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quinta-feira, 27 de abril de 2023

A paciência de ser

Páscoa: tempo de reviver (faculdadevicentina)

A PACIÊNCIA DE SER

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)

O Ressuscitado cumpriu a promessa de paz! A paz esteja convosco – é a saudação repetida no encontro do Senhor com os seus discípulos.

A vitória sobre a morte estava retirando toda escuridão do coração e da vida! A sombra que havia se espalhado pelo mundo, finalmente encontra uma luz que tem força e brilho suficientes para dissipá-la.

Todos devem se aquecer nesta luz! A Igreja não pode começar sem esse testemunho. João cobre o lapso de tempo de oito dias num texto rápido. Tomé não estava na primeira aparição, mas oito dias depois estava, quando Jesus apareceu novamente.

Jesus já havia indicado o caminho ao dizer: Eu vos dou a paz, não como o mundo a dá! Eu vos dou a paz.

No meio das turbulências do mundo, turbulência experimentada por Deus encarnado, e por todos nós, como hoje, naquele tempo também, as desigualdades eram mais acentuadas. Juízes iníquos se corrompiam contra os pobres e indefesos. Privilegiados aumentavam, ainda mais, os seus privilégios. Lacunas eram criadas na lei e julgamentos injustos condenavam inocentes, como bem conhecemos.

Nessa forja ardente Jesus perambulou pelo mundo e anunciou que paz era o bem maior.

A paz oferecida emerge como um insuportável ato de coragem. Um convite a não se render ao mal, a não se dobrar diante das tempestades. Ela é uma invocação para resistir no bem e anunciar um ano de graça no meio da escuridão do mundo.

A Paz guardada até a Ressurreição eclode nestes dias. Jesus Ressuscitado introduz a nova saudação no encontro conosco. De fato, João nos transmite que, estando fechada as portas, por medo dos Judeus, onde corações aflitos se escondiam, Jesus pôs-se no meio deles e disse: a paz esteja convosco!

Mas não é o Jesus que eles conheciam, era o Senhor. Agora Ele pode dar a paz! A derrota da morte é a porta espalancada que nos fez sair da escuridão. Com Ela a grande esperança foi concluída e realizada no mundo.

Após encontrar a paz a missão se tornou viável. Estando em paz é possível anunciar um reino impossível para os corações feridos.

A tentação de apressar Reino destrói todo a sua assertividade. A vontade tem que se acostumar a não ter pressa.

Na paciência e no frio da noite o coração é refeito, e com ele a vida inteira. Estar em paz é o que permite um esperar produtivo. Controle e espera produtiva são os filhos da paz, a paz que Jesus dá.

Após essa dádiva começa a Missão. Erradicada da vida o medo da morte, erradica-se também a tentação de apressar o Reino de Deus.

A paz produz a paciência de ser! Ser cristão, portanto, nasce dessa paz encontrada e nunca mais perdida.

É um caminhar lento pelas veredas entre o joio e a terra que rola ladeira abaixo nos deslizamentos das encostas.

Em paz, com a paz que ninguém pode tomar, pode-se caminhar pelas encostas da vida, cujo campo está todo semeado de coisas boas e menos boas, misturando-se pelo peregrinar paciente que atura a autonomia do mundo.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF