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quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Glossário da COP30

Glossário da COP30 (Portal Terra)

Glossário da COP30: veja o significado dos termos mais usados

Com a proximidade da Conferência das Partes, que será realizada de 10 a 21 de novembro, em Belém (PA), muitas siglas e termos não tão tradicionais passarão a integrar mais o noticiário.

Você sabe o que significa Kilimanjaro? E Protocolo de Kyoto, Racismo Ambiental, ODS ou OTCA?

Para quem vai acompanhar os desdobramentos da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, também chamada de COP30, que será realizada de 10 a 21 de novembro, em Belém (PA), esses são alguns dos termos que vão ser cada vez mais falados no noticiário.

Veja abaixo o significado de quase 150 palavras --muitas delas não tão comuns--, que vão te ajudar a entender melhor a COP30: 

Acordo de Paris

Tratado internacional que entrou em vigor em 2016 e foi assinado por 196 países durante a COP21, em Paris, na França; o objetivo principal é limitar o aumento da temperatura global a 2ºC em relação aos níveis pré-industriais

Adaptação

Ações para lidar com os efeitos das mudanças climáticas e minimizar danos (como construção de barreiras contra enchentes)

Agroecologia

Agricultura baseada em práticas sustentáveis que respeitam o meio ambiente e a cultura local

Agricultura Inteligente para o Clima

Agricultura que aumenta a produtividade, reduz emissões e ajuda o campo a se adaptar as mudanças climáticas

Agenda de Ação

Plano com metas e ações para enfrentar a crise climática em diferentes níveis (global, nacional, local)

Aquecimento Global

Aumento da temperatura média da Terra devido à emissão de gases do efeito estufa

Antropoceno

Era geológica marcada pela forte influência humana no clima e nos ecossistemas da Terra

Acidificação dos Oceanos

Aumento da acidez dos oceanos causado pela absorção de CO2 da atmosfera, prejudicando a vida marinha

Balanço Global (Global Stocktake)

Processo de avaliação periódica feita a cada cinco anos para verificar o progresso coletivo dos países na consecução dos objetivos do Acordo de Paris

Biodiversidade

Variedade de vida na Terra, incluindo plantas, animais e microrganismos, essencial para o equilíbrio dos ecossistemas

Biocombustível

Combustível feito de matérias orgânicas renováveis, como cana-de-açúcar ou soja (exemplo: etanol, biodiesel)

Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono (BECCS)

Tecnologia que gera energia a partir de biomassa e captura o CO2 emitido, armazenando-o de forma segura

Biomassa

Material orgânico (como madeira, resíduos agrícolas) usado para produzir energia renovável

Camada de Ozônio

Camada na atmosfera que protege a Terra dos raios ultravioleta

Captura Corporativa e Cumplicidade Governamental

Quando empresas influenciam decisões públicas para proteger seus lucros, mesmo que isso prejudique o meio ambiente

Crise Climática

Situação urgente causada pelas mudanças no clima, com impactos graves para pessoas e ecossistemas

Clima

Condições médias do tempo em uma região ao longo do tempo

Ciclo Hidrológico

Movimento da água na Terra que é afetado pelas mudanças climáticas

Comunidades Locais

Grupos de pessoas que vivem em áreas específicas e que muitas vezes são diretamente afetadas pelas mudanças no clima e nos ecossistemas

Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC)

Acordo internacional que orienta a cooperação global contra as mudanças climáticas e tem como objetivo principal estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera

Contribuições Determinadas Nacionalmente (NDCs)

Compromissos feitos por cada país para reduzir emissões e se adaptar às mudanças climáticas, conforme o Acordo de Paris

Conferência das Partes (COP)

Reunião anual da ONU onde líderes mundiais discutem e negociam ações climáticas, também chamada de  Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas; em 2025, será realizada entre os dias 10 e 21 de novembro em Belém, no Pará

Combustíveis Fósseis

Fontes de energia como petróleo, carvão e gás natural, que liberam gases de efeito estufa ao serem queimadas

Desmatamento Zero

Meta de eliminar totalmente a destruição da vegetação nativa, tanto em áreas florestais como em outros biomas, como Cerrado e a Caatinga

Diretoria-executiva da COP30

A diretoria-executivo da COP30 pertence à economista e doutora em Ciência Política, Ana Toni, responsável por coordenar a organização e execução da conferência climática

Dívida Ecológica

Diferença entre o que um país consome da natureza e o que ela é capaz de regenerar; também refere-se à responsabilidade histórica dos países ricos pela crise climática

Descarbonização

Redução das emissões de carbono, principalmente trocando combustíveis fósseis por fontes limpas

Decrescimento

Ideia de reduzir a produção e o consumo excessivo para preservar o meio ambiente e promover bem-estar social

Deixar os Combustíveis Fósseis no Subsolo

Conceito elaborado para não explorar novas fontes de petróleo, carvão e gás para evitar mais aquecimento global

Direitos Humanos

Princípios que garantem dignidade, liberdade e justiça para todas as pessoas, e que devem ser respeitados nas ações climáticas

Desperdício Zero

Movimento para evitar ao máximo a geração de lixo, promovendo reutilização, reciclagem e compostagem

Desenvolvimento Compatível com o Clima (DCC)

Crescimento econômico que leva em conta a necessidade de reduzir emissões e se adaptar as mudanças climáticas

Desenvolvimento Sustentável

Conceito que visa atender as necessidades da urbanização do presente sem comprometer o futuro de outras gerações

Desigualdade

Diferenças no acesso a recursos, oportunidades e direitos, muitas vezes agravadas pelos efeitos da crise climática

Economia Verde

Economia que busca gerar empregos e crescimento com baixo impacto ambiental e inclusão social

Efeito Estufa

Fenômeno natural que aquece a Terra; é intensificado por gases poluentes, causando o aquecimento global

Economia de Baixo Carbono

Economia que emite pouco CO2, usando energias limpas e tecnologias sustentáveis

Economia Circular

Sistema que reduz o desperdício, reutiliza recursos e valoriza o reaproveitamento de materiais

Estratégias Corporativas e Estatais

Ações planejadas por empresas e governos para lidar com questões climáticas e ambientais

Emissões Net Zero

Quando um país, empresa ou pessoa reduz ao máximo suas emissões e compensa o restante, zerando o impacto líquido de CO2

Eventos Climáticos Extremos

Fenômenos como enchentes, secas e furacões, cada vez mais frequentes e intensos por causa da mudança do clima

Emissão de Carbono

Liberação de gás carbônico (CO2) na atmosfera, principalmente pela queima de combustíveis fósseis

Ecossistema

Conjunto de seres vivos e elementos naturais que interagem em um ambiente como florestas, rios e mangues

El Niño

Fenômeno climático que aquece parte do Oceano Pacífico e altera o clima global, causando secas ou chuvas fortes

Equidade

Justiça social que considera as diferenças entre grupos e garante tratamento justo para todos

Enchente

Inundação causada pelo excesso de chuva ou transbordamento de rios, agravada pelas mudanças climáticas

Erradicação da Pobreza

Eliminação da pobreza extrema, meta ligada à justiça climática e ao desenvolvimento sustentável

Financiamento Climático

Recursos financeiros destinados a ajudar países e projetos a enfrentarem a mudança do clima

Fundo de Perdas e Danos

Mecanismo para apoiar financeiramente países vulneráveis que já sofrem com os impactos climáticos

Floresta

Ecossistema com grande diversidade de vida, essencial para o clima, a água e a captura de carbono

Falsas Soluções

Ações que parecem sustentáveis, mas que na prática não resolvem o problema climático ou até pioram a situação, como o greenwashing, por exemplo 

Geoengenharia

Técnicas para modificar o clima artificialmente e conter o aquecimento global 

Gestão Comunitária dos Territórios

Manejo do meio ambiente feito pelas próprias comunidades locais e tradicionais

Governança Climática

Conjunto de regras, políticas e instituições que organizam a ação climática

Gases de Efeito Estufa

Gases que retêm calor na atmosfera, como CO2, metano e óxidos de nitrogênio

Geleira

Grande massa de gelo em áreas montanhosas ou polares que está derretendo com o aquecimento global

High-Level Climate Champion (Campeão de Alto Nível da COP3O)

Dan Ioschpe foi escolhido pelo presidente de Lula como o defensor climático de alto nível para a COP30; ele apoiará o presidente da COP, André Corrêa do Lago, liderando esforços para expandir e aprimorar a ação climática

Halocarbono

Gás usado em sprays e refrigeradores, que pode destruir a camada de ozônio e contribuir para o efeito estufa

Hidrogênio Verde

Combustível produzido com energia renovável e sem emissão de carbono, usado em atividades da indústria e do transporte

Habitat Natural

Ambiente natural onde espécies vegetais e animais vivem e se desenvolvem

Hotspots de Biodiversidade

Regiões com alta biodiversidade e ameaçadas de extinção como, por exemplo, a Amazônia e a Mata Atlântica 

Hidrosfera

Conjunto de todas as águas da Terra (mares, rios, lagos), afetadas pelas mudanças climáticas

Humanidade Planetária

Conceito que valoriza o senso coletivo e global para resolver crises como o aquecimento global

Inteligência Artificial no Clima

Tecnologia que simula a inteligência humana, usada para prever, monitorar e ajudar no combate à crise climática

Infraestrutura Verde

Soluções baseadas na natureza para enfrentar problemas urbanos (ex: telhados verdes, parques, bacias naturais)

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

Indicador que mede qualidade de vida da população de um determinado país, levando em conta saúde, educação e renda; é calculado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

Internet das coisas (IoT)

Conexão entre objetos e sensores que ajudam a monitorar recursos naturais e reduzir desperdícios

Justiça Climática

Princípio que busca combater a crise climática respeitando os direitos humanos, sociais e ambientais

Justiça Socioambiental

Combate às desigualdades sociais e ambientais ao mesmo tempo, promovendo equidade e sustentabilidade

Jornada de Descarbonização

Caminho que empresas ou países seguem para reduzir suas emissões de carbono

KPI Ambiental (Indicadores de Desempenho Ambiental)

Métricas usadas para medir ações sustentáveis de empresas e governos

Kilimanjaro

Montanha localizada no norte da Tanzânia, que se tornou um dos símbolos da crise climática, com geleiras desaparecendo por causa do aquecimento global

Litígio sobre Mudanças Climáticas

Processos judiciais contra governos ou empresas por não agirem ou causarem danos ao clima

La Niña

Fenômeno climático que resfria parte do Oceano Pacífico, afetando o clima global (oposto ao El Niño)

Licenciamento Ambiental

Processo que autoriza atividades com base em estudos de impacto ambiental (Voltar)

Logística Reversa

Sistema de recolhimento e reaproveitamento de resíduos pós-consumo, como embalagens e eletrônicos

Low-Carbon Technology (Tecnologia de Baixo Carbono)

Tecnologias que emitem pouco ou nenhum CO2, como energia solar e eólica

Maquiagem Verde (Greenwashing)

Quando empresas fingem ser sustentáveis para melhorar sua imagem, sem ações práticas e reais

Mitigação

Medidas para reduzir ou evitar emissões de gases do efeito estufa

Mercado de Carbono

Sistema que permite negociar créditos de carbono para compensar emissões de CO2 na atmosfera

Meta Global em Adaptação

Objetivo coletivo de aumentar a capacidade dos países de se adaptar às mudanças climáticas

Mudança Sistêmica

Transformação profunda nas estruturas econômicas, sociais e políticas para enfrentar a crise climática

Mecanismos de Compensação

Ações que equilibram emissões como, por exemplo, reflorestamento para compensar a poluição 

Mudanças Climáticas

Alterações duradouras nos padrões do clima, causadas principalmente pela atividade humana

Neutralização de Carbono

Compensação total das emissões de CO2 por meio de tecnologias ou ações ambientais

Norte Global

Países ricos e industrializados, que historicamente emitiram mais gases e têm mais responsabilidade na crise climática

Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA)

Aliança entre países da Amazônia para promover o desenvolvimento sustentável da região

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Conjunto de 17 metas globais da ONU - e 169 metas de ação global - para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir paz e prosperidade entre as populações até 2030

Orçamento de Carbono

Quantidade máxima de CO2 que os países podem emitir com o passar dos anos, levando em consideração a meta de aquecimento global

Onda de Calor

Período prolongado de temperaturas muito altas, agravado pelas mudanças climáticas

Perdas e Danos

Impactos irreversíveis causados pelas mudanças climáticas na economia, na saúde, e na vida da população como um todo

Planos Nacionais de Adaptação (NAPs)

Estratégias que os países elaboram para se proteger dos impactos do clima

Presidente da COP30

Cargo ocupado pelo embaixador André Corrêa do Lago, pessoa responsável por liderar a conferência climática e mediar negociações

Pacto de Leticia

Assinado em 6 de setembro de 2019, em Leticia, na Colômbia, cidade na fronteira do Brasil e Peru, em uma reunião que contou com a participação de todos os países amazônicos, com exceção da Venezuela; as nações se comprometeram a combater o desmatamento e a colaborar com iniciativas climáticas

Povos Indígenas

Habitantes nativos do território brasileiro, presentes no país antes da chegada dos europeus no final do século XV

Protocolo de Kyoto

Primeiro tratado internacional com metas obrigatórias para reduzir emissões (antes do Acordo de Paris); assinado em 1997, o Protocolo de Kyoto tinha objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa

Propostas e Soluções dos Povos

Ideias criadas por comunidades locais e tradicionais para enfrentar a crise climática com Justiça

Pessoas Deslocadas Internas

Pessoas obrigadas a sair de suas casas por desastres climáticos, mas que permanecem no país de origem

Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC)

Grupo de cientistas da ONU que analisa dados climáticos e orienta políticas públicas

Poluição do Ar

Presença de substâncias nocivas na atmosfera, com impacto na saúde e no clima

Produto Interno Bruto (PIB)

Medida da economia de um país, que representa o valor total de todos os bens e serviços finanis produzidos em um país durante um determinado período

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

Agência da ONU que apoia países em políticas de desenvolvimento sustentável

Países Menos Desenvolvidos (PMD)

Países identificados pelas Nações Unidas com os menores indicadores de desenvolvimento socioeconômico. com menor renda e mais vulneráveis aos impactos da mudança do clima 

Qualidade Ambiental

Condições do meio ambiente em relação à saúde humana e dos ecossistemas

Quilombolas

Discussão sobre os impactos da crise climática nas comunidades quilombolas e seus saberes tradicionais

Química Verde

Produção de substâncias com menor impacto ambiental e energético

Resiliência Climática

Capacidade de se adaptar e se recuperar dos efeitos da mudança climática

Redução por Emissões de Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+)

O REDD+ oferece apoio financeiro e de mercado para países em desenvolvimentos que criem políticas e projetos para reduzir o desmatamento, a degradação florestal e outras atividades

Relatórios Bienais de Transparência (BTRs)

Documentos que os países devem entregar à ONU com dados sobre suas ações climáticas

Racismo Ambiental

Quando comunidades étnicas ou vulneráveis sofrem mais com a degradação ambiental, como poluição e desmatamento; também usado para definir injustiças sociais e ambientais no que se refere ao meio ambiente

Responsabilidade dos Grandes Poluidores

Ideia de que empresas e países que provocam emissões e degradações ambientais devem arcar com os custos da prevenção, do controle e da reparação dos danos causados ao ambiente 

Refugiados Climáticos

Pessoas forçadas a deixar suas comunidades e terras por causa de eventos climáticos extremos

Resíduos para Energia

Tecnologia que transforma resíduos em energia renovável por meio de diferentes tecnologias, como biogás e calor

Responsabilidade Comum, mas Diferenciada (CBDR)

Princípio de que todos os países devem agir pelo clima, mas os mais desenvolvidos devem arcar com responsabilidades primárias, pois contribuíram em maior proporção com emissões históricas

Reflorestamento

Plantio de árvores em áreas desmatadas, ajudando a capturar carbono e restaurar ecossistemas

Side Events

Eventos que ocorrem paralelamente à COP30 e são organizados por ONGs, empresas, governos e movimentos sociais

Sul Global

Países em desenvolvimento, geralmente com menos responsabilidade histórica, mas mais afetados pela crise climática

Soluções Baseadas na Natureza (SbN)

Uso de ecossistemas para enfrentar desafios ambientais como, por exemplo, a restauração de mangues para evitar enchentes 

Segurança Jurídica

Estabilidade nas regras que atrai investimentos sustentáveis

Soberania Alimentar

Direito dos povos de decidir o que produzem, como produzem e o que consomem, com base na cultura e sustentabilidade

Soberania Energética

Capacidade de um país ou povo de controlar suas próprias fontes de energia

Sequestro de Carbono

Captura e armazenamento de CO2 da atmosfera, por meios naturais (florestas) ou tecnológicos

Sustentabilidade

Uso consciente dos recursos naturais para garantir o bem-estar das atuais e futuras gerações

Seca

Falta prolongada de chuvas, agravada pela mudança do clima

Segurança Alimentar

Acesso garantido a alimentos suficientes, saudáveis e acessíveis para todas as pessoas

Transição Energética

Mudança do uso de combustíveis fósseis para fontes de energia renovável

Taxonomia Sustentável

Sistema de classificação que define critérios para identificar atividades econômicas e projetos que contribuem com os objetivos do clima

Transição Justa

Mudança para uma economia verde que respeite os trabalhadores e populações vulneráveis

Tecnologia Persuasiva Ambiental

Tecnologias que incentivam comportamentos sustentáveis (ex: apps que mostram economia de energia)

Temperatura Média Global

Média das temperaturas da Terra, usada como principal indicador do aquecimento global

Urbanismo Biofílico

Planejamento urbano que integra a natureza à cidade, melhorando saúde e bem-estar

Uso Sustentável da Terra

Manejo dos recursos naturais de forma equilibrada para conservar o solo, a água e a biodiversidade

Urbanização Sustentável

Planejamento das cidades com foco em mobilidade verde, energia limpa e áreas verdes

UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente)

Órgão da ONU que coordena ações globais ambientais

Vulnerabilidade

Grau em que pessoas ou sistemas estão expostos aos riscos climáticos e têm pouca capacidade de se adaptar

Veículos elétricos

Automóveis que usam eletricidade em vez de combustíveis fósseis, ajudando a reduzir emissões

Xenobióticos

Substâncias químicas estranhas à natureza, como pesticidas ou poluentes industriais

XR (Extinction Rebellion)

Movimento ambiental global que usa ações diretas para chamar atenção à crise climática

Water Cycle (Ciclo da Água)

Movimento contínuo da água na Terra e que está sendo alterado pelas mudanças climáticas

Wetlands (Áreas Úmidas)

Zonas alagadas, como manguezais e pântanos, que armazenam carbono e protegem contra enchentes

Waste Management (Gestão de Resíduos)

Conjunto de práticas para reduzir, reutilizar, reciclar e descartar corretamente o lixo

Water Stress (Estresse Hídrico)

Situação em que a demanda por água é maior do que a oferta disponível

Youth Climate Champion (Jovem Campeã do Clima)

Marcele Oliveira foi nomeada como Youth Climate Champion para a COP30, onde irá representar a juventude nas negociações climáticas e defender ações climáticas urgentes

Youth Empowerment (Empoderamento da Juventude)

Apoio à participação ativa dos jovens na construção de soluções climáticas e ambientais

Youth-Led Climate Action

Iniciativas lideradas por jovens que pressionam governos e empresas por ações sustentáveis

Zona Azul

Espaço oficial da COP30 onde ocorrem as negociações entre países, lideranças e a ONU

Zona Verde

Espaço aberto ao público na COP30, com debates, exposições e eventos paralelos

Fonte: Redação Terra

Fonte: https://www.terra.com.br/ao-vivo/planeta/cop30/glossario-da-cop30-veja-o-significado-dos-termos-mais-usados,b4cfdea117744249b4ea8db0f3dcb5987152p2or.html

O serviço e o sofrimento dos pastores pelo seguimento ao Senhor Jesus segundo Santo Agostinho

(©AFP/Tiziana Fabi)  (AFP or licensors)

"Se Deus quis que o seu Filho assumisse os sofrimentos da humanidade para dar-lhes a remissão dos seus pecados e de sua morte, quanto mais as pessoas seguidoras, pastores, pecadores, assumirão os sofrimentos para viverem em unidade com o Senhor. Através de limitações, cruzes cotidianas, alegrias da vida neste mundo e um dia na eternidade, os pastores são convidados a participar na eternidade".

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)

O serviço é próprio de quem segue a Jesus Cristo, porque Ele veio para servir e não para ser servido (cfr. Mt 20,28). Como ser humano e como Servo sofredor, Jesus Cristo assumiu os sofrimentos das pessoas em vista da redenção humana. Os pastores são chamados a servir os outros e a Cristo, passando também pelo sofrimento a causa da Boa-Nova do Reino de Deus.

Nós estamos meditando e atuando neste período eclesial no Brasil da graça da sinodalidade, na firmeza das normas para serem implementadas nas Dioceses, paróquias e comunidades. Nós suplicamos as luzes do Espírito Santo para servir bem ao povo de Deus que nos foi confiado. Sozinhos não temos condições de sermos bons pastores, mas com Jesus nós podemos como Ele o fez, dar a vida pelas  ovelhas (cfr. Jo 10, 11). Nós queremos bem servir ao Senhor Jesus nas pessoas. É sempre Deus quem chama as pessoas para dar um serviço digno, humilde, à comunidade eclesial e para quem espera de nós um bom testemunho de vida. Deus dá as graças necessárias para o serviço, livremente nós respondemos com alegria e com amor ao serviço de Deus. Nós veremos a seguir como Santo Agostinho colocou esta missão para os servidores do Senhor neste mundo e um dia no Reino de Deus.

Servir a Deus: a preparação para a provação

Seguindo a palavra de Deus em Sirácida, ou Eclesiástico que diz a pessoa que quer servir a Deus é chamada não só a permanecer na justiça, no temor; mas ela prepare sua alma para a provação (Sr 2,1)[1], Santo Agostinho tinha presente a debilidade do ministro para torná-lo robusto, forte, o qual era chamado a aderir à fé, ao temor de Deus, ao amor superando às comodidades materiais, porque as tentações, as provações poderiam apresentar-se em vista da fidelidade à missão. A provação possibilitaria ao pastor uma maior firmeza para servir ao Senhor e as pessoas a ele confiadas.

Educação que leva a pessoa ao alto

 Santo Agostinho ressaltou a necessidade de educar as pessoas para construir a casa sobre a rocha que é Cristo (cfr. 1 Cor 10,4) e não sobre a arreia (cf. Mt 7,24,26)[2]. Os  pastores devem ter presentes a vida do Senhor que passou pelos sofrimentos e dores para chegar à glória da ressurreição. Eles são chamados a seguir os sofrimentos de Cristo e não andar em busca dos prazeres[3]. Quem segue a Jesus Cristo, seja quem for, ministro ordenado ou não é chamado à uma educação que o leve para o alto.

 As tribulações

Como a palavra de Deus é clara para quem serve o Senhor, aos pastores são esperados tribulações, perseguições, mas de todas o Senhor os libertará, segundo Santo Agostinho por causa do bem, pelo amor aos mais necessitados feitos na pessoa do Senhor. O coração humano é chamado a unir-se com Ele, e nunca voltar-se para trás[4]. Vindo do Pai e em comunhão com o Espírito Santo, o Senhor garantiu a sua presença no meio da humanidade para infundir coragem ao coração das pessoas, dos ministros. Ele veio para assumir a realidade humana acompanhada pelo sofrimento, pela morte em vista da redenção humana de modo que foi coberto de cuspidas e coroado de espinhos, ouviu ultrajes e foi crucificado na cruz, para assim chegar à glória da ressurreição. Tudo isso o Senhor Jesus fez por nós[5].

Participantes à cruz de Cristo

Santo Agostinho também afirmou como seria possível julgar pastores que por medo de desagradar os fiéis, às pessoas que os ouvem teriam anunciando promessas de uma felicidade temporal que Deus em nenhum modo prometeu aos seres humanos, neste mundo?!. Portanto eles não deveriam ser seguidos. Para quem segue o Senhor Ele exigiu a cruz (cfr. Mt 16,24), orações, trabalhos sobre trabalhos até o fim e estes pastores não podem pretender que os seguidores do Senhor estejam isentos?![6] Sendo pessoa cristã, o pastor, seguidor do Senhor Jesus e de sua Igreja terá que sofrer neste mundo mais que os outros para ser fiel à missão dada pelo Senhor para chegar à glória da ressurreição. Tendo presente também o Apóstolo São Paulo que disse: “Todos os que quiserem viver piedosamente no Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Tm 3,12). Desta forma a pessoa seguidora do Senhor não poderá construir a sua casa sobre a areia, porque grande será a sua ruína, mas a casa seja construída sobre a rocha que é Cristo Jesus na qual a pessoa busca segui-lo (cf. Mt 7,24-27)[7].

A Escritura fala dos sofrimentos

Em outras passagens fala a Escritura de sofrimentos para quem segue o Senhor, faz o bem e pratica a caridade. “O Senhor corrige a toda pessoa que Ele o ama” (cfr. Hb, 12, 5-6). Os pastores que não são verdadeiros falam para as suas comunidades que as pessoas ficarão isentas dos sofrimentos. Se de fato as pessoas ficarão poupadas de seus flagelos não serão incluídas no número de filhos[8]. O fato é que segundo Santo Agostinho não foi poupado nem o Unigênito, o Filho de Deus dos flagelos dos sofrimentos e da cruz. O Filho era da mesma substância do Pai (cfr. Fl 2,6,), era o Verbo na qual foram feitas todas as coisas (cfr. Jo 1,3). Ele não ficou fora dos sofrimentos pela causa humana a ser salva de modo que Ele humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz (Fl 2, 8).

Se Deus quis que o seu Filho assumisse os sofrimentos da humanidade para dar-lhes a remissão dos seus pecados e de sua morte, quanto mais as pessoas seguidoras, pastores, pecadores, assumirão os sofrimentos para viverem em unidade com o Senhor. Através de limitações, cruzes cotidianas, alegrias da vida neste mundo e um dia na eternidade, os pastores são convidados a participar na eternidade. Para Santo Agostinho nos sofrimentos do Unigênito de Deus traçou Ele um modelo para nós[9] para corresponder ao amor infinito dele para conosco. O serviço e o sofrimento das pessoas, dos pastores que servem ao Senhor na vida da comunidade andam juntos para levá-las à glória do Deus Uno e Trino.

________________

[1] Cfr. Discorso 46, 10. In: Sant´Agostino. Sul Sacerdozio. Città Nuova Editrice: Roma, 1985, pg. 132.
[2] Cfr. Idem, pág. 132.
[3] Cfr. Ibidem.
[4] Cfr. Ibidem.
[5] Cfr. Ibidem, pgs. 132-133.
[6] Cfr. Ibidem, n. 11, pg. 133.
[7] Cfr. Ibidem.
[8] Cfr. Ibidem, pg. 134.
[9] Cfr. Ibidem.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Sei que te alegrou muito, Jesus. As coisas pequenas (Parte 2/2)

Cuidar das coisas pequenas (Opus Dei)

Sei que te alegrou muito, Jesus. As coisas pequenas

São Josemaria nos ensinou a cuidar das coisas pequenas porque compreendia a capacidade do homem de agradar a Deus com pequenos e quase minúsculos detalhes realizados por amor.

Os “detalhes caseiros do herói”

Olhar para a imensidão do amor de Deus, que nos ama com loucura, pode ajudar-nos a compreender o valor que as pequenas coisas têm para Deus, precisamente porque são nossas. Temos consciência de que nunca pagaremos a dívida, mas entusiasma-nos sonhar em contribuir para sustentar as despesas familiares. É o seu amor que transforma as nossas quinquilharias em joias preciosas. Tudo serve para tornar feliz a Deus: bastam, como nos diz o Evangelho, duas moedas que formam a quarta parte do ás, mas que Deus considera aptas para a sua infinita capacidade de amar e ser amado. Estas coisas pequenas libertam a alma porque a ajudam a deixar-se amar a troco de nada. Vividas assim, não sufocam. Pelo contrário, não é possível estar atento a com perseverança se forem fruto do anseio de controlar, de pagar a dívida. Trata-se, na verdade, de detalhes espontâneos e simples de quem se sabe olhado com carinho por um Deus todo-poderoso e eterno, mas, ao mesmo tempo, um Deus muito caseiro.

Muitos de nós não teremos a categoria dos grandes santos ou dos mártires, teremos, porém, a sorte de que nossos atos cativem a Deus. Nunca pensaremos que fazemos algo que mereça o seu carinho e é precisamente isso que abre plenamente o nosso coração à sua graça. Ele se deleita com a nossa luta gratuita, livre e alegre. Como não percebemos a altura, não temos vertigem e atuamos com uma naturalidade e uma fé encantadoras para ele: “Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito; vem regozijar-te com teu senhor” (Mt 25, 23).

Penetrar, com esta perspectiva, no universo das coisas pequenas permite-nos evitar duas caricaturas que não são dignas do humor e do amor com que Deus nos olha. Aparentemente distantes um do outro, os dois desvios têm algo decisivo em comum: colocam o foco em nós, no que fazemos. Por um lado, podemos descobrir depois de anos de luta que o cuidado das coisas pequenas nos proporciona certa segurança e corremos o risco de buscar nelas a tranquilidade de quem se limita a cumprir. Sem perceber, talvez, transformaram-se em atos rígidos que servem de analgésico para a nossa insegurança. Nós as vivemos externamente, mas não desfrutamos delas. Por outro lado, pode acontecer também que representem para nós um peso insuportável, uma carga que oprime e desfoca o rosto amável de Cristo porque tornam a luta aflitiva para nós.

OLHAR PARA A IMENSIDÃO DO AMOR DE DEUS, QUE NOS AMA COM LOUCURA, PODE AJUDAR-NOS A COMPREENDER O VALOR QUE AS PEQUENAS COISAS TÊM PARA DEUS

De qualquer forma, a solução não está em não lhes dar atenção. Trata-se antes de observar como é a nossa luta diante de Deus, e não os resultados que tenhamos obtido. É questão de voltar a ater-nos a ele. Essa luta pode ser muitas vezes escondida, ínfima e sem fruto, mas é parte do “eterno diálogo entre a criança inocente e o pai, doido por seu filho: – Quanto me queres?... Fala! – E o garotinho diz, marcando as sílabas: – Mui-tos mi-lhões!”[10].

São Josemaria escreve sobre isso em uma carta: “Que tolices te conto! É verdade: mas tudo em que intervimos os pobrezinhos dos homens – até a santidade – é um tecido de pequenas miudezas que, corretamente retificadas, podem formar uma tapeçaria esplêndida de heroísmo ou de baixeza, de virtudes ou de pecados. As gestas – o nosso Mio Cid – relatam sempre aventuras gigantescas, mas misturadas com detalhes caseiros do herói. – Oxalá dês sempre muita importância – é a linha reta! – às coisas pequenas. E eu também; e eu também [...]”[11].

A graça nos torna ágeis

Enlouquecer a Deus é possível em Cristo. Os nossos pequenos esforços – as nossas moedinhas – unidos a Cristo, transformados em sua própria oferenda, convertem-se em um “sacrifício puro, imaculado e santo” (Oração Eucarística I); constituem um dom agradável a Deus Pai, como diz o sacerdote em voz baixa uma vez apresentadas as oferendas na Santa Missa. A expressão latina é muito significativa: “Ut placeat tibi” para que te compraza. Produzem esse efeito porque a Eucaristia “nos faz penetrar no ato oblativo de Jesus”[12].

Os santos encontraram um trampolim para estar à altura; descobriram que inclusive os nossos defeitos ajudam-nos a amar mais a nosso Senhor se, arrependidos, os colocarmos em suas mãos: “Repito-lhe que o amo, e depois encho-me de vergonha, porque, como posso assegurar que lhe quero bem, se tantas vezes eu o ofendi? A reação então não é pensar que minto, porque não é verdade. Continuo a minha oração: Senhor, quero desagravar-te pelo que te ofendi e pelo que te ofenderam todas as almas. Repararei com a única coisa que posso oferecer-te: os méritos infinitos do teu Nascimento, da tua Vida, da tua Paixão, da tua Morte e da tua Ressurreição gloriosa; os da tua Mãe e os de São José; as virtudes dos Santos e as fraquezas de meus filhos e as minhas, que reverberam de luz celestial – como joias – quando detestamos com todas as forças de nossa alma o pecado mortal e o pecado venial deliberado[13]. A alma que se deixa amar, apropria-se dos méritos de Cristo e se sente capaz de alcançar cumes, que, para as suas forças, seriam inatingíveis. Tanta audácia – impulsionada pela graça de Deus – pode ser inclusive paradoxal, divertida, faz-nos rir. E este bom humor estimula a nossa melhor resposta a esse amor que nos é presenteado.

“SENHOR, QUERO DESAGRAVAR-TE PELO QUE TE OFENDI E PELO QUE TE OFENDERAM TODAS AS ALMAS” (SÃO JOSEMARIA)

Neste sentido, Bento XVI confiava numa entrevista uma intuição muito pessoal sobre como é Deus: “Pessoalmente creio que Ele tem um grande senso de humor. Às vezes dá a uma pessoa um empurrão e diz: ‘Não te dês tanta importância!’. Na realidade, o humor é um componente da alegria da criação. Em muitas questões de nossa vida nota-se que Deus também nos quer impulsionar a ser um pouco mais leves; a perceber a alegria; a descer de nosso pedestal e a não esquecer o gosto pelo que é divertido”[14].

Deus quer que entremos em sua alegria (Mt 25, 23), que participemos da sua alegria íntima, do seu gozo infinito que nada pode destruir. Para isso nos criou[15].

Possivelmente, a boa mulher do evangelho não perdeu muito tempo pensando se sua oferenda é maior ou menor do que a dos outros que iam ao gazofilácio. Teve a intuição de que Deus não se importava muito com a quantidade. Não foram necessários muitos cálculos e nem fez comparações. Pareceu-lhe simplesmente lógico dar tudo. Não fez drama da sua pobreza, embora talvez a sua condição não fosse das melhores. É assim que vivem e entendem os santos. São audazes e espirituosos, divertidos e engraçados: “Estou muito contente de ir logo ao céu. Mas quando penso naquelas palavras do Senhor: ‘Trago comigo meu salário, para pagar a cada um segundo suas obras’, digo a mim mesma que no meu caso Deus vai se ver em apuros: Eu não tenho obras! De modo que não poderá pagar-me ‘segundo minhas obras’ ...Pois bem, pagar-me-á ‘segundo as d’Ele’...”[16].

O profeta Sofonias narra o que Deus pensa e sente por seus filhos: “O Senhor, teu Deus, está no meio de ti como herói Salvador! Ele anda em transportes de alegria por causa de ti, e ele te renova seu amor. Ele exulta de alegria a teu respeito como em um dia de festa” (So 3, 16-18). O Papa contou que essas palavras o impactaram sempre: “Enche-me de vida reler este texto”[17]. São palavras que a Igreja aplica também à Mãe de Deus. A Virgem pode explicar-nos como chegar a esta convicção, já que ela nunca duvidou de que Gabriel dizia-lhe a verdade: “Achaste graça diante de Deus” (Lc 1,30); tornaste o teu Criador louco.

Diego Zalbidea


[10] São Josemaria, Caminho, n. 897.

[11] Carta de Josemaria Escrivá a Juan Jiménez Vargas, Burgos 27-III-1938. Citado em Pedro Rodríguez, Caminho. Edição Comentada, Quadrante, São Paulo, 2014, p. 826.

[12] Bento XVI, Encíclica Deus caritas est, n. 13.

[13] São Josemaria, En diálogo con el Señor, “La alegria de servir a Dios”, 25/12/1973, n. 4a.

[14] Bento XVI, Dios y el mundo , Círculo de Lectores, Barcelona, 2005, p. 13.

[15] Cfr. Catecismo da Igreja Católica, n.1.

[16] Santa Terezinha do Menino Jesus, Carta 226.

[17] Francisco, Ex. ap. Evangelii Gaudium, n. 4.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/sei-que-te-alegrou-jesus/

Catequese do Papa: viver a fraternidade não é impossível, atenção ao narcisismo

Audiência Geral, 12/11/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

Na Audiência Geral desta quarta-feira (12/11), Leão XIV convidou os fiéis a redescobrir a fraternidade como vocação humana e dom divino: “um chamado a vencer o egoísmo e a reconstruir os laços que unem a humanidade”.

https://youtu.be/-6xjonp9_D0

Thulio Fonseca - Vatican News

Cultivar a fraternidade foi o cerne da reflexão do Papa Leão XIV durante a Audiência Geral desta quarta-feira, 12 de novembro, realizada na Praça São Pedro, com a presença de milhares de fiéis e peregrinos. Logo no início da catequese, o Pontífice recordou que a fé pascal ilumina a vida cotidiana: “Acreditar na morte e ressurreição de Cristo e viver a espiritualidade da Páscoa incute esperança na vida e encoraja-nos a investir na bondade.”

Segundo Leão XIV, essa atitude torna possível viver de modo autêntico o amor, “um dos grandes desafios da humanidade contemporânea”. Em sua reflexão, o Santo Padre também recordou as palavras do Papa Francisco sobre a urgência de reconstruir os laços de fraternidade no mundo atual presentes na Encíclica Fratelli tutti.

Fraternidade: um dom profundamente humano

O Papa explicou que a fraternidade nasce da própria condição humana: “Somos capazes de nos relacionar e, se quisermos, sabemos construir laços autênticos entre nós.” Essas relações, observou o Pontífice, sustentam e enriquecem a vida desde o início. Mas advertiu contra o risco de viver fechados em si mesmos:

“Se nos isolarmos, corremos o risco de adoecer de solidão e até de desenvolver um narcisismo que nos leva a preocupar-nos com os outros apenas por interesse próprio.”

Um desafio em tempos de divisão

Leão XIV reconheceu que a fraternidade não é algo imediato nem garantido: “Muitos conflitos, guerras e tensões sociais parecem demonstrar o contrário”, afirmou. Contudo, “a fraternidade não é um sonho belo e impossível”, para vencer as sombras que a ameaçam, é preciso voltar às fontes e buscar “a luz e a força n’Aquele que é o único que nos liberta do veneno da inimizade”.

O Papa retomou o exemplo de São Francisco de Assis, que se dirigia a todos com a saudação omnes fratres, expressão de uma fraternidade sem fronteiras. “Era a forma inclusiva com a qual o Santo colocava todos os seres humanos no mesmo patamar, reconhecendo o seu destino comum de dignidade, diálogo, acolhimento e salvação.” Leão XIV recordou que esse “todos” expressa um traço essencial do cristianismo: a Boa Nova é universal, nunca exclusiva.

Papa Leão XIV durante a Audiência Geral   (@Vatican Media)

Cristo, fonte da verdadeira fraternidade

A fraternidade cristã, explicou o Papa, tem a sua raiz no mandamento novo de Jesus: “Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei (Jo 15,12).” Cristo, morto e ressuscitado, mostrou que o amor é capaz de transformar as relações humanas:

“A fraternidade concedida por Cristo liberta-nos da lógica negativa do egoísmo, da divisão e da prepotência, e reconduz-nos à nossa vocação original, em nome de um amor e de uma esperança que se renovam todos os dias.”

Papa Leão XIV durante a Audiência Geral   (@Vatican Media)

“Todos irmãos” no caminho da esperança

No final da catequese, o Papa Leão XIV convidou os fiéis a viver a fraternidade como testemunho da fé no Ressuscitado:

“Os irmãos e as irmãs apoiam-se mutuamente nas provações, não viram as costas aos necessitados, choram e alegram-se juntos. O Ressuscitado mostrou-nos o caminho a percorrer com Ele, para nos sentirmos e sermos todos irmãos”, concluiu o Pontífice.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

ARQUEOLOGIA: Carta das Areias

Escavações em Oxirrinco – Egito (Foto/Crédito: nationalgeographic)

ARQUEOLOGIA

Arquivo 30Dias nº 01 – 2002

DESCOBERTAS

Carta das Areias

Um papiro encontrado há anos no deserto egípcio pode vir a ser o documento cristão mais antigo fora do Novo Testamento. Trata-se de uma troca de cartas entre duas comunidades do primeiro século. Entrevista com Ilaria Ramelli.

por Giovanni Ricciardi

Em 1974, o estudioso Peter J. Parsons publicou pela primeira vez um papiro recuperado das areias do Egito, especificamente das escavações em Oxirrinco. Trata-se de uma carta, escrita em grego e datada entre o final do século I e o início do século II d.C. Este breve texto, do qual publicamos uma tradução, pode constituir um dos mais antigos testemunhos do cristianismo fora do Novo Testamento. Essa hipótese controversa e debatida está ressurgindo com renovado interesse entre os estudiosos de antiguidades cristãs. Discutimos o assunto com Ilaria Ramelli, especialista em cristianismo primitivo da Universidade Católica de Milão, que, em um artigo a ser publicado em breve na revista Aegyptus, baseado em uma hipótese muito recente da papirologista Orsolina Montevecchi, reitera a interpretação "cristã" do papiro.

O que a leva a crer que a carta possa ter sido escrita por um cristão?

ILARIA RAMELLI: Naturalmente, não podemos ter certeza matemática disso, pois não há declarações explícitas nesse sentido no texto. No entanto, a natureza cristã do texto é altamente provável.

Em que elementos se baseia esta hipótese?

RAMELLI: Em primeiro lugar, o que Montevecchi aponta parece-me fundamental: no início da carta, na saudação, a letra X do verbo chaírein está sublinhada, de acordo com o costume de nomina sacra que se difundia na época em que a carta foi composta. Significaria, portanto, o nome de Cristo ( Christós , com a inicial X). Sob esta perspectiva, um detalhe que os comentadores até agora não conseguiram explicar de forma convincente ficaria bem esclarecido: Amônio, no início, declara que está respondendo a uma carta recebida de Apolônio e marcada com a letra grega X. A forma usada em grego é o particípio do verbo chiázein , que significa propriamente “desenhar um sinal da cruz em forma de X”. Este verbo era normalmente usado na linguagem da medicina e da filologia. Como termo médico, indicava a prática da gravura; como termo filológico, o sinal que era desenhado na margem de um texto para chamar a atenção para uma passagem específica, um pouco como o nosso asterisco. Seu particípio, kechiasménos , é frequentemente encontrado em papiros para indicar um contrato ou um recibo, cancelado com um ou mais sinais X. A aplicação deste termo a uma carta ( epistolè kechiasméne ) é, por sua vez, um caso único, tanto mais importante em vista da presença do X inicial sublinhado. Em suma, tanto a presente carta quanto aquela à qual Amônio se refere foram marcadas com o X, isto é, o sinal de Cristo, seu nomen sacrum.

Outros argumentos linguísticos surgem: algumas expressões usadas por Amônio têm paralelos apenas em textos cristãos. Além disso, é possível que por trás dos dois correspondentes existam dois grupos de convertidos, duas "comunidades" cristãs. De fato, é provável que o escritor esteja se dirigindo a uma comunidade, alternando frequentemente entre "você" e "você" ao longo da carta. Portanto, parece que ele se dirige a Apolônio como representante, ou pelo menos um membro importante, de uma comunidade.

Poderia ser, então, uma troca de cartas entre duas comunidades cristãs egípcias no final do primeiro século? 

RAMELLI: É possível. Parece significativo, por exemplo, que Amônio exorte seus destinatários a manterem a harmonia e o amor mútuo. Naturalmente, o fato de essa preocupação com a harmonia da comunidade cristã também aparecer nas cartas do Novo Testamento não é suficiente para concluir que nossos dois correspondentes eram cristãos. Em todo caso, o interessante aqui não é apenas a preocupação de Amônio com a harmonia, mas também as razões que ele apresenta para isso. Dirigindo-se diretamente à comunidade, Amônio os exorta a permanecerem unidos "para que não sejam alvo de fofocas maliciosas, e o mesmo não aconteça a vocês conosco.

A experiência me leva, de fato, a instar vocês a permanecerem em paz e a não darem a outros a oportunidade de atacá-los". Há, portanto, um clima hostil em torno da comunidade de Apolônio, exatamente como havia em torno da de Amônio, e quaisquer desentendimentos dentro da comunidade incentivariam essa hostilidade externa. Essa poderia muito bem ter sido a situação de duas comunidades cristãs entre os séculos I e II. 

Seria isso uma referência às perseguições? 

RAMELLI: Nesse período, o cristianismo era oficialmente superstitio illicita . Os cristãos eram sobrecarregados por terríveis e infundadas acusações de crimes ( flagitia ), como atesta o historiador romano Tácito em seus Anais . No final do primeiro século, houve a perseguição de Domiciano, seguida pela Paz de Nerva e, imediatamente depois, o rescrito de Trajano, que ditava as regras de conduta dos magistrados romanos em relação aos cristãos. 

Quais eram as instruções de Trajano?

RAMELLI: Trajano recomendou que os cristãos não fossem perseguidos ativamente, mas, se denunciados, deveriam ser julgados e, caso persistissem em professar sua fé, condenados à morte. Ora, essas denúncias partiam de indivíduos hostis: daí a necessidade de os cristãos passarem o mais despercebidos possível, para evitar gerar hostilidade e malevolência: exatamente o que Amônio recomendava com tanta ansiedade. E ele o fazia porque já havia vivenciado esses eventos desagradáveis ​​em sua própria comunidade ("e que isso não aconteça com vocês como aconteceu conosco... a experiência me leva a instar vocês a permanecerem em paz e não darem a outros a oportunidade de atacá-los").

Então, a carta também poderia ser uma evidência das perseguições anticristãs no Egito nos primeiros séculos?

RAMELLI: Amônio retorna insistentemente a essa situação de perigo e hostilidade, que evidentemente lhe causa grande sofrimento, no final da carta: "Minha alma, porém, se acalma", escreve ele, "quando seu nome está presente, embora eu não esteja acostumado a permanecer calmo, por causa do que está acontecendo." Esta é uma situação grave e contínua, que muito bem pode ser explicada pelos perigos que uma comunidade cristã enfrentava no final do primeiro século ou início do segundo.

A carta também oferece um vislumbre da vida cotidiana.

RAMELLI: Certamente. Além das observações já citadas, encontramos referências à vida comum e cotidiana dos dois interlocutores. Fala-se de chaves, capas de viagem, lã, "coisas sem importância", para usar uma expressão do próprio Amônio. Além disso, as cartas de Paulo também contêm indícios desse tipo. Por exemplo, a segunda carta a Timóteo: "Quando vieres, traze-me a capa que deixei em Trôade com Carpo, e também os livros, principalmente os pergaminhos" ( 2 Tm 4:13). Isso é óbvio, visto que se tratam de trocas de cartas não literárias, mas pode ser visto no contexto de uma rede comum de relacionamentos. Por outro lado, a humildade que transparece nas palavras de Amônio é notável. Isso também se encaixa bem em uma leitura cristã da carta.

Se tudo isso for verdade, estamos diante de um dos documentos epistolares cristãos mais antigos fora do Novo Testamento, talvez o mais antigo que conhecemos, juntamente com as cartas de Clemente de Roma.

Isso confirmaria uma significativa disseminação do cristianismo no Egito já no final do primeiro século.

RAMELLI: Este é um fato comprovado. Além disso, sabe-se que foi no Egito, nas primeiras décadas do século II, que o papiro Rylands 457 foi escrito, contendo o Evangelho de João, cujos fragmentos, publicados em 1935, determinaram a data do Evangelho para algumas décadas antes de 125. As datas e os locais coincidem com os da nossa carta.

Fonte: https://www.30giorni.it/

São Diogo de Alcalá

São Diogo de Alcalá (A12)
13 de novembro

São Diogo de Alcalá

Diogo nasceu em Alcalá do Porto, em Sevilha, por volta do ano de 1400. Filho de pais muito pobres e simples, viveu como monge eremita, em penitência e oração. Alimentava-se somente com os produtos da pequena horta que cultivava e se vestia remendando os panos que o povo lhe dava em troca de pequenos trabalhos artesanais. Por ser muito considerado, atraiu muitos doadores, e, para manter melhor o recolhimento optou por fazer-se franciscano.

Frei Diogo trabalhava como porteiro e cozinheiro no convento. Privava-se do seu próprio pão para dá-lo aos mendigos, e aconteceu de encontrar a cesta dos pães cheia de rosas; este milagroso carinho de Deus para com ele foi diversas vezes retratado em pinturas, incluindo várias de Murillo.

Em 1441, Diogo foi enviado como missionário às Ilhas Canárias. Seu trabalho dedicado valeu-lhe o cargo de superior da ordem, embora fosse apenas irmão leigo. Mas sua atuação em prol dos indígenas não era bem vista pelos colonizadores, que os mantinham como escravos, e tornaram sua atuação difícil a ponto de ter que voltar para a Espanha, em 1449.

No ano seguinte ficou retido em Roma por causa de uma grave epidemia, e neste período dedicou-se a cuidar dos doentes, com grande caridade e utilizando os dons carismáticos de cura que possuía. De volta à Espanha, recomeçou o trabalho de porteiro e cozinheiro em vários mosteiros, sendo o último deles o de Alcalá de Henares, onde faleceu em 12 de novembro de 1463.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Diogo é um dos santos mais populares da Espanha e das Américas. De fato, seu nome em Espanhol, Diego, deu origem à famosa cidade norte americana, San Diego. Nele encontramos a humildade, simplicidade, caridade, desejo de estar com Deus e de servir ao próximo, que formam a essência da vida cristã, virtudes estas exercidas em quaisquer circunstâncias e local, desde superior a porteiro, em grandes cidades civilizadas ou ilhas incultas com população idólatra. Santos são os exemplos que a Igreja nos propõe: em casa, em viagem, no trabalho, no lazer, na escola, pais, filhos, vizinhos, colegas, amigos, desconhecidos, necessitados… somos chamados a viver as mesmas virtudes de San Diego.

Oração:

Ó Deus, concedei-nos, pelas preces de São Diogo de Alcalá, a quem destes perseverar na imitação de Cristo pobre e humilde, seguir a nossa vocação com fidelidade e chegar àquela perfeição que nos propusestes em Vosso Filho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Sei que te alegrou muito, Jesus. As coisas pequenas (Parte 1/2)

Cuidar das coisas pequenas (Opus Dei)

Sei que te alegrou muito, Jesus. As coisas pequenas

São Josemaria nos ensinou a cuidar das coisas pequenas porque compreendia a capacidade do homem de agradar a Deus com pequenos e quase minúsculos detalhes realizados por amor.

28/04/2020

No dia 29 de dezembro de 1933, São Josemaria estava concluindo a instalação da Academia DYA. Quatro estudantes o estavam ajudando naquele dia: Manolo, Isidoro, Pepe e Ricardo. Um dos trabalhos que fizeram foi instalar um quadro negro de 1,10 por dois metros em uma sala de aula. No dia seguinte, ele anota por escrito a emoção que o embargou: “Mal acabaram de colocar o quadro-negro numa sala de aula, a primeira coisa que os quatro artistas escreveram foi: Deo omnis gloria! – toda a glória para Deus – Sei que te alegrou muito, Jesus”[1].

Nessas poucas palavras, pode-se vislumbrar a sua alegria diante daquela feliz ideia. Mas talvez haja algo mais naquela anotação e é o modo como o fundador do Opus Dei compreendia a nossa capacidade de agradar a Deus com detalhes pequenos e quase minúsculos. Não é fácil entender como uma ação tão insignificante das criaturas possa chegar assim ao seu Criador.

Deus disse que as suas “delícias são estar com os filhos dos homens” (Pr 8, 31), que gosta muito de nós. Se essa expressão de São Josemaria parece atrevida, é ainda mais audaz quando descreve uma convicção muito íntima: “Com a Fé e o Amor somos capazes de enlouquecer a Deus, que se torna outra vez louco – já foi louco na Cruz, e é louco cada dia na Hóstia – mimando-nos como um Pai faz com seu filho primogênito”[2]. Tal consciência era algo habitual em sua pregação: “Falei-lhes de Jesus endoidecido, louco por nós”[3]. Tínhamos alguma vez chegado a imaginar uma reação divina deste calibre?

A felicidade de Deus

No fim da sua primeira carta pastoral, o prelado do Opus Dei pedia a Deus: “Fazei, Senhor, que a partir da fé no vosso Amor vivamos cada dia com um amor sempre novo, numa alegre esperança”[4]. O que pode unir a alegria – algo de que todos tivemos experiência – às virtudes que nos aproximam de Deus e são outorgadas por ele? São Tomás de Aquino afirma que a felicidade “corresponde a Deus em grau sumo” (S.Th. I-I, q. 26); ninguém é tão feliz como Ele, e deseja desfrutar essa alegria conosco e também compartilhá-la conosco. Por isso, vivemos à espera da felicidade eterna e, ao mesmo tempo, estamos já alegres porque Deus nos concede já aqui a participação na sua felicidade.

“COM A FÉ E O AMOR SOMOS CAPAZES DE ENLOUQUECER A DEUS, QUE SE TORNA OUTRA VEZ LOUCO MIMANDO-NOS COMO UM PAI FAZ COM SEU FILHO PRIMOGÊNITO”

Para penetrarmos no mistério da felicidade divina, pode ajudar-nos contemplar uma reação de Jesus narrada por São Marcos: “Jesus estava sentado em frente do cofre das ofertas e observava como a multidão punha dinheiro no cofre. Muitos ricos depositavam muito. Chegou então uma pobre viúva e deu duas moedinhas” (Mc 12, 41-42). Este detalhe insignificante emocionou a Nosso Senhor.

As moedas de cobre ressoavam ao cair no gazofilácio, que era uma espécie de trombeta com a boca para cima e que ficava no átrio do templo. Era lá que se entregavam as oferendas, esmolas e rendas. O ruído normal que o metal rijo fazia ao cair era bem diferente do suave tilintar das duas moedas quase sem valor que aquela pobre mulher tinha oferecido. Correspondiam um quarto de um ás e, na época era a menor moeda em circulação.

No entanto, aquela mulher conquistou o coração de Cristo. Ele na verdade não necessita das nossas oferendas, mendiga algo muito maior: o nosso coração. “Não viste os fulgores do olhar de Jesus quando a pobre viúva deixou no templo a sua pequena esmola? Dá-lhe tudo o que puderes dar; não está o mérito no pouco nem no muito, mas na vontade com que o deres”[5]. Jesus não interpreta os gestos do modo como nós o fazemos. A oferenda da viúva é minúscula, mas a Jesus agrada muito mais que as outras porque é livre, humilde e gratuita. Significa muito para Ele e não resiste a explicar: “Em verdade vos digo: esta pobre viúva deitou mais do que todos os que lançaram no cofre porque todos deitaram do que tinham em abundância; esta, porém, pôs da sua indigência, tudo o que tinha para o seu sustento” (Mc 12, 43). Cristo nos desafia a avaliar as coisas – e sobretudo a nossa vida – de uma forma diferente, alternativa e paradoxal.

Amar com a mesma moeda

É inútil tentar medir o amor do Senhor por nós. “Deus chega de graça. O seu amor não é negociável: não fizemos nada para merecê-lo e nunca poderemos recompensá-lo”[6]. Jesus Cristo quer ser nosso amigo. Assim confiou aos seus apóstolos no Cenáculo (cfr. Jo 15, 15) “E ao dizer a eles, disse-o a todos nós. Deus não nos ama apenas como criaturas, mas como filhos a quem, em Cristo, oferece uma verdadeira amizade”[7]. Quando apalpamos a nossa fragilidade, no entanto, tendemos a pensar que Deus reage como nós o faríamos, Quando as coisas não nos saem bem ou quando pensamos que não estamos à altura de seu amor, nós o imaginamos desapontado, decepcionado ou triste. Não cabe em nossa cabeça que a nossa vida, marcada por misérias e tropeços, possa agradar ou alegrar e, menos ainda, deixar doido a Deus.

“DEUS CHEGA DE GRAÇA. O SEU AMOR NÃO É NEGOCIÁVEL: NÃO FIZEMOS NADA PARA MERECÊ-LO E NUNCA PODEREMOS RECOMPENSÁ-LO”

Os Padres da Igreja procuraram prevenir-nos deste erro tão comum: “Homem, por que te consideras tão vil, tu que tanto vales aos olhos de Deus?”[8]. São Boaventura ensina o caminho para não errarmos: “Se queres saber como se realizam estas coisas, pergunta à graça, não ao saber humano; pergunta ao desejo, não ao entendimento; pergunta ao gemido expressado na oração”[9].

Como Deus pode se entusiasmar desse modo com os nossos minúsculos detalhes de carinho ou até com as nossas limitações? Como é possível que a distância infinita entre o amor de Deus e a nossa pobre correspondência seja cancelada? É claro que não temos dinheiro suficiente para comprar o seu amor. Ama-nos porque tem vontade, que é a mais divina. Por isso, não nos obriga a corresponder de um modo preciso. Entusiasma-se, ao mesmo tempo, se pagamos com a sua moeda, com um amor gratuito de quem se deixa amar, de quem permite ao outro que fique louco. Isso acontece quando compreendemos que o carinho divino não está à venda e, por isso, confiamos apenas na loteria da sua bondade incondicional. A alma então responde com o pouco que guarda, mas com uma grande diferença: ela o faz porque quer, como Deus. E desfruta disso como ele.

Diego Zalbidea


[1] São Josemaria, Forja, n. 611.

[2] São Josemaria, Instrucción acerca del espíritu sobrenatural de la Obra, n. 39.

[3] São Josemaria, Apontamentos íntimos de 23-XI-1931. Citado em Pedro Rodríguez, Caminho. Edição Comentada, Quadrante, São Paulo, 2014, p. 916.

[4] F. Ocáriz, Carta pastoral, 14/02/2017, n. 33.

[5] São Josemaria, Caminho, n. 829.

[6] Francisco, Homilia na Noite de Natal, 24/12/2019.

[7] F. Ocáriz, Carta Pastoral, 1/11/2019, n. 2.

[8] São Pedro Crisólogo, Sermão 148.

[9] São Boaventura, Itinerarium mentis in Deum, cap. 7, n. 6, em Opera omnia, V, Ad Claras Aquas (Quaracchi) 1891, p. 313.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/sei-que-te-alegrou-jesus/

Um estudo explica por que a amamentação reduz o risco de câncer de mama

Angelo Giampiccolo/ Shutterstock

Mathilde de Robien - publicado em 10/11/25 - atualizado em 10/11/25

Pesquisadores do Peter MacCallum Cancer Centre, o maior centro de pesquisa de câncer da Austrália, em Melbourne, publicaram um estudo no final de outubro mostrando que a amamentação aumenta significativamente as defesas do sistema imunológico contra o câncer de mama.

A ligação era conhecida, mas ainda não explicada pela medicina. A descoberta, feita por pesquisadores australianos, do papel protetor dos linfócitos T CD8 no tecido mamário ajuda a entender por que a amamentação reduz o risco de câncer de mama.

Certamente, a ligação já havia sido estabelecida. Em um relatório publicado em junho de 2024, o Alto Conselho de Saúde Pública afirmou que "há fortes evidências de que a amamentação reduz o risco de câncer de mama em mães". "Embora essa redução seja pequena em relação à duração média da amamentação por filho e ao número de filhos amamentados durante a vida de uma mulher em países de alta renda, ela tem um impacto significativo em nível populacional no número de casos de câncer de mama prevenidos."

O papel dos linfócitos

Mas até agora, os motivos eram desconhecidos. Em um estudo publicado em 20 de outubro na revista Nature, pesquisadores australianos destacaram a ligação entre a amamentação e o acúmulo de linfócitos T CD8 na glândula mamária. Essas células são essenciais para a imunidade e protegem o organismo contra o desenvolvimento de tumores. Ao comparar as células imunológicas de 260 mulheres, eles demonstraram que o número de células protetoras era maior em mulheres que já haviam tido pelo menos um filho do que naquelas que não haviam tido. Essa diferença foi observada mesmo em mulheres que haviam dado à luz há mais de 30 anos. Os pesquisadores concluíram que ter filhos e amamentar reduz o risco de câncer de mama, particularmente o câncer de mama triplo-negativo.

"Esses resultados lançam nova luz sobre como o histórico reprodutivo molda a imunidade da mama, posicionando as células T CD8 como mediadoras-chave da proteção associada à gravidez e fornecendo novas estratégias para a prevenção e o tratamento do câncer de mama", comemoram os autores do estudo.

Além de reduzir o risco de câncer de mama, a amamentação também está associada a um menor risco de desenvolver diabetes tipo 2 mais tarde na vida, particularmente em mulheres com diabetes gestacional. "O efeito protetor parece aumentar com a duração da lactação", enfatiza o relatório do Conselho Superior de Saúde Pública.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/11/10/um-estudo-explica-por-que-a-amamentacao-reduz-o-risco-de-cancer-de-mama/

Leão XIV alerta sobre tecnologia e medicina a serviço de ‘ideologias anti-humanas’

Papa Leão XIV. Imagem referencial. | Vatican Media

Por Almudena Martínez-Bordiú

11 de nov de 2025 às 09:13

O papa Leão XIV falou sobre o “potencial destrutivo” da tecnologia e da pesquisa médica “quando colocadas a serviço de ideologias anti-humanas”, apontando para avanços científicos que minam a dignidade humana, como a eugenia, a seleção de embriões, a manipulação genética, e outras práticas.

O papa fez isso numa mensagem dirigida aos participantes do Congresso Internacional da Pontifícia Academia para a Vida, realizado sob o tema Inteligência Artificial e Medicina: o desafio da dignidade humana.

Leão XIV iniciou sua mensagem falando sobre o presente, marcado pelos avanços tecnológicos que influenciam até mesmo a maneira de pensar das pessoas e alteram a compreensão e percepção da realidade. Nesse contexto, ele alertou sobre o risco de “perdermos de vista os rostos das pessoas ao nosso redor” e de esquecer como reconhecer e valorizar “tudo o que é verdadeiramente humano”.

Para além desses riscos, o papa falou sobre os benefícios do desenvolvimento tecnológico, especialmente na medicina e na saúde. No entanto, ele enfatizou que, para garantir um progresso genuíno, é essencial que a dignidade humana e o bem comum “permaneçam como prioridades firmes”.

Leão XIV disse que essas tendências podem ter um efeito devastador na vida das pessoas, embora tenha dito que, se forem aproveitadas "e verdadeiramente colocadas a serviço da pessoa humana", também podem ser "transformadoras e benéficas".

Consequentemente, o papa sublinhou a urgência de explorar o potencial da inteligência artificial (IA) na medicina: “A fragilidade da condição humana manifesta-se frequentemente no campo da medicina”, mas nunca deve-se esquecer a “dignidade ontológica que pertence à pessoa”.

Citando a nota Antiqua et nova, nota da Santa Sé sobre Inteligência Artificial e Inteligência Humana, Leão XIV disse: “Os profissionais de saúde têm a vocação e a responsabilidade de serem guardiões e servidores da vida humana”, especialmente nas fases mais vulneráveis dela.

“O mesmo se pode dizer dos responsáveis ​​pelo uso da IA ​​nessa área”, disse o papa. “De fato, quanto maior a fragilidade da vida humana, maior a nobreza daqueles a quem é confiada a sua preservação”.

Leão XIV disse que os dispositivos tecnológicos “nunca devem prejudicar a relação pessoal entre pacientes e profissionais de saúde”. O papa disse: “Se a IA pretende servir à dignidade humana e à eficácia dos cuidados de saúde, devemos garantir que ela realmente melhore tanto as relações interpessoais quanto a qualidade do atendimento prestado”.

Por fim, ele disse ser essencial “promover uma ampla colaboração entre todos os que trabalham nas áreas da saúde e da política”, para além das fronteiras nacionais.

*Almudena Martínez-Bordiú é uma jornalista espanhola correspondente da ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em Roma e no Vaticano, com quatro anos de experiência em informação religiosa.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/65415/leao-xiv-alerta-sobre-tecnologia-e-medicina-a-servico-de-ideologias-anti-humanas

Acompanhe a CNBB e fique por dentro das ações da Igreja Católica durante a COP30 em Belém

Igreja Católica na COP30 em Belém (CNBB)

ACOMPANHE A CNBB E FIQUE POR DENTRO DAS AÇÕES DA IGREJA CATÓLICA DURANTE A COP30 EM BELÉM

07/11/2025

As delegações de todo o mundo já chegam a Belém para a Conferência da ONU sobre as mudanças climáticas, a COP30, e as articulações políticas começam a tomar forma, antes mesmo da abertura oficial. Da parte da Igreja, as próximas semanas serão o ápice de uma caminhada de mais de dois anos de preparação, articulação, escuta e construção para levar aos líderes mundiais o pedido por uma ecologia integral com justiça, e convocação para a conversão ecológica profunda.

Delegação

A Igreja Católica marcará presença nesta conferência por meio da articulação “Igreja Católica na COP30”, apresentando sua visão sobre desenvolvimento sustentável, justiça climática e ecologia integral e o cuidado com a Casa Comum. Estará presente em Belém uma delegação de 10 pessoas da Santa Sé, incluindo o representante do Papa Leão XIV, o cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, além de 8 cardeais, 47 bispos e outras 97 pessoas ligadas a diferentes organismos eclesiais.

Toda a Presidência da CNBB estará presente na COP30: cardeal Jaime Spengler (presidente), dom João Justino (primeiro vice-presidente), dom Paulo Jackson (segundo vice-presidente) e dom Ricardo Hoepers (secretário-geral). Também subsecretários e assessores participarão.

Fazem parte da articulação Igreja Católica na COP30: a CNBB, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), a Cáritas Brasileira e o Movimento Laudato Si’.

Eventos da Igreja

A Igreja Católica apresentará as suas propostas durante um Simpósio no dia 12 de novembro, no Colégio Santa Catarina de Sena, evento que contará com uma entrevista coletiva à imprensa às 14h. Painéis, visitas, celebrações e atividades de mobilização completam o itinerário da Igreja nesses dias de COP30.

Simpósio da Igreja na COP30

Tema: A Igreja Católica na COP 30 nos caminhos da Ecologia Integral: refletindo sobre justiça climática e conversão ecológica

Objetivo Geral: Apresentar as perspectivas da Igreja Católica e de seus interlocutores ecumênicos, científicos, indígenas e governamentais sobre a temática socioambiental, destacando seu compromisso com a justiça climática e a ecologia integral.
Data: 12 de novembro de 2025
Local: Colégio Santa Catarina de Sena/Belém
Confira mais informações aqui
Transmissão ao vivo pelo canal da CNBB no Youtube e pelos canais da Arquidiocese de Belém.

Coletiva de Imprensa às 14h:

Componentes da mesa:

  • Dom Jaime Spengler: Arcebispo de Porto Alegre, Presidente da CNBB e Presidente do CELAM
  • Dom Filipe Neri do Rosário Ferrão: Arcebispo de Goa e Damão, Presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia (FABC)
  • Dom Fridolin Ambongo Besungu: Arcebispo de Kinshasa, Presidente Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (SECAM)

Inscrições para a Coletiva: imprensa@cnbb.org.br

Para ficar por dentro:

Acompanhe todas as atividades da Igreja na COP30 com a cobertura da CNBB, de Vatican News, de ADN Celam e no site oficial da articulaçãoigrejarumoacop30.org.

Um Plano de Comunicação Integrada será partilhado com os responsáveis pelas emissoras de rádio e TV de inspiração católica e jornalistas credenciados na CNBB para auxiliá-los na cobertura.

Nos portais e redes sociais, especialmente na conta específica criada no Instagram (instagram.com/igrejacatolicanacop30), serão divulgadas todas as atualizações sobre a incidência da Igreja no evento.

Também foi criado um canal no WhatsApp para fornecer atualizações a respeito da presença da Igreja no evento. Acesse aqui.

O atendimento à imprensa será feito pelos responsáveis de cada instituição. Na CNBB, padre Arnaldo Rodrigues: E-mail: imprensa.cnbb@cnbb.org.br e WhatsApp

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF