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segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Do Tratado sobre Caim e Abel, de Santo Ambrósio, bispo

Caim e Abel (Bíblia de Estudo)

Do Tratado sobre Caim e Abel, de Santo Ambrósio, bispo
(Lib. 1,9,34.38-39: CSEL 32,369.371-372)             (Séc. IV)

Deve-se orar especialmente por todo o Corpo da Igreja

Imola a Deus um sacrifício de ação de graças e cumpre teus votos ao Altíssimo (Sl 49,14). Louvar a Deus é fazer um voto de louvor e cumpri-lo. Por isto o samaritano se sobressai aos demais porque, ao ser purificado com os outros nove da lepra, pela palavra do Senhor, voltou sozinho a Cristo e engrandeceu a Deus com ação de graças. Dele disse Jesus: Não houve dentre eles quem voltasse e desse graças a Deus a não ser este estrangeiro. E dirigindo-se a ele: Levanta-te e vai; tua fé te salvou (Lc 17,18-19).

O Senhor de modo divino também te ensinou a bondade do Pai que sabe dar coisas boas, para que ao Bom peças tudo o que é bom. E aconselhou a orar com instância e repetidamente; não em prece fastidiosa pela duração, mas continuada pela frequência. Futilidades afogam, as mais das vezes, a longa oração, e não muito interrompida facilmente se insinua o descuido.

Exorta ainda a que, quando lhe pedes perdão para ti, saibas que será concedido sobretudo aos outros, na medida em que apoiares o pedido coma voz de tuas obras. O Apóstolo também ensina que se deve orar sem ira nem contestação, para que não se turve, não se altere tua súplica. E ainda ensina que se há de rezar em todo lugar (cf. 1Tm 2,8), pois disse o Salvador: Entra em teu quarto (Mt 6,6).

Não entendas, porém, um quarto cercado por paredes, onde teu corpo fica fechado, mas o quarto que existe dentro de ti, onde são encerados teus pensamentos, onde moram teus sentimentos. Este quarto de tua oração em toda parte está contigo, em toda parte é secreto, sem outro juiz que não Deus só.

Aprendeste também que se deve rezar principalmente pelo povo, quer dizer, pelo Corpo inteiro, por todos os membros de tua Mãe, onde se nota a mútua caridade. Se, pois, pedes por ti, somente por ti rogarás. E se apenas por si roga cada qual, será menor a graça do pecador do que a do intercessor. Agora, porém, já que cada um pede por todos, então todos rezam por cada um.

Portanto, para resumirmos, se apenas pedes por ti somente, como dissemos, pedirás por ti. Ao passo que se pedes por todos, todos pedirão por ti. Na verdade também tu estás em todos. É assim grande a recompensa: que pela intercessão de um se beneficie o povo inteiro. Não há nisto nenhuma arrogância; porém, há maior humildade e mais copiosos frutos.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

A sinodalidade como dom de Deus e compromisso humano

Sínodo - Sala Paulo VI (Vatican Media)

É próprio da Igreja a caminhada em conjunto, sinodal, tornando-a vida de comunhão, de uma maior participação do povo de Deus, a missão de proclamar a todas as pessoas e os povos a palavra de Jesus, que é palavra de libertação, de vida eterna (Jo 6,68).

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá, PA

A Igreja toda está em unidade com Roma aonde ocorre a Décima Sexta Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre: Por uma Igreja sinodal, comunhão, participação e missão. Todos os seguidores do Senhor e que amam a Igreja são chamados a rezar pelo Papa Francisco e todas as pessoas participantes do Sínodo. É próprio da Igreja a caminhada em conjunto, sinodal, tornando-a vida de comunhão, de uma maior participação do povo de Deus, a missão de proclamar a todas as pessoas e os povos a palavra de Jesus, que é palavra de libertação, de vida eterna (Jo 6,68). Se a primeira palavra, comunhão indica a realidade da qual vive a Igreja, o dom da comunhão divina nos quais os seres humanos participam da vida com Deus Uno e Trino, a segunda, a participação refere-se ao modo com o qual a comunhão é vivida na história, enquanto a terceira, a missão assinala o motivo pela qual existe a Igreja, não para si mesma, mas para testemunhar o dom da comunhão para as pessoas e aos povos[1]. A seguir ver-se-á a sinodalidade na Igreja primitiva e como esta forma de viver influencia a vida da Igreja no mundo atual, para que em tudo se faça a Vontade de Deus.

São Clemente Romano e os Coríntios

A comunidade dos Coríntios mereceu por parte do Apóstolo São Paulo duas longas cartas, exortando-as à caridade fraterna. No final do século primeiro, o bispo de Roma, Clemente fez uma intervenção na comunidade no sentido da aceitação da autoridade apostólica proveniente do Senhor nos bispos, nos presbíteros, nos diáconos e na vida eclesial do povo de Deus. “Os que foram estabelecido por eles ou por outros homens eminentes, com aprovação de toda a Igreja, e que serviram irrepreensivelmente ao rebanho de Cristo, com humildade, calma e dignidade, e que durante muito tempo receberam o testemunho de todos, achamos que não é justo demiti-los de suas fincões”[2].

Exortação à unidade

O Bispo de Roma exortou a todas as pessoas da comunidade de Coríntios à unidade dos ministros ordenados e do povo de Deus. “Apeguemo-nos, portanto, aos inocentes e aos justos, porque eles são os eleitos de Deus. Para que haver brigas, ódios, disputas, divisões e guerras entre vós? Não temos nós um só Deus, um só Cristo, um só Espírito de graça, que foi derramando sobre nós, e uma só vocação em Cristo”[3].

O clima sinodal

São Clemente especificou a importância de um caminho em conjunto, sinodal através do amor em Cristo. “O amor tudo sofre e tudo suporta. No amor não há nada de banal, nem de soberbo. O amor não divide, o amor não provoca revolta, o amor realiza tudo na concórdia. No amor, tornam-se perfeitos os eleitos de Deus; sem o amor nada é agradável a Deus. É no amor que o Senhor nos atraiu a si. É por causa de seu amor para conosco, que Jesus Cristo nosso Senhor, conforme a vontade de Deus, deu o seu sangue por nós, sua carne pela nossa carne, e sua vida por nossa vida”[4].

A vivência da unidade na vida eclesial e social

Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir no final do século I afirmou a necessidade da unidade eclesial e social para quem segue o Senhor. “Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos apóstolos, para que prospere tudo o que fizerdes na carne e no espírito, na fé e no amor, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, unidos ao vosso digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada pelos vossos presbíteros e diáconos segundo Deus”[5]. Ele pedia à comunidade dos Magnésios a vivência da unidade entre os seus membros, para que assim a mensagem de Jesus fosse melhor compreendida e acolhida para todas as pessoas, sobretudo aquelas que ainda não tinham o conhecimento de Jesus Cristo.

A participação dos cristãos no Império romano

A vida comunitária do fiel cristão foi dada também na vida social, pela participação na vida imperial. Isto manifestou sinal de sinodalidade. São Justino de Roma, filósofo, mártir após a metade do século II afirmou que os cristãos eram fieis aos tributos e contribuições, procurando pagá-los antes de todos aqueles que estabeleceram para isso em todos os lugares, assim como os cristãos foram ensinados por Cristo[6].

A adoração dada a Deus e o serviço dado às autoridades

São Justino continuou os seus argumentos em relação às autoridades, afirmando que a adoração é dada somente a Deus pelos fieis cristãos e em tudo eles servem a eles, “confessando que sois imperadores e governantes dos homens e rogando que, junto com o poder imperial, também se encontre que tenhais prudente raciocínio”[7].

A valorização da comunhão e da missão

Santo Ireneu de Lião, bispo nos séculos II e III afirmou à comunhão dos gentios, dos pagãos, à vida eclesial e comunitária, por meio do Verbo de Deus que se encarnou e morou com os seres humanos, como disse o discípulo João: “O Verbo se fez carne e veio morar entre nós (Jo 1,14). Por isso a Igreja gera um grande número de salvos, porque não é mais um intercessor, Moisés, ou um envaido Elias, que nos salvam, mas o Senhor mesmo, que gera mais filhos à Igreja”[8].

Sinais de sinodalidade

Tertuliano, Padre da Igreja de Cartago, nos séculos II e III disse que a comunidade estava unida pela Palavra de Deus e pelas exortações de seus dirigentes. “É nessas reuniões, também, que se fazem as exortações, as correções e as que Deus haverá de censurar. Com efeito, aí também os julgamentos são feitos com grande ponderação, como aqueles que têm a certeza de estar junto à presença de Deus: e enorme é o preconceito do julgamento futuro, se alguém cometer, assim, uma falta tal de modo que seja excluído da comunhão de orações e da assembléia e de toda a relação com as coisas santas”[9]

A refeição, a eucaristia

Tertuliano tinha presentes que a refeição mostrava a sua razão de ser por seu nome, tendo o significado de caridade, de amor. “Quaisquer que sejam as despesas que ela custe, é lucro fazer esta despesa em nome da piedade: com efeito, por meio deste refrigério, ajudamos os desprovidos, não que nós os tratássemos como vossos parasitas que aspiram à glória de ver sua liberdade ser subjugada, na condição que eles possam encher sua barriga em meio às afrontas, mas porque, diante de Deus, os humildes gozam de uma consideração maior”[10].

Os santos padres colocaram a importância da sinodalidade, por uma Igreja comunhão, participação e missão. O Espírito Santo ilumine a todas as pessoas participantes do Sínodo dos Bispos em Roma e ajude a todo o povo de Deus a viver o espírito sinodal, de serviço a Deus, ao próximo como a si mesmo.

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[1] Cfr. Riccardo Battocchio, Gianni Genre, Basilio Petrà. Sentieri di sinodalità. Prospettive teologiche interconfessionali. Milano, San Paolo, 2022, pg. 52.

[2] Clemente Romano, 44,3. In: Padres Apostólicos. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 55.

[3] Idem, 46, 4-6, pg. 56.

[4] Idem, 49, 5-6. pgs. 58-59.

[5] Inácio aos Magnésios, 13,1. In: Padres Apostólicos, idem, pg. 95.

[6] Cfr. Justino de Roma. I Apologia, 17,1. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 34.

[7] Ibidem, 3, pg. 35.

[8] Irineu de Lyon. Demonstração da Pregação Apostólica, 94. In: São Paulo, Paulus, 2014, pg. 134.

[9] Tertuliano. Apologético. 39,4. São Paulo, Paulus, 2021, pg. 150.

[10] Idem, 39,16. pg. 154.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A temida aridez espiritual

Image d'illustration (Shutterstock)

Por Julia A. Borges

Fato é que a aridez espiritual pode ter algumas causas, dentre elas, uma raiz física, ou seja, o corpo como causa de empecilho para o progresso espiritual.

Durante o mês de outubro, a Igreja se dedica ao chamado fundamental na vida dos cristãos, o chamado expresso pelo próprio Cristo: “ Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.” (Mc 16:15). Essa missão torna cada cristão um soldado em uma batalha diária na certeza de combater o bom combate. Mas é sabido que as armas que levamos não pertencem a este mundo, nosso escudo e  nossa couraça não são artigos bélicos a serem encontrados e negociados, porque acima de tudo está a certeza do motivo da luta, está a certeza do para que e para quem lutamos.

Mas ao longo do combate, é possível que o guerreiro passe por determinadas provações, dentre elas a chamada aridez espiritual, na qual a alma parece estar num deserto e se caracteriza por uma espécie de falta de apetite espiritual. Nessa fase, estar com Deus, sobretudo na oração pessoal, torna-se um fardo.

Em muitos casos, ao iniciar uma vida de oração e intimidade com Deus, experimenta-se um verdadeiro fascínio e deslumbramento com as sensações ocasionadas nos momentos de prece e estreiteza com as coisa do céu. A vida espiritual parece ultrapassar todas as barreiras, atingindo a própria carne, com efeitos avassaladores, de choro; sorrisos involuntários; arrepios; e até mesmo desmaios. Entretanto, ao longo do tempo, nota-se que os efeitos parecem diminuir e as sensações, antes tão claras e evidentes, sucumbem-se a um vazio, a um grande vácuo.

Quando se está somente sob a perspectiva carnal, as consolações permitidas por Deus (como as descritas acima), tornam-se um sinal de progresso e, da mesma forma, quando vem a aridez (também comum), ela é vista como sinal de distanciamento de Deus, até mesmo como fracasso. Contudo, na maior parte das vezes, essa quase apatia é permitida por Deus justamente para que a pessoa obtenha progresso na vida espiritual. É por isso que a visão sobrenatural é importante, pois ela permite receber esses momentos com fé e confiança em Deus.

Fato é que a aridez espiritual pode ter algumas causas, dentre elas, uma raiz física, ou seja, o corpo como causa de empecilho para o progresso espiritual.  Constituído de corpo e mente, o homem terá uma vida espiritual melhor se a sua mente e o seu corpo estiverem bem, a tal máxima: Mens sana in corpore sano. Não se trata aqui só de doença, mas também do stress diário, o que pode cansar tanto a pessoa que ela se sente incapacitada para a oração. Se o problema for físico, o remédio também será físico, ou seja, é preciso retirar as causas, talvez cuidando da doença, reduzindo o ritmo de vida, descansando um pouco mais.

Mas é preciso ficar atento porque a causa pode ir além de uma questão física  quando, por exemplo, não se dá a devida importância à vida de santidade, sendo condescendente com os pecados veniais, apegando-se aos pequenos prazeres. O modo de se relacionar com Deus também é determinante, pois se a relação é superficial, baseada apenas numa troca de favores (emprego, finanças, saúde, amor,…), Ele se torna apenas um empregado e não o Senhor. Portanto, o apego ao mundo material, uma visão carnal da própria fé e uma relação superficial com Deus podem causar também a aridez espiritual.

Cabe ressaltar que é possível apontar a tibieza como causa da aridez espiritual. A frouxidão é uma espécie de preguiça espiritual, que leva a pessoa à mornidão, à falta de ardor no servir a Deus. O remédio, portanto, é colocar mais generosidade no serviço a Deus.

Diante da aridez espiritual, deve-se ter a resignação, aceitando a falta de consolação e entendendo que se trata de uma maneira de servir melhor a Deus e procurando obter dela algum fruto. A segunda atitude é a de humilhação diante de Deus. Afinal, é um bom momento para se colocar humildemente perante o Senhor, reconhecendo a própria pequenez. É um tempo propício para reconhecer o senhorio de Deus, deixando de exigir consolações como se as merecesse, como se tivesse algum direito. Santo Inácio de Loyola, em seus exercícios espirituais ensina que o remédio para a aridez é a generosidade o que, na prática, significa aumentar o tempo de oração, o tempo dedicado às coisas do Senhor.

Ninguém gosta de soar sangue, mas o progresso exige esforço, mesmo quando não é sentido nenhuma recompensa ou consolação, afinal a vitória que nos aguarda torna certa a batalha rumo à Glória eterna.

Referências:

RICARDO, Pe. Paulo. Um olhar que cura: Terapia das doenças espirituais. Canção Nova: São Paulo, 2008.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Deve-se seguir sempre a consciência? (Parte 3)

(Crédito: Presbíteros)

Deve-se seguir sempre a consciência?

Por Robert Spaemann

Se a consciência não é simplesmente um produto da educação nem se identifica com o “super eu”, será então algo inato? Uma espécie de instinto social inato? Também não é este o caso, já que um instinto se segue instintivamente; mas o “eu não posso atuar de outro modo” dos que atuam por instinto se diferencia como o dia da noite do “eu não posso atuar de outro modo” de que obra em consciência.

Aquele que se sente arrastado, privado de liberdade; bem que queria atuar de outro modo, mas não pode. Está em discórdia consigo mesmo. E o “aqui estou eu, não posso agir de outro modo” do que atua em consciência é, pelo contrário, expressão de liberdade. Diz o equivalente a: “não quero outra coisa”. “Não posso querer outra coisa e também não quero poder outra coisa.” Esse homem é livre. Como afirmavam os gregos, esse homem é amigo de si mesmo.

Então, de onde vem a consciência? Mas também poderíamos perguntar: de onde vem a linguagem? Por que falamos? Dizemos, naturalmente, que falamos porque o aprendemos dos nossos pais. Quem jamais ouviu uma pessoa falar, segue mudo e, se não se comunica de alguma maneira, então não chega sequer a pensar. Entretanto, ninguém afirmará que a linguagem é uma hetero-determinação interiorizada.

E que seria uma hetero-determinação? Seguramente não se pode dizer que o homem seja, por si mesmo, uma essência que fala ou que pensa. A verdade é a seguinte: o homem é um ser que necessita da ajuda dos outros para chegar a ser o que propriamente é. Isto vale também para a consciência. Em todos os homens há como um germe de consciência, um órgão do bem e do mal. Quem conhece as crianças sabe que isso se aprecia facilmente neles. Têm um agudo sentido para a justiça e se revelam quando a vêem lesionada. Tem sentido para o autêntico e para o falso, para a bondade e para a sinceridade; mas esse órgão se atrofia se não vêem os valores encarnados numa pessoa com autoridade. Entregues demasiado cedo ao direito do mais forte, perdem o sentido da pureza, da delicadeza e da sinceridade. Por isso, a palavra é antes de tudo um meio de transparência e de verdade. Mas quando, por medo às ameaças, aprendem que é necessário mentir para livrar-se delas, ou experimentam que seus pais não lhes dizem a verdade e empregam a mentira na vida diária como normal instrumento de progresso, desaparece o brilho de suas consciências, que se deformam: a consciência perde a delicadeza. A consciência delicada e sensível é característica de um homem interiormente livre e sincero, coisa que nada tem a ver com o escrupuloso que, em vez de contemplar o bom e o reto, observa sempre a si mesmo e contempla com angústia cada um dos seus próprios passos. Eis aqui uma espécie de enfermidade.

Pois bem, há pessoas que em por enfermidade uma má consciência. Consideram tarefa do psicólogo tirar da pessoa essa má consciência, o assim chamado “sentido de culpabilidade”. Mas em realidade, o que é uma enfermidade é não poder ter uma má consciência ou sentimento de culpabilidade, quando se tem realmente uma culpa. O mesmo que é uma enfermidade e um perigo para a vida o não sentir dor. Para o que está são, a má consciência é sinal de uma culpa, de um comportamento que se opõe ao próprio ser e à realidade.

A revisão dessa atitude é denominada arrependimento. Como demonstrou o filósofo Max Scheler, não consiste num remover sem sentido o passado, quando o mais adequado seria simplesmente tentar de fazer melhor no futuro. E não se pode fazer algo melhor se persiste o mesmo posicionamento que o levou a atuar mal em ocasiões anteriores. O passado não pode ser reprimido: é necessário olhá-lo conscientemente, ou seja, deve-se mudar conscientemente uma má atitude. E como não se trata de algo puramente racional, mas que intervém também a constituição emocional, a mudança de atitude significa uma espécie de dor por haver atuado injustamente. O psicólogo Mitscherlich trata o papel da tristeza.

No fundo esperamos esse arrependimento. Não confiaríamos num homem que, depois de atormentar uma criança, paralisando-a psiquicamente, explicasse logo, rindo, que basta uma vítima e que às demais tratará bem. Se a dor do passado não lhe comove e cambia sua má consciência, isso significa que seguirá sendo o que era.

https://presbiteros.org.br/

A "Barca de Pedro" aterrissa nos Museus do Vaticano

A "Barca de Pedro" (Vatican Media)

"O barco de todos", essas foram as palavras com as quais o Papa Francisco abençoou o precioso artefato recebido como presente em 15 de março de 2023 da histórica família de armadores Aponte.

Vatican News

Feita à mão pelos mestres Aprea, armadores da península de Sorrento, em colaboração com o Instituto Diplomático Internacional, a barca é uma reprodução fiel da antiga e original Barca de Pedro encontrada em 1986 no fundo do Lago Tiberíades e agora mantida no museu Yigal Allon em Ginosar, na Galileia.

Desde 17 de setembro, o imponente veleiro, com quase 9 metros por 2 metros de comprimento, encontrou sua localização cenográfica final na entrada dos Museus do Vaticano, ou na "Casa de Todos", de acordo com uma expressão querida pelo Papa Francisco. As complexas operações de manuseio e instalação foram realizadas no domingo, a portas fechadas, graças a um sofisticado trabalho de construção acrobática e ao apoio de empresas especializadas, com a contribuição conjunta de funcionários da Direção de Museus e Patrimônio Cultural e da Direção de Infraestrutura e Serviços (Governo do Estado da Cidade do Vaticano).

A "Barca de Pedro" (Vatican Media)

Situado na base da moderna rampa helicoidal também conhecida como "O caminho do mar" - uma rota de exposição permanente com modelos de barcos do mundo todo - a "Barca de Pedro" dá as boas-vindas, com sua forte carga simbólica e espiritual, a todos os peregrinos e turistas que partem em sua "viagem" evocativa às belezas dos Museus do Papa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Luis Beltrán

São Luis Beltrán. | ACI Digital
09 de outubro

São Luís Beltrán

Por Redação central / ACI Digital

Hoje (9), a Igreja Católica celebra são Luis Beltrán (1526-1581), missionário espanhol da Ordem dos Pregadores, Dominicanos, que viajou para a América e evangelizou o norte da Colômbia (Nova Granada, Vice-Reino de Nova Granada), conquistando para Deus as populações indígenas do território.

Ele é padroeiro da República da Colômbia, por isso a população se confia de maneira especial à sua intercessão neste dia.

Cercado por santos

São Luis Beltrán nasceu em Valência, Espanha, no ano de 1526. Poucos dias depois de seu nascimento foi batizado na mesma pia batismal onde, 175 anos antes, foi batizado são Vicente Ferrer, outro filho ilustre da ordem fundada por são Domingos de Gusmão. Diz-se que Luis era parente de são Vicente através da família paterna.

Entrou para a Ordem dos Pregadores em 1544 e foi ordenado sacerdote por são Tomás de Villanueva. Luis se destacou pela prudência, pela capacidade de discernimento e pela clareza no aconselhamento. Certa vez, santa Teresa d’Ávila veio lhe perguntar sobre a reforma que estava fazendo no carmelo e se deveria fundar um convento em sua cidade.

São Luis Beltrán respondeu: “O assunto sobre o qual me pedes informações é tão importante que me dediquei durante vários dias a pedir a Nosso Senhor que me esclarecesse sobre o que devo responder... Agora te digo que sim, você deve fundar. E acrescento mais uma notícia: sua comunidade será tão ajudada por Deus que em cinquenta anos será uma das mais importantes da Igreja Católica”.

Missionário no Novo Mundo

Em 1562 foi enviado como missionário à América e, segundo os escritos que ele mesmo deixou, batizou mais de 15 mil índios. Em 1568, foi eleito prior do convento de São Domingos, em Santa Fé de Bogotá.

Naquela cidade, graças à sua preocupação com os indígenas, fez perigosos inimigos, principalmente entre alguns espanhóis que maltratavam os indígenas. Eles procuraram uma oportunidade para lhe fazer mal e, numa ocasião, tentaram matá-lo: um homem lhe entregou um copo de água envenenada; são Luis o recebeu e o abençoou antes de tomá-lo. Em seguida, o vidro quebrou em suas mãos, sem qualquer explicação.

Assim, existem muitas histórias de feitos maravilhosos e milagres através da intercessão deste homem santo.

Apóstolo de dois mundos

Em 1569, são Luis Beltrán voltou a Valência para ser mestre de noviços, tal como fizera muitos anos antes. Lá ele se dedicou à formação dos futuros missionários que iriam para a América. Frei Luis, em seus últimos anos, sofreu diversas doenças e enfermidades, mas mesmo nesse estado manteve o espírito evangelizador.

Por ter anunciado Cristo na Espanha e na América com frutos abundantes, é muitas vezes chamado de “o apóstolo dos dois mundos”. Ele morreu em 9 de outubro de 1581.

Fonte\: https://www.acidigital.com/

domingo, 8 de outubro de 2023

É adequado um Papa falar sobre o aquecimento global?

Antoine Mekary | ALETEIA

Por Francisco Borba Ribeiro Neto

Duas críticas interligadas merecem ser comentadas, pois nos dão a oportunidade de entender muitas outras coisas... Entenda:

Nas redes sociais, a Exortação Apostólica Laudate Deum(LD), lançada no último 4 de outubro, tem recebido tanto uma recepção entusiasmada quanto críticas ásperas, como antes já tinha acontecido com a Encíclica Laudato si’. Papas são sempre polêmicos, mesmo que não queiram. O problema não está neles, mas em seus leitores. Tendemos a gostar quando eles escrevem o que queremos ler e criticar quando escrevem coisas com que não concordamos ou que não entendemos.

Duas críticas interligadas merecem ser comentadas, pois nos dão a oportunidade de entender muitas outras coisas… Muitos acreditam que o Papa não deve escrever sobre questões ecológicas e sobre aquecimento global, pois não são temas referentes à fé. Outros até concedem essa possibilidade, mas acreditam que Francisco é excessivamente “mundano”, mais preocupado com os problemas mundanos do que com a conversão das almas. Dedico esse artigo à primeira crítica e discutirei a segunda num próximo.

Quais são os temas aos quais os Papas se dedicam?

Não há dúvida que a atenção principal dos Papas se foca na relação entre Deus e a pessoa humana, mediada por Cristo e realizada historicamente na Igreja. Mas a caridade cristã impulsiona a Igreja a ocupar-se de tudo aquilo que diz respeito à vida humana. É São João Paulo II que bem explica: “A Igreja é ‘perita em humanidade’, e isso impele-a necessariamente a alargar a sua missão religiosa aos vários campos em que os homens e as mulheres desenvolvem as suas atividades em busca da felicidade, sempre relativa, que é possível neste mundo, em conformidade com a sua dignidade de pessoas […] É por isso que a Igreja tem uma palavra a dizer, hoje como há vinte anos e também no futuro, a respeito da natureza, das condições, das exigências e das finalidades do desenvolvimento autêntico e, de igual modo, a respeito dos obstáculos que o entravam. Ao fazê-lo, a Igreja está a cumprir a missão de evangelizar, porque dá a sua primeira contribuição para a solução do urgente problema do desenvolvimento, quando proclama a verdade acerca de Cristo, de si mesma e do homem aplicando-a a uma situação concreta” (Sollicitudo rei socialis, SRS 41).

Ora, uma catástrofe climática que pode afetar a humanidade inteira sem dúvida se adequa aos critérios acima. A única razão para um Papa não se deter sobre esse tema é se fosse uma ameaça falsa. Responder a esse questionamento é o primeiro tema desenvolvida na Exortação.

Ninguém mais pode negar o aquecimento global

Hoje, a maioria esmagadora da comunidade científica mundial acredita que o aquecimento global existe e é causado principalmente pela atividade humana. Existem evidencias robustas para isso, enquanto que todas as tentativas de negá-lo ou de dar-lhe outras causas que não a ação humana não apresentam evidências favoráveis sólidas.

Francisco elenca uma série de eventos, que se tornaram muito mais evidentes nesses anos, que o demonstram: “Ninguém pode ignorar que, nos últimos anos, temos assistido a fenómenos extremos, a períodos frequentes de calor anormal, seca e outros gemidos da terra que são apenas algumas expressões palpáveis duma doença silenciosa que nos afeta a todos” (LD 5). Segundo um estudo das Nações Unidas, os desastres relacionados ao clima aumentaram 83% nos últimos anos – de 3.656 eventos, durante o período de 1980-1999, para 6.681 entre 2000-2019. As grandes inundações mais do que dobraram, o número de tempestades severas aumentou 40% e houve um grande aumento nas secas, incêndios florestais e ondas de calor. E, nos últimos anos, mesmo sem a sofisticação das análises científicas, todos nós estamos vendo essas tragédias acontecerem em nossos noticiários.

“É impossível esconder a coincidência destes fenômenos climáticos globais com o crescimento acelerado das emissões de gases com efeito estufa, sobretudo a partir de meados do século XX. A esmagadora maioria dos estudiosos do clima defende esta correlação, sendo mínima a percentagem daqueles que tentam negar esta evidência […] Os elementos naturais típicos que provocam o aquecimento, como as erupções vulcânicas e outros, não são suficientes para explicar a percentagem e a velocidade das alterações registadas nos últimos decênios” (LD 13-14). O aquecimento global é uma ameaça criada pelos seres humanos e não pode ser resolvida sem mudanças radicais em nosso modo de viver e produzir.

Não é possível, contudo, olhar para a questão climática sem dar-se conta das agudas desigualdades das sociedades humanas. “As emissões per capita nos Estados Unidos são cerca do dobro das dum habitante da China e cerca de sete vezes superiores à média dos países mais pobres” (LD 72), observa o Papa, citando um relatório das Nações Unidas. Por outro lado, as catástrofes climáticas quase sempre afetam as populações mais pobres. São elas que habitam os territórios mais sujeitos a inundações e deslizamentos de terra, que perdem o trabalho quando as lavouras são perdidas pela seca…

Apresentando alternativas viáveis

Francisco, nesse novo documento, de forma mais enfática, se reporta a propostas que tem se mostrado cada vez mais necessárias e viáveis nos últimos anos. Não se trata de fazer alarmismo em torno a previsões catastrofistas, mas sim de assumir caminhos viáveis para evitar o pior…

Do ponto de vista prático, o Papa reconhece os méritos das medidas de mitigação, que procuram retirar da atmosfera gases responsáveis pelo aquecimento global – a mais conhecida, de grande importância para o Brasil, é a política de créditos de carbono, onde países e empresas poluidoras financiam a manutenção e expansão das florestas que, com a fotossíntese, “sequestram” o gás carbônico atmosférico. Para a Amazônia, por exemplo, é uma grande alternativa de financiamento para um desenvolvimento socialmente justo e economicamente interessante. Contudo, lembra que essas medidas serão insuficientes sem mudanças mais radicais (LD 57).

Diante das ameaças do aquecimento global, o mundo precisa acelerar a substituição das fontes de energia derivadas da queima de combustíveis fósseis por fontes “limpas” (solar, eólica, hidráulica, biocombustíveis). Não se trata de um caminho utópico ou oposto ao progresso. O aperfeiçoamento e a popularização dos carros elétricos é um bom exemplo da viabilidade dessa substituição. Outro ponto, que poucos de nós sabemos, é que o Brasil já é um líder mundial no uso de fontes “limpas”. As fontes de energia limpas respondem por 83% da produção nacional. Nosso país tem uma das matrizes energéticas mais renováveis do mundo, com 48% de fontes renováveis na matriz energética, enquanto o resto do mundo tem apenas 14%.

Laudate Deum incorpora, nesse sentido, as indicações da Agência Internacional de Energia Renovável (ligada às Nações Unidas). Esse organismo internacional defende que os acordos internacionais devem chegar a propostas eficientes, vinculantes (isso é, que não dependam apenas da boa vontade dos países para serem implementadas) e facilmente monitoráveis (LD 59). O Papa, contudo, reconhece que os encontros internacionais têm ficado aquém das expectativas (LD 44ss). Por isso, defende a necessidade de redesenhar o multilateralismo (que é a cooperação entre os países, buscando o bem comum – e não a imposição de normas por um país ou organismo internacional, como alguns maldosamente imaginam). Francisco acredita que, nesse redesenho, deve crescer a importância e a pressão das organizações sociais, buscando sanar as debilidades dos governos (LD 37).

O que nos cabe?

Como o Papa irá salientar no final do documento, cabe a todos nós, sejamos católicos, professemos outras religiões ou mesmo sejamos ateus, lutar para que as mudanças necessárias aconteçam. É um imperativo moral que transcende as religiões ou as posições políticas. Nas palavras de Francisco: “Na própria consciência e pensando nos filhos que pagarão os danos das minhas ações, coloca-se a questão do sentido: Qual é o sentido da minha vida? Qual é o sentido da minha passagem por esta terra? Qual é, em última análise, o sentido do meu trabalho e do meu compromisso?” (LD 33).

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Big Bang e multiverso são religião, não ciência, diz pesquisadora

Sabine Hossenfelder, pesquisadora em física teórica e divulgadora científica - Joerg Steinmetz

Para Sabine Hossenfelder, linguagem matemática disfarça caráter mitológico de algumas teorias.

Uirá Machado

SÃO PAULO

A alemã Sabine Hossenfelder, 47, diz ter ficado um pouco deprimida depois de publicar seu primeiro livro. É que "Lost in Math" (perdidos na matemática), de 2018, torna pública a série de decepções e críticas que ela acumulou em sua área de estudos, a física teórica.

"Eu sentia que precisava escrever porque alguém tinha que falar aquelas coisas", diz em entrevista à Folha. "Mas foi uma coisa bastante negativa de fazer."

A pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados de Frankfurt, então, mergulhou em seus pensamentos para se lembrar do que a havia levado ao campo da física teórica, para começo de conversa.

Foi a vontade de entender como o mundo funciona –mas não no nível da sociedade, das pessoas ou das coisas. Ela queria ir mais fundo, até chegar às partículas a partir das quais tudo o mais é feito e que, em tese, podem explicar qualquer coisa que acontece no Universo.

Daí veio seu segundo livro, "A Ciência Tem Todas As Respostas?", que a Contexto publica agora no Brasil. Nele, Hossenfelder procura explicar de forma didática vários dos temas mais pops da física, como a origem do Universo e as teorias quânticas.

Acostumada a fazer divulgação científica em seu canal no YouTube, onde tem mais de 1 milhão de inscritos, a autora não tem dificuldade para abordar questões áridas em linguagem comum e cheia de analogias. O que ela não consegue, porém, é deixar a crítica de lado.

"Muitos divulgadores científicos tentam deslumbrar as pessoas, especialmente na cosmologia. Tudo sobre início do Universo e teorias quânticas é cheio de ‘uau!’, de grandes mistérios", diz.

"Mas acho que as pessoas ficam em parte confusas e em parte decepcionadas quando descobrem que quase tudo isso é bobagem. E eu quero que as pessoas saibam a verdade. Quero que saibam o que realmente está acontecendo na física, o quanto sabemos e o que é blablablá."

Big Bang? Blablablá. Multiverso? Blablablá.

Ou, para usar a formulação chique do livro: "Isso não é ciência. É religião mascarada de ciência sob o disfarce da matemática".

A autora argumenta que, em muitos campos de pesquisa, ainda não existem dados suficientes para que os estudiosos cheguem a uma conclusão; em tantos outros, como o passado mais remoto, talvez nunca seja possível fazer observações capazes de sustentar uma hipótese.

Em qualquer um desses casos, diz ela, o que os pesquisadores estão fazendo quando defendem certas teorias nem pode ser chamado de ciência, pela impossibilidade de as evidências mostrarem se as teorias estão certas ou erradas.

"Mas não é como se tudo fosse bobagem", diz na entrevista. "Há algumas boas pesquisas em andamento e há grandes questões sobre o quanto realmente podemos descobrir. Deveríamos falar sobre isso de forma honesta, deixando claro o que a ciência pode descobrir e o que não pode."

Hossenfelder sabe que suas críticas duras não fazem amigos e, pior, têm sido usadas por inimigos da ciência para reforçar o negacionismo. Como se fosse possível apontar para ela e dizer: "Tá vendo, ciência é tudo besteira!".

"Não sei se há algum jeito de consertar isso. Não importa o que você faça, sempre haverá pessoas que tiram conclusões precipitadas e atribuem opiniões a você. O melhor que posso fazer é explicar que há sutilezas", diz.

Não só ela deveria tomar cuidado; na verdade, ela acha que os pesquisadores é que deveriam ser mais claros com o público quanto aos limites de seus estudos.

Qual a chance de isso acontecer? Deve ser quase zero. Hossenfelder afirma que os cientistas dessas áreas mais fundamentais tendem a negar a existência de qualquer viés em suas pesquisas, como se a objetividade de uma partícula pudesse eliminar a subjetividade de quem a estuda.

"Acho preocupante, especialmente na física, as pessoas dizerem: ‘Somos completamente racionais e estamos apenas falando sobre como o mundo é’. Eu penso: ‘Você não tem ideia de como o cérebro humano funciona’", afirma.

Até aspectos aparentemente distantes do laboratório podem influenciar decisões sobre a pesquisa, diz ela; se a imprensa, o cinema, a comunidade toda está falando de um tema, mais gente vai se animar com aquele caminho específico, mesmo que seja um beco sem saída.

O viés também pode funcionar às avessas. Mulher num campo masculino –cerca de 95% dos inscritos em seu canal são homens—, ela sempre se sentiu menos integrada aos demais.

"Isso pode ser parte da razão pela qual tenho olhado as coisas de um jeito um pouco diferente. Ou será apenas coincidência? Quem sabe?"

O que ela sabe é que não gosta ser chamada para eventos pelo simples fato de ser mulher; prefere que seu nome venha à mente dos organizadores pelos méritos de sua pesquisa, e não porque queiram algum equilíbrio de gênero na mesa.

Ela conta que, mais de uma vez, disseram de forma explícita que ela estava sendo convidada por ser mulher.

"Agora que penso nisso, esses convites tendem a vir do Brasil... Não leve para o lado pessoal, pode ser apenas uma coincidência", diz Hossenfelder. "Não acho isso particularmente lisonjeiro. Na verdade, é meio um insulto."

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/

Deve-se seguir sempre a consciência? (Parte 2)

(Crédito: Presbíteros)

Deve-se seguir sempre a consciência?

Por Robert Spaemann

Não há consciência sem disposição a formá-la e a informá-la. Um médico que não está atualizado sobre os avanços da medicina, atuará sem consciência. E o mesmo quem fecha olhos e ouvidos às observações de outros que lhe fazem fixar-se em aspectos do seu proceder, que talvez esse não tenha notado. Sem tal disposição, só em casos limites se poderá falar de consciência. Mas também o segundo movimento pertence à consciência; por ele, volta de novo o indivíduo a si mesmo. Se, como dizia, o indivíduo é potencialmente o universal, inclusive um todo de sentido, então não pode abdicar em outros sua responsabilidade, nem nos costumes do tempo, nem no anonimato de um discurso de intercâmbio de razões e de contrarrazões. Naturalmente que pode unir-se à opinião dominante, coisa que inclusive é razoável na maioria das ocasiões. Mas é totalmente falso reconhecer-lhe consciência só a quem se aparta da maioria. Não obstante, é certo que, no final das contas, é o indivíduo quem goza de responsabilidade; pode obedecer a uma autoridade e ainda ser isso o correto e o razoável; mas é ele mesmo, afinal a quem deve responder da própria obediência. Pode tomar parte num diálogo e calcular os prós e contras, mas razões e contrarrazões não têm fim, enquanto que a vida humana, pelo contrário, é finita. É necessário atuar antes de que se produza um acordo mundial sobre o reto e o falso. É, pois, o indivíduo que deve decidir quando acaba o interminável calcular e finalizar o discurso, e quando procede, com convicção, atuar.

À convicção com a qual termina nosso discurso é denominada consciência, que nem sempre possui a certeza de fazer objetivamente o melhor. O político, o médico, o pai ou a mãe, nem sempre sabem com certeza se o que aconselham ou fazem é o melhor, atendendo ao conjunto das suas conseqüências. O que sim podem saber é que essa é a melhor solução possível num determinado momento e de acordo com os seus conhecimentos; isso basta para uma consciência certa, pois já vimos que o que justifica uma ação não está de nenhuma maneira, nem pode estar, no conjunto das suas conseqüências.

Na consciência parece que nos dirigimos por completo a uma direção externa; mas o fazemos realmente? Apresenta-se aqui uma importante objeção. Como entrou em nós esse instrumento que nos guia? Quem o programou? Não é realmente essa direção interna somente um controle remoto que procede de atrás, do passado? Esse timão foi programado por nossos pais. Possuímos, interiorizadas, as normas que nos inculcaram na infância e que tivemos que obedecer. E as ordens que nos deram foram trocadas em ordens que nos damos a nós mesmos.

Em relação com o que estamos dizendo Sigmund Freud cunhou o conceito de “super ego”, que, junto ao assim chamado “Id” e ao “eu” (Ego), formam a estrutura da nossa personalidade. O “super ego” é, por assim dizer, a imagem do pai interiorizada; o pai em nós… Em Freud este pensamento não tinha ainda o caráter de denúncia que na crítica social neomarxista tem o discurso sobre a interiorização das normas de domínio. Freud, como psico-analista, observou que o “eu” se forma somente baixo a direção do “super eu”, e se libra no “id” da sua prisão na esfera dos instintos. Certo que para chegar a um “eu” verdadeiro deve-se liberar também do poder do “super eu”.

No que diz respeito, entretanto, às descrições de Freud é falso equiparar sem mais o que chamamos consciência com o “super eu” e entendê-la como um puro produto da educação. Isso não pode ser exato, porque os homens sempre se voltam contra as normas dominantes numa sociedade, contra as normas em meio das quais cresceram, inclusive ainda quando o padre seja um representante dessas normas. Freqüentemente pode ocorrer que detrás não esteja mais do que o impulso de emancipação do “eu”, o simples reflexo de querer ser de outra forma. Mas esse reflexo não é a consciência, como também não é o reflexo de acomodação.

Entretanto, na história daqueles que atuaram ou se negaram a fazê-lo em consciência, se pode ver que eram homens que de nenhum modo estavam inclinados de antemão à oposição, à dissidência; mas sim homens que teriam preferido certamente cumprir seus deveres diários sem levantar a cabeça. “Um fiel servidor do meu rei, mas antes de Deus”, era a máxima de Tomás Moore, Lorde Chanceler de Inglaterra, que fez todo o possível para não opor-se ao rei e evitar assim um conflito; até que descobriu algo que não se podia conciliar em absoluto com sua consciência. Não lhe guiava nem a necessidade de acomodação nem a da rejeição, mas o pacífico convencimento de que há coisas que não se pode fazer. E esta convicção estava tão identificada com seu “eu” que o “não me é lícito” se transformou num “não posso”.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Sessão Solene em homenagem a Nossa Senhora Aparecida

Sessão Solene na Câmara Legislatica de Brasília (arqbrasilia)

Câmara Legislativa do Distrito Federal realiza Sessão Solene em homenagem a Nossa Senhora da Conceição Aparecida

A manhã desta sexta-feira (06/10), foi marcada por muita emoção e alegria na Sessão Solene em celebração ao Dia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, realizada na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

06 de outubro de 2023

Em um gesto de profunda fé, amor e devoção, a Sessão Solene em homenagem a Nossa Senhora da Conceição Aparecida contou com a presença do Bispo Auxiliar de Brasília, Dom Antonio Aparecido, deputados, padres, freiras, leigos consagrados e devotos.

“A devoção a Nossa Senhora Aparecida em Brasília não é apenas uma expressão de fé, mas também um elemento unificador em uma cidade que acolhe pessoas de todas as partes do país. Ela simboliza a conexão entre os diversos estados e regiões que compõem o Brasil e serve como um lembrete de nossa herança cultural e religiosa compartilhada. Além disso, a presença de Nossa Senhora Aparecida em Brasília inspira a compaixão e o serviço à comunidade. Muitas instituições de caridade e organizações religiosas em Brasília têm o compromisso de ajudar os necessitados em nome da Padroeira. Isso ressalta a importância não apenas da fé, mas também da solidariedade e da responsabilidade social. A Mãe Aparecida é uma figura sagrada que une o povo brasileiro em uma fé comum. Ela nos lembra de nossa identidade nacional e nos inspira a viver de acordo com os valores de compaixão e serviço. Que possamos continuar a honrar Nossa Senhora Aparecida e a fortalecer os laços que unem nosso país e nossa capital”, destacou o Bispo Dom Antonio Aparecido.

A Sessão solene foi organizada pelo presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o Deputado Distrital Wellington Luiz, e pelo Presidente da Frente Parlamentar Católica da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Deputado Distrital João Cardoso.

“Com muito orgulho nós realizamos essa Sessão Solene para homenagear Nossa Senhora, que é mãe de Jesus e nossa Mãe. Pedimos que Ela sempre nos conduza”, comentou o Deputado Wellington Luiz. “Temos realizado esse trabalho de união dentro da Câmara Legislativa. Fico muito feliz com a realização dessa Sessão Solene de Nossa Senhora Aparecida. O nosso trabalho é para servir, como Cristo serviu a todos”, destacou o Deputado Distrital João Cardoso.

Durante a Sessão Solene, padre Agenor Vieira de Brito, pároco da Catedral Metropolitana de Brasília e coordenador Pastoral da Arquidiocese de Brasília, contou a sua íntima experiência com Nossa Senhora Aparecida enquanto seminarista, quando esteve na Basílica, em São Paulo.

“Passei o dia todo na Basílica rezando e pedindo a Nossa Senhora Aparecida um sinal, se era mesmo para que eu me torna-se sacerdote, uma vez que havia passado em alguns concursos públicos e estava com algumas dúvidas em relação ao meu chamado vocacional. Saindo da Basílica no fim da tarde, fui em direção à praça de alimentação. No meio do caminho, encontrei com um peregrino daqui de Brasília que me conhecia. Conversamos um pouco e ele saiu para ir ao banheiro e disse que voltaria para me encontrar na fila da lanchonete. Quando ele voltou, chegou com um embrulho e disse que queria me entregar aquele presente. Eu tinha passado um ano no seminário pedindo a Nossa Senhora Aparecida um sinal, para me ajudar a entender se era mesmo da vontade de Deus que eu pedisse a Ordenação. Quando abri o presente, era uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. O peregrino olhou para mim e disse: Ela quer fazer parte do seu Ministério Sacerdotal. A partir desse momento, eu entendi a resposta que tanto pedi em minhas orações “, testemunhou padre Agenor.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF