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sábado, 30 de julho de 2022

História do Canadá: índios iroqueses mataram 8 jesuítas

Guadium Press
Os jesuítas realizaram um apostolado com os índios hurons do Canadá, que foram quase exterminados pelos iroqueses.

Redação (29/07/2022 08:15Gaudium Press) Durante estes dias, em que o Papa está visitando o Canadá, e em que a presença indígena em todas as celebrações foi muito marcada, Pablo Ginés quis recordar, em ReligionEnLibertad, os mártires canadenses, 8 jesuítas aos quais aquele país deve muito sua fé católica. Eles foram assassinados por índios iroqueses no sul do Canadá, entre 1642 e 1649. Os jesuítas faziam apostolado com os hurons, índios que foram quase exterminados pelos iroqueses.

Ginés se baseia no livro clássico do jesuíta alemão, Adolfo Heinen, Entre os Pele-vermelhas do Canadá, publicado em 1930 e reeditado agora pela Fundação Maior.

Ele recorda que o Pe. Isaac Jogues foi feito prisioneiro pelos iroqueses em 1642, e quando capturado teve quase todos os seus dedos destroçados. Este sacerdote contava que viu como os iroqueses assavam em fogo lento crianças pequenas e ainda vivas da tribo algonquiana. Ele viu como o jesuíta René Goupil, o primeiro mártir jesuíta no Canadá, foi morto.

Padre Jogues, enquanto trabalhava como escravo, conseguiu batizar 70 índios prisioneiros dos iroqueses. Sentindo que ia ser morto, conseguiu fugir para a França com a ajuda de um comerciante holandês.

O Pe. Jogues retornou ao Canadá, em 1644, e conseguiu, graças em grande parte ao conhecimento que havia adquirido do idioma iroquês, negociar a paz entre os hurons e seus aliados franceses com os briguentos iraqueses.

Acreditando-se estar protegido por aquela paz de 1645, Pe. Jogues foi enviado ao território iroquês ​​para fundar uma missão. Mas esses indígenas estavam mais uma vez em pé de guerra e culpavam os “mantos pretos” (jesuítas) por espalharem doenças e pragas nas lavouras.

Esses índios voltaram a prender Pe. Jogues como escravo, e torturam-no novamente, cortando pedaços de carne de seus braços e ombros e comendo-os na frente dele. Finalmente, em 18 de outubro de 1646, eles enfiaram um machado em sua cabeça, e depois cortaram sua cabeça e a enfiaram em uma lança. Eles fizeram o mesmo com seu companheiro leigo, Jean de La Lande. Esse sangue daria frutos diretamente ali: aquela tribo em particular, os Mohawis, se converteria duas décadas depois. Até mesmo seu assassino se tornaria doce cristão.

Guerra dos iroqueses contra os hurons

Em 1647, tendo os protestantes holandeses como fornecedores de armas, os iroqueses atacaram os hurons, que tinham pouco apoio francês. Praticamente os exterminaram. Muitos deles já eram cristãos ou catecúmenos. Cinco sacerdotes dos 18 jesuítas que trabalhavam nas missões dos hurons foram martirizados nos dois anos seguintes.

Pe. Antoine Daniel morreu em 1648 de ferimentos de flecha e bala em sua capela da missão.

O Pe. Jean de Brébeuf e o Pe. Gabriel Lalemant foram assassinados pelos iroqueses em março de 1649, enquanto cuidavam dos doentes e feridos em uma aldeia huron. Mas antes de matá-los, os iroqueses os submeteram a uma tortura sádica: arrancaram suas unhas, espancaram-nos com paus, cortaram suas mãos ao mesmo tempo que as perfuravam. Regaram-nos com água fervente, em um ato para zombar do batismo cristão, enquanto proferiam sarcasmos explícitos contra o sacramento da iniciação cristã.

O Pe. Brébeuf, que insistia em falar com eles sobre o Deus cristão apesar de suas feridas, primeiro teve o nariz cortado e depois os lábios. Eles finalmente arrancaram seu coração. Os olhos do Pe. Laleman foram arrancados e brasas foram mergulhadas nas órbitas já vazias. Também arrancaram seu coração ainda pulsante, engoliram-no cru e beberam o sangue do sacerdote, numa crueldade com ares satânicos.

Depois de ter assassinado esses sacerdotes, os iroqueses quiseram fazer um ataque mais ousado contra a missão de Santa Maria dos Hurons, que era, por assim dizer, o quartel general dos jesuítas no Canadá e sua última base no território huron.

Os hurons ofereceram uma forte resistência. As baixas foram numerosas em ambos os lados, mas, por fim, os iroqueses se retiraram, mas não antes de incendiar tudo em seu caminho, sejam plantações ou aldeias. Os prisioneiros foram queimados. Ao queimar as plantações, os jesuítas foram vistos de quatro para alimentar o povo. No final, eles tiveram que abandonar essa missão.

Dois outros mártires jesuítas foram os padres Noël Chabanel e Charles Garnier.

Eles faziam missão junto com os índios “produtores de tabaco”, que se reuniam em 8 fortes aldeias que não haviam sido palco de combates.

Mas os iroqueses foram até eles.

Morto por um convertido por ele mesmo

Então os índios que fabricavam o tabaco se prepararam para enfrentá-los, mas os iroqueses os enganaram e se dirigiram para a missão de São João, que havia sido deixada desprotegida. Pe. Garnier foi morto a tiros enquanto batizava rapidamente os catecúmenos antes de serem mortos. Como ele ainda estava se movendo, os índios iroqueses lhe deram dois golpes na cabeça.

No dia do ataque o Pe. Chabanel não se encontrava neste local, pois viajava com um grupo do “tabaco”. À noite eles foram atacados por iroqueses e todos  se dispersaram. Pe. Chabanel nunca foi encontrado, mas, algum tempo depois, um huron apóstata disse que ele mesmo o havia matado porque, desde que se tinha tornado cristão, ele havia sofrido muitos infortúnios.

No verão de 1650, os jesuítas restantes e 300 hurons fizeram uma viagem de 300 léguas até Quebec como a única maneira de sobreviver. Depois, chegaram mais 400 hurons; 10 anos antes, os hurons eram 10.000.

Esta etnia tem hoje cerca de 3.000 pessoas, e vão à missa na paróquia de Nossa Senhora do Loreto em Wendake, Quebec.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Sem a fé católica não existe Espanha, diz cardeal espanhol

São Tiago na pintura de Francisco Camillo / domínio público

REDAÇÃO CENTRAL, 29 jul. 22 / 03:56 pm (ACI).- “Sem a fé transmitida pelos apóstolos não há Espanha, nem se pode entender a Espanha que existe” disse o arcebispo de Valência, Espanha, cardeal Antonio Cañizares Llovera, sobre o fato de 25 de julho não ser feriado em todo o país. "A história da pátria espanhola está de fato misturada com a figura do Apóstolo".

“Não entendo muito bem como o santo padroeiro de nossa nação espanhola, da pátria de todos nós que vivemos nas diferentes comunidades, não nos une em uma festa comum”, disse o arcebispo de Valência.

“É realmente muito que Espanha, Europa e América devem a Santiago. O seu legado, que é o testemunho e a fé de Jesus Cristo, está nas nossas raízes”, disse o Cardeal.

Para ele, a identidade desses povos é "incompreensível sem o cristianismo" porque "tudo o que constitui nossa glória mais própria tem sua origem e consistência na fé cristã que formou a alma de nossos povos".

O Arcebispo de Valência afirma que a configuração da Europa sob o signo da cruz tem consequências diretas sobre o progresso e a liberdade dos povos, pois do ser cristão deriva a defesa da dignidade do homem, da sua verdade e liberdade”.

Cañizares disse que "não há desenvolvimento nem progresso humano fora da verdade do homem e muito menos contra ela. A fé permite ao homem conhecer-se a fundo, decifrar o enigma da sua existência, situar-se precisamente em sua liberdade”.

O Cardeal esclarece que não pretende “retornar a um cristianismo antigo”, mas que “a Espanha se reencontra, que seja ela mesma, que descubra suas origens e reviva suas raízes; que revive aqueles valores que fizeram sua história gloriosa e sua presença benéfica em outros continentes”.

Por isso, recuperar uma festa comum em Espanha por ocasião do dia do seu padroeiro, são Tiago Apóstolo, e “avivar as raízes que ele evoca em nós poderia contribuir em certa medida para essa reconstrução”.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Missa do Papa Francisco é interrompida por manifestantes no Canadá

Papa Francisco | Guadium Press
A Missa celebrada pelo Papa Francisco em Quebec foi interrompida por ativistas indígenas. Os manifestantes pedem que o Papa anule decretos do século XV referentes aos territórios das Primeiras Nações.

Redação (29/07/2022 11:50, Gaudium Press) Na última quinta-feira, 28 de julho, a Missa do Papa Francisco foi interrompida por manifestantes, no Quebec.

Os manifestantes, duas primas de origem indígena Anishinaabe, ergueram uma faixa de protesto na frente do presbitério, durante a Missa celebrada pelo Papa no santuário de Sant’Ana-de-Beaupré.

Na faixa reivindicativa se lia: “Rescinda a ‘Doutrina” (Rescind the Doctrine). A “doutrina” ou ainda “doutrina da descoberta” refere-se a um conjunto de decretos do século XV, os quais autorizavam a apropriação de terras dos autóctones. 

Os manifestantes ergueram a faixa branca com letras em vermelho e preto no início da celebração. Mas, logo foram detidos pela segurança e escoltados para fora da Igreja, onde continuaram ostentando a faixa.

Uma das manifestantes, Brunelle, de 21 anos, declarou que na visita-peregrinação do Papa Francisco faltava um ponto importante: “a ação”.

Há anos, as Primeiras Nações, povos indígenas do Canadá, fazem o pedido de anulação da “doutrina”.

Bandeira do Canadá | Guadium Press

Um assunto a ser abordado pelo Pontífice

Um dos porta-vozes da viagem apostólica disse que os Bispos canadenses pedem ao Papa que aborde a temática da “doutrina”.

“Estamos trabalhando com o Vaticano e aqueles que estudaram esta questão, com o objetivo de emitir uma nova declaração da Igreja”, afirmou Laryssa Waler segundo noticia a agência Reuters.

A manifestação aconteceu após o pedido de perdão do Papa Francisco aos indígenas do Canadá por causa da polêmica descoberta das valas comuns. (FM)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

A sacristia é um lugar sagrado?

Fred de Noyelle / GODONG
Por Sophie Roubertie

A sacristia não é apenas um lugar onde são guardados os vasos sagrados e as vestes litúrgicas.

A sacristia é uma sala anexa à igreja, com a qual se comunica. Seu caráter é sagrado pelo uso que se faz dela.

O próprio nome é sinal de que esta sala não é apenas um depósito, mas um local de oração, já que sacristia vem do latim sacer, que significa “sagrado”.

A sacristia pode ser um edifício separado do edifício principal, como se estivesse ligado à igreja ou fundida a ela, substituindo uma capela lateral.

É um lugar geralmente usado para conservar todos os vasos sagrados, como cálices, objetos litúrgicos, castiçais ou incensários.

Serve também para guardartudo o que é essencial na liturgia.Os armários contêm, portanto, as hóstias, o incenso, as velas. As vestimentas litúrgicas também encontram seu lugar ali.

Sacristias com história

A história e a necessidade de cada igreja determinam o que sacristia irá guardar. 

Algumas até abrigam um “tesouro”, assim chamado quando as peças têm uma importância artística especial, como o tesouro de Notre-Dame, que ficava guardado na sacristia.

Outras são muito simples, o suficiente para armazenar o mínimo necessário.

O fato é que o cuidado dos objetos litúrgicos e a preparação do altar geralmente são confiados aos sacristãos, que podem ser leigos ou religiosos, dependendo do local.

Um espaço de preparação

Aleteia

Para os sacerdotes, a sacristia é também um local de preparação. É ali que eles colocam as vestes litúrgicas correspondentes à celebração prevista. Este também é o caso dos servidores do altar.

Mas, longe de ser apenas um guarda-roupa, a sacristia é também um lugar de meditação. O padre aproveita o tempo em que está sozinho para se preparar, em oração, para a celebração.

Algumas sacristias têm uma pia com tampa que permite que as águas de purificação ou elementos sagrados sejam evacuados diretamente para o solo sem misturá-los com as águas residuais. 

Silêncio e respeito

Aleteia

Para preservar caráter meditativo do local, recomenda-se respeitar as orações dos que se preparam e falar baixinho.

Um crucifixo é sempre colocado em um local claramente visível para lembrar a sacralidade desta sala.

Algumas igrejas antigas não têm sacristia do mesmo período em que foram construídas. Na Idade Média, as igrejas tinham grandes anexos, e parte deles podiam ser usados ​​para serviço litúrgico. Muitos desses anexos foram destruídos e, posteriormente, teve de ser construída a sacristia.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Não sejam reféns de um celular, pede o papa Francisco aos jovens

Papa Francisco em encontro com jovens no Canadá / Captura de vídeo
(Vatican Media)

QUEBEC, 29 jul. 22 / 08:48 pm (ACI).- Poucas horas antes de se despedir do Canadá, o papa Francisco pediu hoje (29) que os jovens não sejam “reféns de um celular” e, ao contrário, caminhem “para o alto”.

Em seu encontro com os jovens e idosos na praça da escola primária de Iqaluit, o papa disse que “preciso possibilitar aos jovens que façam grupo, estejam em movimento: não podem passar os dias isolados, mantidos como reféns por um celular”.

Após recordar que o hóquei no gelo é “o esporte nacional do Canadá”, o papa destacou que esta prática “combina bem disciplina e criatividade, tática e força física; mas o que faz a diferença é sempre o espírito de equipe, pressuposto indispensável para enfrentar as circunstâncias imprevisíveis de jogo”.

“Fazer equipe significa acreditar que, para se alcançar grandes objetivos, não se pode ir para diante sozinhos; é preciso mover-se em conjunto, ter a paciência de tecer densas redes de passagens. E significa também deixar espaço para os outros, sair rapidamente quando é a própria vez e apoiar os companheiros. Eis o espírito de equipe”, disse.

O papa Francisco também reiterou "indignação e a vergonha que, há meses, me acompanham" pelos "grandes sofrimentos" dos ex-alunos das escolas residenciais do Canadá.

“Também hoje e aqui quero dizer-vos o grande pesar que sinto; e desejo pedir perdão pelo mal cometido por não poucos católicos que, naquelas escolas, contribuíram para as políticas de assimilação cultural e de alforria”, disse.

Aos jovens indígenas, Francisco encorajou a não ter medo de "ouvir uma vez e outra os conselhos dos mais idosos, abraçar a tua história para escreveres novas páginas, apaixonar-te, tomar posição perante os fatos e as pessoas, envolver-te”.

Como conselho aos jovens indígenas, o papa disse: “caminha para o alto”.

“Habitas nestas vastas regiões do Norte; que elas te recordem a tua vocação de tenderes para o alto, sem te deixares arrastar terra a terra por quem pretende fazer-te crer que é melhor pensares só em ti próprio e usares o tempo de que dispões apenas para as tuas diversões e interesses”, afirmou.

“Não penses que os grandes sonhos da vida sejam céus inatingíveis. Estás feito para voar, abraçar a coragem da verdade e promover a beleza da justiça", disse o papa e acrescentou: “nunca percas a esperança, luta, dá tudo por tudo, e não te arrependerás”.

Outro conselho do papa Francisco para os jovens foi “vem à luz”.

“Existes para vir à luz cada dia. Não só no dia do teu nascimento, quando não dependia de ti, mas cada dia. Diariamente és chamado a levar uma luz nova ao mundo: a dos teus olhos, do teu sorriso, do bem que tu, e só tu, podes oferecer”, disse.

Em seguida, o papa Francisco enfatizou que “a liberdade é o dom maior que nosso Pai celestial nos deu juntamente com a vida”.

“Amigos, caminhai para o alto, vinde à luz cada dia, fazei equipa! E fazei tudo isso na vossa cultura”, disse.

“Faço votos de que, escutando os idosos e bebendo na riqueza das vossas tradições e da vossa liberdade, possais abraçar o Evangelho guardado e transmitido pelos vossos antepassados e encontrar o rosto Inuk de Jesus Cristo. De coração vos abençoo e digo: qujannamiik! [obrigado!]”, concluiu.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Os indígenas, a evangelização e nós

O Papa Francisco com alguns chefes indígenas na sua viagem ao Canadá | Vatican News

O roteiro traçado pelos discursos de Francisco no Canadá na esteira da Evangelii nuntiandi de Paulo VI e da Evangelii gaudium.

ANDREA TORNIELI

O coração da "peregrinação penitencial" do Papa Francisco no Canadá é representado por sua proximidade pessoal com os povos indígenas e seu pedido de perdão pelos desastres provocados pela mentalidade colonial que buscava erradicar as culturas tradicionais, inclusive através da dramática experiência das escolas residenciais por iniciativa do governo e dirigidas pelas Igrejas cristãs. Os encontros com os povos originais marcaram todas as etapas da viagem e foram comoventes. A compreensível concentração nos sofrimentos vividos pelos povos indígenas e no caminho de reconciliação empreendido, fez passar em segundo plano algumas indicações preciosas disseminadas nos discursos de Francisco, que oferecem caminhos úteis para a evangelização hoje e em todas as latitudes.

O Papa, depois de dizer que se envergonhava do que aconteceu quando os crentes "se deixaram ser mundanos e, em vez de promover a reconciliação, impuseram seu próprio modelo cultural", continuou a enfatizar que "esta atitude é difícil de morrer, mesmo do ponto de vista religioso". Ele deslocou assim sua reflexão, que tinha começado a partir dos acontecimentos do passado, para o presente. Ou seja, é uma mentalidade que ainda está presente. "Parece mais conveniente inculcar Deus nas pessoas do que permitir que as pessoas se aproximem de Deus - uma contradição. Mas nunca funciona, porque o Senhor não age assim: Ele não coage, não sufoca e não oprime; ao invés disso, sempre ama, liberta e deixa libvres. Ele não apoia com seu Espírito aqueles que subjugam os outros, aqueles que confundem o Evangelho da reconciliação com proselitismo. Pois não se pode proclamar Deus de uma maneira contrária a Deus."

Ainda hoje, diz o Sucessor de Pedro, há o risco de confundir a proclamação do Evangelho com o proselitismo, pois a tentação do poder, a busca de relevância social e cultural, assim como os projetos de evangelização baseados em estratégias e técnicas de marketing religioso, são fenômenos contemporâneos a nós. "Enquanto Deus se propõe simples e humildemente, somos sempre tentados a impô-lo e a impor-nos em seu nome. É a tentação mundana de fazê-lo descer da cruz para manifestá-lo pelo poder e pela aparência. Mas Jesus reconcilia na cruz, não descendo da cruz." Ainda hoje existe a tentação de manifestar Jesus com o poder e a influência da instituição e de suas estruturas, com o surgimento de projetos que acreditamos poder fazer funcionar "sem Deus, apenas com as forças humanas".

O caminho, ao invés, que o Papa propôs é o de "não decidir pelos outros, não abrigar todos dentro de esquemas pré-estabelecidos, mas colocar-se diante do Crucificado e diante do irmão para aprender a caminhar juntos". É o rosto de uma Igreja que procura aderir cada vez mais ao Evangelho e que não tem um conjunto de ideias e preceitos para inculcar nas pessoas, mas sabe ser casa acolhedora para todos, testemunhando Jesus "como Ele deseja, na liberdade e na caridade".

Evangelizar em um tempo marcado pelo secularismo e pela indiferença, lembra-nos Francisco, significa propor o primeiro anúncio. Porque a alegria da fé não é comunicada "apresentando aspectos secundários para aqueles que ainda não abraçaram o Senhor em suas vidas, ou apenas repetindo certas práticas ou replicando formas pastorais do passado". Precisamos encontrar novos caminhos, oportunidades de escuta, diálogo e encontro, deixando espaço para Deus e sua iniciativa, não para nosso protagonismo. E retornar assim "à essencialidade e ao entusiasmo dos Atos dos Apóstolos".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Na derrota e no fracasso "o Senhor vem ao nosso encontro", diz o papa Francisco

Papa Francisco abençoa bebê doente na missa no Santuário Nacional de
Santa Ana de Beaupré, Quebec / Vatican Media

QUEBEC, 28 jul. 22 / 03:05 pm (ACI).- No fracasso, “o Senhor vem ao nosso encontro, coloca-Se ao nosso lado, caminha pela nossa própria estrada”, disse o papa Francisco na missa celebrou no Santuário Nacional de Santa Ana de Beaupré, em Quebec, Canadá, na manhã de hoje (28).

Cerca de uma hora antes do início da missa, o papa cumprimentou do papamóvel os fiéis que o receberam à beira da estrada.

O papa beijou várias crianças pequenas que se aproximaram do papamóvel. Ele estava acompanhado pelo arcebispo de Quebec, cardeal Gérald Cyprien Lacroix.

Em sua homilia, Francisco comparou a viagem dos discípulos a Emaús com a “estrada da vida", onde " ao levarmos por diante os sonhos, os projetos, os anseios e as esperanças que habitam no nosso coração, embatemos-nos também com nossas fragilidades e fraquezas, experimentamos derrotas e decepções e, às vezes, ficamos prisioneiros da sensação de fracasso que nos paralisa”.

O papa declarou que é nesses momentos que “o Senhor vem ao nosso encontro, coloca-Se ao nosso lado, caminha pela nossa própria estrada com a discrição de um amável viandante que deseja reabrir os olhos e inflamar de novo o nosso coração”.

“E quando o fracasso deixa espaço ao encontro com o Senhor, a vida reabre-se à esperança e podemos reconciliar-nos conosco, com os irmãos, com Deus”, destacou.

Em seguida, encorajou a seguir "o itinerário deste caminho que poderíamos intitular do fracasso à esperança".

O papa Francisco disse que esta experiência de fracasso “acontece-nos sempre que os nossos ideais se deparam com as decepções da existência e os nossos propósitos são menosprezados por causa das nossas fragilidades; quando cultivamos projetos de bem, mas depois não temos a capacidade de os realizar; quando mais cedo ou mais tarde, nas atividades que realizamos ou nas nossas relações, experimentamos alguma derrota, algum erro, um fracasso ou uma queda, vendo desabar aquilo em que tínhamos acreditado ou nos tínhamos empenhado e sentindo-nos ao mesmo tempo esmagados pelo nosso pecado e os sentimentos de culpa”.

“Também nós, perante o escândalo do mal e o Corpo de Cristo ferido na carne dos nossos irmãos indígenas, caímos na amargura e sentimos o peso do fracasso”, continuou.

O papa Francisco também alertou sobre “a tentação da fuga”, uma tentação “do inimigo, que ameaça o nosso caminho espiritual e o caminho da Igreja: ele quer fazer-nos acreditar que aquele fracasso já seja definitivo”.

O papa assegurou que só é possível curar as feridas do passado com o amor de Deus e encorajou a acreditar “que Jesus Se vem juntar ao nosso caminho”.

“Deixemo-nos encontrar por Ele; deixemos que seja a sua Palavra a interpretar a história que vivemos como indivíduos e como comunidades, e a indicar-nos o caminho para nos curarmos e reconciliarmos”, pediu aos fiéis.

Além disso, convidou a colocar no coração de casa coisa “a sua Palavra, que ilumina os acontecimentos e reabre-nos os olhos para ver a presença operante do amor de Deus e a possibilidade de bem mesmo em situações aparentemente perdidas”.

“Coloquemos o Pão da Eucaristia, que Jesus ainda hoje parte para nós, para partilhar a sua vida com a nossa, abraçar as nossas fragilidades, sustentar os nossos passos cansados e conceder-nos a cura do coração”, concluiu.

Ao final da celebração eucarística, o cardeal Gérald agradeceu ao papa Francisco por sua presença e suas orações pelo povo canadense.

Em seguida, o papa Francisco abençoou os presentes e um bebê doente e deixou a igreja em uma cadeira de rodas.

O Santuário Nacional de Santa Ana de Beaupré está localizado ao lado do rio São Lourenço, 30 km a leste da cidade de Quebec, e há décadas é atribuída ao santário a cura de doenças e milagres. Por esta razão, este templo se tornou um santuário ao qual cerca de meio milhão de fiéis peregrinam todos os anos, especialmente durante a festa de santa Ana, a avó de Jesus.

Segundo dados oficiais, para a missa de hoje com o papa Francisco, 5 mil pessoas esperavam do lado de fora da igreja e 2 mil estavam dentro do templo.

Fonte: https://www.acidigital.com/

A viagem do Papa ao Canadá em um minuto

A viagem do Papa ao Canadá | Vatican News

Em um vídeo, os seis dias da 37ª Viagem Apostólica do Papa Francisco em terras canadenses, de oeste a leste e depois do norte rumo ao Ártico. Uma "peregrinação penitencial" na qual o Papa reiterou a indignação e a vergonha pela participação de muitos cristãos no sistema de escolas penitenciais, instrumento de assimilação cultural que causou consequências devastadoras para os povos indígenas. Um caminho para retomar a caminhada juntos rumo à reconciliação e à cura.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Caminhar na esperança

Jardim de flores | OVALE

CAMINHAR NA ESPERANÇA 

Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Salvador (BA)

A capacidade de superação de situações difíceis torna-se cada vez mais importante no contexto da pandemia, com tantos problemas e desafios que têm surgido ou se agravado. Na vida cotidiana, em qualquer contexto sociocultural, ocorrem situações de estresse, pressões e frustrações, na vida das pessoas e das famílias. A vida é um aprendizado permanente que vai nos ensinando a lidar com elas e a superá-las. Há problemas de cunho social que trazem muito sofrimento, cuja solução ultrapassa o que cada pessoa possa fazer, exigindo respostas maiores nos âmbitos político e econômico. Mas, as posturas adotadas por cada um podem contribuir muito para a sua superação. Além do exercício consciente da cidadania, com a participação na vida política, há posturas fundamentais a serem adotadas no enfrentamento dos problemas do dia a dia, tais como as dificuldades econômicas, as enfermidades e as crises nos relacionamentos em casa ou no trabalho. 

É necessário, antes de tudo, vencer as tendências ao desânimo e à acomodação, que não resolvem os problemas, mas tendem a agravá-los, ou querer resolver tudo a curtíssimo prazo, o que não condiz com o ritmo da vida. O enfrentamento sereno e firme dos problemas e contrariedades é um aprendizado constante. A natureza da pessoa humana permite transcender as situações-limite e caminhar sempre com persistência e esperança. Para isso, conta muito o horizonte de sentido da vida e do caminhar, que têm suas raízes mais profundas na espiritualidade. A fé tem sido fundamental na superação dos problemas e na conquista da saúde emocional. O cultivo da oração e da meditação tem contribuído muito para a recuperação de pessoas enfermas, conforme demonstram pesquisas médicas. Não basta a capacidade intelectual ou o acúmulo de conhecimentos científicos e tecnológicos, por mais importantes que devam ser.

Tem sido difundida, cada vez mais, a palavra “resiliência”, que pode ser difícil de ser falada ou entendida, mas que tem especial importância no enfrentamento de situações difíceis. O termo tomado da física, aplicado à resistência de materiais, adquiriu novo significado no âmbito da psicologia, expressando a capacidade humana de resistir e superar os problemas, de permanecer em pé ao invés de desmoronar, de perseverar em vez de desanimar. Embora a resiliência seja pessoal, não se trata de fechamento sobre si, de contar unicamente com as próprias forças. No enfrentamento e superação dos problemas, temos necessidade do outro, familiar, amigo ou colega. Há muita gente à espera de atenção, necessitada de uma palavra amiga e de gestos fraternos de solidariedade. A força para vencer as adversidades torna-se muito maior quando se pode contar com o próximo e, acima de tudo, com Deus, que nos permite caminhar sempre na esperança.


Como era a confissão nos primórdios da Igreja?

Sacramento da Confissão | Cléofas

Como era a confissão nos primórdios da Igreja?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

As primeiras confissões

Hoje, erroneamente, muitas pessoas acreditam que o Cristianismo representou um súbito abandono do pensamento e das práticas do antigo Israel – algo tão completamente novo que os contemporâneos de Jesus dificilmente reconheceriam essa fé cristã.

Entretanto, a verdade é exatamente o contrário. De fato, os primeiros cristãos mantiveram muitas das práticas do judaísmo antigo, as quais se tornaram, agora, revestidas de um novo sentido.

Os cristãos construíram suas próprias “sinagogas” e, até o ano 70 d.C., se encontravam regularmente no Templo de Jerusalém.

Alguns observavam o tradicional repouso sabático no sábado, e principalmente, no Dia do Senhor, o domingo. Adotaram em seus cultos muitas orações, bênçãos e formas litúrgicas do Judaísmo.

Nos últimos anos, os estudiosos têm dedicado maior atenção para “as raízes judaicas da liturgia cristã”, e vários deles têm procurado demonstrar em detalhes precisos como as refeições rituais e os sacrifícios de Israel se desencadearam na refeição ritual e no sacrifício do coração da vida cristã: a Missa.

O mesmo é válido para o que a Igreja chama hoje de o sacramento da Confissão, o sacramento da Penitência, o sacramento do perdão, o sacramento da Reconciliação. O novo Israel, a Igreja Católica, não abandonou as práticas eficazes dos seus antecessores. Tanto que encontramos cristãos se confessando, tanto nas primeiras gerações, quanto em cada época seguinte.

O tema da confissão aparece duas vezes num dos mais antigos documentos judaico-cristãos que temos, independentemente da Bíblia. A Didaqué, ou a Instrução dos Apóstolos, é uma compilação de ensinamentos morais, doutrinais e litúrgicos. Alguns estudiosos modernos afirmam que partes deste documento foram compostas na Palestina ou em Antioquia por volta do ano 48 d.C.

Diz a Didaqué: “Na igreja, confessarás tuas faltas e não entrarás em oração com má consciência” (4,14). Este ensinamento vem após longa lista de mandamentos morais e instruções sobre a penitência.

Num capítulo posterior, fala da importância da confissão antes de receber a Eucaristia: “Reuni-vos no Dia do Senhor para a Fração do Pão e rendei ação de graças [em grego, Eucaristia], depois de haverdes confessado vossos pecados, para que vosso sacrifício seja puro” (14,1).

Mais tarde, mas ainda no primeiro século, provavelmente entre 70 e 80 d.C., encontramos a Carta de Barnabé repetindo, palavra por palavra, a Instrução da Didaqué: “Confessa os teus pecados e não te apresentes em má consciência para a oração” (19).

Ambos, a Didaqué e a Carta de Barnabé, podem insinuar que os cristãos confessavam seus pecados publicamente, pois a expressão “na igreja” pode ser traduzida também por “na assembleia”. Sabemos que, em muitos lugares, a Igreja pode ter administrado a Penitência desta forma. Contudo, a prática foi abandonada nos séculos seguintes por razões pastorais evidentes – por exemplo, para poupar o penitente do constrangimento, poupar as vítimas de qualquer vergonha, e por uma questão de sensibilidade. Esta é uma forma da Igreja aplicar sua piedade de um jeito ainda mais misericordioso.

Encontramos nosso próximo testemunho no início do século seguinte, por volta de 107 d.C.: Santo Inácio, bispo de Antioquia, que desenvolve a ideia de penitência a serviço da comunhão, como ele escreve ao povo de Filadélfia, na Ásia Menor. “A todos aqueles que se arrependem, o Senhor concede o perdão, se apresentam sua penitência em união com Deus e em comunhão com o bispo” (Carta aos Filadélfios 8,1). De acordo com Santo Inácio, a marca do cristão perseverante é a fidelidade à confissão. “Pois todos os que são de Deus e de Jesus Cristo estão também com o bispo. E a todos quantos, no exercício da penitência, voltarem-se para a unidade da Igreja, estes também pertencem a Deus e podem viver de acordo com Jesus Cristo” (Carta aos Filadélfios 3,2).

A opção da confissão era evidente para os Padres da Igreja. Em 96 d.C., o Papa São Clemente de Roma disse: “Mais vale ao homem confessar suas faltas do que endurecer seu coração” (Carta aos Coríntios 51,3).

Embora o sacramento tenha estado conosco desde o dia da ressurreição

de Jesus, os cristãos o praticaram de variadas maneiras. A doutrina da Igreja sobre a Reconciliação se desenvolveu, também, ao longo do tempo. Em sua essência, o sacramento permaneceu o mesmo, embora em alguns particulares possa parecer diferente em determinadas épocas.

Por exemplo: no início, em alguns lugares, os bispos ensinavam que certos pecados – quais sejam: homicídio, adultério e apostasia – poderiam ser confessados, mas não absolvidos nesta vida. O cristão que os tivesse cometido nunca poderia voltar a receber a Comunhão, embora pudesse contar com a misericórdia de Deus na hora da morte. Em outros lugares, os bispos absolviam de tais pecados, mas somente depois que os pecadores cumprissem pesadas penitências, o que poderia levar anos de intensa luta cotidiana para cumpri-las.

Ao longo do tempo, a Igreja foi modificando essas práticas a fim de torná-las menos penosas e de encorajar os cristãos a encontrar forças na Eucaristia para vencer o pecado e fazer com que os pecadores arrependidos não caíssem em desespero.

Nem todos os cristãos estavam ansiosos para acolher os pecadores de volta ao rebanho. Alguns argumentavam que a Igreja era melhor sem esses fracos e desajustados. A questão veio à tona no norte da África, e chegou até um homem chamado Cipriano, bispo de Cartago (248-258 d.C.). Era um tempo de perseguições onde alguns cristãos bravamente enfrentavam a morte, enquanto outros – é triste dizer – renunciavam a Cristo, quando colocados diante da ameaça de morte ou de tortura. Alguns desses que cometiam esse “lapso” na fé, mais tarde, se arrependiam da decisão tomada e procuravam ser readmitidos na Igreja. Contudo, eles encontravam forte oposição dos outros cristãos que haviam sobrevivido às torturas sem renunciar a Cristo.

Cipriano sustentava que os pecadores arrependidos deveriam ser readmitidos à Eucaristia, depois de realizarem as penitências prescritas pela Igreja. Ele pedia a todos os pecadores, grandes ou pequenos, para que tirassem proveito do sacramento da Reconciliação, pois, em tempos de perseguição, eles não sabiam, nem o dia nem a hora, em que seriam chamados. (Na verdade, seja qual for o momento, nós não sabemos o dia nem a hora em que seremos chamados a enfrentar o nosso juízo final). Dizia São Cipriano:

Rogo-vos, amados irmãos, para que cada um confesse seu pecado, enquanto aquele que pecou ainda estiver neste mundo, enquanto sua confissão puder ser recebida, enquanto a satisfação e a remissão feitas pelo sacerdote estiverem agradando ao Senhor. Voltemo-nos para o Senhor com todo o nosso coração; e, expressando arrependimento pelo nosso pecado com verdadeira tristeza, supliquemos a misericórdia de Deus. […] Ele mesmo nos diz de que maneira devemos nos apresentar: “Voltai para mim –oráculo do Senhor – de todo o coração, fazendo jejuns, chorando e batendo no peito! Rasgai vossos corações, não as roupas!” (Jl 2,12s).

Cipriano pôde evocar o profeta Joel que exortava um povo “gentio” a fazer sua confissão. Por quê? Porque o profeta, o Salvador, e o santo compartilhavam um entendimento comum da confissão, da conversão e da aliança. A missão da Igreja, do próprio Cristo, foi proclamar esse entendimento como o Evangelho, como uma boa nova: “e no Seu nome [no de Cristo] será anunciada a conversão, para o perdão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém” (Lc 24,47).

Ao ler os Padres da Igreja, vemos que, onde quer que o povo professasse o Cristo, eles confessavam seus pecados aos sacerdotes da Igreja. Vemos isso nos escritos de Santo Irineu de Lião, que serviu na França de 177 a 200 d.C.. Encontramos em Tertuliano, no norte da África, por volta de 203 d.C.; e em Santo Hipólito de Roma, cerca de 215 d.C.. O estudioso egípcio Orígenes14, por volta do ano 250 d.C., escreveu sobre “a remissão dos pecados através da penitência…quando o pecador… não se envergonha de dar a conhecer o seu pecado ao sacerdote do Senhor e a buscar uma cura de acordo com aquele que diz, ‘revelei-te o meu pecado, o meu erro não escondi’. Eu disse: ‘Confessarei ao Senhor as minhas culpas’, e tu perdoaste a malícia do meu pecado” (Sl 32[31], 5).

Retirado do livro: “Senhor, Tende Piedade”. Scott Hahn. Ed. Cléofas.

Fonte: https://cleofas.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF