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domingo, 13 de fevereiro de 2022

VI Domingo do Tempo Comum - Ano C

Dom Paulo Cezar | arqbrasilia

VI Domingo do Tempo Comum

Dom Paulo Cezar Costa

Arcebispo de Brasília

A vida bem-aventurada

            Neste domingo, a Palavra de Deus nos traz as bem-aventuranças na versão do Evangelho de São Lucas (Lc 6, 17. 20-26). No Evangelho de São Mateus, que apresenta Jesus como o novo Moisés, Jesus sobe a montanha e proclama a nova Lei. Em São Lucas, é o discurso da planície: “Jesus desceu da montanha com seus discípulos e parou num lugar plano” (Lc 6, 17). O fato de Jesus descer da montanha circundado pelos discípulos mostra que, de agora em diante, eles estarão envolvidos no ensinamento de Jesus. Lá estão os outros discípulos e a multidão. Aqui já há uma antecipação da futura comunidade cristã. Jesus, erguendo os olhos para os discípulos, proclama as bem-aventuranças, que são proclamações de forma positiva de bem-aventurados, felizes para categorias bem concretas de pessoas: pobres, famintos, quem chora etc. Esta concretude mostra que a felicidade do Reino não é uma realidade meramente espiritual, refugiada no interior dos corações, mas ela é construída, neste mundo, mediante a fidelidade a Jesus Cristo e a Seu Evangelho.  Elas são descritas de forma que o ouvinte de Jesus e os ouvintes de hoje se sintam interpelados: “bem-aventurados vós…”

Jesus proclama que são bem-aventurados quando vos odiarem, vos expulsarem, vos insultarem e vos amaldiçoarem por causa do Filho do Homem. Os primeiros cristãos viveram essa realidade pela perseguição que sofreram por causa do nome de Jesus Cristo. Ainda hoje, em várias partes do mundo, por falta do grande bem da liberdade religiosa, há tanta gente que sofre e até perde a vida por causa da fé em Jesus Cristo. O cristão que sofre por causa de Jesus Cristo, o mártir, tem esta certeza: a de que Deus mesmo será a sua recompensa: “Alegrai-vos, nesse dia, e exultai, pois será grande a vossa recompensa no céu”. Essa mesma atitude, que os discípulos de Jesus experimentam e as gerações futuras até a nossa vive, já se encontrava na tradição de Israel, na história dos profetas que sofreram e até morreram na sua fidelidade a Deus.

Na segunda parte do Evangelho, estão os “ai”. Se makarios, bem-aventurados, exprime a benção daqueles que esperam no Senhor, plen ouai, traduzido por “ai”, exprime uma palavra de condenação, de reprovação. A condenação, se percebermos bem, encontra-se exatamente no oposto às bem-aventuranças: ricos, vós que tendes fartura, que agora rides, quando todos vos elogiam. Não é a atitude em si que é condenada, mas quando esta atitude expressa oposição ao Reino de Deus, aos valores do Evangelho. O próprio Evangelho de Lucas descreve o encontro de Jesus com um rico: Zaqueu (Lc 19, 1-10). Neste encontro, o evangelista quer mostrar que um rico pode ser salvo.  O problema é quando se vive em oposição ao Reino, quando se ignora, na vida cotidiana, Jesus Cristo e seu Evangelho. Essa atitude de falsidade diante de Jesus Cristo e seu Evangelho já se encontrava, na tradição de Israel, expressa pela vivência dos falsos profetas com relação a Deus: viveram da falsidade. Só que com Deus não se brinca. Deus aceita nossas limitações, nossas incapacidades de responder ao Seu projeto de amor, mas não nosso deboche ou nossa indiferença.

Que escutar as bem-aventuranças e refletir sobre elas nos ajudem a crescer no caminho de discipulado e do comprometimento com Jesus Cristo e seu Evangelho.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF