EDUCAR É DIFÍCIL, MAS POSSÍVEL
Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)
No dia 15 de outubro,
comemoramos o “Dia do Professor”. Temos, todos, uma enorme gratidão aos
profissionais da Educação que merecem maior apoio e reconhecimento em sua
atividade. É uma profissão indispensável para a sociedade, mas lamentamos,
profundamente, a opção de nossa cultura que os remunera de forma tão fraca e
desproporcional ao bem que produzem. Sobretudo, quero chamar a atenção sobre a necessidade de escutarmos
os professores no atual contexto da nossa história.
Atualmente, muitos têm a
sensação de serem educadores impotentes e inúteis. Professores, não raramente,
são contestados e reprovados em suas posições. Percebem que os tempos mudaram e
que a sociedade mudou também. Novos valores são propostos e desprezados os
antigos. A consciência social e os costumes se modificam notavelmente. Algumas
certezas, se transformaram em dúvidas. Ensina-se mais a competir, vencer,
parecer e a ocupar os primeiros lugares do que considerar os outros como parte
essencial e integrante do nosso próprio caminho. A pressão social induz a
pensar que devemos educar pessoas em vista do sucesso, para serem competitivas
no mercado.
Entretanto, pela capacidade de
crer e esperar o crescimento da pessoa, jamais um educador desistirá da
humanidade. Jamais dirá que a situação é irrecuperável. O empenho educativo,
mesmo em momentos como o nosso, sempre será reconhecido e aceito pela população
se for apresentado como verdade, com convicção e coerência.
Trata-se de educar para a
dignidade da pessoa humana, das suas profundas necessidades existenciais, da
solidariedade que liga uns aos outros. Trata-se de educar para uma sociedade
real, não ideal ou imaginária, na qual o ser humano é destinado a viver e a
colaborar para o seu próprio crescimento e o dos seus semelhantes.
Não podemos formar os
jovens para um mundo idêntico ao que viveram os nossos avós. Os jovens de hoje
não rejeitam os educadores, mas só se aproximam quando compreendem que podem
ser ajudados a se tornarem pessoas verdadeiras e capazes de viver bem no atual
contexto.
Uma sociedade ou comunidade
influi positivamente sobre seus indivíduos quando é guiada pelo sentido do bem
comum, quando reconhece e valoriza a presença e o trabalho de todos os seus
membros, quando têm objetivos comuns. O bem comum não é a soma dos desejos e
necessidades de cada indivíduo, mas é o conjunto de bens que possibilita a
todos crescerem como pessoa.
A educação é uma belíssima arte.
Não pode ser um trabalho forçado, nem mesmo motivado por um fim lucrativo.
Enquanto é verdadeira arte, a Educação não suporta fórmulas prontas, receitas,
clichês; exige originalidade e individualidade; requer que se eduque com
alegria.
A Educação se faz por meio de
palavras e gestos, afirmações e testemunhos, promessas e realizações,
mandamentos e correções. É uma educação para a vida, com eventos e palavras
vivenciadas no cotidiano. A realidade é um fator educativo de grande
importância. Sem ela, a Educação se basearia em princípios abstratos e
raciocínios puros, sem incidência prática. A realidade é feita de pessoas
vivas, de coisas concretas, de situações cotidianas, de motivações e exigências
realísticas, de relações inevitáveis, de trabalhos cansativos e dinâmicos e de
comunidade plural. Educam-se pessoas com seus dons e limites.
A cada professor e educador dedico este texto como gratidão, reconhecimento e apelo para sermos capazes de apoiar mais e melhor quem aceitou dedicar sua vida e missão na arte de educar. Como diz a Sagra Escritura, “os que ensinam, um dia, como as estrelas do céu, brilharão”. (Dn 12,3).
Fonte: https://www.cnbb.org.br/
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