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quinta-feira, 22 de março de 2018

Da Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja, do Concílio Vaticano II

(N.9)               (Séc.XX)

A Igreja, sacramento visível da unidade salvífica
Eis que virão dias, diz o Senhor, em que concluirei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova aliança... Imprimirei minha lei em suas entranhas, e hei de inscrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão meu povo... Todos me conhecerão, do menor ao maior deles, diz o Senhor (cf. Jr 31,31.33.34).
Foi essa aliança nova que Cristo instituiu, isto é, a nova aliança no seu sangue, chamando judeus e pagãos para formarem um povo que se reunisse na unidade, não segundo a carne, mas no Espírito, e constituísse o novo povo de Deus.
Os que creem em Cristo, renascidos não de uma semente corruptível, mas incorruptível, pela palavra do Deus vivo, não da carne, mas da água e do Espírito Santo, são por fim constituídos a raça escolhida, o sacerdócio do Reino, a nação santa, o povo que ele conquistou... que antes não eram povo, agora, porém, são povo de Deus (1Pd 2,9.10).
Este povo messiânico tem por cabeça Cristo, que foi entregue por causa de nossos pecados e foi ressuscitado para nossa justificação (Rm4,25) e agora, tendo recebido um nome que está acima de todo nome, reina gloriosamente nos céus.
Este povo tem a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, em cujos corações o Espírito Santo habita como em seu templo.
Tem como lei o novo mandamento de amar como o próprio Cristo nos amou.
Tem como fim o Reino de Deus, que ele mesmo iniciou na terra, e deve desenvolver-se sempre mais, até ser no fim dos tempos consumado pelo próprio Deus, quando Cristo, nossa vida, aparecer e a criação for libertada da escravidão da corrupção e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus (Rm 8,21).
Portanto, o povo messiânico, embora não abranja atualmente todos os homens e apareça muitas vezes como um pequeno rebanho, é entretanto, para todo o gênero humano, fecundíssima semente de unidade, de esperança e de salvação.
Constituído por Cristo para uma comunhão de vida, de amor e de verdade, e por ele assumido para ser instrumento da redenção universal, é enviado ao mundo inteiro como luz do mundo e sal da terra.
Assim como Israel segundo a carne, que peregrinava no deserto, já é chamado Igreja de Deus, também o novo Israel, que caminha neste mundo em busca da cidade futura e permanente, é chamado Igreja de Cristo, pois foi ele que a adquiriu com o seu sangue, encheu-a de seu Espírito e dotou-a de meios aptos para uma união visível e social.
 Deus convocou todos aqueles que olham com fé para Jesus, autor da salvação e princípio da unidade e da paz, e com eles constituiu a Igreja, a fim de que ela seja, para todos e para cada um, o sacramento visível desta unidade salvífica.
www.liturgiadashoras.org

Administrador Apostólico de Formosa (GO) faz declaração

Administrador Apostólico de Formosa (GO) faz declaração
Dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo de Uberaba (MG)
Dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo de Uberaba (MG), nomeado nesta quarta-feira, 21 de março, Administrador Apostólico de Formosa (GO) divulgou hoje sua primeira declaração público sobre a missão que recebeu do Papa Francisco.
Leia:
Neste dia 21 de março o Papa Francisco me nomeou Administrador Apostólico da Diocese de Formosa, no Estado de Goiás. Fico feliz pela confiança, mas preocupado com os desafios que, certamente, terei que enfrentar. Ainda não conheço nada da realidade, a não ser o que tem sido transmitido pelos meios de comunicação.
A Igreja está preocupada com a realidade da Diocese de Formosa, que estava até ontem sem administrador e, por isso, começa agora um novo caminhar, com minha presença, até que seja nomeado um novo Bispo Diocesano. Continuo Arcebispo de Uberaba, apenas dando atenção ao pedido do Santo Padre neste momento.
Minha disposição é para dar àquele povo de Formosa, até o momento muito abalado, mais esperança e confiança na sua prática cristã. Por isto, convido a todos, o clero e a comunidade diocesana de Formosa, a unirem-se em torno de Cristo, Pastor dos Pastores.
Uberaba, 21 de março de 2018
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba e Administrador Apostólico de Formosa
CNBB

quarta-feira, 21 de março de 2018

Operação Caifás: “A verdade dos fatos deve ser apurada com justiça e transparência”, afirma dom Leonardo Steiner

Operação Caifás: “A verdade dos fatos deve ser apurada com justiça e transparência”, afirma dom Leonardo Steiner
Dom Leonardo Ulrich Steiner - Bispo Auxiliar de Brasília - Secretário Geral da CNBB
O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner divulgou nota sobre a operação Caifás, deflagrada ontem (19/03) pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) na diocese de Formosa (GO). No texto, o bispo manifesta solidariedade com o presbitério e os fiéis da diocese.
Confira, abaixo, a nota na íntegra:
Diante da prisão do bispo da Diocese de Formosa no estado de Goiás, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB manifesta a solidariedade com o presbitério e os fiéis da Diocese, recordando ao irmão bispo que a justiça é um abandonar-se confiante à vontade misericordiosa de Deus. A verdade dos fatos deve ser apurada com justiça e transparência, visando o bem da igreja particular e do bispo. Convido a todos os fiéis da Igreja a permanecermos unidos em oração, para sermos verdadeiras testemunhas do Evangelho.
CNBB

domingo, 18 de março de 2018

5º Domingo da Quaresma: Queremos ver Jesus

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

Estamos nos aproximando da Semana Santa. O Evangelho da missa deste Domingo já nos introduz na meditação da Paixão do Senhor. Jesus fala de sua morte, do “grão de trigo” que morre para frutificar. Ele sente-se “angustiado”, antecipando o que vai se passar no Jardim das Oliveiras (Getsêmani). Contudo, a “hora” a que Jesus se refere, sua paixão e morte, não se reduz ao sofrimento humano. É a “hora” da glorificação do Pai pela fidelidade do Filho até o fim, “elevado” na cruz. É a “hora” da glorificação pela vitória de Cristo sobre o “chefe deste mundo”, sobre o pecado e a morte. Segundo a Carta aos Hebreus, na “consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna”  (Hb 5,9).
Por meio da morte e ressurreição de Jesus, acontece a nova Aliança. A profecia de Jeremias (Jr 31,31-34), proclamada na primeira leitura, é um dos mais importantes textos sobre o tema da Aliança. Ele ressalta que a nova Aliança é bastante diferente da antiga. A lei do Senhor será inscrita no coração e não mais em tábuas de pedra. O realizador será o Messias. Enquanto Moisés se limita a promulgar a antiga Aliança, Jesus “realiza” a nova por sua morte e ressurreição. Ao invés do sacrifício de cordeiros, é o sangue de Jesus, o cordeiro imolado na cruz, que sela a nova Aliança, eliminando os sacrifícios antigos.
O Evangelho se refere também aos gregos que procuraram os discípulos para ver Jesus. “Queremos ver Jesus” (Jo 12,21), pedem eles. Aqueles gregos, estrangeiros em Jerusalém, representam inúmeras pessoas que também hoje querem ver Jesus, necessitam dele, mas não conseguem chegar até ele. Os discípulos de hoje devem ajudar as pessoas a encontrar Jesus. Para tanto, é preciso ter um coração missionário, ser uma comunidade missionária; ir ao encontro dos que estão fora da comunidade ou dos que mais sofrem para compartilhar com eles a “alegria do Evangelho”.  Entretanto, não basta “ver” Jesus. É preciso acolher a sua palavra que nos convida a sermos também o “grão de trigo” que se consome em favor dos irmãos para produzir muitos frutos. Quando nos tornamos o “grão de trigo”, glorificamos a Deus na celebração eucarística e na vida cotidiana.
No próximo domingo, estaremos iniciando a Semana Santa, com o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. Organize o seu tempo para participar das principais celebrações da Semana Santa. Como vai a sua vivência quaresmal? É tempo de conversão e penitência, de perdão e reconciliação, de oração e caridade. Ajude a superar a violência através da vivência do lema da Campanha da Fraternidade: “vós sois todos irmãos” (Mt 23,8).
Arquidiocese de Brasília

domingo, 11 de março de 2018

4º Domingo da Quaresma: Deus é Misericordioso!

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

Celebramos o IV Domingo da Quaresma, numa atitude de louvor e alegria pela misericórdia divina.      O Evangelho anuncia que “Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho unigênito para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”. Acrescenta, a seguir: “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3, 16-17). Nós nos alegramos e louvamos a Deus pelo seu amor manifestado na cruz redentora de Jesus Cristo. Louvamos a Deus, com alegria, porque ele libertou o seu povo cativo na Babilônia, conforme nos recorda o livro das Crônicas, na primeira leitura. Nós nos alegramos porque “Deus é rico em misericórdia”, “por causa do grande amor com que nos amou”, “pela incomparável riqueza de sua graça”, “porque ele nos deu a vida com Cristo”, segundo São Paulo, na segunda leitura (Ef 2,4-10).
Entretanto, o louvor e a alegria manifestados na Liturgia devem se prolongar na vida do dia a dia, numa atitude sincera de conversão, especialmente neste tempo quaresmal. O Evangelho nos convida a crer em Cristo e a caminhar na luz, deixando as trevas da incredulidade e das “ações que eram más”.  São Paulo nos recorda que “fomos criados em Jesus Cristo para as obras boas” (Ef 2,10). O segundo livro das Crônicas nos motiva a refazer a experiência do povo de Deus libertado da opressão na Babilônia para retornar à própria terra e reconstruir a vida.
O Ano do Laicato, vivenciado em todo o Brasil, tem estimulado os fiéis leigos e leigas a serem “sal da terra” e “luz do mundo”, nos diversos ambientes e situações em que vivem. O testemunho de fé de cada um é indispensável, mas é preciso também a ação da comunidade através das pastorais e movimentos, a fim de tornar mais efetivo o serviço da caridade, da justiça e da paz.  Nossas comunidades necessitam de pessoas dispostas a participar da evangelização nos órgãos públicos, nas escolas e universidades, nos hospitais, nos meios de comunicação, nas periferias urbanas, dentre tantos outros ambientes. A conversão quaresmal nos leve, de modo especial, a servir com compaixão para as ovelhas mais sofridas do rebanho de Cristo!
Procure viver bem esta Quaresma! Em resposta ao apelo da Campanha da Fraternidade, ajude a superar a violência praticando a Palavra de Jesus: “vós sois todos irmãos!” Jamais ceda à tentação da violência! Promova a reconciliação e o perdão entre todos. Seja portador do amor e da paz que Deus nos oferece! 
Arquidiocese de Brasília

sábado, 10 de março de 2018

Igreja celebra hoje os 40 mártires de Sebaste, sustentados pela fé de uma mãe

REDAÇÃO CENTRAL, 10 Mar. 18 / 05:00 am (ACI).- “Por esta noite de gelo, conseguiremos o dia sem fim da glória na eternidade feliz”, animavam-se os mártires uns aos outros, enquanto permaneciam em um lago congelado como castigo. Saiba o que Cristo e os anjos fizeram por eles e o corajoso gesto da mãe do mártir mais jovem.

Diante do decreto do imperador Licino (320), no qual ordenava a morte dos cristãos que não renegassem a sua fé, os corajosos soldados disseram ao governador de Sebaste (então capital da província da Armênia Menor, na Turquia) que eles não ofereceriam incenso aos ídolos e que se manteriam fiéis a Jesus.
O governador mandou torturá-los e prendê-los em um calabouço escuro. A prisão se iluminou e se ouviu que Jesus os incentivava a sofrer com coragem. Posteriormente, foram levados a um lago com água gelada.
Quando se viram obrigados a se desvestir para entrar na água fria, um deles exclamou: “Ao tirarmos as roupas, nos despojamos do homem velho; o inverno é duro, mas o paraíso é doce; o frio é fortíssimo, mas a glória será agradável”.
Muito perto do lago, havia um tanque com água morna para quem quisesse desistir. Aconteceu que um deles abandonou seus amigos cristãos e entrou na água quente, mas isso lhe causou imediatamente a morte.
A tradição conta que 40 anjos desceram do céu, cada um com uma coroa, mas um anjo ficou a buscar a quem dar o prêmio, porque um deles havia desistido. Um guarda, ao ver que os mártires seguiam rezando e cantando hinos, gritou: “Eu também creio em Cristo”. Terminou também no lago, o anjo se aproximou e lhe deu a coroa do martírio.
Os soldados anticristãos convidavam o mais jovem dos mártires a desanimar, mas sua mãe o incentivava a permanecer fiel. Ao amanhecer, os mártires foram retirados vivos do lago, quebraram-lhes as pernas e os deixaram morrer.
O comandante do exército mandou que os corpos fossem queimados, mas de alguma forma o mais jovem sobreviveu e morreu nos braços de sua mãe. A mulher recolheu todos os que pôde, colocou-os em uma carroça e os levou a um lugar seguro. Impressiona a força espiritual desta mãe, que incentivava seu filho no martírio.
Os cristãos no oriente celebram a festa desses mártires em 9 de março, data em que deram suas vidas, enquanto no ocidente sua festa é em 10 de março. Esta celebração coincide com a Quaresma para encorajar os fiéis no caminho da fé.
ACI digital

quinta-feira, 8 de março de 2018

9 mulheres que foram exemplares para a Igreja e o mundo

REDAÇÃO CENTRAL, 08 Mar. 18 / 05:00 am (ACI).- Há quem diga que a mulher não tem papéis importantes na Igreja. Entretanto, desde o início do cristianismo até a atualidade, Deus suscitou mulheres que orientaram o Povo de Deus, influenciando também no curso do Papado. Conheça 9 mulheres que foram exemplares para a Igreja.

“Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou” (Jo 2,4), disse Jesus à sua Mãe nas Bodas de Caná, em um casamento ao qual ambos tinham sido convidados. Cristo escutou sua mãe, a primeira mulher que acolhe o Senhor e motiva o primeiro milagre conhecido da vida pública de Jesus.
Os primeiros séculos do cristianismo estão cheios de mulheres corajosas que não duvidaram em dar sua vida por Cristo, incentivando os demais cristãos a não fraquejar quando lhes chega o momento.
2. Santa Hildegarda de Bingen
Mais tarde, durante a Idade Média, a Igreja já não era perseguida, mas vivia-se uma cultura machista, própria da época. Isto não foi impedimento para Santa Hildegarda de Bingen (1098-1179), religiosa beneditina de origem alemã, que chegou a ter uma séria de visões místicas.
Escreveu obras teológicas e de moral com notável profundidade e foi declarada Doutora da Igreja por Bento XVI no ano 2012, junto com São João d’Ávila. Sua popularidade fez com que muitas pessoas, entre bispos e abades, lhe pedissem conselhos.
“Quando o imperador Federico Barbarroja provocou um cisma eclesial, opondo 3 antipapas ao Papa legítimo, Alexandre III, Hildegarda, inspirada em suas visões, não hesitou em recordar-lhe que também ele, o imperador, estava submetido ao juízo de Deus”, contou o Papa Bento XVI em sua audiência geral sobre esta santa em 2010.
3. Santa Catarina de Sena
Posteriormente, apareceria outra mística e Doutora da Igreja, Santa Catarina de Sena (1347-1380), que vestiu o hábito da ordem terceira de Santa Domingo. Nesta época, os Papas viviam em Avignon (França) e os romanos se queixavam de ter sido abandonados por seus bispos, ameaçando com o cisma.
Gregório XI fez um voto secreto a Deus de regressar a Roma e ao consultar Santa Catarina, ela lhe disse: “Cumpra com sua promessa feita a Deus”. O Pontífice ficou surpreso porque não tinha contado a ninguém sobre o voto e, mais tarde, o Santo Padre cumpriu sua promessa e voltou para a Cidade Eterna.
Mais tarde, no pontificado de Urbano VI, os cardeais se distanciaram do Papa por seu temperamento e declararam nula sua eleição, designando Clemente VII, que foi residir em Avignon. Santa Catarina enviou cartas aos cardeais pressionando-os a reconhecer o autêntico Pontífice.
A Santa também escreveu a Urbano VI, exortando-o a levar com temperança e alegria os problemas, controlando o temperamento. Santa Catarina foi a Roma, a pedido do Papa, que seguiu suas instruções. A Santa também escreveu aos reis da França e Hungria para que deixassem o cisma. Toma uma mostra de defesa do papado.
4. Santa Teresa de Jesus
Com a aparição do protestantismo, a Igreja se dividiu e foi realizado o Concílio de Trento. Estes são os anos de Santa Teresa de Jesus (1515-1582), religiosa contemplativa que marcou a Igreja com sua reforma carmelita.
Apesar de ter sido incompreendida, perseguida e até acusada na Inquisição, seu amor a Deus a impulsionou a fundar novos conventos e a optar por uma vida mais austera, sem vaidades, nem luxos. Submersa muitas vezes em êxtases, nunca deixou de ser realista.
Sendo Santa Teresa D’Ávila relativamente inculta, dialogava com membros da realeza, pessoas ilustres, membros eclesiásticos e santos de sua época para lhes dar conselhos, receber ajuda e levar adiante o que havia se proposto. Tornou-se escritora mística e é também Doutora da Igreja.
5. Santa Rosa de Lima
Do outro lado do mundo, na América, mais precisamente no Peru, Santa Rosa de Lima (1586-1617) tomou Santa Catarina de Sena como modelo e se omitiu àqueles que a pretendiam por sua grande beleza, para poder viver em virgindade, servindo aos pobres e doentes.
“Provavelmente, não houve na América um missionário que com suas pregações tenha conquistado mais conversões do que as que Rosa de Lima obteve com sua oração e suas mortificações”, disse o Papa Inocêncio IX ao se referir à primeira Santa da América.
São João Paulo II disse sobre a santa que sua vida simples e austera era “testemunho eloquente do papel decisivo que a mulher teve e segue tendo no anúncio do Evangelho”.
6. Santa Teresa de Lisieux
Do amor dos santos esposos franceses Louis Martin e Zélia Guérin, canonizados em outubro de 2015, nasceu Santa Teresa de Lisieux (1873-1897), Doutora da Igreja e padroeira universal das missões.
Santa Teresa viveu somente 24 anos. Um ano depois de sua morte, a partir de seus escritos, foi publicado o livro “História de uma alma”, que conquistou o mundo porque deu a conhecer o muito que esta religiosa tinha amado Jesus.
“Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face é a mais jovem dos ‘Doutores da Igreja’, mas seu ardente itinerário espiritual manifesta tal maturidade, e as intuições de fé expressas em seus escritos são tão vastas e profundas, que lhe merecem um lugar entre os grandes professores do espírito”, disse São João Paulo II sobre esta santa.
O Papa Francisco também comentou em diversas ocasiões a profunda devoção que o une a esta santa e compartilhou em uma de suas viagens que antes de cada viagem ou diante de uma preocupação, costuma pedir “uma rosa”.
Durante a perseguição nazista no século XX, surgiu na Europa outra grande mulher, convertida do judaísmo, religiosa carmelita descalça e mártir, Santa Edith Stein, também conhecida como Santa Teresa Benedita da Cruz (1891-1942).
Junto com outros judeus conversos, foi levada ao campo de concentração de Westerbork em vingança das autoridades pelo comunicado de protesto dos bispos católicos dos Países Baixos contra as deportações de judeus.
Santa Edith foi transferida para Auschwitz, onde morreu nas câmaras de gás, junto com sua irmã Rosa, também convertida ao catolicismo, e muitos outros de seu povo.
São João Paulo II diria sobre ela: “Uma filha de Israel, que durante a perseguição dos nazistas permaneceu, como católica, unida com fé e amor ao Senhor Crucificado, Jesus Cristo, e, como judia, ao seu povo”.
8. Santa Teresa de Calcutá
O testemunho de Santa Teresa de Calcutá (1910-1997) de servir a Cristo nos “mais pobres entre os pobres” ensinou que a maior pobreza não estava nos subúrbios de Calcutá, mas nos países “ricos” quando falta o amor ou nas sociedades que permitem o aborto.
“Para poder amar, é preciso ter um coração puro e é preciso rezar. O fruto da oração é o aprofundamento da fé. O fruto da fé é o amor. E o fruto do amor é o serviço ao próximo. Isso nos conduz à paz”, dizia a também ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1979.
Em sua canonização em outubro de 2016, o Papa Francisco disse que “Madre Teresa, ao longo de toda a sua existência, foi uma dispensadora generosa da misericórdia divina, fazendo-se disponível a todos, através do acolhimento e da defesa da vida humana, dos nascituros e daqueles abandonados e descartados. Comprometeu-se na defesa da vida, proclamando incessantemente que ‘quem ainda não nasceu é o mais fraco, o menor, o mais miserável’”.
Para encerrar esta lista de grandes mulheres que mudaram o mundo e a história, recordamos Santa Gianna Beretta Molla (1922-1962). Esta santa italiana adoeceu de câncer e decidiu continuar com a gravidez de seu quarto filho, em vez submeter-se a um aborto, como lhe sugeriam os médicos para salvar sua vida.
Gianna estudou medicina e se especializou em pediatria. Seu trabalho com os doentes se resumia na seguinte frase: “Como o sacerdote toca Jesus, assim nós, os médicos, tocamos Jesus nos corpos de nossos pacientes”.
Casou-se com o Pietro Molla, com quem teve quatro filhos. Durante toda sua vida, conseguiu equilibrar seu trabalho com sua missão de mãe de família.
Gianna morreu em 28 de abril de 1962, aos 39 anos, uma semana depois de ter dado à luz. Foi canonizada em 16 de maio de 2004 pelo Papa João Paulo II, que a tornou padroeira da defesa da vida.
ACI Digital

segunda-feira, 5 de março de 2018

3º Domingo da Quaresma: Palavra de vida eterna!

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

A Palavra de Deus orienta a nossa vivência da Quaresma, que deve ser um tempo de conversão, através da oração, da penitência e da caridade. O Evangelho proclamado (Jo 2,13-25) nos mostra o “zelo pela casa do Senhor”, demonstrado por Jesus, ao expulsar do templo de Jerusalém os vendedores e os cambistas que lá estavam transformando-o em “uma casa de comércio” (Jo 2,16). Jesus restaura, assim, o verdadeiro sentido do templo. Os templos de hoje também devem ser espaços privilegiados de encontro pessoal e comunitário com Deus, por meio da oração e das celebrações litúrgicas. O Evangelho se refere ainda à morte e ressurreição de Jesus que é um tema de especial importância neste tempo quaresmal. Diante do pedido de um sinal, Jesus fala da sua ressurreição. O próprio texto joanino esclarece que Jesus, ao falar em destruir e reconstruir o templo em três dias, “estava falando do templo do seu corpo” (Jo 2,20), acrescentando que mais tarde, os discípulos se lembraram disso e acreditaram na Palavra dele (Jo 2,22). O corpo ressuscitado de Jesus é o novo templo. A resposta ao “sinal” pedido pelo povo é a própria ressurreição de Jesus, que supera o sinal representado pelo majestoso templo de Jerusalém.
Neste 3º Domingo da Quaresma, nós rezamos o Salmo 18, reconhecendo que o Senhor tem “palavras de vida eterna”. Tais “palavras” se encontram resumidas no Decálogo, recordado na primeira leitura. Os Dez Mandamentos se situam no contexto do Êxodo e encontram a sua plenitude em Jesus Cristo.  Antes de começar a pronunciar os mandamentos, Deus afirma: “Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou do Egito, da casa da escravidão” (Ex. 20,2). Estas primeiras palavras são fundamentais para se compreender o que vem depois, pois pressupõem a experiência do Êxodo. A fé no verdadeiro Deus é a base do Decálogo, fundamentando uma nova vida, ao contrário da opressão sofrida no Egito, baseada nos ídolos. Os Mandamentos devem ser compreendidos como fonte de vida e de verdadeira liberdade e não como um peso a ser suportado. O Povo de Deus encontra neles “palavras de vida eterna”, critérios norteadores para o seu agir pessoal, familiar, comunitário e social.
Seja o tempo da Quaresma, ocasião especial para vivência da Palavra do Senhor, no interior dos templos e fora deles. Procuremos dar testemunho da fé através do amor fraterno, anunciando com palavras e com a vida que “somos todos irmãos”, conforme o lema da Campanha da Fraternidade. A superação da violência pela via da fraternidade é sinal da conversão e consequência da oração e da penitência que devem marcar a nossa vivência quaresmal.
Arquidiocese de Brasília

sábado, 24 de fevereiro de 2018

2º Domingo da Quaresma: Escutar a Jesus para superar a violência

+ Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

A Liturgia da Palavra nos convida a escutar Jesus Cristo nesta Quaresma, tempo especial de conversão em preparação para a Páscoa. No centro da passagem da Transfiguração, hoje proclamada, encontra-se o convite do Pai para escutar a voz de Jesus Cristo. “Este é o meu Filho amado; escutai o que Ele diz!” (Mc 9,7). Esta é a atitude fundamental a ser cultivada nesta Quaresma: escutar a voz do Filho Amado! Este é o caminho para que a “transfiguração” aconteça na vida das pessoas, das famílias e da sociedade, tantas vezes, desfiguradas pelas situações de pecado e violência que se abatem sobre tantos.
Escutar a voz de Jesus implica em viver no amor fraterno. A Quaresma deve ser vivida através da caridade, como nos ensina a Igreja. Dentre os principais meios de vivência do amor ao próximo, na Quaresma, está a Campanha da Fraternidade, promovida pela Igreja no Brasil. Ela é um meio especial para a conversão e a verdadeira caridade. “Vós sois todos irmãos” (cf. Mt 23,8) é o lema que inspira a Campanha deste ano, que pretende contribuir para superar a violência e promover a paz.
É tempo de refletir e rezar considerando a gravidade do problema da violência, com suas múltiplas facetas e suas variadas causas. Muitas iniciativas podem ser desenvolvidas, de cunho pessoal, comunitário e social, com a ação dos órgãos públicos e de organizações da sociedade civil. Cada um pode dar sua contribuição para superar a violência e construir a fraternidade e a paz nos ambientes em que vive: nas famílias, nos locais de trabalho, nas escolas, nas ruas e, de modo especial, nas redes sociais. É lamentável a agressividade crescente compartilhada e alimentada por muitos católicos nas redes sociais. Diga não à violência nas redes sociais! Não compartilhe conteúdos ofensivos e desrespeitosos. Não participe de grupos de whatsapp ou de outras redes sociais que disseminam fofocas, fazem linchamento moral e críticas destrutivas, atingindo até mesmo a própria Igreja. É lamentável que haja pessoas ou grupos que se dizem cristãos ou católicos recorrendo à violência para fazer valer a sua opinião e interesses. É pecado grave usar o nome de Deus ou qualquer religião para praticar ou justificar a violência. Quem escuta a voz de Jesus Cristo não alimenta, nem reproduz a violência disseminada na sociedade. Ao contrário, contribui para a paz, através do respeito e do diálogo, da misericórdia e do perdão. Quem escuta a voz de Jesus testemunha a sua palavra “vós sois todos irmãos”, jamais tratando o outro que pensa diferente como um inimigo a ser combatido, mas como um irmão a ser amado, se necessário com a correção fraterna e o perdão. A paz é dom de Deus a ser compartilhado nesta Quaresma.
Arquidiocese de Brasília

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF