas terras, os fiéis nutram
esta devoção a um santo relativamente recente, que nasceu em 1828 e morreu em
1875, sendo beatificado e canonizado no pontificado de São Paulo VI. Aliás,
este ano, celebram-se 100 anos desde que a abertura do processo.
Visitar este local é uma experiência única, primeiramente
pela localização, entre as montanhas fora de Beirute, a 1200 metros de
altitude, com neve no inverno. Cercado de cedros, o eremitério de pedras é o
mais austero possível. Mas o que realmente impressiona é a sua cela: um tecido
no chão e um tronco de madeira como travesseiro.
A sua figura, portanto, está ligada ao sofrimento silencioso
e à renúncia à mundanidade, temas significativos para um Líbano em crise. A
atmosfera é singular e muitos fiéis não contêm a emoção ao visitar santuário.
A oração de Leão XIV é histórica: é a primeira vez de um
Papa e é um gesto de homenagem à profunda fé e esperança que perdura mesmo nas
piores tribulações.
"O que São Charbel nos ensina hoje?", questionou o
Pontífice, que assim respondeu: "O Espírito Santo moldou-o para que
ensinasse a oração aos que vivem sem Deus, o silêncio aos que vivem no barulho,
a modéstia aos que vivem para aparecer, a pobreza aos que buscam riquezas. São
todos comportamentos que vão contra a corrente, mas é justamente por isso que
nos atraem, como água fresca e pura para quem caminha no deserto".
Para a Igreja, o Pontífice pediu comunhão e unidade. Para o
mundo, a paz.
“Imploramos a paz especialmente para o Líbano e para todo
o Levante. Mas sabemos bem que não há paz sem conversão dos corações. Por isso,
que São Charbel nos ajude a dirigir-nos a Deus e a pedir o dom da conversão
para todos nós.”
Eis a prece pronunciada pelo Santo Padre:
Ó Deus, que concedeste a São
Charbel,
guardião do silêncio na vida
escondida,
ser iluminado pela luz da verdade
para sondar as profundezas do teu
amor,
concede-nos, que seguindo o seu
exemplo,
enfrentar no deserto do mundo o
bom combate da fé
e caminhar alegremente
seguindo o teu Filho, Jesus
Cristo.
Que o teu servo,
que viveu no segredo da oração
e venceu as tentações
com as armas da penitência,
nos mostre a grandeza da tua
misericórdia,
que nos ensine o silêncio das
palavras
e a força dos gestos que podem
abrir o coração.
Que ele nos obtenha de Jesus
Cristo,
que nos libertou de todo o mal,
a saúde do corpo e do espírito,
e interceda sempre por nós,
a fim de que possamos participar
com os santos
no Reino eterno.
A ti a glória e o louvor,
Pai, Filho e Espírito Santo.
Amém!
Visita e Oração do Papa Leão XIV no túmulo de São Charbel:
domingo, 30 de novembro de 2025
Papa Roncalli e Santo Agostinho
SAGRADOS PAPAS
Arquivo 30Dias nº 03 - 2001
Papa Roncalli e Santo Agostinho
Entrevista do Cardeal Virgilio Noé no Tg3.
A notícia do extraordinário estado de conservação dos restos mortais do Papa João XXIII, exumados trinta e oito anos após sua morte para um exame pós-beatificação em 3 de setembro, recebeu ampla cobertura da mídia.
O correspondente do Vaticano, Aldo Maria Valli, entrevistou para o Tg3 em
27 de março o Cardeal Virgilio Noé, arcipreste da Basílica Vaticana. Abaixo,
publicamos extensos trechos da entrevista.
Sua Eminência, o senhor pôde acompanhar o exame post-mortem dos restos
mortais do Papa João XXIII. O senhor viu seu rosto e corpo intactos, é verdade?
Virgilio Noé: Sim, acompanhei todo o processo. Começamos às 8h e terminamos por volta das 19h. É preciso lembrar que, quando um papa é sepultado, ele é colocado em três caixões: um de cipreste, um de chumbo e um de carvalho. Desatar as amarras de cada caixão foi árduo, especialmente o segundo. Os dois primeiros caixões foram abertos nas Grutas Vaticanas. O terceiro foi transferido das Grutas para uma sala chamada Depósito Altieri, onde foi aberto. Estavam presentes o Cardeal Secretário de Estado Angelo Sodano e o Subsecretário de Estado, Monsenhor Leonardo Sandri, juntamente com um pequeno grupo de funcionários, pois queríamos que tudo permanecesse o mais confidencial possível.
Quando as tábuas superiores do terceiro caixão foram removidas e o véu púrpura que cobria o rosto do Papa João XXIII foi levantado, vimos com nossos próprios olhos que o rosto do Papa era o mesmo que conhecíamos de quando ele estava vivo, trinta e oito anos antes.
Apesar da rigidez da morte, seu rosto não conservava nada da humanidade paterna que conhecíamos. Notamos então que todo o seu corpo estava intacto, ainda com sua massa muscular. Uma visão verdadeiramente impressionante.
Por que o exame foi realizado?
Virgilio Noé: Após a sua beatificação em 3 de setembro de 2000, o objetivo era transformar o Papa João XXIII de um cristão sepultado para a sua ressurreição final em um cristão que, enquanto aguardava a ressurreição, pudesse receber a veneração e o culto que a Igreja presta aos servos de Deus, independentemente da sua posição.
João XXIII será, portanto, sepultado na Basílica de São Pedro...
Virgilio Noé: Sim, e certamente não é o primeiro caso. Dentro da basílica, mesmo onde já não se sente a presença, sente-se a presença de muitos papas. Pense, por exemplo, no Papa Gregório Magno, mas também no Papa Leão IX, cujo centenário celebraremos, e depois em Pio X, Inocêncio XI e muitos outros. [...]
Voltemos àquele momento em que o último caixão foi aberto e o rosto do Papa João XXIII apareceu. Quais foram os seus sentimentos, como príncipe da Igreja, mas também como um simples cristão?
Virgilio Noé: Uma grande e afetuosa emoção. Conheci Angelo Giuseppe Roncalli quando ele era patriarca de Veneza e quando veio à minha cidade para uma celebração em honra de Santo Agostinho. E me lembro da afabilidade com que me tratou. Sentimentos que se reacendem quando nos encontramos diante da relíquia de uma pessoa que conhecemos viva e atuante entre nós, e cujo espírito também conhecemos, especialmente através de escritos maravilhosos como o Diário da Alma , um dos maiores tesouros da espiritualidade cristã.
Nunca me
esqueci da serenidade do rosto do Papa João XXIII, bem retratada em suas
inúmeras representações, mas menos no monumento de Emilio Greco, onde o
semblante é demasiado austero. Recordamos o Papa João XXIII com grande bondade
e um largo sorriso, bondade e sorriso expressos em palavras sempre
construtivas.
Comentário do Evangelho: Advento (A)
Evangelho do 1º domingo do Advento (Ano A). "Ficai
preparados, porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá". O
Advento é o tempo de preparação para o nascimento do Salvador. É o tempo de
preparar uma morada espiritual onde possamos acolhê-lo e encher-nos dos seus
dons.
30/11/2025
Evangelho (Mt 24,37-44)
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos:
“A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé.
Pois nos dias antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em
casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam até que
veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do
Homem. Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será
deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será
deixada.
Portanto, ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o
Senhor. Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o
ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Por
isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho
do Homem virá”.
Comentário
Começamos hoje o tempo de Advento, um tempo de preparação
para a vinda do Senhor. A primeira vinda deu-se com a Encarnação e o nascimento
do Senhor em Belém, e prolongou-se durante a sua vida terrena até a sua
gloriosa Ascensão aos céus. Resta ainda, no entanto, uma nova e última vinda,
aquela que professamos cada vez que recitamos o Credo: “De novo há de vir em
sua glória, para julgar os vivos e os mortos”.
Esta passagem do Evangelho fala-nos dessa sua última visita,
que se dará no fim dos tempos. “A partir da Ascensão, a vinda de Cristo na
glória está iminente, mesmo que não nos ‘pertença saber os tempos ou os
momentos que o Pai determinou com a sua autoridade’ (At 1, 7). Este advento
escatológico pode realizar-se a todo o momento”[1].
Daí a advertência de Jesus para estarmos sempre preparados.
Não pretende assustar-nos, e sim abrir-nos caminhos para um modo de viver mais
amplo que relativiza os pequenos anseios de cada dia ao mesmo tempo que lhes
atribui um valor decisivo. A vinda do Senhor pode surpreender-nos a qualquer
momento, de repente, estando nós envolvidos na agitação cotidiana: “Nos dias
que precederam o dilúvio, comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento,
até o dia em que Noé entrou na arca. E os homens de nada sabiam até o momento
em que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim será também na volta do Filho
do Homem” (versículos 38-39).
As suas palavras são um convite à vigilância. Sabemos que
Jesus virá, mas não sabemos quando, de modo que convém estarmos sempre
preparados, a todo momento, livres para ir a seu encontro, não presos pelas
coisas deste mundo, mas dominando-as para que sejam caminho de santificação.
Para chamar a atenção sobre a necessidade da vigilância,
Jesus propõe uma breve parábola, ambientada nas aldeias da Palestina: “se o
dono da casa soubesse em que hora viria o ladrão, vigiaria e não deixaria
arrombar a sua casa” (v. 43). A escuridão da noite é mais propícia para que os
ladrões se aproximem sorrateiramente de casas que tinham normalmente telhado de
madeira e folhagens e paredes de adobe, onde era fácil abrir um buraco pelo
qual invadir a casa. Por isso, se o dono soubesse que iam vir, não estaria
tranquilo, e sim atento para proteger os seus bens. Quanto mais o cristão deve
permanecer vigilante para cuidar dos tesouros da fé e da graça que recebeu!
“Tu, cristão – recorda São Josemaria – e por seres cristão filho de Deus, deves
sentir a grave responsabilidade de corresponder às misericórdias do Senhor, com
uma atitude de vigilante e amorosa firmeza, para que nada, nem ninguém possa
obscurecer os traços peculiares do Amor, que Ele imprimiu na tua alma”[2].
São João Paulo II iniciava o seu Testamento encarando
seriamente esta chamada de atenção do Mestre, bem consciente de que para cada
um de nós chegará o momento de prestar contas da nossa vida no tribunal do
Senhor: “ ‘vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor’ (Mt 24,
42) – estas palavras me recordam a última chamada, que terá lugar quando o
Senhor quiser. Desejo segui-lo e desejo que tudo o que faz parte de minha vida
terrena me prepare para este momento. Não sei quando acontecerá, mas como
sempre, também neste momento ponho-me nas mãos da Mãe de meu Mestre: Totus
Tuus”[3]. Se
estivermos bem preparados, como ele, poderemos aguardar confiantes a vinda do
Senhor com essa mesma serenidade e abandono nas mãos de Nossa Senhora.
[1] Catecismo
da Igreja Católica, n. 673.
[2] São
Josemaria, Forja, 416.
[3] São
João Paulo II, Testamento, Anotação em 5/03/1990.
Os libaneses dão as boas-vindas a "Baba Lawun"
Uma calorosa recepção marcou a chegada de Leão XIV,
"Baba Lawun" em árabe - a Beirute, capital libanesa, segunda e última
etapa da primeira viagem apostólica do Pontífice.
Bianca Fraccalvieri - de Beirute
"Baba Lawun" está no Líbano! Depois de 13 anos, o
País dos Cedros volta a acolher um Pontífice e a visita é providencial. Estamos
a cerca de 100km de Damasco, capital da Síria, e a mesma distância até o norte
de Israel. Isso revela um pouco o contexto e a importância desta segunda etapa
da viagem apostólica do Papa Leão.
Se na Turquia a ênfase foi para o ecumenismo e o diálogo
inter-religioso, em Beirute o tema central é a paz, como contido no lema da
visita: "Bem-aventurados os pacificadores".
Chegada do Papa em Beirute
O Líbano enfrenta uma das piores crises econômicas da
história moderna, com inflação e uma desvalorização dramática da moeda local.
Há falta de serviços: frequentes quedas de energia, escassez de medicamentos e
combustível. Une-se a isso a corrupção estrutural e a presença no território de
aproximadamente dois milhões de refugiados, entre sírios e palestinos - o que
representa cerca de um terço da população, agravando as tensões sociais.
Na ausência do Estado, instituições religiosas, sobretudo
aquelas ligadas à Igreja Católica, desempenham um papel vital no apoio à
população.
O anfitrião do Pontífice, Beatitude Card. Béchara Boutros
Raï, Patriarca Maronita, assim comenta esta visita: "O Santo Padre traz
consigo as dimensões espirituais, as dimensões morais, e não vem de mãos
vazias, vem cheio de dons espirituais e morais. Para mim, este é um apelo
pessoal, a cada um de nós libaneses, um apelo para mudar, para virar página e
abrir uma nova, a página da paz, da esperança. Não podemos viver como se nada
tivesse acontecido. O Papa vem, as cerimônias são realizadas, a recepção é feita,
ele vai embora, tudo volta ao ponto anterior. Não, esperemos que os libaneses
reflitam um pouco e apreciem o valor desta visita, porque o Santo Padre sabe
que o Líbano está passando por um momento muito, muito crítico".
O regime democrático e o pluralismo confessional distinguem
o Líbano de todos os países do Oriente Médio. De fato, os primeiros eventos de
Leão XIV são dedicados às instituições políticas, com a cerimônia de
boas-vindas no aeroporto, a visita ao presidente do país, Joseph Aoun, que,
segundo a Constituição, deve ser sempre um cristão maronita. Depois, é a vez do
presidente da Assembleia Nacional, Nabih Berri, e do encontro com o
primeiro-ministro, Nawaf Salam. Deste modo, o Papa terá se reunido com os representantes
dos três pilares do sistema confessional libanês: maronita, xiita e
sunita.
O último compromisso será o encontro com as autoridades, a
sociedade civil e o corpo diplomático, ocasião em que pronunciará seu primeiro
discurso no Líbano.
Na Turquia, Leão XIV desfruta da dimensão internacional de sua “profissão” como Papa
Hugues
Lefèvre - publicado em 28/11/25 - atualizado em
28/11/25
O Papa Leão XIV iniciou ontem uma viagem de seis dias
pela Turquia e pelo Líbano. Após concluir uma primeira rodada diplomática em
Ancara, Leão XIV assume plenamente as funções de chefe de Estado.
Na primeira viagem apostólica de seu pontificado, os 82
jornalistas que viajavam a bordo do Airbus A320neo rumo a Ancara o aguardavam
“como um Messias”. Pouco depois da decolagem, ele apareceu sorridente diante do
mar de câmeras, celulares e microfones. Pouco mais de seis meses após sua
eleição, Leão XIV acrescenta uma nova linha ao seu currículo papal ao cumprir
duas promessas deixadas por seu predecessor Francisco: celebrar os 1700 anos do
Concílio de Niceia, na Turquia, e consolar um Líbano exausto após anos de
crise.
De pé no avião, diante da imprensa, o Papa falou serenamente
em inglês. É provável que as improvisadas coletivas de imprensa das noites de
terça-feira em Castel Gandolfo tenham treinado esse homem que, antes do
conclave, era muito discreto com os meios de comunicação.
Agora, como Papa, ele retoma tradições estabelecidas por
seus predecessores, como a de apresentar aos jornalistas do voo papal as
mensagens essenciais da viagem que se inicia. “Na Turquia e no Líbano queremos
anunciar, transmitir e proclamar o quanto a paz é importante para o mundo”,
declarou aos jornalistas internacionais, antes de mencionar a importância da
“unidade dos cristãos” e da busca pela “harmonia”, apesar das diferenças.
Seguindo os passos do Papa Francisco, percorreu depois o
corredor central para cumprimentar um a um os jornalistas especializados no
Vaticano que viajavam a bordo. Esse momento único de proximidade com o Papa
gerou cenas inusitadas, como ver Leão XIV receber um taco de beisebol — um
presente original para um papa fã dos White Sox de Chicago, sua cidade natal.
No entanto, a cordialidade desse primeiro encontro nas
alturas contrastou com a frieza da recepção em Ancara. Na pista do aeroporto e
ao longo de todo o trajeto do comboio papal, não se percebeu entusiasmo algum.
Sem dúvida, Leão XIV terá de esperar o Líbano para experimentar o impacto que a
visita de um Papa pode ter numa população fervorosa.
Um primeiro discurso muito político
Na capital turca, o Papa assumiu plenamente sua função de
chefe de Estado. Seu primeiro gesto foi depositar uma coroa de flores no túmulo
de Mustafa Kemal Atatürk (1881–1938), fundador e primeiro presidente da
República da Turquia. A iniciativa não é nova — seus predecessores também o
fizeram —, mas adquire forte simbolismo diante da evolução da Turquia de
Erdogan. Enquanto o país viveu, nos últimos anos, uma guinada autoritária e
avança na islamização da sociedade, o Papa prestou homenagem, ao final da tarde,
ao artífice da Turquia laica.
Em seu discurso diante do presidente turco e das autoridades
nacionais, o novo Papa não hesitou em transmitir algumas mensagens de
advertência, ainda que de forma sutil. “Uma sociedade só está viva se for
plural”, declarou sob a majestosa cúpula da Biblioteca Nacional, erguida no
gigantesco complexo do Palácio Presidencial construído por Erdogan.
Esse discurso, de forte peso diplomático, foi a ocasião para
o Papa recordar a responsabilidade da Turquia no âmbito geopolítico. Enquanto o
presidente turco busca influenciar a nova ordem mundial — em particular no
conflito entre Rússia e Ucrânia e na situação em Gaza —, o Papa expressou o
desejo de que o país seja “um fator de estabilidade e de aproximação entre os
povos, a serviço de uma paz justa e duradoura”.
Quanto ao destino das minorias cristãs na Turquia, o Papa
lembrou, com diplomacia, que os cristãos estão presentes no país desde os
primórdios do cristianismo e que “são e se sentem parte integrante da
identidade turca”.
Após a etapa altamente protocolar em Ancara, Leão XIV inicia
amanhã sua peregrinação ecumênica, encontrando seus irmãos cristãos em Iznik.
Diante das ruínas de uma antiga basílica erguida em Niceia — a antiga Iznik —,
recitará o Credo. O chefe do menor Estado do mundo se apresentará, desta vez,
como sucessor de Pedro.
Nove dados sobre santo André apóstolo
Por Redação central
30 de nov de 2025 às 01:00
A Igreja celebra hoje (30), a festa de santo André apóstolo
um dos discípulos mais próximos de Jesus.
Conheça um pouco mais sobre este apóstolo, padroeiro do
Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, que ajuda na unidade entre católicos e
ortodoxos.
1. Ele é o irmão de são Pedro
Santo André é mencionado regularmente na Bíblia depois de
Simão Pedro, o que sugere que ele era o irmão mais novo de são Pedro.
Como seu irmão e os outros apóstolos Tiago e João, André foi
inicialmente um pescador no mar da Galileia.
2. Seu nome vem do grego
O nome André (grego, Andreas) está relacionado com a palavra
grega para "varão" (Aner, ou, no genitivo, Andros),
homem por oposição a “mulher”, não no sentido de ser humano que é antropos.
Durante a audiência geral em 14 de junho de 2006, o papa
emérito Bento XVI destacou que a origem grega e não hebraica do nome deste
apóstolo é "sinal de que não deve ser minimizada uma certa abertura
cultural da sua família".
O fato de seu pai, Jonas, ter dado a seu filho mais velho
(Simão) um nome hebraico e a seu filho mais novo (André) um nome grego reflete
o ambiente misto de judeus e gentios da Galileia.
3. Ele era um dos discípulos mais próximos de Jesus
Nos evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas) e no
livro dos atos, os doze apóstolos são sempre listados em três grupos de quatro
indivíduos.
O primeiro desses grupos indica os mais próximos de Jesus e
é formado por dois pares de irmãos: Pedro e André, filhos de Jonas; e Tiago e
João, filhos de Zebedeu.
4. Foi um dos primeiros a seguir Jesus
Santo André seguiu Jesus antes de seu irmão Pedro. Na
verdade, ele foi um dos dois primeiros discípulos de João Batista que se
encontraram com Jesus, segundo o Evangelho de São João.
O papa Bento XVI comentou que André era “verdadeiramente um
homem de fé e de esperança; e certa vez, de João Batista ouviu proclamar Jesus
como ‘o cordeiro de Deus’ (Jo 1, 36); então ele voltou-se e,
juntamente com outro discípulo que não é nomeado, seguiu Jesus”.
André foi o primeiro dos apóstolos a ser chamado a seguir
Jesus e a liturgia da Igreja Bizantina o honra com o apelido de "Protóklitos", que
significa precisamente "o primeiro chamado" em grego.
5. Foi ele quem apontou a presença dos pães e peixes
O papa emérito disse: “as tradições evangélicas recordam
particularmente o nome de André noutras três ocasiões, que nos fazem conhecer
um pouco mais esse homem. A primeira é a da multiplicação dos pães na
Galileia”.
“Naquele momento foi André quem assinalou a Jesus a presença
de um jovem que tinha cinco pães de cevada e dois peixes: era muito pouco
observou ele para todas as pessoas reunidas naquele lugar”, acrescentou.
André reconheceu de maneira realista a insuficiência de seus
mínimos recursos, mas Jesus os tornou suficientes para a multidão de pessoas
que tinham vindo ouvi-lo.
6. Nos ensina a não ter medo de perguntar a Jesus
A segunda vez em que santo André é mencionado é em
Jerusalém, onde junto com Pedro, Tiago e João pediram a Jesus que explicasse
por que não ficaria pedra sobre pedra dos enormes muros que sustentavam o
templo.
Em resposta, Jesus fez um discurso importante sobre a
destruição de Jerusalém e o fim do mundo, no qual pediu aos seus discípulos que
fossem sábios na interpretação dos sinais dos tempos e estivessem
constantemente em guarda.
Santo André ensina que não se deve ter medo de fazer
perguntas a Jesus, mas é preciso estar disposto a aceitar até os ensinamentos
surpreendentes e difíceis que ele nos oferece, disse o papa Bento XVI.
7. Ele é considerado o Apóstolo dos Gregos
O papa Bento XVI destacou que algumas tradições muito
antigas consideram santo André o apóstolo dos gregos nos anos posteriores a
Pentecostes, fato que nos permite saber que pelo resto de sua vida foi pregador
e intérprete de Jesus para o mundo grego.
8. Junto com Pedro, simbolizam a unidade entre católicos
e ortodoxos
Pedro, seu irmão, viajou de Jerusalém passando por Antioquia
e chegou a Roma para exercer sua missão universal; André foi o apóstolo do
mundo grego. Por isso, na vida e na morte eles aparecem como verdadeiros
irmãos, uma fraternidade que se expressa simbolicamente na especial relação
recíproca da Sé de Roma e de Constantinopla, que são verdadeiras Igrejas irmãs.
Um exemplo é a visita do patriarca ecumênico de
Constantinopla, Bartolomeu I, ao papa Francisco por ocasião de sua eleição para
o pontificado.
Como sucessor de são Pedro, o papa destacou o papel do
patriarca Bartolomeu como sucessor de santo André e se referiu a ele como “meu
irmão André”, em referência aos irmãos apóstolos.
9. Ele morreu em uma cruz diagonal
Santo André morreu em Patras, Grécia, onde pediu para ser
crucificado em uma cruz diagonal ou em forma de X, que é conhecida como a “cruz
de santo André".
Segundo a história antiga "A Paixão de André", que
remonta ao início do século VI, o apóstolo rezou "Salve, ó Santíssima Cruz
inaugurada por meio do corpo de Cristo e adornada com os seus membros como
pérolas preciosas! Antes que o Senhor subisse a ti, provocavas um medo terreno.
Agora, dotada de um amor celestial, te convertestes em um dom”.
“Os crentes sabem quanta alegria possuis, quantos presentes
tens preparados. Por isso, seguro e cheio de alegria, venho a ti para que
também me recebas exultante como discípulo daquele que foi pendurado em ti”.
A oração mostra uma espiritualidade cristã muito profunda,
onde a cruz não é vista como um instrumento de tortura, mas sim como o meio
incomparável para a configuração perfeita do Redentor, do grão de trigo que
caiu na terra.
Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF















