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domingo, 20 de fevereiro de 2022

Secretário de Bento XVI: A pessoa e a obra de Ratzinger são um obstáculo ao Caminho Sinodal alemão

Mons. Ganswein | Guadium Press

O arcebispo Ganswein concedeu uma entrevista à EWTN.

Redação (19/02/2022 17:32Gaudium Press) Em uma importante entrevista com Andreas Thonhauser da EWTN, o secretário pessoal de Bento XVI, Mons. Georg Ganswein, contou alguns detalhes da resposta que o Papa Emérito deu ao Relatório sobre os abusos da Arquidiocese de Munique.

O prelado falou do trabalho pioneiro de Bento XVI dentro da Igreja contra a praga dos abusos, inclusive contra a resistência de certas autoridades vaticanas.

Monsenhor contou que o Papa Emérito está bem, e que é verdade que com a resposta um peso foi tirado de seus ombros.

O arcebispo Ganswein ratificou o erro humano não intencional sobre a participação do Papa Emérito na reunião de 1980, na qual foi definida a transferência de um sacerdote abusador da Diocese de Essen para a Arquidiocese de Munique. Nessa reunião não se decidiu dar a este sacerdote qualquer cargo pastoral, mas que ele foi recebido para tratamento terapêutico na Arquidiocese, algo que foi solicitado pela Diocese de Essen. Nessa reunião, eles apenas discutiram se o pedido deveria ou não ser aceito. O Cardeal Ratzinger concordou em alojá-lo para tratamento, apenas isso. O motivo do tratamento do sacerdote não foi discutido naquela reunião.

Mons. Ganswein também contou alguns antecedentes da participação do Papa Bento XVI na elaboração do Relatório de Abusos da Arquidiocese de Munique.

Bento foi questionado se queria participar daquele Relatório, ao que respondeu que não tinha nada a esconder e que o faria de bom grado. Então, entregaram-lhe 20 páginas de perguntas e que poderia consultar a documentação na qual as perguntas se basearam.

Um professor, em Roma, teve que revisar a documentação digital, mas sem poder copiar e colar trechos das 8.000 páginas, apenas anotando na margem. A informação digital não foi entregue inicialmente, mas somente após um pedido. Posteriormente, tudo foi colocado em uma sequência lógica em relação às perguntas. Em seguida, os consultores redigiram um primeiro rascunho da resposta à qual o Papa Emérito “deu uma primeira olhada”. Já neste primeiro rascunho estava o erro, que ninguém notou. Por fim, foram enviadas 82 páginas de resposta.

O arcebispo Ganswein revelou que foi o próprio Bento XVI quem decidiu que deveria haver, em resposta ao Relatório de Abuso de Munique e ao escândalo da mídia que se seguiu, uma carta pessoal dele e um documento mais jurídico. O Monsenhor ressaltou que a Carta, onde Bento expressa a sua dor por ter sido tachado de mentiroso, foi escrita na presença de Deus, perante o tribunal que, devido à sua idade, estará em breve.

Ratzinger, sempre o mesmo contra o abuso

O prelado declarou que, desde que começou a trabalhar com Bento XVI em 1996, o Papa Ratzinger sempre manteve a mesma postura em relação à questão dos abusos: “Ele sempre esteve convencido de que a transparência e a clareza eram necessárias; que tinha que chamar as coisas pelo nome; que nada deveria ser encoberto. E fez isso com João Paulo II, procurando que suas ações seguissem suas convicções”.

No Vaticano e devido à ação decisiva de Ratzinger, “houve uma mudança de mentalidade, que, como era necessário, foi seguida de uma mudança em nível legal”.

A essas modificações “houve relutância interna. Havia uma resistência que se mostrava muito abertamente. Mas [Ratzinger] sempre soube que essa resistência poderia e deveria ser superada com a ajuda do Papa João Paulo II, e assim o foi, graças a Deus.” Ele sempre caminhou para essas modificações, tanto na Congregação para a Doutrina da Fé e como Papa, afirmou o Arcebispo.

Mons. Ganswein constatou, particularmente de alguns meios de comunicação, a animosidade em relação a Ratzinger, uma mídia que não conhece os fatos ou não quer conhecê-los.

O Caminho Sinodal

Sobre a suposta relação entre a publicação do Relatório e os objetivos queridos e almejados pelo chamado Caminho Sinodal Alemão, Mons. Ganswein apenas respondeu que, longe de especulação, “certos objetivos aos quais aspira o Caminho Sinodal Alemão são algo em que a pessoa e a obra de Bento se apresentam como obstáculo.”

O arcebispo Ganswein relatou que pôde observar os textos que foram recentemente aprovados pelo Caminho Sinodal e para onde conduzem. Referindo-se a esses textos, ele disse que “se querem uma Igreja diferente, por assim dizer, que não seja mais baseada na Revelação, e se querem uma estrutura diferente da Igreja que não seja mais sacramental, mas pseudo-democrática, então devo ver que isso não tem mais a ver com a compreensão católica, com a eclesiologia católica, com a compreensão católica da Igreja”.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF