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quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Santo Agostinho, fonte de inspiração para Leão XIV

TIZIANA FABI | AFP / Public Domain - Collage by Aleteia

Cyprien Viet - publicado em 27/08/25

Desde o início de seu pontificado, Leão XIV fez numerosas referências a Santo Agostinho, bispo de Hipona. Este Padre da Igreja, marcado pela experiência de uma conversão radical aos 32 anos, estruturou uma teologia cristã voltada para a aceitação da graça divina.

“Sou filho de Santo Agostinho”: essas palavras de Leão XIV, pronunciadas já em sua primeira aparição na sacada da Basílica de São Pedro, na tarde de sua eleição, marcaram o tom de um pontificado “agostiniano”, assim como o de Francisco foi “ignaciano”. Robert Francis Prevost, que foi Prior Geral da Ordem de Santo Agostinho de 2001 a 2013, forjou sua vocação e sua trajetória à sombra desse Padre da Igreja, que marcou de forma duradoura o pensamento cristão, insistindo na fé, na graça divina e na conversão.

A partir do século XIX, a formação do clero tendeu a centrar-se em São Tomás de Aquino, cuja concepção da relação entre fé e razão se inspira na filosofia grega, em particular em Aristóteles. No pensamento tomista, a observação da natureza e o conhecimento da história devem conduzir a uma ética virtuosa e a uma demonstração racional da existência de Deus.

Santo Agostinho, que não era propriamente helenista, deu maior ênfase à experiência da Revelação e da conversão, na perspectiva da união com o divino. Marcado pelas invasões bárbaras e pelo colapso das instituições herdadas do Império Romano, propôs uma concepção da história que revela uma luta dramática entre a Cidade de Deus e a cidade terrena.

De Tomás a Agostinho, uma nova inflexão teológica

O magistério dos papas contemporâneos geralmente seguiu o quadro tomista, com a notável exceção de Bento XVI, que defendeu uma tese sobre Santo Agostinho quando era ainda um jovem sacerdote, em 1953. Em várias ocasiões, ele destacou seu afeto por esse Padre da Igreja. “Quando leio seus escritos, nunca tenho a impressão de que sejam de um homem que morreu há 16 séculos. Encontro um homem contemporâneo, um amigo que me fala, que nos fala, com uma fé fresca e absolutamente atual”, afirmou Bento XVI durante uma catequese em 2008.

Leão XIV poderia, sem dúvida, ecoar essas palavras do Papa alemão, tamanha foi a influência de Santo Agostinho em seu pensamento e em seus discursos. Em 12 de maio, durante seu primeiro encontro com o mundo da comunicação, o novo Papa confidenciou que “não pode haver comunicação e jornalismo fora do tempo e da história”, retomando a célebre citação de um discurso de Santo Agostinho: “Vivamos bem, e os tempos serão bons. Nós somos os tempos.”

Os “tempos” deste novo pontificado se abrem, portanto, com um tom agostiniano que promove a unidade. “A Igreja é formada por todos aqueles que estão em harmonia com seus irmãos e que amam o próximo”, disse Leão XIV, citando um sermão de Santo Agostinho em sua Missa de Investidura, no dia 18 de maio. O objetivo do novo Papa era promover “uma Igreja fundada no amor e sinal de unidade”.

No dia 19 de maio, em seu discurso aos delegados de outras Igrejas e religiões que haviam participado de sua Missa de instalação no dia anterior, Leão XIV retomou o significado de seu lema: In Illo uno unum, uma expressão de Santo Agostinho de Hipona que significa: “No Uno — isto é, Cristo — somos um.”

Em 21 de junho, em seu discurso por ocasião do Jubileu dos Líderes Políticos, o Papa reiterou a importância da liberdade religiosa e do diálogo inter-religioso, sublinhando que “a crença em Deus, com os valores positivos que dela derivam, é uma imensa fonte de bem e de verdade na vida das pessoas e das comunidades”. Ele se apoiou na Cidade de Deus de Santo Agostinho, “uma sociedade em que a caridade é a lei fundamental” e para a qual o homem deve passar do “amor egoísta a si mesmo, fechado e destrutivo” ao “amor gratuito, enraizado em Deus e que conduz ao dom de si mesmo”.

Amar a Igreja

Dirigindo-se ao clero de Roma em 12 de junho, Leão XIV também se inspirou em Santo Agostinho para lançar este vibrante apelo aos sacerdotes da capital italiana:

“Amem esta Igreja, vivam nela, formem-na tal como ela acaba de lhes aparecer (…). Rezem também pelas ovelhas dispersas, para que também elas retornem, para que também elas reconheçam e amem a verdade, para que haja um só rebanho e um só pastor.”

O atual Prior Geral dos agostinianos, padre Alejandro Moral Antón, destacou em uma entrevista que três palavras essenciais resumem a espiritualidade agostiniana: a busca da verdade, a prática da caridade e a unidade. Agostinho também falou muito da interioridade, afirmando que Deus é “mais íntimo que a intimidade de mim mesmo”. O religioso, que sucedeu o padre Prevost em 2013, acredita que “o Papa Leão XIV traz com força essas dimensões espirituais, algo de que a Igreja tem grande necessidade hoje”.

Essa teologia agostiniana também dá um lugar importante às emoções: ao deixar escapar algumas lágrimas, especialmente quando recebeu o Anel do Pescador durante sua Missa de instalação em 18 de maio, Leão XIV seguia, de certo modo, os passos de Santo Agostinho, às vezes apelidado de “Doutor das Lágrimas”. A dimensão da “graça das lágrimas” está muito presente em seus escritos, sobretudo nos de sua mãe, Santa Mônica, que rezou intensa e dolorosamente pela conversão do filho.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/08/27/santo-agostinho-fonte-de-inspiracao-para-leao-xiv/

A dor do Papa pelo tiroteio em uma escola católica nos EUA: duas crianças mortas

Igreja Católica de Minneápolis (Vatican News)

Em um telegrama assinado pelo cardeal Secretário de Estado Parolin, Leão XIV expressa condolências pela "terrível tragédia" ocorrida em Minneapolis, nos Estados Unidos. O ataque aconteceu enquanto era celebrada a Missa na igreja localizada dentro do complexo escolar. Os disparos através das janelas resultaram na morte de duas crianças e deixaram 17 pessoas feridas.

Vatican News

O Papa Leão XIV recebeu “com profunda tristeza” a notícia do tiroteio ocorrido na Igreja Católica da Anunciação, em Minneapolis. Assim se lê no telegrama, assinado pelo cardeal Secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, enviado pelo Pontífice ao arcebispo de Saint Paul e Minneapolis, dom Bernard Hebda. Até o momento, o balanço da tragédia é de duas vítimas — ambas crianças de 8 e 10 anos — e 17 feridos, entre eles outras 14 crianças, das quais sete estão em estado grave. O homem que abriu fogo, disparando através das janelas contra as crianças sentadas nos bancos da igreja durante a Missa, dentro do complexo escolar, teria em seguida tirado a própria vida.

Oração por quem chora "a perda de um filho"

O Papa, diz o texto, “exprime suas mais sentidas condolências, juntamente com a garantia de sua proximidade espiritual a todos os atingidos por esta terrível tragédia”, de modo especial às famílias “que agora choram a perda de um filho”. Leão XIV “confia as almas das crianças falecidas ao amor de Deus onipotente” e assegura sua oração “pelos feridos, assim como pelos socorristas, profissionais da saúde e membros do clero que cuidam deles e de seus entes queridos”.

Bênção à comunidade local

O telegrama conclui-se com a Bênção Apostólica concedida por Leão XIV à comunidade da "Annunciation Catholic School", à Arquidiocese de Saint Paul e Minneapolis e a todos os habitantes da área metropolitana de Twin Cities, como “penhor de paz, fortaleza e consolação no Senhor Jesus”.

O atentado

Na manhã desta terça-feira, 27 de agosto, um homem abriu fogo contra fiéis reunidos para a missa de início do ano letivo na Igreja Católica da Anunciação, em Minneapolis, que abriga também uma escola frequentada por crianças da educação infantil ao ensino fundamental. O ataque, cujo motivo ainda é desconhecido, deixou duas crianças mortas, de 8 e 10 anos, e outras 14 feridas, seis delas hospitalizadas em estado grave; o autor teria se suicidado após o crime. A tragédia abalou a comunidade local e levou o governador do Minnesota, Tim Walz, a declarar solidariedade e pedir orações pelas vítimas, enquanto o presidente Donald Trump afirmou que o FBI já está acompanhando o caso e convidou a população a se unir em oração. O episódio ocorre em meio a um cenário de crescente violência armada em Minneapolis, onde, apenas nas 12 horas anteriores, a polícia havia registrado outros 12 tiroteios, com saldo de oito feridos e três mortos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Programação 14ª Jornada de Portas Abertas

14ª Jornada de Portas Abertas (rmater)

Programação 14ª Jornada de Portas Abertas

27 de agosto de 2025

29, 30 e 31 de agosto de 2025 – Seminário Redemptoris Mater de Brasília

Três dias de fé, música, cultura, gastronomia e solidariedade! A Jornada de Portas Abertas é o momento em que abrimos não apenas as portas do nosso Seminário, mas também os corações para receber você e sua família em um encontro único que une evangelização e alegria.
Toda a renda arrecadada é destinada à formação de novos sacerdotes missionários, que levarão a Boa Nova aonde Deus enviar.

A Grande Estreia – Sexta-feira, 29/08

  • Sexta-feira (29/08) – 19h15 às 23h30

Este ano, a festa começa com uma novidade especial: nossas barraquinhas gastronômicas já estarão abertas na sexta-feira!

E para entrar no clima, teremos a aguardada Festa dos Anos 80, com o espetáculo de Marco Presley & Elvis Tribute Band e a energia da Banda Skema 6 e no palco principal.

 A partir das 19h30 – Barraquinhas com comidas típicas, boa música e muita diversão!
 Não esqueça: cadastre-se para participar do sorteio de uma Air Fryer Digital de 7 Litros da marca WAP.

Link para o cadastro do sorteio:
https://www.sympla.com.br/evento/ticket-do-sorteio-na-festa-dos-anos-80-14-edicao-da-jornada-de-portas-abertas/3059379

Sábado, 30/08

  • Sábado (30/08) – 16h30 à meia-noite

O segundo dia é repleto de cultura, espiritualidade e sabor:

  • Café Colonial – Uma experiência gastronômica única, com variedades doces e salgadas, servida com todo carinho. Evento à parte. [Link para ingressos]
  • Missa Campal – Um momento de encontro com Deus, celebrando a fé em comunidade.
  • Apresentações Culturais – Músicas e performances no palco principal, incluindo Twolips (Jazz & Blues) e Ana Reis e Banda.
  • Apresentação do Coral do Seminário.
  • Barraquinhas abertas desde a tarde para aproveitar cada momento.

Domingo, 31/08

  • Domingo (31/08) – 8h30 às 21h00

O domingo é pensado para toda a família e com atenção especial aos pequenos:

  • Atividades Infantis – Fazendinha, brinquedos e o encantador Show de Mágica com o Tio AndréAmiguinhos do Som e Cia Fábula Teatral.
  • Missa Campal , Oração da Manhã (Laudes) e Oração da Tarde ( Vésperas) – Momentos de oração e comunhão com a veneração do Lignum Crucis e adoração ao Santíssimo.
  • Churrasco na Barca – Almoço especial para reunir amigos e familiares. Evento à parte.
    Compre sua barca agora:
    https://jpa.rmater.org.br/CompraAntecipada
  • Apresentações culturais – Música, teatro e apresentações artísticas ao longo do dia, como Andreza MarquesSamba NossoOrquestra Pizindim e Ricco e Rony
  • Encerramos com a apresentação do Coral do Seminário e o aguardado Sorteio Surpresa.

Café Colonial

Além da programação musical e cultural da Jornada de Portas Abertas , nosso famoso Café Colonial continua marcando presença em evento a parte.

Na sexta-feira, 22 de agosto, durante o pré-jornada, o público poderá participar de uma noite exclusiva de Café Colonial, com delícias artesanais preparadas especialmente para a ocasião, num ambiente acolhedor e festivo.

Já no sábado, 30 de agosto, durante a programação oficial da Jornada, haverá novamente o tradicional Café Colonial, reunindo sabores caseiros e o clima familiar que marcam o evento.

Clique aqui e compre seu convite para o Café Colonial:
https://convites.rmater.org.br/

 Programe-se:

  • Sexta-feira (29/08) – 19h15 às 23h30
  • Sábado (30/08) – 16h30 à meia-noite
  • Domingo (31/08) – 8h30 às 21h00

 Local: Seminário Redemptoris Mater de Brasília
 Alguns eventos possuem ingressos à parte, com vendas online pelos links acima.

Venha viver três dias que unem fé, família, música, sabor e solidariedade.
Esperamos você de braços e corações abertos!

Fonte: https://www.rmater.org.br/programacao-14a-jornada-de-portas-abertas/

“Para vocês eu sou bispo, com vocês eu sou cristão”

Dom Luciano Mendes de Almeida | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº 09 - 2006

DOM LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

“Para vocês eu sou bispo, com vocês eu sou cristão”

Em 27 de agosto, festa de Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, faleceu em São Paulo, Brasil, Dom Luciano Mendes de Almeida, uma das figuras mais conhecidas e estimadas da Igreja latino-americana, figura significativa do episcopado brasileiro e do desenvolvimento democrático e social do país. Estas páginas homenageiam o Cardeal Geraldo Majella Agnelo, presidente da Conferência Episcopal Brasileira.

do Cardeal Geraldo Majella Agnelo

Na última quarta-feira, em Mariana (Minas Gerais), nos despedimos definitivamente de Monsenhor Luciano Pedro Mendes de Almeida SJ, durante a missa que celebramos em seu eterno descanso.

Suas últimas palavras antes de entrar em coma foram: "Deus nos criou por amor, e Ele sabe o que é melhor para nós. Coloco minha vida em Suas mãos."

Em seu serviço à Igreja, Luciano Mendes, nascido em 1930 em uma família tradicionalmente católica no Rio de Janeiro, beneficiou-se de uma sólida formação na Companhia de Jesus, ordem na qual se tornou padre em 1958. Adquiriu sólida formação em filosofia, teologia e humanidades. Doutorou-se em Filosofia Tomista pela Universidade Gregoriana de Roma. Durante o mesmo período, dedicou-se à pastoral carcerária.

Chamado ao episcopado pelo Papa Paulo VI, Monsenhor Luciano foi designado em 1976 para a Região Belém, em São Paulo, como bispo auxiliar do Cardeal Paulo Evaristo Arns. Em 1988, foi eleito para a Arquidiocese de Mariana, onde, "Em Nome de Jesus", seu lema episcopal, dedicou-se integralmente por dezoito anos e três meses, ou seja, até sua morte.
Aqueles que conviveram com ele, na CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e nas múltiplas atividades de seu ministério episcopal, tiveram a nítida impressão de um homem totalmente imbuído de Deus, que vivia continuamente em Sua presença. Um contemplativo em ação.

Da Eucaristia e das vigílias noturnas, Monsenhor Luciano extraía forças para sua atuação decisiva e incansável como bispo, como membro da diretoria da CNBB e como defensor dos pobres. Seu zelo pela Igreja e pela humanidade era alimentado por uma intensa vida de oração, sua identificação afetiva com Jesus Cristo, sua devoção a Maria e sua caridade pastoral.

Membro da diretoria da CNBB por dezesseis anos, Monsenhor Luciano foi um incansável promotor da unidade episcopal e um motor da renovação pastoral de nossa Igreja. Grande inspirador de iniciativas pastorais, ele incentivava o diálogo como forma de buscar acordos entre posições que pudessem parecer inconciliáveis.

Seu segredo estava em insistir na unidade em questões essenciais, promovendo o respeito às legítimas diferenças e praticando a caridade e o respeito mútuo em todas as coisas. Ele tinha uma memória prodigiosa e conseguia se lembrar dos nomes de pessoas que não via há muito tempo. Todos se sentiam acolhidos por ele. Sempre encontrava algo de bom nas ideias de seus interlocutores e buscava aprimorá-las.

Homem de síntese e de formulações precisas, soube articular uma multiplicidade de propostas e sugestões. Esse carisma foi muitas vezes decisivo na elaboração de textos e declarações que marcaram a Igreja de forma profética, mesmo durante o regime militar e nos grandes debates em defesa da vida desde a concepção até a morte natural, de sua dignidade, justiça e paz, da proteção da natureza e do meio ambiente, e da luta contra a pobreza e a exclusão.

Monsenhor Luciano interessava-se por todas as questões relativas à fé, à vida, à saúde e ao bem comum, no Brasil e no mundo. Destaco alguns desses temas, verdadeiras paixões de seu coração apostólico.

Sua primeira paixão foram os pobres, todos os pobres e sofredores, especialmente as crianças e meninas de rua. Como bispo auxiliar de São Paulo, na Região Belém, organizou centenas de casas de acolhimento para menores e pessoas em situação de rua. Muitas vezes, logo cedo pela manhã, saía para reunir crianças e mendigos, conversar com eles e levá-los a um desses centros.

Em consonância com essa paixão, Dom Luciano amava apaixonadamente a Igreja, um amor manifestado por meio de uma fidelidade profunda e, às vezes, dolorosa, devido a incompreensões, fraquezas e limitações humanas, tanto suas quanto alheias. Colocou seus carismas a serviço dessa Igreja, com sua presença ativa e esclarecedora em reuniões e conferências, liderando retiros espirituais e mediando em situações difíceis.
Outra de suas paixões era a comunicação e a evangelização por meio da mídia. Ele é o grande responsável pela criação da primeira rede de televisão católica, a Rede Vida , para a qual trabalhou muitas noites e bateu em muitas portas. Ele não conseguia entender por que a Igreja no Brasil, além do rádio e dos jornais, não tinha também sua própria rede de televisão. Desde 1983, Monsenhor Luciano escrevia um artigo semanal no jornal Folha de S. Paulo . Nos compromissos aos quais dedicou sua vida, Monsenhor Luciano sempre manteve a mesma abordagem que lhe rendeu o amor e a admiração de todos que o conheceram: gentil em suas palavras, firme em seus princípios e forte em suas ações. É assim que queremos recordá-lo. Louvado seja Deus pelo grande presente que a vida e a obra de Monsenhor Luciano Mendes de Almeida foram para a Igreja e para o mundo.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Padre no DF faz campanha de reciclagem para construir igreja

Padre Matias (Vatican News)

Iniciativa do padre Matias une fé, criatividade e cuidado com o meio ambiente, em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2025 e a encíclica Laudato si’.

Vatican News

Um padre que coleta latinhas para construir uma igreja. A imagem, que poderia parecer inusitada, tem ganhado repercussão nas redes sociais e chamado a atenção pela força simbólica e pastoral da ação. A iniciativa é do padre Matias, administrador paroquial da Paróquia São Francisco de Assis, localizada na região administrativa de Água Quente, no Distrito Federal.

Sem templo próprio e enfrentando limitações financeiras, o sacerdote deu início a uma campanha de arrecadação de materiais recicláveis, em especial latinhas de alumínio, com o objetivo de levantar recursos para as obras da futura igreja. O gesto simples se tornou um exemplo concreto de mobilização comunitária, criatividade pastoral e responsabilidade socioambiental.

Padre Matias (Vatican News)

A proposta está em sintonia com o tema da Campanha da Fraternidade de 2025 — “Fraternidade e Ecologia Integral: cuidar da criação é cuidar da vida” — e com os ensinamentos da encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco. Publicado em 2015, o documento papal convida todos os cristãos a assumirem o compromisso com uma ecologia integral, que una o cuidado com a natureza, a justiça social e a vivência da fé.

“Não há duas crises separadas, uma ambiental e outra social, mas uma única e complexa crise socioambiental”, alerta o Papa na Laudato Si’ (n. 139).

A campanha liderada por padre Matias tem conquistado apoio da população local e viralizado nas redes sociais. Com bom humor e linguagem acessível, o sacerdote grava vídeos incentivando a doação de latinhas e explicando como o valor arrecadado será revertido na construção da igreja.

Natural de João Pinheiro (MG), padre Matias foi ordenado em 2011 e possui formação em filosofia e teologia pela Faculdade de Teologia de Lugano, na Suíça. Atuou em missões no Brasil, foi capelão em um santuário em Avignon, na França, e desde 2021 exerce seu ministério em Brasília. Em junho de 2024, assumiu a administração paroquial da comunidade de Água Quente, a pedido do Arcebispo, o cardeal Paulo Cezar Costa.

Com espiritualidade marcada pela simplicidade e pelo zelo pelas “coisas de Deus”, o sacerdote tem como inspiração Santa Teresinha do Menino Jesus, e busca, em suas palavras, “servir com alegria e usar a criatividade para fazer a vontade de Deus”.

Ao transformar a coleta de latinhas em ferramenta de evangelização e construção comunitária, padre Matias oferece um testemunho coerente com os desafios da Igreja no século XXI: evangelizar com os pés no chão, os olhos voltados para o próximo e o coração aberto à criação.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Cinco conselhos da mãe de santo Agostinho para que a família volte à fé

Capa de "O Clube de Santa Mônica" | Sophia Institute Press

Por Redação central*

27 de ago. de 2025

A autora católica Maggie Green oferece em seu livro The Saint Monica Club (O Clube de Santa Mônica) cinco conselhos para quem, como a mãe de santo Agostinho, enfrenta a dor de ter familiares afastados da fé.

A piedade e a oração contínua de santa Mônica, cuja festa é hoje (27) , levou à conversão do seu marido e da sua sogra, permitiu a entrada de dois filhos na vida religiosa e que o seu filho Agostinho chegasse a ser Doutor da Igreja

Abaixo, os conselhos de Green, inspirados na fé de santa Mônica, para esperar em Cristo por todos os familiares que estão distantes da fé.

1. Rezar sem cessar

“Preparem os santos, preparem os seus anjos da guarda, peçam às santas almas do purgatório; peçam às almas dos mortos que vocês conheceram que rezem para que esses pródigos sejam considerados merecedores das promessas de Cristo”, são as primeiras recomendações de Green.

2. Oferecer jejum e sacrifícios

Segundo a autora, santa Mônica dava esmolas e oferendas até que lhe dissessem que não, “e fez dessa obediência também uma oferta”. Por isso, seu conselho é oferecer até mesmo algo pequeno, como indício de que a sua vontade se “molda” à de Deus no ordinário, “em expiação dos pecados que ofendem a Deus”.

3. Amar seu filho pródigo

“Coma com eles, ore na presença deles, gostem ou não, e esteja totalmente presente e autenticamente fiel. Não deixe de se revestir de Cristo na sua presença, mas mostre Cristo na sua presença pela forma como você os acolhe”, diz a autora.

4. Pedir a outras pessoas para que rezem com você por eles

Isto deve ser feito, diz Green, "mesmo que não saibam que o ente querido está longe da fé", porque "cada um de nós que reza por outro revela a nossa confiança em que Deus ouve as nossas orações e procura curar aqueles que amamos independentemente do que pedimos".

5. Persistir

Green conclui dizendo que os membros do clube de Santa Mônica “entendem que Deus usa nossas vidas para encantar cada alma, e que nenhum momento – nenhum segundo de devoção, oração, amor, sacrifício ou serviço – é desperdiçado”.

“Nunca devemos desanimar, porque sempre sabemos que Deus deseja mais do que nós a sua companhia no grande banquete”, diz ela.

*A Agência Católica de Informação - ACI Digital, faz parte das agências de notícias do Grupo ACI, um dos maiores geradores de conteúdo noticioso católico em cinco idiomas e que, desde junho de 2014, pertence à família EWTN Global Catholic Network, a maior rede de televisão católica do mundo, fundada em 1981 por Madre Angélica em Irondale, Alabama (EUA), e que atinge mais de 85 milhões de lares em 110 países e 16 territórios.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/56024/cinco-conselhos-da-mae-de-santo-agostinho-para-que-a-familia-volte-a-fe

Primeira paróquia dedicada a Carlo Acutis celebra canonização

Carlo Acutis  (Gerhard Pulsinger (Pfarre Wolfsberg)) | Vatican News

De 2 a 7 de setembro de 2025, o campus da Ítalo vai estar em festa com a cerimônia de canonização de Carlo Acutis. Para a ocasião, a Paróquia Universitária Beato Carlo Acutis, que é a primeira no mundo dedicada a ele, localizada no campus da Ítalo, preparou uma intensa programação que inclui missas, festa com temática italiana e shows de bandas católicas.

Vatican News

Festa da Canonização terá início no dia 2 de setembro (terça-feira), com a pré-estreia de “Carlo Acutis, o Filme”, pela produtora Lumine, no Teatro Ítalo Brasileiro, em dois horários (10h e 19h30). Baseado no relato de Rajesh Mohur, ex-mordomo da família Acutis, o filme, no estilo documentário, contém gravações nas cidades italianas de Milão e Assis. Mohur se converteu ao catolicismo inspirado pelo exemplo de vida do jovem. A produção também teve acesso a objetos pessoais de Carlo e entrevistas com pessoas próximas ao beato.

Capela Carlo Acutis – ÍTALO (Vatican News)

Após a exibição do filme, será aberta a Exposição Carlo Acutis, com instalações artísticas mostrando detalhes e outros aspectos da vida do jovem santo, que permanecerá até o dia 7, no horário de 10h às 22h. Nos dias 5, 6 e 7 de setembro, acontece ainda o Tríduo da Canonização, com a celebração de missas solenes, barracas com comidas italianas e shows católicos. Na sexta, dia 5, a programação tem início com uma missa, às 19h, seguida de Festa Italiana. No dia seguinte, 6 (sábado), a missa será celebrada ao meio-dia e, à tarde, haverá show com banda católica.

No dia 7 de setembro, domingo, haverá a transmissão da solenidade de canonização, presidida pelo Papa Leão XIV, diretamente do Vaticano, às 5h da manhã. Às 10h, haverá missa solene, celebrada por Dom José Negri, bispo da Diocese de Santo Amaro, na Paróquia Universitária que passará a se chamar São Carlo Acutis.

Carlo Acutis (Vatican News)

UM SANTO PARA A JUVENTUDE ATUAL

Carlo Acutis foi um jovem italiano que nasceu em Londres, mas cresceu em Milão (Itália). Ele gostava de videogames e de criar sites na internet, mas também era apaixonado pela Eucaristia e por Nossa Senhora. Sua vida, desde muito cedo, foi um testemunho de vivência da fé católica.

Carlo Acutis (Vatican News)

Aos sete anos, fez sua primeira comunhão e, desde então, assistia à missa todos os dias. Também rezava o rosário diariamente e demonstrava seu amor aos necessitados, doando roupas e alimentos. Com seu conhecimento de informática, criou um site dedicado a mostrar os milagres eucarísticos espalhados pelo mundo e as aparições marianas aprovadas pela Igreja.

Após sua morte de leucemia, aos 15 anos, em 12 de outubro de 2006, uma grande quantidade de pessoas em situação de vulnerabilidade social, que ele ajudava, compareceram ao seu funeral, o que espantou seus pais.

Capela Carlo Acutis – ÍTALO (Vatican News)

PRIMEIRA PARÓQUIA NO MUNDO

Foi um milagre realizado em solo brasileiro, o do menino sul-mato-grossense Matheus Vianna, que permitiu a beatificação de Carlo Acutis, em 2020. Matheus sofria de uma doença congênita no pâncreas e foi curado sem explicação científica ao tocar uma relíquia de Carlo que visitava a Capela de Nossa Senhora Aparecida, em 2013, na cidade de Campo Grande (MS).

Em 2023, a Paróquia Universitária Beato Carlo Acutis, localizada no campus da Ítalo, foi a primeira no mundo a ser dedicada a ele. O segundo milagre atribuído a Carlo, que abriu caminho para sua canonização, foi a cura da jovem Valéria Valverde, da Costa Rica, após um acidente de bicicleta, em Florença, na Itália. O milagre foi reconhecido pelo Papa Francisco, no dia 23 de maio de 2024.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

HISTÓRIAS DAS MISSÕES: De Valtellina aos Andes (Parte 2/2)

O santuário de Pomallucay no Peru (onde desde 1992 está localizado o seminário da diocese de Huari), projetado e construído pelos voluntários da Operação Mato Grosso [© Don Mirko Santandrea] | 30Giorni.

Arquivo n30Dias nº 09 – 2011

Operação Mato Grosso

De Valtellina aos Andes

"Sempre quis ver com meus próprios olhos como era o Oratório de Valdocco quando Dom Bosco estava lá. Meu desejo foi realizado aqui, aos pés da Cordilheira dos Andes."
O Cardeal Martini disse isso ao visitar a missão do salesiano Ugo de Censi, o iniciador da Operação Mato Grosso. Contamos sua história.

por Giovanni Ricciardi

Ao longo dos anos, centenas de voluntários italianos tiveram a experiência de dedicar alguns meses para ajudar o Padre Ugo em sua missão. Alguns permaneceram por mais de um ano, outros decidiram ficar permanentemente. Outros, inspirados pelo exemplo do pai, sentiram o desejo de segui-lo no caminho para o sacerdócio. O Padre Ugo fundou, assim, um seminário para aspirantes a padres, que são então "doados" a várias dioceses no Peru, visto que a Operação Mato Grosso não tem estrutura legal dentro da Igreja. Entre eles estava um jovem padre italiano, o Padre Daniele Badiali, que terminou sua vida terrena em 1997, assassinado por um grupo de bandidos que o sequestraram por um grande resgate.

O Padre Daniele havia desenvolvido sua vocação na Operação Mato Grosso. Dois anos de voluntariado em Chacas, de 1984 a 1986, o levaram a tomar sua decisão final. Retornou a Faenza, estudou no Seminário Regional de Bolonha e, imediatamente após sua ordenação para a Diocese de Faenza-Modigliana, foi enviado como padre fidei donum à Diocese de Huari, no Peru, para auxiliar o Padre Ugo em sua missão. Em 1º de setembro de 1991, assumiu a paróquia de San Luis, na Cordilheira Branca: um vasto território com mais de sessenta aldeias espalhadas pelas montanhas, acessíveis apenas a pé ou a cavalo. O Padre Daniele buscou alcançar todas as comunidades, mesmo as mais remotas, e sua casa paroquial tornou-se um centro para as inúmeras necessidades dos pobres. Em uma de suas cartas, ele descreveu a situação: "Aproveitei este tempo para escrever às pessoas que batem continuamente à minha porta pedindo comida, remédios, pedindo, pedindo, pedindo... Estou atordoado com esses ataques constantes, é difícil para mim sair de casa.

Vejo imediatamente que estão correndo atrás de mim, me procurando, pedindo. Não sei o que fazer... Eu fugiria de tudo isso, porque não posso dizer sim e sei que não posso negar-lhe ajuda... Sou chamado a dar tudo, sabendo que amanhã começarei tudo de novo e terei que dar tudo de novo. Os pobres são aqueles que me incomodam, e é uma dor constante que eu gostaria de aliviar, mas não depende de mim. É meio-dia, vou jantar com os rapazes da oficina , uma senhora idosa está aqui na porta. Ela não fala, enquanto outros imploram até a exaustão. Seu silêncio tocou meu coração, fecho meus olhos, Desço para pegar uma tigela de sopa, a massa é italiana: dou a ela, tenho vergonha, é ela quem deve implorar a Jesus a graça de me salvar. Ela me agradece com um sorriso que me parece tão doce. E se Jesus realmente estivesse por trás daquela velha suja?

O oratório começou a trabalhar com crianças. Em março de 1992, preparou quatrocentas delas para a Primeira Comunhão. Em outubro do mesmo ano, um voluntário e amigo de Daniele, Giulio Rocca, que também desenvolvia uma vocação sacerdotal, foi morto por um grupo de terroristas. Daniele escreveu sobre sua morte: "Giulio morreu como um mártir; ele não escolheu; as circunstâncias o levaram a uma morte violenta semelhante à dos mártires. Agora, o caminho da Operação Mato Grosso também está claro para mim: perder a vida até o martírio. Tudo isso me assusta, mas ao mesmo tempo sinto uma calma dentro de mim..."

Nos anos que se seguiram, com exceção de alguns retornos à Itália por motivos de saúde, dedicou-se de corpo e alma ao trabalho da missão. Construiu um refúgio andino com seus filhos para acolher alpinistas e turistas e usar os lucros para prestar assistência financeira aos mais pobres. Em 1997, apesar de ter planejado retornar à Itália, decidiu permanecer no Peru, assumindo também os compromissos do Padre Ugo, que viera à Itália para pregar retiros para voluntários. Passou oito semanas na aldeia de Yanama, levando oitocentas crianças à Crisma. Todas as sextas-feiras, ele os preparava para a confissão: era o momento mais importante para o Padre Daniele, que o descreveu assim naquele último ano de sua vida: "Hoje é o dia da Paixão. Estou sem palavras, só quero chorar. Senti frio. Ansiava pelas mãos das crianças; não estava pedindo que viessem no meu lugar, apenas que segurassem a minha mão. O que significa estender a mão a alguém que sofre? Eu precisava falar sobre a morte de Jesus; não podia contá-la como um conto de fadas. A distração das crianças veio direto ao meu coração como o riso do diabo: 'Com o que vocês estão se preocupando, com o que vocês estão se preocupando, é tudo em vão...' Pelo menos elas deveriam ter rezado ou juntado as mãos. Mas não se pode exigir nada; basta dar... perdoar. Eu me senti condenado, a mesma cena da Paixão se repetiu aqui. Recebi todos os golpes. Tive que aceitá-los todos; teria sido um erro não os querer. Só espero que este sofrimento "Vou ajudar alguém. Eu ofereço. Meu Deus, eu só queria falar às crianças sobre Você."

Ao retornar à paróquia de San Luis, em 10 de março de 1997, iniciou os preparativos para a comunhão de quinhentas crianças: duas semanas de intensa partilha, divididas entre catecismo, oração e brincadeiras, até a Quinta-feira Santa, quando receberiam Jesus pela primeira vez. O Padre Daniele trabalhou incansavelmente enquanto aguardava o retorno do Padre Ugo da Itália. Naqueles dias, ele escreveu: "Sinto-me incapaz de me abandonar, de deixar que Deus guie tudo: mesmo que sinta que estou arriscando tudo, percebo que ainda tenho que apostar a favor de Deus. Ser um servo inútil é verdadeiramente invocar o mestre, deixar tudo em suas mãos, não querer liderar nada. Ser um servo de Jesus é verdadeiramente invocá-lo com suas próprias armas: a bondade, o perdão, o abandono, a paciência, o sorriso... a morte."

Padre Daniele durante uma confissão [© Don Mirko Santandrea] | 30Giorni.

Seis dias depois, em 16 de março, um domingo, após celebrar a missa vespertina na aldeia de Yauya, a estrada ficou repentinamente bloqueada por pedras. Um bandido armado apareceu, exigindo um refém. Uma voluntária italiana, Rosamaria, estava prestes a sair do jipe, mas Daniele a impediu: "Eu vou, você fica". Um bilhete a ser entregue ao Padre Ugo continha um pedido de resgate pelo prisioneiro. Mas dois dias depois, em 18 de março, o corpo do Padre Daniele foi encontrado em um aterro rochoso. Dias antes, ainda em liberdade, ele havia escrito a um amigo na Itália sobre o "bom combate" da fé: "Acima de tudo, percebemos que a batalha por Deus já está perdida... devemos morrer no campo de batalha para que Deus entre e derrote o inimigo, o diabo. Devemos apenas nos preparar para a vinda de Deus. Custa muito, porque devemos dar nossas vidas por um Deus que conta cada vez menos na vida dos homens. Você logo perceberá que o Deus que deseja servir não é tão procurado e amado pelos homens. E quanto mais você avança, mais parecerá que esse Deus desaparece da vida dos homens, até mesmo da nossa. Ele o deixa sozinho para representá-lo no campo de batalha. Você frequentemente se perguntará: "Mas quando o Senhor virá?" Você não ouvirá nenhuma resposta; você mesmo terá que dar a resposta com sua vida. O general entrará quando e como Ele quiser... Não sabemos o momento nem a hora... A única coisa certa são as instruções que nos restam para lutar contra o inimigo: "Vá, venda o que você tem e dê aos pobres... Se você quer ser meu discípulo, Toma a minha cruz e segue-me...". Seu companheiro de batalha, Padre Daniele." Agora, a diocese de Faenza-Modigliana iniciou o processo de sua beatificação.

Do martírio do Padre Daniele, surgiu um florescimento de vocações na Operação Mato Grosso. Hoje, o seminário da Diocese de Huari conta com cerca de quarenta aspirantes ao sacerdócio, e a missão do Padre Ugo está mais ativa e florescente do que nunca. Mesmo que ele, aos quase noventa anos, se recuse a nomear um sucessor ou estabelecer uma regra para sua obra: "Se é obra de Deus", repete com frequência, "então permanecerá. Caso contrário, é melhor que termine."

Em sua idade venerável, ele realmente parece uma criança novamente: "Deus não é o que eu tenho", diz ele, "mas o que me falta e o que mais desejo. Não posso deixar de reconhecer minha incredulidade. Sendo um pecador, incapaz de viver por Deus, um pobre coitado que precisa apenas da misericórdia de Deus, uma necessidade de Deus. Que Deus me leve e faça de mim o que Ele quiser. Mas que Ele me leve."

Fonte: https://www.30giorni.it/

Cardeal Scherer: Vida após a morte?

Cardeal Odilo Pedro Scherer - Arcebispo metropolitano de São Paulo (Vatican News)

Para os cristãos, a afirmação da vida após a morte corporal é fundamental e faz parte da compreensão que temos sobre a existência humana. Antes de tudo, proclamamos na nossa Profissão de Fé: “Creio na ressurreição da carne (ou dos mortos) e na vida eterna”.

Cardeal Odilo Pedro Scherer - Arcebispo metropolitano de São Paulo

Dias atrás, circulou nas mídias uma pesquisa sobre a crença na vida após a morte, publicada pela WVS (World Values Survey), mostrando a percentagem de pessoas que, em diversos países, acreditam, ou não, em vida após a morte. Nos países escandinavos, países do Báltico, Alemanha, Espanha e Portugal são cerca de 39%; na Rússia, são 38,7%; na China, apenas 11,5%; na Itália, França e Grã-Bretanha, não chegam a 50%; no Brasil, Argentina, Austrália e Canadá, em média, são 58%; nos Estados Unidos, 68,2%; no México, 70,8%. Nos países de maioria muçulmana, o percentual dos que acreditam em vida após a morte é bem mais alto, passando de 90% no Paquistão, Turquia e Irã, e chegando a mais de 95% em Marrocos, Líbia e Bangladesh.

Essa diferença na convicção sobre a vida após a morte entre países de longa tradição cristã e os de tradição muçulmana é intrigante. Quais serão os motivos que levam o povo de fé cristã crer menos na vida após a morte do que os de tradição muçulmana? Evidentemente, a questão precisa ser compreendida a partir de sua complexidade, e o conceito de “vida após a morte” não é unívoco. Para os cristãos, “vida após a morte” inclui a ressurreição e a vida eterna e não a “reencarnação”, assumida por várias culturas. De toda maneira, o que está em questão é se a vida se extingue, simplesmente, com a morte corporal, ou segue adiante, de alguma maneira.

Para os cristãos, a afirmação da vida após a morte corporal é fundamental e faz parte da compreensão que temos sobre a existência humana. Antes de tudo, proclamamos na nossa Profissão de Fé: “Creio na ressurreição da carne (ou dos mortos) e na vida eterna”. Esses são dois elementos integrantes da nossa fé cristã e a sua negação comprometeria nossa condição de cristãos. Afirmamos que Deus não fez o ser humano para a morte eterna, mas para a vida eterna. A morte corporal é parte da existência humana, mas não é a última etapa da existência. Sobre o modo como se darão a ressurreição da carne e a vida eterna, podemos apenas especular racionalmente. O certo é que isso não está no domínio do homem, mas do poder de Deus. São dons de Deus a vida eterna e seu chamado a participar, desde agora, de sua vida e sua felicidade. A sua plenitude se dará apenas na vida eterna.

O ensinamento sobre a ressurreição e a vida eterna está solidamente fundamentado nos ensinamentos de Jesus Cristo. Em uma discussão com alguns saduceus, Ele afirma que Deus “não é o Deus dos mortos, mas dos vivos, porque, para Deus, todos vivem” (cf. Lc 20,38). Na longa reflexão sobre o “pão da vida” (João,6), Jesus afirma mais de uma vez que Ele é “o pão da vida” e quem dele comer “possui a vida eterna” (cf. Jo 6,51). E diz a Marta, sem meias palavras: “Eu sou a ressurreição e a vida”.

“Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá” (Jo 11,25-26). Ao bom ladrão, Jesus promete a vida eterna para imediatamente: “Hoje, estarás comigo no paraíso” (Lc 23,42-43). Para negar a fé na ressurreição e na vida eterna (vida após a morte), seria necessário riscar muitas páginas do Evangelho e dos ensinamentos de Jesus.

Desde os Apóstolos, o ensinamento sobre a ressurreição dos mortos e a vida eterna foi fiel e firmemente transmitido pela Igreja. São Paulo ensina que Cristo ressuscitado é o “primogênito dentre os mortos” que ressuscitou e que também os demais humanos, pela fé em Cristo ressuscitado, participarão da vida do Ressuscitado: “como em Adão todos morreram, em Cristo todos reviverão” (1Cor 15 22). E com força ensina que “este ser corruptível deve ser revestido de incorruptibilidade e este ser mortal deve ser revestido de imortalidade” (cf. 1Cor 15,54-57). E que a própria morte será vencida e desaparecerá, graças ao poder de Deus (cf. 1Cor 15,26). Entre muitas outras referências ao nosso chamado à participação na vida eterna, vale acenar ainda a esta passagem dos ensinamentos de São Paulo: “Como podem alguns dentre vós dizer que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, então também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa pregação e vã, a vossa fé. (...) Se é só para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, somos, dentre todos os homens, os mais dignos de compaixão” (1Cor 15,12-14.19).

Diante dos dados da pesquisa, acima acenados, a questão que nos deve levar a refletir é esta: por que a fé na ressurreição e na vida eterna tem índices de aceitação tão pouco expressivos entre os povos de longa tradição cristã? Mesmo no Brasil, em que os cristãos (católicos, ortodoxos, anglicanos, evangélicos) somam mais de 85% da população, aqueles que acreditam em vida após a morte não chegam a 60%. Em conclusão, muitos cristãos não creem nas palavras do Evangelho sobre a vida eterna e a ressurreição dos mortos. Quais seriam os motivos? Podemos aludir ao avanço do indiferentismo religioso ou do materialismo como convicção de vida.

No entanto, mesmo se essa explicação for verdadeira, ela não é a única e nos leva a perguntar: será que nós, cristãos, falamos bastante da vida eterna e alimentamos a fé no Deus da vida e da esperança? Em nossas catequeses e homilias, quantas vezes falamos dessas verdades centrais de nossa fé? O Ano Jubilar oferece uma ocasião para reavivarmos nossa esperança na vida eterna.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF