Translate

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

O Papa na Grécia e em Chipre: nas pegadas de João Paulo II e Bento XVI

Momento da Viagem Apostólica do Papa João Paulo II à Grécia
(4 de maio de 2001) | Vatican News

A Viagem Apostólica de Francisco aos dois países mediterrâneos, de 2 a 6 de dezembro, realiza-se no âmbito de trajetórias já traçadas em 2010, em Chipre, pelo Papa emérito e em 2001, na Grécia, pelo Pontífice polonês. A história de suas peregrinações nessas terras entre o Oriente e o Ocidente.

Amedeo Lomonaco - Cidade do Vaticano

A ilha de Chipre é a terra de São Barnabé, nascido em Pafos e ali regressado para o anúncio da Páscoa do Senhor Jesus. Segundo a tradição oriental, tornou-se a nova pátria para Lázaro, ressuscitado por Jesus, que se mudou para Chipre para se tornar bispo de Citium (hoje Larnaca). Na Grécia, o apóstolo dos gentios, São Paulo, deixou marcas indeléveis. Filipos foi o primeiro lugar evangelizado na Europa e foi justamente a partir da Grécia que o cristianismo se espalhou pelo continente europeu.

“Embarcados em Trôade, fomos diretamente à Samotrácia e no outro dia a Neápolis; e dali a Filipos". (Atos 16,11)”

O Papa Francisco irá a Chipre e à Grécia, países na encruzilhada entre o Oriente e o Ocidente, de 2 a 6 de dezembro, para confirmar na fé, confortar e encorajar as comunidades locais. As etapas da Viagem Apostólica são Nicósia, Larnaca, Atenas e Lesbos, onde o Pontífice já esteve em 2016 para se encontrar com migrantes e refugiados no campo de Mòria. Naquelas terras, sulcadas nas origens do cristianismo pelos apóstolos Barnabé e Paulo, também foram como peregrinos João Paulo II e Bento XVI.

“O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e gozo no Espírito Santo. (Rm 14,17)”

Viagem do Papa Wojtyła à Grécia

A Grécia, em 2001, foi a primeira etapa da peregrinação jubilar de João Paulo II nas pegadas de São Paulo. Na cerimônia de boas-vindas, ele destaca que "a inculturação do Evangelho no mundo grego permanece um exemplo para cada inculturação". Em seguida, o Papa Wojtyla encontra o então arcebispo de Atenas e de toda a Grécia, sua Beatitude Christódoulos. O pontífice polonês pede perdão por feridas ligadas a dramáticas páginas da história, como o saque de Constantinopla em 1204.

Claramente, há a necessidade de um processo libertador de purificação da memória. Pelas ocasiões do passado e do presente, em que filhos e filhas da Igreja católica pecaram em actos ou omissões contra os seus irmãos e irmãs ortodoxos, que o Senhor nos conceda o perdão que lhe pedimos. Algumas memórias são particularmente dolorosas, e determinados acontecimentos do passado mais longínquo deixaram profundas feridas nas mentes e nos corações das pessoas, e ainda hoje se fazem sentir. Refiro-me ao desastroso saque da cidade imperial de Constantinopla, que por longo tempo foi a fortaleza da cristandade no Oriente. É trágico o facto de que os salteadores, que partiram com a finalidade de garantir o livre acesso dos cristãos à Terra Santa, agredissem os seus próprios irmãos na fé.

João Paulo II e Sua Beatitude Christódoulos (maio 2001)

Inspirado por São Paulo

Ao visitar a Catedral de São Dionísio em Atenas, João Paulo II recorda que este santo "foi um dos primeiros gregos que, ouvindo a pregação de Paulo sobre a ressurreição, se converteu". “Acolham todos este mistério de salvação, para vivê-lo e ser suas testemunhas com os vossos irmãos”. Da capital helênica ressoam então as palavras de São Paulo no famoso discurso do Areópago, relatado nos Atos dos Apóstolos. Neste lugar da pregação do Apóstolo dos Gentios, é lida em grego por um prelado ortodoxo e em inglês pelo cardeal Sodano a a "Declaração Conjunta sobre as raízes cristãs da Europa".

Nós, Papa João Paulo II, Bispo de Roma, e Christódoulos, Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia, diante do bema (pódio) do Areópago, do qual São Paulo, o Grande Apóstolo das Gentes, "Apóstolo por vocação, escolhido para anunciar o Evangelho de Deus" (Rm 1, 1) pregou aos Atenienses o único Deus verdadeiro, Pai, Filho e Espírito Santo e os chamou à fé e à conversão, queremos declarar em conjunto: Damos graças a Deus pelo nosso encontro e pela comunicação recíproca, nesta ilustre Cidade de Atenas, Sede Primacial da Igreja Apostólica Ortodoxa da Grécia. Repetimos a uma só voz e um só coração as palavras do Apóstolo das Gentes:  "Rogo-vos, irmãos, pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos o mesmo, e que entre vós não haja divisões; sede perfeitos no mesmo espírito e no mesmo parecer” ...

Na noite de 4 de maio, Sua Beatitude Christódoulos e outros Metropolitas membros do Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa grega visitam o Papa na Nunciatura Apostólica em Atenas. No final do encontro, o inesperado pedido de João Paulo II a Christodoulos: “Podemos rezar o Pai Nosso em grego?”. “Sim, Santo Padre”, foi a resposta. Juntos, em grego, eles recitam a oração que Jesus nos ensinou.

Momento da Viagem Apostólica de João Paulo II à Grécia (maio 2001)

Dar testemunho nos areópagos de hoje

O momento final da Viagem Apostólica de João Paulo II à terra grega é vivido em 5 de maio de 2001. O Pontífice celebra a Santa Missa no Palácio dos Esportes do Centro Olímpico de Atenas. “Recordar em Atenas o caminho e a ação de Paulo - afirma o Papa Wojtyła - é como ser convidados a anunciar o Evangelho até aos extremos confins da terra, propondo aos nossos contemporâneos a salvação dada por Cristo e mostrando-lhes os caminhos da santidade e o orientação moral reta que constituem as respostas à chamada do Senhor.”

“Seguindo o exemplo de São Paulo e das primeiras comunidades – afirma o Papa -, é urgente criar ocasiões de diálogo com os nossos contemporâneos, sobretudo nos lugares em que se decide o futuro do homem e da humanidade, para que as decisões tomadas não sejam condicionadas apenas pelos interesses políticos e econômicos que não têm em conta a dignidade das pessoas e as exigências que dela derivam, mas que seja para vós como um suplemento de alma que recorde o lugar insigne e a dignidade do homem. Os areópagos que hoje solicitam o testemunho dos cristãos são numerosos”.

Durante a homilia, o pontífice polonês recordou também o fecundo diálogo entre a fé cristã e a filosofia.

 O vosso País goza de uma longa tradição de sabedoria e de humanismo. Desde as origens do cristianismo, os filósofos empenharam-se por "mostrar a ligação entre a razão e a religião. [...] Esboçou-se assim um caminho que, saindo das antigas tradições particulares, levava a um desenvolvimento que correspondia às exigências da razão universal" (Fides et ratio, 36). Este trabalho dos filósofos e dos primeiros apologistas cristãos permitiu sucessivamente iniciar, no seguimento de São Paulo e do seu discurso em Atenas, um diálogo fecundo entre a fé cristã e a filosofia.

Antes de partir da Grécia, João Paulo II dirige uma exortação especial: “Sede testemunhas de Cristo como Paulo!”

Entre as dores e as esperanças de Chipre

O outro país no centro da 35ª Viagem Apostólica do Papa Francisco é Chipre. É a segunda vez que um Pontífice visita esta ilha. Para relembrar a primeira visita de um Bispo de Roma a Chipre, é preciso voltar a 2010, à Viagem Apostólica de Bento XVI, realizada de 4 a 6 de junho daquele ano. Seguindo os passos dos padres da fé, Santos Paulo e Barnabé, o Papa emérito chega a Chipre como peregrino para confirmar os católicos na fé e entregar o Instrumentum laboris tendo em vista a Assembleia Especial para o Oriente Médio do Sínodo de Bispos, realizada em outubro de 2010.

No voo papal para Chipre, Bento XVI expressa sua tristeza pelo assassinato do então vigário apostólico da Anatólia, Dom Luigi Padovese, assassinado na Turquia em 3 de junho de 2010, “que também muito contribuiu - acrescenta o Pontífice - para a preparação do Sínodo para o Oriente Médio”. Durante a cerimônia de boas-vindas no aeroporto internacional de Paphos, referindo-se à divisão da ilha de Chipre em duas partes, Bento XVI expressa um desejo por Chipre, que também está ligado também ao presente desta ilha.

May the love of your homeland and of your families and the desire to live …

Possam o amor à vossa Pátria e às vossas famílias e o desejo de viver em harmonia com os vossos vizinhos sob a protecção misericordiosa de Deus omnipotente, inspirar-vos para resolverdes com paciência os problemas que ainda partilhais com a comunidade internacional para o futuro da vossa Ilha.

Bento XVI em Chipre durante a Viagem Apostólica de 4 a 6 de junho de 2010

Entre encontros ecumênicos e anseios de paz

A unidade dos cristãos é um dos temas centrais da viagem de Bento XVI a Chipre. Durante a celebração ecumênica de 4 de junho de 2010, na área arqueológica da Igreja de Agia Kiriaki Chrysopolitissa, o Pontífice recordou que "a comunhão eclesial na fé apostólica é tanto um dom como um apelo à missão". “A unidade de todos os discípulos de Cristo – acrescenta - é um dom que se deve implorar ao Pai, na esperança de que Ele fortaleça o testemunho do Evangelho no mundo de hoje. 

No encontro seguinte, dirigindo-se às autoridades civis, Bento XVI afirma: “Quando as políticas que apoiamos são postas em ato em harmonia com a lei natural própria da nossa comum humanidade, então as nossas ações tornam-se mais sólidas e levam a uma atmosfera de entendimento, de justiça e de paz.”

No dia seguinte, 5 de junho de 2010, mais de 1.500 pessoas representando todos os católicos cipriotas em seus componentes, maronitas, armênios e latinos, acolhem Bento XVI, em um ambiente alegre também marcado pelo canto de algumas crianças, no campo esportivo da Escola primária de São Maron.

Only by patient work can mutual trust be built…

Só através de um trabalho paciente de confiança recíproca, o peso da história passada pode ser superado e as diferenças políticas e culturais entre os povos podem tornar-se um motivo para agir por uma compreensão maior. Exorto-vos a ajudar a criar esta recíproca confiança entre cristãos e não-cristãos, como fundamento para construir uma paz duradoura e uma harmonia entre os povos de diversas religiões, regiões políticas e bases culturais.

Momento da Viagem Apostólica de Bento XVI a Chipre, em junho de 2010

Entrega do Instrumentum Laboris

No dia 5 de junho de 2010, durante o encontro com o arcebispo ortodoxo de Chipre Crisóstomo II, Bento XVI expressou um desejo: “Possa o Espírito Santo guiar e confirmar esta grande iniciativa eclesial, que tem como objetivo recompor a plena e visível comunhão entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente, uma comunhão que deve ser vivida na fidelidade do Evangelho e na tradição apostólica, de modo que aprecie as legítimas tradições do Oriente e do Ocidente, e que se abra à diversidade dos dons através dos quais o Espírito edifica a Igreja na unidade, na santidade e na paz.”

Na Missa celebrada para os sacerdotes, religiosos e diáconos na Igreja da Santa Cruz de Nicósia, Bento XVI sublinhou que a humanidade tem necessidade da Cruz de Cristo para vencer o mal do mundo:

“A cruz é algo maior e mais misterioso do que, à primeira vista, possa parecer. Indubitavelmente, é um instrumento de tortura, de sofrimento e de derrota, mas ao mesmo tempo manifesta a transformação completa, a desforra sobre estes malefícios, e isto faz dele o símbolo mais eloquente da esperança que o mundo jamais viu.”

No dia seguinte, 6 de junho de 2010, presidindo a Missa por ocasião da publicação do Instrumentum laboris da Assembleia Especial para o Oriente Médio do Sínodo dos Bispos, recorda que os cristãos são chamados, como na Igreja primitiva, a serem testemunhas de Jesus perante o mundo.

We are called to overcome our differences, to bring peace and reconciliation…

Somos interpelados a superar as nossas diferenças, a levar paz e reconciliação aonde existem conflitos e a oferecer ao mundo uma mensagem de esperança. Somos chamados a estender a nossa atenção aos necessitados, dividindo generosamente os nossos bens terrenos com aqueles que são menos afortunados do que nós. E somos chamados a proclamar de maneira incessante a morte e a ressurreição do Senhor, até que Ele venha.

Por ocasião da entrega do Instrumentum laboris, Bento XVI recorda, portanto, que “o Médio Oriente ocupa um lugar particular no coração de todos os cristãos, dado que foi precisamente ali que Deus se fez conhecer aos nossos pais na fé.”

No Angelus de 6 de junho de 2010, pede para implorar à Virgem Maria que interceda "por todos nós, pelo povo de Chipre e pela Igreja do Médio Oriente".

visita à catedral maronita de Chipre, que de várias formas - afirma Bento XVI - representa a verdadeira longa e rica história, por vezes turbulenta «daquela comunidade, antecede a última etapa da viagem apostólica 2010 na ilha cipriota: a cerimônia de despedida do Aeroporto Internacional de Larnaca:

“Chipre – afirma Bento XVI - desempenha um papel particular na promoção do diálogo e da cooperação”. Um papel importante que Chipre continua a assumir ainda hoje, neste momento abalado pela pandemia e por crises que afetam o tecido económico e social em todo o mundo.

A viagem do Papa Francisco

A história de Chipre e da Grécia se entrecruza também com a pregação dos apóstolos Barnabé e Paulo, com os ensinamentos de São João Paulo II e de Bento XVI. Agora, a esses passos somam-se os do Papa Francisco. O programa da 35ª Viagem Apostólica se desenvolve em lugares visitados também por seus predecessores. Depois de chegar ao aeroporto de Larnaca no dia 2 de dezembro, Francisco vai a Nicósia para o encontro com sacerdotes, religiosos, consagradas, diáconos, catequistas, associações e movimentos eclesiais na Catedral maronita de Nossa Senhora das Graças. Em seguida, o programa prossegue com o translado ao Palácio Presidencial para três compromissos: a cerimônia de boas-vindas, a visita de cortesia ao Chefe do Estado e o encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático. O dia 3 de dezembro é o dia da visita a Sua Beatitude Crisóstomo II, arcebispo ortodoxo de Chipre, do encontro com o Santo Sínodo e da Missa no Gps Stadium de Nicósia. O segundo dia da viagem termina com uma oração ecumênica pelos migrantes na igreja paroquial de Santa Croce.

A etapa grega começa no sábado, 4 de dezembro. Após a cerimônia de boas-vindas, o programa inclui uma visita de cortesia ao chefe do Estado, encontros com o primeiro-ministro e com autoridades, sociedade civil e corpo diplomático. À tarde, a visita a Sua Beatitude Ieronymos II, arcebispo de Atenas e de toda a Grécia no Arcebispado Ortodoxo e, a seguir, encontro com as respectivas comitivas na sala do Trono.

Para o final do dia estão programados outros dois encontros: com bispos, sacerdotes, religiosos, consagradas, seminaristas e catequistas na Catedral de São Dionísio. O encontro privado com membros da Companhia de Jesus conclui o dia 4 de dezembro. No domingo, 5 de dezembro, o Papa voa para Mitilene, na ilha grega de Lesbos, para transmitir seu encorajamento aos refugiados do “Reception and identification centre”. No final da manhã, ele retorna a Atenas, onde à tarde preside a celebração da Missa no Megaron concert hall. À noite, visita de cortesia de Sua Beatitude Ieronymos II ao Santo Padre na Nunciatura Apostólica. No dia 6 de dezembro, Francisco recebe o presidente do Parlamento grego antes do encontro com os jovens na Escola São Dionísio das Irmãs Ursulinas de Maroussi e da cerimônia de despedida.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

ESPIRITUALIDADE: Amor sem limites (Parte 9/19)

Capa: Fragmentos de um ícone de meados de
século XVII atribuído a Emanuel Lombardos.

Um Monge da Igreja do Oriente

AMOR SEM LIMITES

Tradução para o português:
Pe. André Sperandio

Ecclesia

18. Violento anúncio

O amor sem limites força as portas. É possível que eu houvesse esperado por uma espécie de coexistência pacífica com Deus. Talvez eu me tivesse acreditado mais ou menos "em ordem" com o que é da alma e me sentisse mais ou menos tranquilo. Talvez eu imaginasse um "entardecer" da vida sereno e feliz.

E eis que todas as previsões vêm abaixo por um anúncio divino. Deus me pede algo que eu não esperava, em absoluto. É como o anúncio de um filho não desejado.

Atender a esta exigência, tomar esta decisão que custa tanto..., por quê? Tudo parecia ir tão bem!

É preciso ainda incertezas, novas ansiedades? Reviver as vicissitudes do primeiro chamado, já tão distante? Devo, novamente, deixar o país habitual sem saber para onde Deus irá me conduzir?

Essas coisas, não as tenho dito a Deus, mas pensado nelas. Certamente, eu não disse "não" ao Senhor, mas eu lhe dei uma resposta que equivale a uma rejeição respeitosa: "Que o homem que eu sou siga assim vivendo diante de ti!"

O homem que eu sou ... Este homem representa um estado presente, uma situação bem definida, um conjunto de coisas em que estou instalado, talvez um relacionamento com Deus que me pareçe suficientemente bom. O que mais desejar?

O amor sem limites quer fazer uma irrupção em minha vida. Vem perturbar o que existe. Desbaratar o que parecia estável e abrir horizontes novos ... horizontes sobre os quais eu ainda não havia sequer pensado.

Vou rejeitá-lo? Empreenderei a fuga ante o anúncio que me faz? Se eu recusar, talvez me torne um estranho a todo o amor. Porém, o amor sobre o qual me fixarei será um amor relativo e limitado.

Será a rejeição do amor absoluto e de suas audácias. Será um lago estagnado em vez do alto mar.

Senhor-amor: quebra tu mesmo os laços que me impedem e me retêm. Eu já não voltarei a ti, ribeira demasiado familiar. Senhor-amor, que viva ante ti o homem que serei!

19. O incoordenável

Filho meu, não te deixarei tranquilo. Quero ensinar-te a superação. É bom que estejas satisfeito com a beleza harmoniosa. Mas deves descobrir este despreendimento que te faz vislumbrar o que é sublime.

Não blasfemarás contra a inteligência. Eu sou o princípio e o fim do pensamento. Mas não quero prender-te para sempre aos lentos rigores da reflexão. Quisera dar-te a visão...!

Sê obediente e piedoso. Estas coisas sobre as quais se zomba tanto nos dias de hoje. Mas eu não quero que te acostumes a uma moral ou piedade confortável. Quero inspirar-te o sacrifício.

Reconheces a distância que há entre teu Deus e tu mesmo. E isto é correto. Mas, tenha cuidado para não medir essa distância para manter-te estritamente na atitude do menor esforço.

Filho meu, quero revelar-te dia após dia o Deus feito homem, o teu Senhor-amor que se faz carne, que se faz a tua carne.

Assumindo, sem se misturar, a natureza humana, fazendo-se um de nós sem deixar de ser ele mesmo, é assim como o amor sem limites rompe os limites de maneira suprema.

® NARCEA, S.A. EDIÇÕES
Dr. Federico Rubio e Galí, 9. 28039 - Madrid
® EDITIONS ET LIBRAIRIE DE CHEVETOGNE Bélgica
Título original: Amour sans limite
Tradução (para o espanhol): CARLOS CASTRO CUBELLS
Tradução para o português: Pe. André Sperandio
Capa: Fragmento de um ícone de meados de século XVII atribuída a Emanuel lombardos
ISBN: 84-277-0758-4
Depósito Legal: M-26455-1987
Impressão: Notigraf, S. A. San Dalmácio, 8. 28021 - Madrid

Fonte: https://www.ecclesia.org.br/

Pesquisa nos EUA mostra novos padres mais conservadores do que há 20 anos

Priest collar/ Foto: Shutterstock

WASHINGTON DC, 30 nov. 21 / 03:16 pm (ACI).- Uma nova pesquisa mostra uma visão mais "pessimista" da Igreja Católica e um maior conservadorismo teológico entre os padres americanos de hoje, comparados aos de 2002.

O Levantamento de Padres Católicos Americanos (SACP, na sigla em inglês) fez 54 perguntas a 1.036 padres.

"Se a história importante do SACP tivesse que ser resumida brevemente seria: notáveis mudanças conservadoras entre os padres americanos ao longo das últimas duas décadas, junto com uma guinada para o pessimismo sobre o estado atual e a trajetória da Igreja Católica na América", diz o relatório da pesquisa, divulgada no dia 1º de novembro. 

Sobre política, os padres pesquisados descreveram-se como "conservadores" em taxas muito maiores do que os pesquisados em 2002, dizem os investigadores.

A porcentagem de padres que consideram os padres mais jovens como "muito mais conservadores" do que os padres mais velhos, aumentou de 29% em 2002 para 44% agora.

Para acompanhar as mudanças nas respostas ao longo do tempo, o inquérito reutilizou perguntas de uma sondagem de 2002 sobre padres católicos realizada pelo jornal Los Angeles Times, e perguntas de uma sondagem sobre padres feita em 1970.

Os padres foram contactados no final de 2020 através de duas listas não-relacionadas de email: uma fornecida pelo Diretório Católico Oficial e outra fornecida por uma ONG católica que não foi identificada. Apesar da amostra ser pequena, os pesquisadores dizem que os resultados das duas listas de correio eletrônico são "bastante semelhantes" entre si.

Os padres foram classificados segundo a visão política que declarama e com base no ano de ordenação.

Brad Vermurlen, um dos autores da pesquisa e sociólogo da Universidade do Texas em Austin, escreveu num artigo anunciando o estudo que os investigadores observaram um "grupo relativamente conservador de sacerdotes ordenados antes de 1960" seguida de "homens mais permissivos ou liberais ordenados para o sacerdócio nas décadas de 1960 e 70".

"Depois dos grupos permissivos, há um movimento constante em direção a visões mais conservadoras em cada grupo sucessivo. Os padres ordenados desde o ano 2000 tendem a ser os mais conservadores", escreveu Vermurlen.

Os padres da pesquisa recente são, em média, menos a favor do diaconato feminino, menos a favor de mulheres ordenadas como padres, e menos favoráveis à ideia de padres casados em comparação com a pesquisa de 2002.

Satisfação

Embora os padres de hoje sejam ligeiramente menos susceptíveis a deixar o sacerdócio do que em 2002, a "satisfação com a vida" dos padres é, no conjunto, menor: 72,1% dos padres em 2002 diziam-se "muito satisfeitos" com a vida de padre, contra 62% agora.

"Ao mesmo tempo que os padres se tornaram mais conservadores de várias formas, sua percepção do estado atual da Igreja Católica na América teve uma virada pessimista, com uma maioria de padres agora dizendo que as coisas na Igreja ‘não são tão boas’ - e isto aplica-se a todo o espectro político", dizem os pesquisadores.

Ortodoxia

A medida da "ortodoxia" usada na pesquisa era se os padres acreditam que a fé em Jesus Cristo é o "único caminho para a salvação".

Catecismo da Igreja Católica ensina no número 846 que "toda a salvação vem de Cristo-Cabeça pela Igreja que é o seu Corpo", e observa que o próprio Jesus afirmou explicitamente a necessidade da fé e do Batismo.

No parágrafo seguinte, o catecismo diz que “também podem conseguir a salvação eterna aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, no entanto procuram Deus com um coração sincero e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a sua vontade conhecida através do que a consciência lhes dita»

Os sacerdotes em 2021 são, em geral, ligeiramente mais propensos a afirmar a crença de que a fé em Jesus Cristo é o "único caminho para a salvação" do que os sacerdotes em 2002, mas há diferenças acentuadas entre as diferentes convicções políticas.

Entre os padres que se identificaram como "muito liberais", quase 40% "discordaram fortemente" da afirmação de que o único caminho para a salvação é através da fé em Jesus Cristo. No outro extremo do espectro, entre os padres "muito conservadores", 82% disseram que "concordavam fortemente".

Moralidade

Para avaliar as opiniões sobre moralidade entre os padres, a pesquisa pergunta aos padres sua opinião sobre seis atos que a Igreja ensina serem pecaminoso: sexo fora do casamento; aborto; uso de anticoncepcionais por casais casados; atos homossexuais; suicídio para aliviar o sofrimento, e masturbação.

Os investigadores concluíram que os padres em 2021 tinham mais probabilidades do que os seus homólogos de 2002 de dizer que cada uma destas seis atividades era pecaminosa.

Avaliação do papa Francisco

Os investigadores também perguntaram sobre a aprovação do papa Francisco por parte dos padres. Descobriram que os padres ordenados em anos mais recentes têm menos probabilidade de aprovar a forma como o papa Francisco exerce suas funções.

"No último grupo de sacerdotes, ordenados em 2010 ou mais tarde, apenas 20% 'aprovam fortemente' o papa e quase metade (49,8%) desaprovam 'de certa forma' ou 'fortemente'".

A Igreja melhorando ou piorando?

Sobre a "trajetória" da Igreja Católica nos EUA os padres avaliam a Igreja como "não tão boa" em todo o espectro político. Para os pequisadores, o pessimismo parece ser um "efeito de período", significando que "há algo no início da década de 2020 claramente diferente de 2002, gerando estas mudanças".

Uma das razões para o aumento do pessimismo dos padres pode ser "a vida espiritual e moral dos leigos católicos". Só 22% dos padres acham que "a maioria" dos leigos vive os ensinamentos da Igreja sobre questões morais, como a sexualidade, um decréscimo de 30% em relação a 2002.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Síria: outra guerra esquecida

Damasco | Vatican News

Quando os meios de comunicação social falam hoje da Síria, falam sobretudo dos migrantes, dos milhares de pessoas que fogem do país em crise, arriscando as suas vidas por caminhos incertos, em busca de uma vida melhor. O Vatican News gostaria de chamar a atenção para a situação no país atormentado por dez anos de guerra, e que foi seguida por uma crise econômica sem precedentes. Começamos a viagem com uma entrevista com o cardeal Mario Zenari, núncio apostólico na Síria.

Vatican News

Em Damasco, a vida parece normal, o trânsito é o de uma grande cidade do Oriente Médio, as pessoas estão ocupadas em chegar ao trabalho, os mercados estão bem abastecidos, as lojas são numerosas. Mas o que se vê é apenas uma vitrina que não reflete necessariamente a realidade. Após anos de guerra, embora a guerra ainda não tenha terminado e os combates continuem na província de Idlib, no norte do país, a crise econômica colocou à dura prova os cidadãos. Todos os cidadãos. A classe média praticamente desapareceu, encontrando-se 'pobre' da noite para o dia. Para se ter uma ideia da situação, alguns números são suficientes: o salário médio de um funcionário do Estado é de cerca de 75.000 libras sírias. Um único quilo de leite em pó para crianças custa 12.000 liras. Um tanque cheio de combustível custa 20.000 liras. Condições que levaram 90 por cento da população a viver abaixo da linha de pobreza e roubaram a esperança a 17 milhões de sírios.

Precisamente sobre esta esperança perdida responde o cardeal Mario Zenari, núncio apostólico na Síria.

Síria | Vatican News

O senhor viveu treze anos na Síria, no período mais difícil. Agora, no país, em grande parte a guerra acabou, mas não há mais esperança...

Isto surpreende-me muito e entristece-me muito ver que a esperança está morrendo. Claro que vi com muita dor pessoas morrerem, mesmo crianças, durante a guerra, mas depois de todo este sofrimento, as pessoas ainda tinham alguma esperança; disseram que mais cedo ou mais tarde a guerra acabaria e que poderiam começar a trabalhar de novo, ter algum dinheiro, talvez reparar as suas casas e recomeçar uma vida normal. Infelizmente, isto não está acontecendo. Em muitas partes da Síria não caem mais bombas, porém explodiu uma bomba terrível que, sem fazer qualquer barulho, ataca inexoravelmente. Segundo as estatísticas das Nações Unidas, cerca de 90% da população é obrigada a viver abaixo da linha da pobreza. E devido à perda de esperança, muitos jovens tentam partir e deixar a Síria para encontrar uma acolhida e um futuro, uma vida melhor em outros países, e por isso esta é também uma vergonha que se abateu sobre a Síria progressivamente privada das suas melhores forças, porque aqueles que emigram são jovens e jovens qualificados.

Cardeal Mario Zenari | Vatican News

À guerra seguiu-se uma crise econômica e as sanções internacionais. Existe hoje algum sinal de que as sanções estão chegando ao fim?

Tentamos manter a esperança, ainda se deveremos enfrentar dias difíceis pela frente. Certamente, esta situação irá terminar um dia. Mas podemos ver que a reconstrução e a recuperação econômica ainda não deram quaisquer sinais; pelo contrário, os sinais são, infelizmente, de um muro contra muro. Isto deve-se, em particular, às sanções internacionais e depois há também outras causas que contribuem para o mal-estar da Síria, tais como a crescente corrupção e, em alguns casos, ao mau governo. Depois a crise libanesa eclodiu e atingiu gravemente a Síria; a pandemia se alastrou e com ela outras crises mundiais. Assim, outra desgraça que atingiu a Síria foi a de ter sido abandonada. Enquanto há alguns anos, eu tinha pedidos de entrevistas de todo o mundo, nos últimos dois anos, ninguém mais perguntou sobre a Síria. Disseram-me que as notícias sobre a Síria já não vendem jornalisticamente, e isto é outra vergonha para o país. Assim, agradeço a todas as agências, especialmente às nossas agências católicas e cristãs que vêm à Síria para ver, para falar sobre a situação no país, e para garantir que a Síria não é esquecida, para tentar manter viva a esperança tanto quanto possível.

Síria | Vatican News

O senhor é núncio em Damasco há 13 anos, por isso conhece todas as partes envolvidas, conhece muitos representantes políticos, mas também representantes de outras nações presentes aqui na Síria. Neste contexto, qual é o compromisso da diplomacia da Santa Sé?

Encontro vários embaixadores que estão presentes aqui, embora não haja muitos na Síria. Também me encontro com representantes da União Europeia residentes no Líbano, mas eles vêm de vez em quando, e depois sempre que vou à Europa, a Itália, tento falar com as várias embaixadas e as principais embaixadas acreditadas junto à Santa Sé para chamar a atenção para esta situação. Uma situação de pobreza e de mal-estar que não pode continuar, que deve ser resolvida, começando pelo grave problema das sanções; derrubar estes muros porque o que vejo são muros, e pelo que posso vislumbrar um pouco - porque só a crítica não é suficiente - seria necessário, na minha humilde opinião, tentar quase forçar as três principais capitais a dar alguns passos e alguns gestos de boa vontade. Quando falo das três capitais, quero dizer que a comunidade internacional deve agir sobre Damasco, Washington e Bruxelas para que cada uma delas dê sinais de boa vontade, para que as sanções possam ser levantadas e a reconstrução e recuperação econômica possam recomeçar. Estes são pequenos passos, mas caso contrário iremos avante muro contra muro. Quem sofre é o povo, o povo pobre. As estatísticas mostram que 90% da população é obrigada a viver abaixo da linha da pobreza. Há alguns dias, o Programa Alimentar Mundial (PAM) apresentou estatísticas igualmente impressionantes e tristes: mais de 12 milhões de sírios, ou 60% da população, vivem numa situação de insegurança alimentar.

Eminência, no próximo mês de março, também a convite do Papa Francisco para caminhar em direção ao Sínodo, convocará todos os bispos e agências caritativas presentes na Síria. O tema é a sinodalidade, mas falará também da coordenação dos vários compromissos da Igreja em apoio à população?

Desde o início do conflito, tenho tentado encorajar uma certa coordenação entre as várias agências que aqui vieram imediatamente para ajudar com boa vontade e grande generosidade. Percebi já dez anos atrás que havia necessidade de alguma coordenação, pelo menos para nos conhecermos uns aos outros, para saber quem fazia o quê. Mas ainda não encontrei uma maneira. E agora que o Papa convidou toda a Igreja, e por conseguinte também a Igreja síria, a trabalhar, a caminhar em conjunto sinodalmente, penso que um gesto muito bonito seria o de crescer no serviço da caridade sinodalmente, ou seja, toda a Igreja em conjunto. Assim, o cardeal Leonardo Sandri (Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais) que aqui esteve há algumas semanas e visitou todo o país, propôs aos bispos que fizessem um balanço sinodalmente do serviço de caridade, que, como costumo dizer, é bem servido aqui por várias organizações que trabalham generosamente. Mas há também a necessidade de se reunir com outros para coordenar. Os bispos tiveram muito prazer em aceitar uma conferência de três dias nos dias 15, 16 e 17 de março. Toda a Igreja Síria participará: bispos, clero, religiosos e religiosas, leigos envolvidos, especialmente ao serviço da caridade, e todas as agências sírias e internacionais que estão trabalhando. Isto é muito importante. Em dez anos trabalhamos bem, mas cada um com as suas próprias forças, por isso o tema do Sínodo sobre a sinodalidade de caminhar junto à Igreja, é uma ocasião muito bonita e oportuna, para caminharmos juntos neste serviço à caridade, num momento tão difícil para a Síria.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Beato Charles de Foucauld

B. Charles de Foucauld | arquisp
01 de dezembro

Beato Charles de Foucauld

Charles de Foucauld nasceu em Strasburg, na França, em 15 de setembro 1858. Era descendente de família nobre, de tradição militar. Aos doze anos, morava com o avô, pois já era órfão. Aos dezesseis anos, Charles escolheu a carreira militar e, ao final dos estudos nas melhores escolas militares, era um subtenente do exército francês. Foi uma época repleta de entusiasmos, crises e desvios, que o levaram a abandonar a fé. Entregava-se, facilmente, a prazeres e amores libertinos, escandalizando a cidade. Porém sentia necessidade de preencher sua vida tão vazia e sem rumo.

Em 1883, Charles deixou o exército e viajou para o Marrocos, na África. Ele conhecia a Argélia e tinha fascínio pelo país que conhecera como oficial francês. Disfarçou-se de um rabino pobre, vivendo entre as comunidades judaicas, organizando mapas e esboços dos lugares por onde passava. Esse trabalho lhe conferiu uma medalha de ouro oferecida pela Sociedade Francesa de Geografia.

Desde a saída do exército começou a mudança de vida. Com grande apoio dos parentes e de seu conselheiro espiritual, retornou à fé cristã, que o arrebatou de vez. Em 1890, Charles decidiu viver apenas para servir a Deus. Ingressou como noviço num mosteiro trapista de Nossa Senhora das Neves, onde ficou por alguns anos. Mas a mesa farta e a disciplina pouco rígida, como ele próprio concluiu, não produzia monges "tão pobres quanto o Senhor Jesus". Decidiu procurar um estilo de vida que se assemelhasse à humildade de Jesus.

Abandonou o mosteiro e foi à Terra Santa. Lá, sentiu-se mais próximo de Jesus e adotou a vida de pobreza total. Foi aceito no Mosteiro das irmãs clarissas de Nazaré, trabalhando nos serviços gerais. Em 1900, retornou a Paris e completou os estudos no Mosteiro de Nossa Senhora das Neves; recebeu a ordenação sacerdotal e voltou à África. Mas agora com uma nova missão: levar os ensinamentos de Cristo àqueles povos que não o conheciam.

Padre Charles desembarcou em Argel, capital da Argélia, em 1901 e rumou para o sul, bem próximo dos muçulmanos. Em pouco tempo, tornou-se um verdadeiro eremita e muito querido pela população local. Mas seu objetivo maior era ir para o Marrocos, evangelizar a terra dos muçulmanos. Contatou amigos tuaregues, espécie de nômades do deserto, para obter ajuda no seguimento da missão. Intensificou o estudo da língua nativa daqueles povos. Em 1904, já havia traduzido os quatro evangelhos na língua dos tuaregues, além de um dicionário tuaregue-francês. Estava estabelecido no povoado de Tamanrasset, era amigo do chefe dos tuaregues e tinha construído uma pequena cabana para viver, depois transformada no seu eremitério.

Em 1912, estourou a guerra entre a Turquia e a Itália. A tensão entre as tribos tuaregues aumentava. Embora o eremitério de Charles parecesse uma fortaleza, não era suficiente para protegê-lo. No dia 1o de dezembro de 1916, ele foi brutalmente assassinado com um tiro na cabeça, por um adolescente de quinze anos, durante uma tentativa de seqüestro e roubo naquele local.

O exemplo de Charles de Foucauld jamais foi esquecido. Em 1933, seus seguidores fundaram a união dos Irmãozinhos de Jesus, em sua homenagem. Mais tarde, em 1939, uma congregação feminina foi fundada com o mesmo nome. Ambas adotaram o estilo de vida que ele sugerira. A obra continuou a florescer e atingiu o alvorecer do terceiro milênio com mais de dez famílias de religiosos e leigos que seguem o seu carisma, espalhadas em missões em todos os continentes, especialmente no africano. A Santa Sé considerou "venerável" Charles de Foucauld, em 2001 e em 13 de novembro de 2005 o papa João Paulo II o declarou Bem-aventurado.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Santo Elói

S. Elói | arquisp
01 de dezembro

Santo Elói ou Elígio

Bispo, escultor, modelista, marceneiro e ourives, Elói ou Elígio foi um artista e religioso completo. Nasceu na cidade de Chaptelat, perto de Limoges, em 588, na França. Seus pais, de origem franco-italiana, eram modestos camponeses cristãos com princípios rígidos de honestidade e lealdade, transmitidos com eficiência ao filho. Com sabedoria e muito sacrifício, fizeram questão que ele estudasse, pois sua única herança seria uma profissão.

Assim foi que, na juventude, Elói ingressou na escola de ourives de Limoges, a mais conceituada da Europa da época e respeitada ainda hoje. Ao se formar mestre da profissão, já era afamado pela competência, integridade e honestidade. Tinha alma de monge e de artista, fugia dos gastos com jogos e diversões. tudo dispendia com os pobres. Levava uma vida austera e de oração meditativa, ganhando o apelido de "o Monge". Conta-se que sua fama chegou à Corte e aos ouvidos do rei Clotário II, em Paris. Ele decidiu contratar Elói para fazer um trono de ouro e lhe deu a quantidade do metal que julgava ser suficiente. Mas, com aquela quantidade, Elói fez dois tronos e entregou ambos ao rei. Admirado com a honestidade do artista, ele o convidou para ser guardião e administrador do tesouro real. Assim, foi residir na Corte, em Paris.

Elói assumiu o cargo e também o de mestre dos ourives do rei. E assim se manteve mesmo depois da morte do soberano. Quando o herdeiro real assumiu o trono, como Dagoberto II, quis manter Elói na corte como seu colaborador, pois lhe tinha grande estima. Logo o nomeou um de seus conselheiros e embaixador, devido à confiança em suas virtudes.

Elói também realizou obras de arte importantes, como o túmulo de são Martinho de Tours, o mausoléu de são Dionísio em Paris, o cálice de Cheles e outros trabalhos artísticos de cunho religioso. Além disso, e acima de tudo, Elói era um homem religioso, não lhe faltou inspiração para grandes obras beneméritas e na arte de dedicar-se ao próximo, em especial aos pobres e abandonados. O dinheiro que recebia pelos trabalhos na Corte, usava-o todo para resgatar prisioneiros de guerra, fundar e reconstruir mosteiros masculinos e femininos, igrejas e para contribuir com outras tantas obras para o bem estar espiritual e material dos mais necessitados. Em 639, o rei Dagoberto II morreu. Elói, então, ingressou para a vida religiosa.

Dois anos depois, era consagrado bispo de Noyon, na região de Flandres. Foi uma existência totalmente empenhada na campanha da evangelização e reevangelização, no norte da França, Holanda e Alemanha, onde se tornou um dos principais protagonistas e se revelou um grande e zeloso pastor a serviço da Igreja de Cristo.

Durante os últimos dezenove anos de sua vida, Elói evitou o luxo e viveu na pobreza e na piedade. Foi um incansável exemplo de humildade, caridade e mortificação. A região de sua diocese estava entregue ao paganismo e à idolatria. Com as pregações de Elói e suas visitas a todas as paróquias, o povo foi se convertendo até que, um dia, todos estavam batizados.

Morreu no dia 1o de dezembro de 660, na Holanda, durante uma missão evangelizadora. A história da sua vida e santidade se espalhou rapidamente por toda a França, Itália, Holanda e Alemanha, graças ao seu amigo bispo Aldoeno que escreveu sua biografia.

A Igreja o canonizou e autorizou o seu culto, um dos mais antigos da cristandade. A festa de santo Elói ou Elígio, padroeiro dos joalheiros e ourives, ocorre na data de sua morte. Entretanto ele é celebrado também como padroeiro dos cuteleiros, ferreiros, ferramenteiros, celeiros, comerciantes de cavalos, carreteiros, cocheiros, garagistas e metalúrgicos.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF