11 de nov de 2025 às 09:13
O papa Leão XIV falou sobre o “potencial destrutivo” da
tecnologia e da pesquisa médica “quando colocadas a serviço de ideologias
anti-humanas”, apontando para avanços científicos que minam a dignidade humana,
como a eugenia, a seleção de embriões, a manipulação genética, e outras
práticas.
O papa fez isso numa mensagem dirigida aos participantes do
Congresso Internacional da Pontifícia Academia para a Vida, realizado sob o
tema Inteligência Artificial e Medicina: o desafio da dignidade humana.
Leão XIV iniciou sua mensagem falando sobre o presente,
marcado pelos avanços tecnológicos que influenciam até mesmo a maneira de
pensar das pessoas e alteram a compreensão e percepção da realidade. Nesse
contexto, ele alertou sobre o risco de “perdermos de vista os rostos das
pessoas ao nosso redor” e de esquecer como reconhecer e valorizar “tudo o que é
verdadeiramente humano”.
Para além desses riscos, o papa falou sobre os benefícios do
desenvolvimento tecnológico, especialmente na medicina e na saúde. No entanto,
ele enfatizou que, para garantir um progresso genuíno, é essencial que a
dignidade humana e o bem comum “permaneçam como prioridades firmes”.
Leão XIV disse que essas tendências podem ter um efeito
devastador na vida das pessoas, embora tenha dito que, se forem aproveitadas
"e verdadeiramente colocadas a serviço da pessoa humana", também
podem ser "transformadoras e benéficas".
Consequentemente, o papa sublinhou a urgência de explorar o
potencial da inteligência artificial (IA) na medicina: “A fragilidade da
condição humana manifesta-se frequentemente no campo da medicina”, mas nunca
deve-se esquecer a “dignidade ontológica que pertence à pessoa”.
Citando a nota Antiqua
et nova, nota da Santa Sé sobre Inteligência Artificial e
Inteligência Humana, Leão XIV disse: “Os profissionais de saúde têm a vocação e
a responsabilidade de serem guardiões e servidores da vida humana”,
especialmente nas fases mais vulneráveis dela.
“O mesmo se pode dizer dos responsáveis pelo uso da IA nessa área”, disse o papa. “De fato, quanto
maior a fragilidade da vida humana, maior a nobreza daqueles a quem é confiada a sua preservação”.
Leão XIV disse que os dispositivos tecnológicos “nunca devem
prejudicar a relação pessoal entre pacientes e profissionais de saúde”. O papa
disse: “Se a IA pretende servir à dignidade humana e à eficácia dos cuidados de
saúde, devemos garantir que ela realmente melhore tanto as relações
interpessoais quanto a qualidade do atendimento prestado”.
Por fim, ele disse ser essencial “promover uma ampla
colaboração entre todos os que trabalham nas áreas da saúde e da política”,
para além das fronteiras nacionais.
*Almudena Martínez-Bordiú é uma jornalista espanhola
correspondente da ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em Roma e no
Vaticano, com quatro anos de experiência em informação religiosa.

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