Mathilde de Robien - publicado
em 10/11/25 - atualizado em 10/11/25
Pesquisadores do Peter MacCallum Cancer Centre, o maior
centro de pesquisa de câncer da Austrália, em Melbourne, publicaram um estudo
no final de outubro mostrando que a amamentação aumenta significativamente as
defesas do sistema imunológico contra o câncer de mama.
A ligação era conhecida, mas ainda não explicada pela
medicina. A descoberta, feita por pesquisadores australianos, do papel protetor
dos linfócitos T CD8 no tecido mamário ajuda a entender por que a amamentação
reduz o risco de câncer de mama.
Certamente, a ligação já havia sido estabelecida. Em
um relatório publicado em junho de 2024, o Alto Conselho de Saúde
Pública afirmou que "há fortes evidências de que a amamentação reduz o
risco de câncer de mama em mães". "Embora essa redução seja pequena
em relação à duração média da amamentação por filho e ao número de filhos
amamentados durante a vida de uma mulher em países de alta renda, ela tem um
impacto significativo em nível populacional no número de casos de câncer de
mama prevenidos."
O papel dos linfócitos
Mas até agora, os motivos eram desconhecidos. Em um
estudo publicado em 20 de outubro na revista Nature, pesquisadores australianos
destacaram a ligação entre a amamentação e o acúmulo de linfócitos T CD8 na
glândula mamária. Essas células são essenciais para a imunidade e protegem o
organismo contra o desenvolvimento de tumores. Ao comparar as células
imunológicas de 260 mulheres, eles demonstraram que o número de células
protetoras era maior em mulheres que já haviam tido pelo menos um filho do que
naquelas que não haviam tido. Essa diferença foi observada mesmo em mulheres
que haviam dado à luz há mais de 30 anos. Os pesquisadores concluíram que ter
filhos e amamentar reduz o risco de câncer de mama, particularmente o câncer de
mama triplo-negativo.
"Esses resultados lançam nova luz sobre como o
histórico reprodutivo molda a imunidade da mama, posicionando as células T CD8
como mediadoras-chave da proteção associada à gravidez e fornecendo novas
estratégias para a prevenção e o tratamento do câncer de mama", comemoram
os autores do estudo.
Além de reduzir o risco de câncer de mama, a amamentação
também está associada a um menor risco de desenvolver diabetes tipo 2 mais
tarde na vida, particularmente em mulheres com diabetes gestacional. "O
efeito protetor parece aumentar com a duração da lactação", enfatiza o
relatório do Conselho Superior de Saúde Pública.

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