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domingo, 8 de outubro de 2023

O Papa: parem as armas, o terrorismo e a guerra não levam a nenhuma solução

Conflito israelense-palestino (AFP or licensors)

Nas palavras de Francisco após o Angelus deste domingo, a sua dor pelo que está ocorrendo em Israel. A sua oração é pelas famílias das vítimas e por aqueles que vivem horas de terror e angústia. “Haja paz em Israel e na Palestina!”, o seu apelo, porque “toda guerra é uma derrota”. Dirigindo o seu pensamento a todos os países em conflito, recorda a “martirizada” Ucrânia “que todos os dias sofre tanto”.

Antonella Palermo, Silvonei José – Vatican News

“A guerra é uma derrota: toda guerra é uma derrota! Rezemos pela paz em Israel e na Palestina!”

Após a oração mariana deste primeiro domingo de outubro, o Papa Francisco expressou a sua apreensão e a dor com que acompanha o que está ocorrendo em Israel onde, afirma, “a violência explodiu ainda mais ferozmente, causando centenas de mortos e feridos”.

"Expresso a minha proximidade às famílias das vítimas, rezo por elas e por todos aqueles que vivem horas de terror e angústia. Por favor, parem com os ataques e as armas! e se compreenda que o terrorismo e a guerra não levam a nenhuma solução, mas apenas à morte e ao sofrimento de muitas pessoas inocentes".

Invoquemos a paz sobre os muitos países marcados por conflitos

Depois do Angelus, o Pontífice recorda também que este mês de outubro é dedicado, além das missões, à oração do Terço. Precisamente a Maria o Papa pede para nos dirigirmos a ela, sem parar:

"Não nos cansemos de invocar, por intercessão de Maria, o dom da paz sobre os numerosos países do mundo marcados por guerras e conflitos; e continuemos a recordar a querida Ucrânia, que todos os dias sofre tanto, tão martirizada".

O apelo do Patriarcado de Jerusalém à comunidade internacional

Numa nota publicada no site do Patriarcado Latino de Jerusalém lemos que a improvisa explosão de violência “é muito preocupante pela sua extensão e intensidade. A operação lançada a partir de Gaza e a reação do exército israelense estão a levar-nos de volta aos piores períodos da nossa história recente. As demasiadas vítimas e demasiadas tragédias que as famílias palestinas e israelenses têm de enfrentar criarão ainda mais ódio e divisão e destruirão cada vez mais qualquer perspectiva de estabilidade”. Daí o apelo à comunidade internacional, aos líderes religiosos da região e do mundo, para “fazerem todos os esforços para ajudar a acalmar a situação, restaurar a calma e trabalhar para garantir os direitos fundamentais das pessoas na região”. Acrescenta-se também que "as declarações unilaterais relativas ao status dos locais religiosos e dos locais de culto fazem vacilar o sentimento religioso e alimentam ainda mais o ódio e o extremismo. É, portanto, importante preservar o Status Quo em todos os Lugares Santos na Terra Santa e em Jerusalém em particular". A nota conclui: “o contínuo derramamento de sangue e as declarações de guerra lembram-nos mais uma vez da necessidade urgente de encontrar uma solução duradoura e abrangente para o conflito palestino-israelense nesta terra, que é chamada a ser uma terra de justiça, paz e reconciliação entre os povos. Pedimos a Deus que inspire os líderes mundiais na sua intervenção para a implementação da paz e da concórdia, para que Jerusalém seja uma casa de oração para todos os povos".

Depois do longo dia de ontem, 7 de Outubro, que encerrou as festividades judaicas de Sucot - quando, às primeiras luzes da madrugada, milhares de foguetes começaram a cair de Gaza sobre Israel, apanhados completamente de surpresa - os lançamentos de mísseis e os ataques terrestres continuam a se verificarem a partir da fronteira sul de Israel. Tel Aviv e Jerusalém foram atingidas. As vítimas israelenses seriam mais de 350, 1.400 os feridos. O Ministério da Saúde de Gaza relata 250 palestinos mortos e 1.700 feridos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 7 de outubro de 2023

Deve-se seguir sempre a consciência? (Parte 1)

(Crédito: Presbíteros)

Deve-se seguir sempre a consciência?

Por Robert Spaemann

Freqüentemente falamos dos diversos pontos de vista que entram em jogo na hora de chamar uma ação de boa ou má, verdadeira ou falsa, lograda ou falha. Perguntamo-nos por aquilo que na realidade desejamos, tentando compreender o bem como a realização do desejo. Falamos de valores, de conseqüências dos atos e de justiça. Não obstante, parece que existe uma resposta simples que faria inúteis todas as demais considerações; essa resposta seria: a consciência diz a cada um o que se deve fazer.

A resposta é correta e, ao mesmo tempo, conduz ao erro na sua mesma simplicidade. Que é exatamente isso que chamamos de consciência? Que faz a consciência? Tem sempre razão? Devemos sempre segui-la? Deve-se sempre respeitar a consciência dos demais?

É evidente que o significado da palavra “consciência” não resulta evidente de antemão. Utiliza-se essa palavra em contextos muito variados; falamos assim de possas conscientes que se caracterizam pelo exato cumprimento dos seus deveres diários; mas falamos também de consciência quando uno foge dos seus deveres ou resiste a eles. Denominamos consciência a algo sagrado existente em todo homem e que deve ser respeitada incondicionalmente; algo que é definido também pela constituição, ainda que, às vezes, condenemos a fortes penas aos que atuam em consciência. Uns consideram a consciência como a voz de Deus no homem; outros, como produto da educação, como interiorização de normas dominantes, originariamente exteriores. Como entender então a consciência?

Falar de consciência é falar da dignidade do homem, falar de que não é um caso particular de algo geral, nem o exemplar de um gênero, mas que cada indivíduo como tal é já uma totalidade, é já “o universal”.

A lei natural segundo a qual uma pedra cai de cima para baixo é, por assim dizer, exterior à pedra mesma, que nada sabe dessa lei. Aqueles que a observamos consideramos sua caída como exemplo de uma lei geral. Também o pássaro que faz um ninho tem a intenção de realizar algo para a conservação da espécie, nem de tomar medidas para o bem das suas futuras crias. Um impulso interior, um instinto, o leva a fazer algo, cujo sentido lhe é desconhecido. Isso se manifesta no fato de que também quando estão trancados, quando os pássaros não esperam ter crias, começam a fazer o seu ninho.

Os homens, pelo contrário, podem saber a razão do que fazem. Atuam expressamente e em liberdade com respeito ao sentido da sua ação. Se tenho vontade de fazer algo, cujas conseqüências prejudiquem a um terceiro, então posso apresentar-me essas conseqüências e perguntar-me se é justo agir assim e se posso responder por esse ato. Podemos ser independentes de nossos momentâneos e objetivos interesses e ter presente a hierarquia objetiva dos valores relevantes para nossos atos. E não só teoricamente e de maneira que essa idéia siga sendo totalmente exterior a nós, sem mudar em absoluto nossas motivações, de modo que digamos: “certamente é injusto atuar assim, mas para mim isso é preferível”. Na realidade, não é verdade absolutamente que o que no fundo e de verdade desejamos esteja numa fundamental contradição com o que objetivamente é bom e correto. O que ocorre mais exatamente é que, na consciência, o universal, a hierarquia objetiva dos bens e a exigência de levá-los em conta valem como nossa própria vontade. A consciência é uma exigência de nós a nós mesmos. Ao causar um dano, ao ferir ou ofender a outro, me dano imediatamente a mim mesmo. Tenho, como se diz, uma má consciência.

A consciência é a presença de um critério absoluto num ser finito; a âncora desse critério é sua estrutura emocional. Por estar no homem, graças a ela e não por outra coisa, o absoluto, o general, o objetivo, falamos de dignidade humana. Pois bem, se resulta que, para a consciência, o homem se converte em algo universal, num todo de sentido, então resulta que também é válido dizer que não há bem nem sentido de justificação para o homem, se o objetivamente bom e reto não se mostra como tal na consciência.

A consciência deve ser descrita como um movimento espiritual duplo. O primeiro leva ao homem por em cima de si, permitindo-lhe relativizar seus interesses e desejos e permitindo-lhe perguntar-se pelo bom e reto em si mesmo. E para estar seguro de que não se engana, deve produzir um intercâmbio, um diálogo com os demais sobre o bom e o justo, numa comunhão de costumes. E devem conhecer-se razões e contrarrazões. Não pode passar por objetivo e universal quem afirma: “não me interessam os costumes e as razões, eu mesmo sei o que é bom e reto.” O que aquele chama de consciência não se diferencia muito do capricho particular e da própria idiossincrasia.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Bem-aventurados os que choram! (Parte 2)

Bem-aventurados os que choram! (iCatólica)

Triste é quem não chora

Por Giovanni Marques Santos

O que é uma vida triste? É uma vida tão fechada em si mesma que se sente confortavelmente consolada, mesmo diante das dores do mundo. A mentalidade consumista, que identifica felicidade e acúmulo de bens, coloca a humanidade num estado de permanente insatisfação, que só se torna mais insatisfeita após ser apaziguada com a felicidade aparente das migalhas do consumo. A mesma situação aplica-se ao sensacionalismo religioso: as pessoas vão atrás de experiências religiosas que as coloquem em um estado de transe constante, uma montanha-russa de sentimentos que apenas clama por mais sentimentos: um chororô sentimentalista e autocomplacente, um “dó de si mesmo” que nada tem a ver com as lágrimas das bem-aventuranças.

Essas vidas tão consoladas, isoladas em seu individualismo, precisam ser afligidas com a provocação da Palavra de Deus. Um mundo egoísta precisa reaprender a chorar. Foi nesse sentido que se pronunciou o papa Francisco, na primeira visita de seu pontificado em 8 de julho de 2013, à ilha de Lampedusa, na Itália, onde desembarcam, todos os dias, imigrantes clamando por auxílio, quando muitas vezes não morrem afogados durante a própria viagem. Diante da dor de tantos naufrágios num mundo injusto, assim falou o papa: “Esta cultura do bem-estar leva à indiferença a respeito dos outros; antes, leva à globalização da indiferença. Neste mundo da globalização, caímos na globalização da indiferença. Habituamo-nos ao sofrimento do outro, não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa! (...) Somos uma sociedade que esqueceu a experiência de chorar, de ‘padecer com’: a globalização da indiferença tirou-nos a capacidade de chorar! (...) Peçamos ao Senhor que apague também o que resta de Herodes no nosso coração; peçamos ao Senhor a graça de chorar pela nossa indiferença, de chorar pela crueldade que há no mundo, em nós, incluindo aqueles que, no anonimato, tomam decisões socioeconômicas que abrem a estrada aos dramas como este: Quem chorou? Quem chorou hoje no mundo?”

Ai de vós que agora rides, porque gemereis e chorareis” (Lc 6, 25). Deus nos livre de uma vida falsamente contente e satisfeita, que não abre seu coração para Deus nem para o próximo. Na oração, peçamos a Deus as lágrimas que lavem nosso coração do pecado, demovam-nos da indiferença e nos movam à consolação e à ação em favor de quem sofre.

Fonte: Revista Ecoando. Ano 21, nº 83, Set-Nov/2023, págs. 6/7 (Paulus)

Álcool, sexo, drogas… Quatro santos que superaram seus vícios

Marjan Apostolovic | Shutterstock

Por Theresa Civantos Barber

A vida destes quatro santos testemunham o fato de que, apesar dos fracassos, pecados e vícios, as pessoas sempre podem mudar radicalmente e se santificar.

O vício é uma doença que geralmente se origina de uma dor profunda que é muito difícil de superar. Aqueles que lutam contra o vício nunca devem ser definidos por essa batalha. Há muito mais em cada pessoa do que suas próprias lutas: “Não definimos pessoas com um braço quebrado pelo braço. Da mesma forma, não devemos deixar que os transtornos mentais definam as pessoas que sofrem com eles ou suas famílias”, disse recentemente o bispo John Dolan, de Phoenix, nos Estados Unidos.

Saber que muitos santos tiveram de lidar com vícios e que os superaram graças à sua fé pode nos dar muita esperança. Suas vidas testemunham que os vícios, pecados e fracassos podem ser superados a qualquer momento, e que todos, independentemente de sua origem, são chamados à santidade. Aqui estão quatro santos que superaram seus vícios e fizeram uma notável jornada de conversão. Suas lutas contínuas contra os vícios – em drogas, álcool ou mulheres – e suas conversões podem ser uma fonte de inspiração e um sinal de esperança para aqueles que passam pelas mesmas dificuldades.

1SANTA MÔNICA (331-387)

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Em suas Confissões, Santo Agostinho conta que sua mãe Mônica, aos 15 anos de idade, muito antes de lhe dar à luz, tinha desenvolvido o hábito de beber vinho. Como ela estava sempre bêbada, um dia sua empregada a chamou de “uma garrafinha suja de puro vinho”. Humilhada, Santa Mônica tomou consciência de seu comportamento vergonhoso. Orando ao Senhor e fortalecendo sua vontade, ela encontrou forças para corrigir seu vício em álcool de uma vez por todas.

2SÃO VLADIMIR (958-1015)

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A vida de São Vladimir antes de sua conversão é uma das histórias de santos mais surpreendentes. Ele subiu ao trono, tornando-se príncipe de Kiev, depois de assassinar seu irmão. Ele vivenciou a depravação moral, a luxúria e muitos outros vícios. No entanto, após sua conversão à fé cristã, renunciou a suas 800 concubinas e mudou completamente sua vida. Ele permaneceu fielmente casado com apenas uma mulher e substituiu os templos pagãos de seu reino por igrejas.

3SÃO BRUNO SERONUMA (1856-1886)

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Nascido em Uganda, Bruno Seronuma era filho do governante do reino de Buganda. Antes de se tornar católico, Seronuma era violento e viciado em álcool. Com sua conversão, ele procurou controlar seu temperamento explosivo e suas paixões. Ele procurou renunciar ao seu vício, passando muito tempo em oração e penitência. No final de sua vida, morreu como mártir de sua fé.

4BEATO BARTOLO LONGO (1841-1926)

Embora tenha crescido em uma família católica, o italiano Bartolo Longo rejeitou a religião aos 10 anos de idade, quando sua mãe morreu. No decorrer de sua vida, ele se interessou pelas ciências ocultas e acabou se tornando um sacerdote satanista aos 20 anos de idade. Ele experimentou drogas e se tornou viciado. As orações fervorosas de sua família finalmente provocaram sua conversão radical e, desde então, ele dedicou sua vida a ajudar os pobres e a ensinar o poder da oração e do Rosário.

A vida desses santos e beatos pode ser uma verdadeira fonte de inspiração para aqueles que se sentem desanimados e desamparados diante de seus vícios. Eles são um lembrete de que nenhuma vida está quebrada para sempre e que, com nossa vontade, Deus pode transformar tudo!

EM IMAGENS: Lindas fotos de Santa Teresa Benedita da Cruz Edith Stein

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Jovem brasileiro parte em missão entre os refugiados da Ilha de Malta

João Pedro Maximino (Vatican Media)

Em entrevista à Rádio Vaticano, o jovem João Pedro Maximino, 20 anos, natural de São João del Rey no Estado de Minas Gerais, partilhou sobre as expectativas do período de voluntariado que vivenciará na Ilha de Malta, auxiliando os refugiados que encontram naquele país acolhida e uma nova oportunidade de vida.

Silvonei José e padre Pedro André, SDB – Vatican News

João Pedro cresceu frequentando a Paróquia São Joāo Bosco, dos Salesianos, em sua cidade. Seu caminho junto ao carisma salesiano o levou até a presidência nacional da Articulação da Juventude Salesiana (AJS), que é um grupo que reúne os coordenadores dos vários grupos ligados as atividades juvenis promovidas pelos Salesianos e Salesianas.

Ouça a entrevista completa:

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2023/10/06/12/137343475_F137343475.mp3

Em sua passagem por Roma, antes de ir para Malta, João Pedro esteve nos estúdios da Radio Vaticano e concedeu uma entrevista a Silvonei José.  Ele contou sobre a reviravolta que teve em sua vida, pois deveria ir para Vancouver, no Canadá, onde iria estudar, porém teve o visto negado. Para aproveitar esse período de tempo até o fim do ano, ele passará três meses numa Comunidade Salesiana na Ilha de Malta, onde estudará inglês e contribuirá com as atividades desenvolvidas pelo salesianos com os refugiados.

Ao ser perguntado sobre o que pensa em fazer após esse período em Malta, João Pedro disse: “vou fazer a minha missão, estou concentrado nela até o Natal e até lá Deus vai me dar o discernimento para que a partir de 2024 ou eu fique em Malta ou em alguma missão, mas eu estou esperando o discernimento. O discernimento de Deus e não o meu.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Espanha deixará de ser católica

Foto: Victoriano Izquierdo/ Unplash

A porcentagem de cidadãos que se declaram católicos caiu para 52%, o menor número da história.

Redação (06/10/2023 15:12, Gaudium PressEm um artigo publicado ontem no site Confidential Religion, José Francisco Serrano Oceja comenta uma nota que apareceu no jornal El Mundo com o título “Como perdemos a fé. A Espanha deixará de ser católica 1.644 anos depois”.

Entre os dados documentais fornecidos pelo El Mundo, estão:

– De acordo com a última pesquisa do Instituto 40dB, apenas os partidos políticos geram menos confiança nos espanhóis do que a Igreja Católica.

– A última informação do CIS (Centro de Investigação Sociológica) mostra que a porcentagem de cidadãos que se declaram católicos caiu para 52%, o menor número da história.

– Em 1978, o número de crentes na Espanha era cerca de 90,5%; hoje mal ultrapassa os 50%.

– Nos últimos 45 anos, o percentual daqueles que se declaram agnósticos, ateus ou não crentes passou de 7,6% para 44,1%.

– A tendência é que, em 2024, a Espanha deixará de ser predominantemente católica, o que foi por muitos séculos… desde a época de Teodósio, Recaredo…

-Nos últimos 20 anos, as vocações na Espanha, segundo dados da CEE (Conferência Episcopal Espanhola), caíram 40%.

– Hoje há 16.126 padres para 22.947 paróquias.

– Segundo o último estudo sobre o laicismo da Fundação Ferrer i Guàrdia, mais de 60% dos jovens espanhóis entre 18 e 24 anos não se consideram religiosos; e 58% entre os que têm 25 e 34 anos.

– Nos últimos 25 anos, os casamentos pela Igreja caíram 83% segundo o INE.

– Os registros da CEE mostram que o número de batismos caiu 54% desde 2007 e as comunhões, 30%.

Os dados, quando verdadeiros, têm a força da realidade, e contra fatos não há argumentos.

É claro que esses dados revelam uma mudança cultural em direção à descristianização, algo que desafia a Igreja.

Atualmente na Espanha, existem 1.952 centros educacionais católicos, onde estudam 1.192.542 alunos, ou seja, um número elevado para uma população de 47 milhões de pessoas. Ou seja, a Igreja ainda tem em suas mãos o potencial de uma recristianização da juventude.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

O significado do dia de Nossa Senhora do Rosário

Immaculate | Shutterstock

Por Prof. Felipe Aquino - publicado em 07/10/21

Após a batalha de Lepanto, Pio V acrescentou às Ladainhas da Santíssima Virgem uma invocação suplementar: “Auxílio dos cristãos, rogai por nós”.

A festa de Nossa Senhora do Rosário foi instituída por São Pio V para comemorar e agradecer a Virgem por sua ajuda na vitória sobre os turcos em Lepanto, na Grécia, no dia 7 de outubro de 1571.

O Papa São Pio V abençoou os escudos dos exércitos cristãos que enfrentaram os turcos otomanos. Estes já tinham tomado Constantinopla – sede do Império romano do oriente (1476) – e se preparavam para dominar a Europa Cristã e faze-la muçulmana. Então, o Papa pediu ao Príncipe João da Áustria para enfrentar o inimigo da Igreja.

Foi uma guerra justa, para se defender e não para atacar. E os exércitos cristãos, em menor número, mas sob a proteção do santo Rosário de Nossa Senhora venceram os otomanos; então o Papa consagrou o dia 7 de outubro à Nossa Senhora das Vitórias, ou do Santo Rosário.

Ameaça

No século XVI, o Império Otomano em expansão continuava a ameaçar perigosamente a Europa Ocidental, como sempre fez desde Maomé no século VII. Num contexto pouco favorável, em maio de 1571, o Papa Pio V conseguiu, finalmente, celebrar a “Santa Liga”, aliança entre Espanha, Veneza e Malta, que ele consagra na Basílica de São Pedro.

Uma frota se reúne, e é confiada a Dom João da Áustria, irmão de Felipe II da Espanha. Desejando implorar a proteção celeste para a frota, São Pio V publicou um jubileu solene e ordenou o jejum e a oração pública do Rosário.

A batalha decisiva teve lugar no dia 7 de outubro de 1571, no golfo de Lepanto, à saída do estreito de Corinto. No combate, 213 galeras espanholas e venezianas e uns 300 navios turcos.

Aproximadamente cem mil homens combatem em cada campo. A frota cristã alcançou uma vitória completa. Quase todas as galeras inimigas foram presas ou postas a pique. O almirante turco Ali Pacha foi morto. Quinze mil cativos cristãos foram liberados. Somente um terço da frota turca consegue voltar, derrubando assim a lenda da invencibilidade da frota muçulmana.

Vitória

Na noite da batalha, o papa Pio V foi, bruscamente, do seu escritório até a janela, onde parecia contemplar um espetáculo. Em seguida, voltou-se e disse aos cardeais que estavam com ele: “Vamos dar graças a Deus: nossa armada saiu vitoriosa”.

Isto aconteceu no dia 7 de outubro, pouco antes das cinco horas da tarde, mas a notícia da vitória chegaria a Roma somente 19 dias mais tarde, em 26 de novembro, confirmando, assim, a revelação feita pelo sumo pontífice.

Após a batalha de Lepanto, Pio V acrescentou às Ladainhas da Santíssima Virgem uma invocação suplementar: “Auxílio dos cristãos, rogai por nós” (ou “Socorro dos cristãos, rogai por nós”), e ordenou a instituição da festa de Nossa Senhora das Vitórias, que Gregório XIII logo a seguir fez celebrar, sob o nome de festa do Rosário, a cada primeiro domingo do mês de outubro em todas as igrejas. No seio do povo católico, a vitória de Lepanto contribuiu, desta forma, para o rápido desenvolvimento da devoção do Rosário.

Festa

No seu Breve Consueverunt (14-IX-1569), o Papa Pio V falava do Rosário como um meio de vitória. Clemente XI estendeu a festa a toda a Igreja no dia 3-10-1716. Leão XIII conferiu-lhe um nível litúrgico mais elevado e publicou nove Encíclicas sobre o Santo Rosário. São Pio X fixou definitivamente a festa no dia 7 de outubro.

Por esse motivo, foi acrescentada à ladainha a invocação Auxilium christianorum. Desde então, esta devoção à Virgem foi constantemente recomendada pelos Sumos Pontífices como “oração pública e universal pelas necessidades ordinárias e extraordinárias da Igreja santa, das nações e do mundo inteiro”.

Idade Média

Na Idade Média, saudava-se a Virgem Maria com o título de rosa (Rosa mystica), símbolo de alegria. Adornavam-se as suas imagens com uma coroa ou ramo de rosas (em latim medieval Rosarium). E os que não podiam recitar os cento e cinquenta salmos do ofício divino substituíam-no por tantas Ave-Marias.

A Ladainha que se reza atualmente no Rosário começou a ser cantada solenemente no Santuário de Loreto (de onde procede o nome de ladainha lauretana) por volta do ano 1500, mas baseia-se numa tradição antiquíssima. Desse lugar espalhou-se por toda a Igreja.

Catecismo

O Catecismo da Igreja fala de uma “guerra justa”, às vezes necessária para defender a nação ou as nações. Se os turcos otomanos não fossem detidos na Grécia, milagrosamente e definitivamente, talvez a Europa hoje não fosse cristã; e, por desdobramento também a América Latina. Viva Nossa Senhora do Rosário.

Rosário

Todos os Papas, desde o seu advento na Igreja, sem exceção recomendaram vivamente a oração do santo Rosário, meditando toda a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. O Papa João Paulo II dizia que “era a sua oração predileta” e escreveu a Encíclica “O Rosário da Virgem Maria”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa Francisco: Maria é a Mãe dos descartados, daqueles que descartamos

Santo Padre com a Confraria de Nossa Senhora de Montserrat, por ocasião do 800º aniversário de fundação.  (Vatican Media)

Discurso do Santo Padre à Confraria de Nossa Senhora de Montserrat, por ocasião do 800º aniversário de fundação.

Silvonei José, Manoel Tavares – Vatican News

O Papa Francisco recebeu, na manhã deste sábado, 7, no Pátio São Dâmaso do Vaticano, cerca de 800 membros da Confraria de Nossa Senhora de Montserrat, por ocasião dos seus 800 anos de fundação.

Em sua saudação aos numerosos presentes, o Santo Padre expressou sua satisfação por esta peregrinação realizar-se no dia da festa da nossa Mãe celeste, sob o título de Nossa Senhora do Rosário: “Celebrar Maria é celebrar a proximidade e a ternura de Deus, no meio de seu povo, que não nos deixa sozinhos, mas que nos deu uma Mãe, que cuida de nós e nos acompanha”. E o Papa acrescentou:

Vocês vieram a Roma como peregrinos para celebrar e dar graças ao Senhor por esta presença tão próxima de Maria, que, há 800 anos, os acompanha no caminho da vida cristã. Invoquemos a imagem da Virgem de Montserrat, a Virgem morena ou “Moreninha”, sentada, segurando o Menino nos braços. A Mãe de Deus traz, em sua mão direita, uma esfera, que representa o universo. Logo, ela é a “Rainha e Senhora de toda a criação”.

Nossa Senhora de Montserrat (Vatican Media)

A dupla vocação de Maria de ser Mãe de Deus e nossa Mãe, disse o Papa, ajuda-nos a refletir sobre o lema que vocês escolheram para esta peregrinação: “Piedade popular, amizade social e fraternidade universal”. E explicou: “Sabemos que a devoção mariana é muito significativa nas manifestações de piedade do santo povo fiel de Deus”.

Nestes 800 anos da presença mariana em Montserrat, exclamou Francisco, quantos fiéis visitaram seu santuário, rezaram o rosário e pediram à Moreninha, com humildade e simplicidade, sua intercessão por si e por seus entes queridos! Quantas expressões de carinho filial, de súplicas e ações de graças!

Quando o Povo de Deus vai visitar sua Mãe, - continuou o Papa improvisando – “ele se expressa, se expressa de uma forma que talvez não faça tanto em outros tipos de oração. Diante da Mãe, os sentimentos mais nobres de uma pessoa são despertados. E quando Maria ouve nossas orações, ela faz esse gesto, que é o gesto mais mariano”. Ela aponta para Jesus: "Façam tudo o que ele lhes disser". Esse é o típico gesto mariano. Não, ela não faz assim. Ele não faz assim, não. Ela aponta o caminho e fala com seu Filho para que ele entenda.

E acrescentou:

A força evangelizadora da piedade popular cria condições favoráveis ​​para aumentar e fortalecer os laços de amizade e fraternidade entre os povos. Neste sentido, a devoção mariana tem um lugar privilegiado: Maria, nossa advogada, é mediadora nos conflitos e problemas, como aconteceu nas Bodas de Caná. Ela nos ajuda a ‘desatar os nós’, que surgem em nós e entre nós”.

Santo Padre encontra membros da Confraria de Nossa Senhora de Montserrat (Vatican Media)

Isso significa, afirmou ainda Francisco, que Maria também abre o caminho da amizade entre os povos e nos convida a voltar o olhar para as origens e meta da nossa existência, “Jesus Cristo”. Ela nos encoraja a seguir o seu exemplo, trilhando os caminhos da paz, da bondade, da escuta e do diálogo paciente e confiante. E o Papa concluiu:

Queridos irmãos e irmãs. A Virgem de Montserrat, com o globo nas mãos, nos convida a viver esta fraternidade universal, sem fronteiras e sem exclusões, que dissipa as trevas de um ambiente fechado. Ela zelou não apenas de Jesus, mas também de todos os seus descendentes. Com a força do Ressuscitado, ela contribui para a construção de um mundo novo, onde todos sejam irmãos, onde cada excluído tenha seu lugar nas nossas sociedades e onde brilhem a justiça e a paz”.

Para ela – disse ainda o Papa - "não há descarte, ela é a Mãe dos descartados, daqueles que descartamos, porque ela vai até lá buscá-los. Ela não conhece a atitude de descartar ninguém. E, por ser Mãe, sabe ouvir tantas coisas, tantos pedidos, mesmo quando vêm de um coração duplo, de um coração que não é coerente consigo mesmo, um coração injusto que faz mal. Ela ouve, ouve os pedidos, ouve os pedidos, ouve os pedidos. Ela ouve, ouve também o filho criminoso".

Ao se despedir do numeroso grupo de peregrinos da Confraria, Francisco exortou: “Como é bom refletir sobre estes temas e poder viver juntos a alegria de anunciar Jesus, que Maria segura em suas mãos, pois ela é a Mãe do Evangelho vivo e Estrela da nova evangelização. Encorajo-os a continuar esta missão, que é um dom e uma tarefa”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Bem-aventurados os que choram! (Parte 1)

Bem-aventurados os que choram! (iCatólica)

Chorar é diferente de ser triste

Por Giovanni Marques Santos

    Já dizia o poeta Vinícius de Moraes, em seu “Samba da benção”, que “é melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz do coração”. E ele está certo: a alegria ilumina a vida. Para os discípulos de Cristo, a alegria é praticamente um mandamento para quem acolhe seu Evangelho: “Eu vos tenho ensinado todas essas coisas para que a minha alegria permaneça em vós e a vossa alegria seja completa” (Jo 15, 11). A alegria, a paz, a mansidão são frutos do amor de Deus derramado em nosso coração.

    No entanto, nem só de rosas são feitos os caminhos dos seguidores de Jesus. A todo tempo, estamos expostos aos duros contragolpes da vida, num mundo que se encontra sob pesada influência do mal, do pecado e da morte. Quando menos esperamos, vários males – dificilmente vêm sozinhos – assaltam-nos inesperadamente, perturbando nossa vida, enchendo-nos de sofrimento e aflição. Isso sem falar nos constantes massacres da dignidade humana que nos chegam pelos noticiários todos os dias: guerras, fome, doenças, violência urbana, consumo de drogas.

    Em momentos de grandes crises, pode ser que você já tenha feito a experiência da fortaleza que nos dão a fé, a esperança e o amor. Encontramos força que não sabemos ter, quando nos colocamos em uma dinâmica de cuidado amoroso para o próximo que sofre ou mesmo quando somos diretamente atingidos pelo problema. A amizade com Deus proporciona-nos uma serenidade que nos ajuda a enfrentar as tempestades da vida.

    Serenidade, porém, é algo muito diferente de indiferença ou frieza. Não pode ser frio ou indiferente quem tem amor no coração. A Bíblia nos relata que o humaníssimo Filho de Deus chorou três vezes: diante da morte de seu amigo Lázaro e da angústia das irmãs dele, Marta e Maria (cf. Jo 11, 32-36); perante a dureza de coração do povo de Jerusalém, imerso em sua arrogância, incapaz de perceber a chegada da salvação (cf. Lc 19, 41-42); antes de sua crucificação, na agonia do horto das Oliveiras(cf. Hb 5, 7). As lágrimas são uma reação importante, até mesmo necessária, diante da percepção de uma aparente vitória do mal, que nosso coração recusa com profundidade. Não aceitamos que o mal seja forte, que ele nos oprima ou oprima nossos irmãos, por isso, choramos.

    “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mt 5, 4). Chorar é um dom, um grande dom que devemos mesmo pedir a Deus: chorar pelo mal que nos atinge e, principalmente, chorar pelo mal com que atingimos os outros. O choro nos reconecta com nossa verdade, para além de nossas máscaras. Reconecta-nos com o profundo amor de Deus por nós, ajudando-nos a perceber que ninguém existe para sofrer o mal e muito menos para fazê-lo.

    Chorar, assim, por estranho que pareça, é condição para a alegria em Deus. Como pode ser feliz quem não se compadece da dor do próximo? Como pode ser feliz quem não sente seu coração sangrar de arrependimento por uma ofensa cometida? O verdadeiro discípulo de Jesus, tal como seu Mestre, chora diante da aflição e do pecado. Esse choro é belo, virtuoso, necessário, pois é ele que nos abre para a consolação do Espírito Santo, ternura de Deus que cura e fortalece nosso coração.

Fonte: Revista Ecoando. Ano 21, nº 83, Set-Nov/2023, págs. 6/7 (Paulus)

Você disse “insustentável”?

WK Lai | Shutterstock | #image_title

Por Jean-François Thomas, SJ

Hoje em dia, o termo “insustentável” é empregado nas mais diversas situações e serve para expressar a incapacidade de se saber apoiado em provações verdadeiramente avassaladoras.

Palavras ligadas a vestuário, gostos culinários e destinos turísticos estão sujeitas à ditadura da moda passageira e das ideologias impostas. Assim, são usadas ​​indiscriminadamente, repetidas vezes, por um tempo variável, até o momento em que caem novamente no esquecimento ou encontram o seu devido lugar. É o caso do termo “insustentável”. Talvez trazido à moda por Milan Kundera em sua obra “A Insustentável Leveza do Ser”, de 1982, ele agora tem uma pele dura e coriácea.

 Este escritor dirá, por exemplo, em “A Imortalidade”: “A vocação da poesia não é nos deslumbrar com uma ideia surpreendente, mas sim fazer com que um momento seja inesquecível e digno de uma nostalgia insustentável”. A partir daí tudo se tornará insustentável: o bem e o mal, a felicidade e a infelicidade – e esta palavra será aplicada às mais diversas situações e realidades, sendo tudo colocado no mesmo patamar. 

Esvaziado de sua substância

insustentável é, assim, gradualmente esvaziado da sua força, da sua substância. Aplica-se mais frequentemente à alimentação forçada de gansos do que ao aborto ou aos horrores da guerra fratricida. O pintor alemão Otto Dix, muito marcado pela Grande Guerra durante a qual lutou em território francês em batalhas sangrentas, compôs, entre 1929 e 1932, o seu famoso tríptico Der Krieg (“A Guerra”), para tentar expressar um sofrimento que estava além da compreensão. Ele teria ficado surpreso e escandalizado com o uso grosseiro do termo insustentável algumas décadas depois. Normalmente o que é insuportável ou insustentável é aquilo que não podemos receber sem ceder, física ou moralmente, porque o peso é muito grande. O homem suporta o insuportável, tentando lutar e, às vezes, conquistando algumas vitórias, mas sai da provação ferido, marcado, e não é pela nostalgia poética de que fala Kundera. 

Se valorizamos tanto o insustentável, é melhor chafurdarmos na autopiedade e no ódio pela ordem das coisas desejada por Deus.

A resignação e o abandono de Jó dominado pelos males são uma forma de atravessar o insuportável e emergir novamente para mais luz. No entanto, no meio da tempestade, Jó clama, abandonado, pronto para se libertar. Ele amaldiçoou o dia do seu nascimento: “Pereça o dia em que nasci e a noite em que foi dito: ‘Nasceu um menino!’. Que esse dia se torne em trevas! Que Deus, lá do alto, não se incomode com ele, que a luz não brilhe sobre ele. Que trevas e obscuridade se apoderem dele, que nuvens o envolvam, que eclipses o apavorem” (Jó 3, 3-5). Algo diferente das simples manipulações literárias ou políticas do nosso tempo aqui.

Valorizar tanto o insustentável é chafurdar melhor na autopiedade e no ódio pela ordem das coisas desejadas por Deus. Misturamos tudo, e uma das maneiras mais eficazes de fazer isso é também retirar o poder do vocabulário. Só quem experimenta uma dor idêntica à de Jó poderia usar sabiamente esta palavra, sabendo quão terrível é passar pela ponte de um destino trágico. O que é realmente insustentável é que não tomamos a precaução de andar na ponta dos pés enquanto caminhamos pela existência humana. 

O transbordamento do insustentável

Um filme americano de 1999, American Beauty, dirigido por Sam Mendes, retrata ferozmente a decadência da nossa moral ocidental. Uma frase do filme é particularmente interessante: “Às vezes digo a mim mesmo que há tanta beleza no mundo que é insuportável. E meu coração está prestes a desistir”.

Aqui estaria o transbordamento, o que se tornaria impossível de sustentar, sendo então introduzido numa dimensão superior, aquela que talvez entreabre as portas do céu. Isto se refere a esta alegria sobrenatural que invade os santos a tal ponto que eles quase sufocam sob a avalanche da graça.

Resistimos com mais dificuldade às adversidades do que os nossos antepassados, cuja vida foi dura e austera, mais saudável e menos desordenada.

Foi esta insustentabilidade espiritual que levou Santa Teresa de Ávila a levitar, São Francisco Xavier a clamar por amor na sua solidão missionária, e tantos místicos a sentirem-se esmagados sob o peso de tantos privilégios. Sem dúvida foi isto também que irrompeu no coração da Santíssima Virgem no dia da Anunciação, quando a sua alma exultou. Diante dela, os profetas não cessam de convidar a filha de Sião, Israel, a ser transportada de alegria, transbordando de gratidão. 

Sem suporte

Como muitas vezes não nos beneficiamos de tais bênçãos, a nossa experiência do insustentável permanece mais limitada, muitas vezes muito distante desta luz concedida. Resistimos com mais dificuldade às adversidades do que os nossos antepassados, cuja vida foi dura e austera, mais saudável e menos desordenada. 

Muitos procuram, em vão, pelo apoio, esperando ser repentinamente carregados nos ombros de quem é mais forte, mais resistente, mas a espera muitas vezes termina em fracasso e decepção. 

O que um dia é vivido como insuportável é rapidamente apagado por algum lazer, algum prazer, algum método para se distrair e continuar seu curso em direção a uma nova vala.

Os grandes cataclismos que regularmente atingem a humanidade existem como choques elétricos para redirecionar o nosso olhar para cima, mas o despertar é de curta duração. O homem aprende muito pouco com o seu passado e o dos seus antepassados, caindo em falhas idênticas. 

A lição da História é uma ilusão, incluindo a nossa própria história pessoal. O que um dia é vivido como insuportável é rapidamente apagado por algum lazer, algum prazer, algum método para se distrair e continuar seu curso em direção a uma nova vala. 

O isustentável é, sobretudo, não reconhecer até que ponto Deus nos faz existir e nos rodeia de uma beleza como nenhuma outra, uma criação onde cada detalhe está no seu devido lugar, numa harmonia na qual o homem nunca penetrará.

Seres orgulhosos sentirão que é insustentável o fato de não serem capazes de controlar as leis da natureza. A humildade é a chave para nos deixarmos abraçar por Aquele que não se cansa de nos apoiar apesar da nossa ingratidão.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF