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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Francisco: a pobreza é inaceitável, construir um mundo mais justo e fraterno

Vatican Media

O Papa incentiva as associações belgas 'Entraide et Fraternité' e 'Action Vivre ensemble' "a prosseguirem incansavelmente o seu compromisso no caminho da amizade social e da fraternidade, com a graça de Cristo, o Bom Samaritano por excelência”.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco enviou uma mensagem, nesta sexta-feira (29/01), aos membros de duas associações belgas “Entraide et Fraternité” e “Action Vivre ensemble” por ocasião de suas fundações.

Em 1961, os bispos da Bélgica tomaram a iniciativa de lançar a campanha “Quaresma de partilha” e convidaram os católicos a partilharem seus recursos a favor da República Democrática do Congo, que tinha se tornado independente. A esse propósito, fundaram a associação “Entraide et Fraternité”. “Vocês preparam e organizam a “Quaresma de partilha” na Bélgica há sessenta anos. Desde então vocês estenderam seu campo de ação a vários países do mundo”, ressalta o Papa na mensagem.

Em 1971, os bispos lançaram a “Action Vivre ensemble” a fim de organizar a campanha de Advento e ajudar as associações que lutam contra a pobreza na Bélgica. As duas “associações têm como campo de ação prioritário o apoio à atividade social dos interlocutores”, tanto nos países pobres quanto na Bélgica. 

“Parabenizo as duas organizações por sua fidelidade no cumprimento de sua missão e agradeço do fundo do coração a todos aqueles que estão envolvidos como voluntários, profissionais ou benfeitores”, frisa o Pontífice no texto.

Segundo o Papa, os desafios enfrentados pelas associações “são agravados pela crise da Covid-19 que afeta o mundo inteiro, e mais ainda os mais pobres e marginalizados. Agora mais do que nunca, é uma questão de continuar a ação empreendida e desenvolvê-la”. “Por isso, encorajo sinceramente suas equipes de Entraide et Fraternité e Action Vivre, assim como os muitos voluntários que apoiam sua ação nas paróquias e na sociedade civil, encorajo seus parceiros sociais que lutam todos os dias contra a pobreza inaceitável, assim como os doadores que os apoiam através da participação financeira. Todos temos o mesmo objetivo: construir um mundo mais justo e fraterno”, ressalta Francisco.

Por fim, o Papa incentiva as duas associações belgas “a prosseguirem incansavelmente o seu compromisso no caminho da amizade social e da fraternidade, com a graça de Cristo, o Bom Samaritano por excelência”.

Vatican News

Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões de 2021

Imagem referencial. Papa no Vaticano em 2019.
Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa

Vaticano, 29 jan. 21 / 08:17 am (ACI).- O Vaticano publicou em 29 de janeiro a mensagem do Papa Francisco para o 95º Dia Mundial das Missões que será celebrado no domingo, 17 de outubro de 2021.

Na mensagem intitulada “Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos”, o Santo Padre destaca o “convite dirigido a cada um de nós para cuidar e dar a conhecer aquilo que tem no coração” e cita São Paulo VI na exortação Evangelii nuntiandi para recordar que “esta missão é, e sempre foi, a identidade da Igreja: ‘ela existe para evangelizar’”

“No isolamento pessoal ou fechando-se em pequenos grupos, a nossa vida de fé esmorece, perde profecia e capacidade de encanto e gratidão; por sua própria dinâmica, exige uma abertura crescente, capaz de alcançar e abraçar a todos. Atraídos pelo Senhor e a vida nova que oferecia, os primeiros cristãos, em vez de cederem à tentação de se fechar numa elite, foram ao encontro dos povos para testemunhar o que viram e ouviram: o Reino de Deus está próximo”, escreveu o Papa.

A seguir, o texto completo da mensagem do Papa Francisco.

«Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20)

Queridos irmãos e irmãs!

Quando experimentamos a força do amor de Deus, quando reconhecemos a sua presença de Pai na nossa vida pessoal e comunitária, não podemos deixar de anunciar e partilhar o que vimos e ouvimos. A relação de Jesus com os seus discípulos, a sua humanidade que nos é revelada no mistério da Encarnação, no seu Evangelho e na sua Páscoa mostram-nos até que ponto Deus ama a nossa humanidade e assume as nossas alegrias e sofrimentos, os nossos anseios e angústias (cf. Conc. Ecum. Vat II, Const. past. Gaudium et spes, 22). Tudo, em Cristo, nos lembra que o mundo em que vivemos e a sua necessidade de redenção não Lhe são estranhos e também nos chama a sentirmo-nos parte ativa desta missão: «Ide às saídas dos caminhos e convidai todos quantos encontrardes» (cf. Mt 22, 9). Ninguém é estranho, ninguém pode sentir-se estranho ou afastado deste amor de compaixão.

A experiência dos Apóstolos

A história da evangelização tem início com uma busca apaixonada do Senhor, que chama e quer estabelecer com cada pessoa, onde quer que esteja, um diálogo de amizade (cf. Jo 15, 12-17). Os Apóstolos são os primeiros que nos referem isso, lembrando inclusive a hora do dia em que O encontraram: «Eram as quatro da tarde» (Jo 1, 39). A amizade com o Senhor, vê-Lo curar os doentes, comer com os pecadores, alimentar os famintos, aproximar-Se dos excluídos, tocar os impuros, identificar-Se com os necessitados, fazer apelo às bem-aventuranças, ensinar de maneira nova e cheia de autoridade, deixa uma marca indelével, capaz de suscitar admiração e uma alegria expansiva e gratuita que não se pode conter. Como dizia o profeta Jeremias, esta experiência é o fogo ardente da sua presença ativa no nosso coração que nos impele à missão, mesmo que às vezes implique sacrifícios e incompreensões (cf. 20, 7-9). O amor está sempre em movimento e põe-nos em movimento, para partilhar o anúncio mais belo e promissor: «Encontramos o Messias» (Jo 1, 41).

Com Jesus, vimos, ouvimos e constatamos que as coisas podem mudar. Ele inaugurou – já para os dias de hoje – os tempos futuros, recordando-nos uma caraterística essencial do nosso ser humano, tantas vezes esquecida: «fomos criados para a plenitude, que só se alcança no amor» (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 68). Tempos novos, que suscitam uma fé capaz de estimular iniciativas e plasmar comunidades a partir de homens e mulheres que aprendem a ocupar-se da fragilidade própria e dos outros (cf. ibid., 67), promovendo a fraternidade e a amizade social. A comunidade eclesial mostra a sua beleza, sempre que se lembra, com gratidão, que o Senhor nos amou primeiro (cf. 1 Jo 4, 19). Esta «predileção amorosa do Senhor surpreende-nos e gera maravilha; esta, por sua natureza, não pode ser possuída nem imposta por nós. (…) Só assim pode florir o milagre da gratuidade, do dom gratuito de si mesmo. O próprio ardor missionário nunca se pode obter em consequência dum raciocínio ou dum cálculo. Colocar-se “em estado de missão” é um reflexo da gratidão» (Francisco, Mensagem às Pontifícias Obras Missionárias, 21 de maio de 2020).

E, no entanto, os tempos não eram fáceis; os primeiros cristãos começaram a sua vida de fé num ambiente hostil e árduo. Histórias de marginalização e prisão entrelaçavam-se com resistências internas e externas, que pareciam contradizer e até negar o que tinham visto e ouvido; mas isso, em vez de ser uma dificuldade ou um obstáculo que poderia levá-los a retrair-se ou fechar-se em si mesmos, impeliu-os a transformar cada incómodo, contrariedade e dificuldade em oportunidade para a missão. Os próprios limites e impedimentos tornaram-se um lugar privilegiado para ungir, tudo e todos, com o Espírito do Senhor. Nada e ninguém podia permanecer alheio ao anúncio libertador.

Possuímos o testemunho vivo de tudo isto nos Atos dos Apóstolos, livro que os discípulos missionários sempre têm à mão. É o livro que mostra como o perfume do Evangelho se difundiu à passagem deles, suscitando aquela alegria que só o Espírito nos pode dar. O livro dos Atos dos Apóstolos ensina-nos a viver as provações unindo-nos a Cristo, para maturar a «convicção de que Deus pode atuar em qualquer circunstância, mesmo no meio de aparentes fracassos», e a certeza de que «a pessoa que se oferece e entrega a Deus por amor, seguramente será fecunda (cf. Jo 15, 5)» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 279).

O mesmo se passa connosco: o momento histórico atual também não é fácil. A situação da pandemia evidenciou e aumentou o sofrimento, a solidão, a pobreza e as injustiças de que já tantos padeciam, e desmascarou as nossas falsas seguranças e as fragmentações e polarizações que nos dilaceram silenciosamente. Os mais frágeis e vulneráveis sentiram ainda mais a sua vulnerabilidade e fragilidade. Experimentamos o desânimo, a deceção, o cansaço; e até a amargura conformista, que tira a esperança, se apoderou do nosso olhar. Nós, porém, «não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor, e nos consideramos vossos servos por amor de Jesus» (2 Cor 4, 5). Por isso ouvimos ressoar nas nossas comunidades e famílias a Palavra de vida que ecoa nos nossos corações dizendo: «Não está aqui; ressuscitou» (Lc 24, 6); uma Palavra de esperança, que desfaz qualquer determinismo e, a quantos se deixam tocar por ela, dá a liberdade e a audácia necessárias para se levantar e procurar, criativamente, todas as formas possíveis de viver a compaixão, «sacramental» da proximidade de Deus para connosco que não abandona ninguém na beira da estrada. Neste tempo de pandemia, perante a tentação de mascarar e justificar a indiferença e a apatia em nome dum sadio distanciamento social, é urgente a missão da compaixão, capaz de fazer da distância necessária um lugar de encontro, cuidado e promoção. «O que vimos e ouvimos» (At 4, 20), a misericórdia com que fomos tratados, transforma-se no ponto de referimento e credibilidade que nos permite recuperar e partilhar a paixão por criar «uma comunidade de pertença e solidariedade, à qual saibamos destinar tempo, esforço e bens» (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 36). É a sua Palavra que diariamente nos redime e salva das desculpas que levam a fechar-nos no mais vil dos ceticismos: «Tanto faz; nada mudará!» Pois, à pergunta «para que hei de privar-me das minhas seguranças, comodidades e prazeres, se não vou ver qualquer resultado importante», a resposta é sempre a mesma: «Jesus Cristo triunfou sobre o pecado e a morte e possui todo o poder. Jesus Cristo vive verdadeiramente» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 275) e, também a nós, nos quer vivos, fraternos e capazes de acolher e partilhar esta esperança. No contexto atual, há urgente necessidade de missionários de esperança que, ungidos pelo Senhor, sejam capazes de lembrar profeticamente que ninguém se salva sozinho.

Como os apóstolos e os primeiros cristãos, também nós exclamamos com todas as nossas forças: «não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20). Tudo o que recebemos, tudo aquilo que o Senhor nos tem concedido, ofereceu-no-lo para o pormos a render doando-o gratuitamente aos outros. Como os apóstolos que viram, ouviram e tocaram a salvação de Jesus (cf. 1 Jo 1, 1-4), também nós, hoje, podemos tocar a carne sofredora e gloriosa de Cristo na história de cada dia e encontrar coragem para partilhar com todos um destino de esperança, esse traço indubitável que provém de saber que estamos acompanhados pelo Senhor. Como cristãos, não podemos reservar o Senhor para nós mesmos: a missão evangelizadora da Igreja exprime a sua valência integral e pública na transformação do mundo e na salvaguarda da criação.

Um convite a cada um de nós

O tema do Dia Mundial das Missões deste ano – «não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20) – é um convite dirigido a cada um de nós para cuidar e dar a conhecer aquilo que tem no coração. Esta missão é, e sempre foi, a identidade da Igreja: «ela existe para evangelizar» (São Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 14). No isolamento pessoal ou fechando-se em pequenos grupos, a nossa vida de fé esmorece, perde profecia e capacidade de encanto e gratidão; por sua própria dinâmica, exige uma abertura crescente, capaz de alcançar e abraçar a todos. Atraídos pelo Senhor e a vida nova que oferecia, os primeiros cristãos, em vez de cederem à tentação de se fechar numa elite, foram ao encontro dos povos para testemunhar o que viram e ouviram: o Reino de Deus está próximo. Fizeram-no com a generosidade, gratidão e nobreza próprias das pessoas que semeiam, sabendo que outros comerão o fruto da sua dedicação e sacrifício. Por isso apraz-me pensar que «mesmo os mais frágeis, limitados e feridos podem [ser missionários] à sua maneira, porque sempre devemos permitir que o bem seja comunicado, embora coexista com muitas fragilidades» (Francisco, Exort. ap. pós-sinodal Christus vivit, 239).

No Dia Mundial das Missões que se celebra anualmente no terceiro domingo de outubro, recordamos com gratidão todas as pessoas, cujo testemunho de vida nos ajuda a renovar o nosso compromisso batismal de ser apóstolos generosos e jubilosos do Evangelho. Lembramos especialmente aqueles que foram capazes de partir, deixar terra e família para que o Evangelho pudesse atingir sem demora e sem medo aqueles ângulos de aldeias e cidades onde tantas vidas estão sedentas de bênção.

Contemplar o seu testemunho missionário impele-nos a ser corajosos e a pedir, com insistência, «ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Lc 10, 2), cientes de que a vocação para a missão não é algo do passado nem uma recordação romântica de outrora. Hoje, Jesus precisa de corações que sejam capazes de viver a vocação como uma verdadeira história de amor, que os faça sair para as periferias do mundo e tornar-se mensageiros e instrumentos de compaixão. E esta chamada, fá-la a todos nós, embora não da mesma forma. Lembremo-nos que existem periferias que estão perto de nós, no centro duma cidade ou na própria família. Há também um aspeto da abertura universal do amor que não é geográfico, mas existencial. Sempre, mas especialmente nestes tempos de pandemia, é importante aumentar a capacidade diária de alargar os nossos círculos, chegar àqueles que, espontaneamente, não sentiria como parte do «meu mundo de interesses», embora estejam perto de nós (cf. Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 97). Viver a missão é aventurar-se no cultivo dos mesmos sentimentos de Cristo Jesus e, com Ele, acreditar que a pessoa ao meu lado é também meu irmão, minha irmã. Que o seu amor de compaixão desperte também o nosso e, a todos, nos torne discípulos missionários.

Maria, a primeira discípula missionária, faça crescer em todos os batizados o desejo de ser sal e luz nas nossas terras (cf. Mt 5, 13-14).

Roma, em São João de Latrão, na Solenidade da Epifania do Senhor, 6 de janeiro de 2021.

Francisco

ACI Digital

SÃO SULPÍCIO SEVERO

São Sulpício Severo  (© Biblioteca Apostolica Vaticana)

Riqueza e mundanismo

A capacidade de oratória e a administração dos negócios representavam, entre os homens instruídos e sérios, as atitudes dos cargos mais altos do império. Sulpício distinguiu-se pela sua eloquência, fineza de espírito, habilidade em resolver questões jurídicas, rigor em julgar e solidez em argumentar. Desta forma, sua reputação foi longe. Com sua fortuna e gênio, podia aspirar aos mais altos cargos do Estado.

Totalmente absorvido pela vida mundana, em uma época em que todas as esperanças favoreciam a imaginação, Sulpício casou-se com a filha de um Cônsul, que também era muito rica e com muitos conhecimentos sociais. Poucos jovens podiam contar com recursos melhores para iniciar uma carreira honrosa. Mas, infelizmente, seus lindos sonhos futuros se dissiparam: a Providência divina lhe havia reservado um destino mais glorioso. Com o falecimento da sua esposa, caiu em profunda depressão.

Consolação divina

Todavia, ao invés de se deixar abater pelo desespero, recobrou suas energias, buscando consolação em uma vida de piedade. Deus recompensou a sua fé, de modo magnífico, com milhares de outras graças, entre as quais a de conhecer São Martinho, Bispo de Tours. Assim, decidiu consagrar-se a Deus e despojar-se dos seus inumeráveis bens. No entanto, como havia feito Santo Ambrósio, não vendeu a sua herança para distribuir o dinheiro aos pobres: contentou-se em ceder seus bens à Igreja, reservando o usufruto para si.

Esta mudança de vida irritou seu pai; ele mesmo tornou-se objeto de escárnio entre seus velhos amigos. Além destes desprazeres e da desoladora amargura, foi acometido também pela doença: ficou gravemente doente, por duas vezes, mas a sua força de espírito, sustentada pela graça divina, triunfou sobre todas as tribulações.

Confidente de São Martinho

As gerações futuras conheceram Sulpício Severo como escritor da vida de São Martinho de Tours. Embora o santo Bispo tivesse o costume de não falar de si e de não revelar as graças particulares que Deus lhe concedia, Sulpício narrou em sua biografia alguns acontecimentos, colhidos em suas conversas. Outros elementos, entre os quais muitas circunstâncias interessantes, foram-lhe revelados pelos religiosos da diocese de Tours ou pelos monges de Marmoutier.

Vatican News

São Valério de Treviri

S. Sulpício | ArqSP

Nesta data as homenagens da Igreja estão voltadas para dois santos com o mesmo nome, Valério e ambos bispos, mas viveram em séculos bem distantes. O primeiro a ser canonizado, foi o da diocese de Treviri. O segundo foi o de Ravena, que pode ser encontrado na outra página.

Uma tradição muito antiga nos conta que o bispo de Treviri, chamado Valério, foi discípulo do apóstolo Pedro. Este o teria consagrado bispo e enviado para evangelizar a população da Alemanha. Mas, isto não ocorreu, São Pedro testemunhou a fé pelo menos dois séculos antes.

Entretanto, Valério realmente foi o bispo de Treviri e prestou um relevante trabalho de evangelização para a Igreja de Roma. Primeiro auxiliando Eucario, que foi o primeiro bispo desta diocese e depois colaborando com Materno, seu contemporâneo; os quais foram incluídos no Livro dos Santos, como grandes apóstolos da Alemanha.

Nos registros posteriores, revistos pelo Vaticano no final do primeiro milênio, onde foram narrados os motivos da santidade dos religiosos até então, encontramos o seguinte, sobre Valério: "converteu multidões de pagãos e operou milagres singelos e expressivos". Talvez o mais significativo, tenha sido quando Valério, trouxe de volta a vida do companheiro Materno com o simples toque do seu bastão episcopal. Depois, o outro companheiro de missão, que já havia falecido, Eucario, o teria avisado em sonho que no dia 29 de janeiro ele seria recebido no Reino de Deus. Valério morreu neste dia de um ano ignorado, no início do século IV.

A fama de sua santidade aumentou com a sua morte e os devotos procuravam a sua sepultura para agradecer ou pedir a sua intercessão. O culto se intensificou com a construção de muitas igrejas dedicadas a São Valério, principalmente entre os povos de língua germânica. Muitas cidades o elegeram como seu padroeiro. As suas relíquias, conservadas numa urna de prata, se encontram na basílica de São Matias, na cidade de Treviri, atualmente chamada de Tries, na Alemanha. A festa litúrgica ocorre no dia de sua morte.

Outros santos e beatos:
Santo Aquilino de Milão — martirizado em 650, pelos arianos de Milão. Era pregador dessa cidade e recusou a sede episcopal de Colônia.
São Cesário — diácono do século I, em Angoulême.
São Constâncio e companheiros — martirizados em 170. Constâncio, primeiro bispo de Perúgia, foi condenado à morte junto com muitos fiéis de sua diocese.
São Dallan Mac Forgail (†598) — assassinado pelos piratas em Inis-coel, na Irlanda. Escreveu um poema em louvor de são Columbano.
Santa Flora ou Blath (†523) — religiosa secular no convento de Santa Brígida, em Kildare, onde desempenhou o humilde ofício de cozinheira.
São Gelásio II (1058-1119) — papa durante um único ano, muito conturbado. Perseguido pelo poderoso Frangipani, teve de fugir em face da aproximação de Henrique V, que fizera de Maurício Burdino um antipapa. Refugiado em Gaeta, a seguir na França, excomungou o imperador e o antipapa. Morreu antes de se reunir o concílio, no mosteiro de Cluny.
São Gildas, o Sábio (†570) — bispo inglês, viveu o último ano de sua vida como eremita, na Bretanha. Escreveu uma obra em latim, De excidiis Britanniae, na qual descreve o infortúnio de sua pátria.
Santos Pápias e Mauro ou Marinho — soldados romanos martirizados em 303.
São Sabiniano — martirizado em 275. Nasceu em Samo. Teria fugido para a Gália junto com sua irmã, Santa Sabina.
Santos Sarbélio e Barbéia — irmãos martirizados em 101, em Edessa.
São Sulpício (†591) — bispo de Bourges.
São Voloc (†724) — bispo irlandês, missionário na Escócia.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 4/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 5

Junto com este prodígio observava-se outro. Todos os que haviam saído para a coleta eram evidentemente diferentes em idades e forças. Não obstante, não obtinha um mais e o outro menos conforme a diferença de forças existente entre eles, mas o que era recolhido era proporcional à necessidade de cada um, de forma que nem o mais forte conseguia mais, nem o mais fraco tinha menos do que a medida justa. Alem deste prodígio, a história narra outro: cada um recolhia para o dia e não guardava nada para depois, e se alguém, por economia, reservava algo do alimento do dia para o amanhã, o reservado se tornava inútil para a alimentação, pois se tornava infectado de bichos (Ex 16, 16 –24). Na história desse alimento deu-se também este outro prodígio. Uma vez que um dia da semana era celebrado com o descanso conforme uma disposição antiga, no dia anterior, embora caísse o mesmo alimento dos dias precedentes e o esforço de quem o recolhia fosse também o mesmo, resultava que a quantidade era o dobro da habitual, de forma que não tinham nenhum pretexto para não cumprir a lei do descanso. O poder divino se mostrou ainda mais plenamente nisto; enquanto as sobras se tornavam inúteis nos outros dias, só o armazenado no dia anterior ao Sábado, assim se chamava o dia de descanso, se mantinha sem corrupção, de modo que em nada parecia mais estragado em relação à véspera (Ex 16, 25- 30). Houve uma guerra deles contra um povo estrangeiro. A narração chama amalecitas aos que se uniram então contra eles. Foi naquela ocasião que os israelitas se organizaram pela primeira vez no sentido de batalha: não foram lançados à luta todos em um exército completo, mas foram selecionados por seu valor, e os escolhidos foram designados para a peleja. Nesta peleja Moisés mostrou uma nova forma de luta: enquanto Josué, que era quem guiava o povo depois de Moisés, comandava a batalha aos amalecitas, Moisés, fora da luta, a partir de uma colina, olhava para o céu enquanto, de um lado e de outro, o assistiam dois de seus familiares (Ex 17, 8-10). Sabemos pela história que, entre as coisas que então aconteceram, teve lugar este prodígio: Se Moisés mantinha as mãos elevadas ao céu, seu exército cobrava forças contra os inimigos: porem, se os abaixava, também o exército cedia ao assalto dos estrangeiros. Ao perceberem isto, os que assistiam a Moisés, colocando-se de um lado e de outro, sustentavam-lhe as mãos quando por alguma causa desconhecida elas se tornavam pesadas e difíceis de se mover. E como eles eram fracos para mantê-lo em posição ereta, escoraram sua posição com uma pedra, e conseguiram que Moisés mantivesse as mãos levantadas ao céu com este apoio. Feito isto, os estrangeiros foram dominados pelas forças dos israelitas (Ex 17, 11-13). A nuvem que guiava o caminhar do povo permanecia no mesmo lugar; era preciso que também não se movesse o povo, já que não havia guia para seu caminhar. Desta forma tinham abundância para viver sem esforço: acima o ar fazia chover sobre eles um pão preparado; e abaixo a pedra lhes proporcionava água; a nuvem aliviava os inconvenientes do ar livre, pois durante o dia se convertia em anteparo contra o calor do sol e durante a noite dissipava a escuridão iluminando com seu fogo. Por esta razão não lhes era penoso deter-se naquele deserto ao pé do monte em que se havia instalado o acampamento.

Capítulo 6

Neste tempo, Moisés foi para eles guia de uma iniciação mais misteriosa: foi propriamente a força divina que, por meio de prodígios que superam todos os discursos, iniciou no mistério todo o povo e seu guia. A iniciação no mistério realizou-se desta maneira: pediu-se ao povo que permanecesse livre de todas as manchas que podem ocorrer no corpo e na alma, e que se abstivesse de relações conjugais durante o número estabelecido de três dias, de forma que, purificados de toda disposição passional e corporal, se aproximassem da montanha, livres de paixões para serem iniciados. O nome desta montanha era Sinai. Só se permitia o acesso aos seres racionais, e só àqueles que estavam purificados de toda mancha. Havia completa vigilância e precaução para que nenhum dos seres irracionais subisse à montanha, e para que fosse apedrejado pelo povo todo ser irracional que desejasse vir à montanha (Ex 19, 1-15).

Capítulo 7

O espetáculo não só produzia espanto na alma através dos olhos, mas também infundia terror através dos ouvidos, pois um ruído estrondoso se difundia do alto para todos os que estavam abaixo. Sua primeira escuta já era penosa e insuportável para todo ouvido, pois parecia o troar das trombetas, porem superava toda comparação pela intensidade e pelo terrível ruído; ao aproximar-se tornava-se ainda mais espantoso a aumentar sempre seu ruído. Tratava-se de um ruído articulado: o ar, pelo poder divino articulava a palavra sem órgãos vocais. Esta palavra não era pronunciada sem substância, mas promulgava mandatos divinos. A palavra crescia em intensidade na medida em que alguém avançava, e a trombeta ultrapassava a si mesma, superando sempre os sons já emitidos com os que se seguiam (Ex 19, 19). Todo o povo era incapaz de suportar o que via e ouvia. Por esta razão apresentaram todos uma súplica a Moisés: que fosse mediador da lei, pois o povo não se negaria a crer que era mandato divino tudo o que ele lhes mandasse conforme a instrução recebida do alto. Havendo todos descido novamente ao pé da montanha, Moisés foi deixado só e mostrou em si mesmo o contrario do que poderia parecer natural. De fato, enquanto os demais suportam melhor as situações temíveis se estão todos juntos, este se fez mais animado quando se afastou dos que o acompanhavam, manifestando assim que o medo que experimentara no início não era próprio dele, mas que o havia padecido por padecer juntamente com aqueles que estavam assustados. Moisés, livre da covardia do povo como de uma carga, fica só consigo mesmo. È então que enfrenta as trevas e penetra dentro das realidades invisíveis, desaparecendo da vista dos que olhavam. Com efeito, havendo entrado no santuário do mistério divino, ali, sem ser visto, entra em contato com o invisível, penso que ensinando com isto que quem quiser se aproximar de Deus deve afastar-se de todo o visível e como quem está sobre um monte, levantando sua mente para o invisível e incompreensível, crer que a divindade está ali onde a inteligência não alcança. Chegando ali, recebe os mandamentos divinos (Ex 20, 1-17). Estes consistiam em um ensinamento sobre a virtude, cujo ponto principal é a piedade e ter uma concepção acertada sobre a natureza divina, isto é, que esta transcende todo o conceito e toda a representação, sem que possa ser comparada com nenhuma das coisas conhecidas. De fato, ele recebe a ordem de não considerar em sua reflexão sobre a Divindade nenhuma das coisas compreensíveis, e de não comparar a natureza que a tudo transcende a nenhuma das coisas conhecidas por meio de conceitos, mas apenas crer que existe e deixar sem investigar, como algo inacessível, como é, quão grande seja, onde está, qual é sua origem. A palavra divina acrescenta a isto as orientações que concernem aos costumes, finalizando seus ensinamentos com preceitos gerais e particulares. È geral a lei que proíbe toda a injustiça quando diz que é necessário comportar-se em relação ao próximo com amor, pois, ao observá-la, resultará como conseqüência que ninguém causará nenhum mal a seu próximo. Entre as leis particulares, está prescrito o honrar os progenitores, e se encontra enumerado o catálogo das faltas condenadas (Ex 21-23). Como se sua inteligência tivesse sido purificada com estes preceitos, Moisés avança a uma mistagogia ao lhe mostrar o poder divino, o conjunto de uma tenda de campanha. Esta tenda era um santuário cuja beleza era de uma variedade impossível de explicar: os vestíbulos, as colunas, os tapetes, a mesa, as lâmpadas, o altar dos perfumes, o altar dos holocaustos e o propiciatório; e, no interior do Santo, o impenetrável e inacessível. Para que a beleza e a disposição de todas estas coisas não fugissem de sua memória, e para que esta maravilha fosse mostrada também aos que estavam no pé do monte, ele recebe a ordem de não confiá-lo à simples escritura, mas de imitar em uma construção material aquela obra imaterial, utilizando nela os materiais mais preciosos e esplêndidos que se encontram sobre a terra.

ECCLESIA Brasil

Avô sobreviveu a genocídio armênio fugindo para o Brasil: netos lançam livro

@DR
por Francisco Vêneto

O extermínio sistemático dos cristãos armênios pelo Império Otomano foi o primeiro a ser planejado no século XX.

Avô sobreviveu a genocídio armênio fugindo para o Brasil e seus netos agora contam a história em livro. Trata-se da saga de Artin Sarkis Arakelian, que, aos 15 anos, enfrentou uma dramática jornada entre Europa e Oriente Médio para salvar a família da brutal chacina perpetrada pelo Império Otomano, que trucidou mais de um milhão e meio de armênios em 1915.

Uma história real do genocídio armênio: Os diários do meu avô” foi escrito por Marcelo Arakelian e Roberto Abdallah e apresenta as memórias do sobrevivente à repressão sangrenta dos turcos otomanos contra o seu povo, enquanto o mundo mergulhava na Primeira Guerra Mundial.

Depois de se refugiar no Brasil, Artin começou a registrar diariamente as suas memórias sobre os horrores que havia presenciado. Seus netos analisaram a fundo os diários do avô e, com base nele, reconstituíram com detalhes uma série de episódios impactantes ocorridos entre 1895 e 1917. Eles contam no prefácio:

“Trabalhando milhares de horas nesses materiais, fizemos uma minuciosa atividade de artesão, identificando todas as palavras, passagens e principalmente as emoções registradas. Foram anos de trabalho”.

Avô sobreviveu a genocídio armênio fugindo para o Brasil

Um trecho do livro de Marcelo e Roberto contextualiza o início do massacre, em palavras resgatadas dos diários de seu avô Artin:

“Muito antes de eu nascer, quando meu pai tinha 28 anos, no ano de 1895, a Turquia era governada pelo Sultão Abdulhamid II, um rei muito sangrento. Seu império já estava em decadência e, na tentativa de manter a soberania otomana na região, apelou para uma política de extermínio das minorias do império. Temia que seu vasto território fosse particionado em várias nações e começou uma perseguição terrível contra os armênios. Isto seria somente o início da ‘causa armênia’. Então, ele deu a ordem para eliminar todos os armênios que habitavam o Império Otomano”.

De fato, o extermínio sistemático dos cristãos armênios por parte do Império Otomano foi o primeiro a ser planejado no século XX. No entanto, é negado até hoje pela República da Turquia, país que sucedeu o Império Otomano após a sua fragmentação, acelerada na Primeira Guerra Mundial.

Aleteia

Cardeal Muller: Os EUA agora liderarão sutilmente a campanha de descristianização

Cardeal Muller | Guadium Press

Kath.net entrevistou o purpurado alemão sobre o tema da catolicidade de Biden, entre outros.

Redação (27/01/2021 10:01Gaudium Press) Em entrevista ao Kath.net, o cardeal Gerhard Muller, ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, pronunciou palavras de esclarecimento sobre o candente e atual tema da catolicidade do novo presidente americano Joe Biden. O blog de Marco Tosatti publicou esta entrevista.

Depois de afirmar que um bispo católico que relativizasse a lei moral por suas preferências políticas seria “um falso apóstolo”, e depois de recordar a contínua condenação do Magistério ao aborto, o purpurado alemão afirma que “há bons católicos até mesmo nos mais altos escalões do Vaticano que, em um cego efeito anti-Trump, suportam ou minimizam tudo o que agora é desencadeado contra cristãos e todas as pessoas de boa vontade nos Estados Unidos”. O purpurado se refere às políticas da nova administração americana contra a vida e a família – especialmente em matéria de aborto, do chamado casamento homossexual e de danos à liberdade religiosa.

“Agora, os EUA com seu poder político, midiático e econômico concentrado, está na vanguarda da campanha mais brutal para descristianizar a cultura ocidental em 100 anos”, afirma o purpurado.

O Cardeal Muller ressalta que a nova administração coloca milhões de vidas de crianças em risco nos Estados Unidos e em todo o mundo. Mas afirma que há aqueles que acham que isso é menos mal do que se Trump tivesse continuado no poder.

No entanto, o Cardeal expressa: “estou convencido de que a ética individual e social tem precedência sobre a política. O limite é superado quando a fé e a moralidade contradizem o cálculo político. Não posso apoiar uma política abortista porque ela constrói casas populares, e pelo bem relativo deveria aceitar o mal absoluto.”

O que o Cardeal Muller pensa a respeito das diferentes posições do episcopado americano em relação a Biden?

O jornalista da Kath.net demonstra ao Cardeal que há bispos nos Estados Unidos que afirmam que deve ser negada a comunhão a Biden, como o ex-arcebispo da Filadélfia, Mons. Chaput, enquanto outros, como o Cardeal Gregory, arcebispo de Washington, dizem que continuariam dando a comunhão a ele, e pede ao Cardeal Muller uma avaliação sobre isso.

“Infiltrou-se a opinião absurda, mesmo entre os católicos, de que a fé é um assunto privado e que se pode permitir, aprovar ou promover algo intrinsecamente mal na vida pública”, afirmou o cardeal Muller.

“Em ação concreta”, prosseguiu, os “cristãos em um parlamento ou governo nem sempre são capazes de fazer respeitar a lei moral natural em todos os pontos. Mas nunca devem participar ativamente ou passivamente do mal. No mínimo, devem protestar contra ele – e na medida do possível – resistir, mesmo que sejam discriminados por isso.”

Questionado sobre o que pensar e o que fazer frente aos apelos de Biden à “unidade”, o purpurado alemão respondeu que “uma divisão ideológica da sociedade não pode ser superada, marginalizando, criminalizando e destruindo o outro lado, de modo que, no final, todas as instituições, da mídia às corporações internacionais, estejam dominadas apenas por representantes da corrente capital-socialista.”

 “Nos Estados Unidos, como agora na Espanha, escolas católicas, hospitais e outras instituições sem fins lucrativos subsidiadas pelo dinheiro público certamente serão forçadas a se comportar imoralmente ou fechadas se violarem as novas disposições governamentais.”

“Nesta altura, até os mais ingênuos percebem se o discurso de reconciliação na sociedade foi tomado a sério ou se era apenas uma estratégia de marketing. (…) O lema “Se você não quer ser meu irmão, eu vou quebrar sua cara” não é o caminho certo para a reconciliação e respeito mútuo.”

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Papa explica como rezar com a Bíblia com estes 3 passos da lectio divina

Papa Francisco no Vaticano. Foto: Vatican Media

Vaticano, 27 jan. 21 / 11:15 am (ACI).- O Papa Francisco explicou como rezar com as Sagradas Escrituras e descreveu as três etapas do método da “lectio divina”.

Ao dirigir a sua catequese sobre a oração que pode ser feita com a Bíblia, pronunciada em 27 de janeiro, o Papa destacou que a Palavra de Deus não pode ser lida como um romance, nem recitada como fazem os papagaios, mas as Sagradas Escrituras se dirigem ao “coração”.

“As palavras da Sagrada Escritura não foram escritas para permanecer presas nos papiros, nos pergaminhos ou no papel, mas para serem recebidas por uma pessoa que reza, fazendo-as brotar no próprio coração”, afirmou o Papa.

Nesta linha, o Santo Padre recordou que na tradição cristã, rica em experiências e reflexões sobre a oração com a Sagrada Escritura, “em particular, afirmou-se o método da ‘lectio divina’, nascido num ambiente monástico mas agora praticado também por cristãos que frequentam as paróquias”.

Passos da lectio divina

Em primeiro lugar, o Papa assinalou que “trata-se antes de mais de ler a passagem bíblica com atenção, mais ainda, eu diria com ‘obediência’ ao texto, a fim de compreender o que ele significa em si mesmo”.

Em seguida, o Pontífice ressaltou que é necessário “entrar em diálogo com a Escritura, para que aquelas palavras se tornem um motivo de meditação e oração”. Em outras palavras, "permanecendo sempre fiel ao texto, começo a perguntar-me o que ele ‘diz a mim’".

Nesse sentido, o Santo Padre advertiu que se trata de “um passo delicado: não devemos resvalar para interpretações subjetivas, mas inserir-nos no sulco vivo da Tradição, que une cada um de nós à Sagrada Escritura”.

Depois, o Papa Francisco disse que “o último passo da lectio divina é a contemplação” e explicou que “aqui as palavras e os pensamentos dão lugar ao amor, como entre os noivos que por vezes se olham em silêncio”.

“O texto bíblico permanece, mas como um espelho, como um ícone a ser contemplado. E assim tem-se o diálogo”, indicou o Papa.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Este seminário escocês foi abandonado no meio da floresta há mais de 40 anos

Seminário de São Pedro, Cardross, Escócia.
Crédito: Wikimedia Commons - Lairich Rig (CC BY-SA 2.0)
/ Tom Parnell (CC BY-SA 2.0)

27 jan. 21 / 03:30 pm (ACI).- O Seminário de São Pedro da Escócia foi construído há mais de cinco décadas na Escócia, em meio a um auge de vocações sacerdotais e ao crescente número de católicos no país; no entanto, com o tempo teve que ser fechado, pois embora fosse considerado "uma joia da arquitetura", tinha características que faziam com que fosse muito difícil de ser habitado.

O edifício eclesiástico fica no meio de uma floresta distante, localizada ao norte da cidade de Cardross, Dumbartonshire, ao norte de Glasgow. Ao chegar ao local, a primeira coisa que se observa são portas cobertas por arame farpado que possuem uma placa pendurada que diz: "Fique fora", para impedir a entrada de visitantes.

Segundo o National Catholic Register (NCR), em 1958, o então Arcebispo de Glasgow, Dom Donald Campbell, decidiu construir o seminário, pois o antigo seminário de São Pedro localizado em Bearsden foi destruído em 1946, após um incêndio causado por um desastre natural.

Dom Campbell tomou essa decisão em meio ao aumento das vocações ns Igreja Católica de 1950 a 1960. Naquela época, a Igreja na Escócia, como em outros lugares, esperava que essa tendência continuasse ao longo dos anos.

Além disso, a população católica da Escócia, especialmente em Glasgow, estava crescendo significativamente, por isso esperava-se que com o Seminário de São Pedro houvesse sacerdotes suficientes para apoiar as congregações em expansão.

O Prelado decidiu que o complexo seria construído no que era Kilmahew House, uma mansão baronial escocesa de 1860. O contrato de construção foi assinado com Gillespie, Kidd & Coia e os arquitetos foram Isi Metzstein e Andy MacMillan. As obras foram iniciadas em 1962 e foi inaugurado em 1966.

Os designers foram influenciados pelo arquiteto europeu mais importante da época, Le Corbusier, e como a ideia era que o edifício abrigasse muitas gerações de seminaristas, a arquitetura escolhida para o projeto do novo seminário foi modernista e brutalista.

A obra arquitetônica foi reconhecida pela crítica, a ponto de os designers ganharem o prêmio RIBA de arquitetura em 1967. O projeto do seminário se distanciou do que era tradicionalmente a arquitetura da igreja escocesa. “Com efeito, na época, era arquitetonicamente diferente de qualquer edifício público na Escócia”, assinala o NCR.

O crítico de arquitetura Jonathan Glancey disse que o estilo de concreto bruto de Corbu, presente no seminário de São Pedro, "poderia ser visto como um sucessor natural ou um complemento das tradicionais torres escocesas, com suas formas ásperas e materiais duros". Por isso, o seminário projetava "uma retrospectiva aura junto com a sua visão futurística", indicou.

Em outubro de 2005, o Seminário de São Pedro foi nomeado pela revista de arquitetura Prospect como o maior edifício da Escócia após a Segunda Guerra Mundial.

Embora o Seminário de São Pedro tenha sido elogiado pela crítica, "aqueles que tinham que morar no edifício tinham uma percepção completamente diferente”. Por isso, embora a sua capacidade fosse de 100 seminaristas, nunca se aproximou desta quantidade de estudantes.

 “O edifício era difícil de aquecer, uma necessidade [prioritária] na Escócia; além disso, tinha vazamentos que eram muito caros para consertar. Só em 1967 ocorreram 63 vazamentos. Do mesmo modo, o seminário tinha um isolamento acústico muito ruim”, explicou NCR.

Este problema se somou ao fato de que poucos anos depois de sua construção, após o Concílio Vaticano II, ocorreu uma crise nos seminários de todo o mundo, inclusive na Escócia, que resultou em uma queda significativa no ingresso regular de seminaristas no Seminário de São Pedro. Tudo isso levou os diretores do seminário a decidirem fechá-lo em 1980.

Quarenta anos depois, o seminário continua no meio da floresta, mas agora está em ruínas e com seus muros pichados e parcialmente destruídos.

No centro do edifício eclesiástico está o que foi a capela. Embora o desenho da nave e o santuário ainda estejam presentes, o que era o altar principal agora é apenas um pedaço de concreto sem telhado. Abaixo do altar principal existe uma cripta com vários altares, onde os sacerdotes celebravam Missas matinais privadas de acordo com as mudanças litúrgicas da época.

Ao descer por uma escada de pedra cheia de vidros quebrados, ainda se vê muitos altares deste tipo enfileirados. Infelizmente, os altares foram vandalizados com pichações obscenas e macabras, indica NCR.

No verão de 2020, a Arquidiocese de Glasgow conseguiu transferir a propriedade do antigo seminário para uma fundação de caridade. Os novos proprietários do local, Kilmahew Education Trust, planejam "desenvolver uma visão viável, com a educação em seu centro".

O Seminário de São Pedro não só representa um espaço de importância arquitetônica e histórica da Igreja moderna, mas também traz consigo uma “experiência escatológica”. O prédio abandonado e em ruínas demonstra que muito do que tentamos conquistar na terra se apagará muito depois de falecer, e nos recorda que aqui na terra “não temos uma cidade eterna”, concluiu.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Igreja católica à venda na internet

Guadium Press
Um templo católico, em Bursa – Turquia, foi posto à venda na internet, para ser um centro cultural ou mesmo hotel.

Istambul – Bursa 26/01/2021, 16:30, Gaudium Press) A  informação encontra-seem um artigo assinado por Marian Demir e estampado no site asianews.org.

O anúncio da venda da igreja, que pertencia aos católicos, antes do genocídio  armênio,  já está na internet há quase uma semana.

A revelação foi feita pelo Arcebispo Levon Zekiyan, que afirmou: “a comunidade armênia não tem meios financeiros para comprar esta igreja”.

Tristeza para a comunidade católica

O templo à venda fica na cidade de Bursa. Está cidade é uma famosa estância turística, no sul do Mar de Mármara e nas encostas do antigo Monte de Mesa.

O anúncio da venda explica, com detalhes,  que a igreja após a mudança demográfica de 1923, passava a ser “propriedade particular” e foi usada como depósito de tabaco e fábrica de tecelagem.  Essa “mudança demográfica” segundo Mirian alude vagamente ao genocídio dos armênios, onde houve o desaparecimento de muitas comunidades católicas no inicio do século XX.

Reação

O Patriarcado Apostólico Armênio em comunicado mostrou sua perplexidade, afirmando que: “é uma coisa muito triste que algumas pessoas vejam uma igreja como uma mercadoria comercial ou uma fonte de renda”.

Outro parlamentar, Garo Pylan, de etnia armênia do partido de oposição HDP, denuncia: “Uma igreja armênia à venda em Bursa. Mas é possível colocar um local de culto à venda? Como o estado e a sociedade podem permitir tudo isso? Vocês deveriam envergonhar-se!”. (PJS)

https://gaudiumpress.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF