Foi publicado o Relatório de
Síntese na conclusão da XVI Assembleia Geral do Sínodo sobre a Sinodalidade. Em
vista da segunda sessão em 2024, são oferecidas reflexões e propostas sobre
temáticas como o papel das mulheres e dos leigos, o ministério dos bispos, o
sacerdócio e o diaconato, a importância dos pobres e migrantes, a missão
digital, o ecumenismo e os abusos.
Salvatore
Cernuzio - Vatican News
Leigos e famílias (PARTE II)
"Os
leigos e as leigas, os consagrados e as consagradas, e os ministros ordenados
têm igual dignidade" (8 b): esse pressuposto é reiterado com força no
Relatório de Síntese, que lembra como os fiéis leigos "estão cada vez mais
presentes e ativos também no serviço dentro das comunidades cristãs" (8
e). Educadores na fé, teólogos, formadores, animadores espirituais e
catequistas, ativos na salvaguarda e na administração: sua contribuição é
"indispensável para a missão da Igreja" (8 e). Os diferentes carismas
devem, portanto, ser "evidenciados, reconhecidos e plenamente
valorizados" (8 f), e não menosprezados, apenas suprindo a falta de
sacerdotes, ou pior, ignorados, subutilizados e "clericalizados" (8
f).
Mulheres
Forte é o
compromisso pedido à Igreja, então, para o acompanhamento e a compreensão das
mulheres em todos os aspectos de suas vidas, incluindo os pastorais e
sacramentais. As mulheres, diz o documento, "exigem justiça em uma
sociedade marcada pela violência sexual e desigualdades econômicas, e pela
tendência de tratá-las como objetos" (9 c). "O acompanhamento e a
forte promoção das mulheres andam de mãos dadas".
Clericalismo e machismo
Muitas
mulheres presentes no Sínodo "expressaram profunda gratidão pelo trabalho
dos padres e bispos, mas também falaram de uma Igreja que fere" (9f).
"O clericalismo, o machismo e o uso inadequado da autoridade continuam a
marcar a face da Igreja e a prejudicar a comunhão". É necessária uma
"profunda conversão espiritual e mudanças estruturais", bem como
"um diálogo entre homens e mulheres sem subordinação, exclusão ou
competição" (9 h).
Diaconato feminino
As opiniões
variam sobre o acesso das mulheres ao diaconato (9 j): para alguns, é um passo
"inaceitável", "em descontinuidade com a Tradição"; para
outros, restauraria uma prática da Igreja primitiva; outros ainda o veem como
"uma resposta apropriada e necessária aos sinais dos tempos" para
"renovar a vitalidade e a energia da Igreja". Há ainda aqueles que
expressam "o temor de que esse pedido seja a expressão de uma perigosa
confusão antropológica, aceitando que a Igreja se alinhe com o espírito dos
tempos".
Os padres e
as mães do Sínodo pedem para continuar "a pesquisa teológica e pastoral
sobre o acesso das mulheres ao diaconato", usando os resultados das
comissões especialmente criadas pelo Papa e a pesquisa teológica, histórica e
exegética já realizada: "se possível, os resultados devem ser apresentados
na próxima sessão da Assembleia" (9 n).
Discriminação e abusos
Enquanto
isso, a urgência de "garantir que as mulheres participem dos processos de
tomada de decisão e assumam papéis de responsabilidade no cuidado pastoral e no
ministério" é reiterada, e o Direito Canônico deve ser adaptado de acordo
(9m). Os casos de discriminação no emprego e remuneração injusta também devem
ser abordados, inclusive na Igreja, onde "as mulheres consagradas são
frequentemente consideradas mão de obra barata" (9 o). Em vez disso, o
acesso das mulheres à educação teológica e aos programas de formação deve ser
ampliado (9 p), incluindo a promoção do uso de linguagem inclusiva em textos
litúrgicos e documentos da Igreja (9 q).
Vida Consagrada
Observando
a riqueza e a variedade das diferentes formas de Vida Consagrada, se adverte
contra a "persistência de um estilo autoritário, que não abre espaço para
o diálogo fraterno". É aqui que se geram casos de abusos de vários tipos
contra pessoas consagradas e membros de agregações leigas, especialmente
mulheres. O problema "requer intervenções decisivas e apropriadas"
(10 d).
Diáconos e formação
A gratidão
é então expressa aos diáconos "chamados a viver seu serviço ao Povo de
Deus em uma atitude de proximidade com as pessoas, de acolhimento e de escuta
de todos" (11 b). O perigo é sempre o clericalismo, uma "deformação
do sacerdócio" a ser combatida "desde as primeiras etapas da
formação", graças a "um contato vivo" com o povo e com os
necessitados (11 c). Nessa linha, pede-se também que os seminários ou outros
cursos de formação dos candidatos ao ministério estejam ligados à vida
cotidiana das comunidades (11 e), a fim de evitar "os riscos do formalismo
e da ideologia que levam a atitudes autoritárias e impedem o verdadeiro
crescimento vocacional".
Celibato
Foi
mencionado o tema do celibato, que recebeu diferentes avaliações durante a
assembleia. "Todos", pode-se ser no Relatório, "apreciam seu
valor profético e o testemunho de conformação a Cristo; alguns se perguntam se
sua adequação teológica com o ministério sacerdotal deve necessariamente se
traduzir na Igreja latina em uma obrigação disciplinar, especialmente onde os
contextos eclesiais e culturais o tornam mais difícil. Esse não é um tema novo,
que precisa ser aprofundado".
Bispos
Há uma
ampla reflexão sobre a figura e o papel do bispo, que é chamado a ser "um
exemplo de sinodalidade" (12 c) ao exercer a
"corresponsabilidade", entendida como o envolvimento de outros atores
dentro da diocese e do clero, de modo a aliviar a "sobrecarga de
compromissos administrativos e jurídicos" que muitas vezes atrapalham sua
missão (12 e). Juntamente com isso, o bispo "nem sempre encontra apoio
humano e espiritual" e "a experiência dolorosa de certa solidão não é
incomum" (12 e).
Casos de abusos
Sobre a
questão dos abusos, que "coloca muitos bispos na dificuldade de conciliar
o papel de pai e o de juiz" (12 i), sugere-se "considerar a
possibilidade de confiar a tarefa judicial a outro órgão, a ser especificado
canonicamente" (12 i).
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