O Papa Francisco escolheu uma
frase bíblica muito importante para o sétimo dia mundial dos pobres, dois mil e
vinte três: “Nunca afastes teu olhar de algum pobre” (Tb 4,7) , salientando a
superação da indiferença diante de alguma pessoa que sofre mais que a pessoa,
levando o fiel a viver a misericórdia, a paz e amor para com os pobres.
Dom Vital
Corbellini, Bispo de Marabá – PA.
Sinal da
misericórdia do Pai - O Papa afirma que este dia seja profundo pela
misericórdia do Pai, presente a caminhada das comunidades, da Igreja, como uma
pastoral da Igreja, para descobrir sempre mais o conteúdo do Evangelho. Há uma
acolhida em relação aos pobres de uma forma até cotidiana. Porém é preciso
fazer algo a mais, ouvir o grito deles que parece ser sempre mais forte, por
ajuda, consolo, solidariedade. O domingo que antecede a festa de Jesus Cristo,
Rei do Universo, as pessoas estarão reunidas na mesa da eucaristia para voltar
a receber o compromisso de servir os pobres[2].
O texto bíblico
Era uma
referência a Tobite, pai de Tobias, que estava prestes a fazer uma longa
viagem, de modo que ele temia não ver mais o seu filho, mas ele lhe deixou o
seu testamento espiritual. Sendo deportado para Nínive, estava cego, mas
confiava no Senhor. Como um pai preocupado com o seu filho, deseja-lhe que
caminhasse na justiça, no amor aos mais necessitados[3]. O Tobite pediu para o
seu filho para que nunca ele afastasse o seu olhar aos pobres, para que assim o
olhar de Deus estivesse sempre nele[4].
Atos de misericórdia
Tobite
ficou cego após a prática de atos de misericórdia, pois desde a sua juventude
fez obras de caridade, dando esmolas aos seus irmãos que com ele foram levados
à terra do exílio em Nínive, na qual forneceu pão aos que tinham fome, e, dava
sepultura aos que estavam mortos (Tb 1,3.17)[5].
A partilha
O Papa
Francisco continua a sua reflexão pelo texto bíblico onde ele colocou que
Tobite quis num almoço em festa de Pentecostes, a festa das semanas, de modo
que ele pediu ao seu filho, Tobias para que ele fosse a Nínive apanhar um pobre
para que comesse com eles. O desejo do Papa é que isso se torne realidade no
dia mundial dos pobres, que após a Eucaristia, haja a partilha do almoço
dominical com os pobres. Tendo a consciência que ao redor da mesa do Senhor
todos são irmãos e irmãs, a fraternidade se tornará visível pela partilha de
alimentos na festividade dominical[6].
A firmeza de Tobite
O desejo de
Tobite não foi realizado de uma forma plena, porque Tobias encontrou sim um
pobre, mas que fora morto no meio da praça. O pai Tobite foi enterrar aquela
pessoa. Na volta ficou cego por causa de excrementos de pássaros ao descansar
no pátio de casa (Tb 2,1-10). No final da vida recobrou a vista, por graça de
Deus e pode ver ainda o seu filho Tobias (Tb 11,13-14). O Papa coloca a questão
da firmeza de Tobite: Donde vem toda a força que Tobite realizou no meio
daquele povo pagão no amor a Deus e ao próximo? Ele diz que ela vem do Senhor
que sustenta os pobres, os humildes e todas as pessoas que o amam de coração
sincero. Ele faz para as pessoas as tornarem firmes nele[7].
A recomendação de Tobite
O Papa
realçou a recomendação de Tobite, no período de sua provação e pobreza ao seu
filho para que não desviasse do olhar de algum pobre, na verdade de todo o
pobre, porque impediria à própria pessoa de se encontrar com o rosto do Senhor
Jesus no próprio pobre. O pobre é o próximo da pessoa que segue o Senhor, de
todo o pobre ou forma de pobreza, sacudindo desta forma a poeira da indiferença
e todo bem-estar ilusório[8].
O momento histórico desfavorável aos pobres
Na sua
mensagem falou o Papa Francisco de um momento desfavorável à vida dos pobres,
pela valorização do bem-estar cada vez mais alto, em desconsideração à situação
de pobreza de muitas pessoas, exaltam-se as qualidades físicas em detrimento
dos sofrimentos das pessoas, a realidade virtual sobrepõe-se à vida real de
modo que a parábola do bom samaritano ilumine as pessoas para agir em favor dos
mais necessitados, a praticar a caridade, vocação de todo o fiel cristão[9].
O reconhecimento das pessoas para com os pobres
O Papa
louva a Deus pelo fato de muitas pessoas, homens e mulheres, as quais se
dedicam aos pobres e excluídos da sociedade, praticam a hospitalidade e
empenham-se a encontrar soluções diante de situações de marginalização e
sofrimentos. São pessoas que escutam os anseios dos pobres e buscam
alternativas diante dos desafios encontrados, atentas às suas necessidades
materiais e espirituais, de modo que o Reino de Deus torna-se presente no
serviço generoso, na qual a semente dá fruto bom na vida das pessoas para a
glória de Deus (Lc 8, 4-15)[10].
O bem comum
O Papa fala
na necessidade de toda a sociedade, governos e entidades civis para o bem
comum. Ele tem presente as guerras que privam as populações e crianças de um
presente sereno e de um futuro mais digno de vida. Ele faz um apelo para que a
paz se afirme sempre mais, como dom do Senhor Ressuscitado e fruto do empenho
da justiça e do diálogo[11].
Os pobres são pessoas
O Papa
Francisco tem presentes a facilidade de cair na retórica ou em números quando
se fala de pobres. No entanto é fundamental afirmar que os pobres são pessoas,
tem rosto, possuem uma história, coração e alma, com valores e defeitos, como
todas as pessoas, mas que é importante estabelecer uma relação com eles[12].
Gestos concretos
O livro de
Tobias, segundo o Papa Francisco impulsiona as pessoas seguidoras do Senhor na
busca de gestos concretos em relação aos pobres, buscando a harmonia necessária
para que a comunidade ajude as pessoas pobres. A atitude para não desviar o
olhar do pobre possibilite gestos concretos, políticas públicas, a caridade
para uma vivência digna dos necessitados e pobres[13].
A vivência do Evangelho
A solicitude para com os pobres seja um sinal da vivência do Evangelho de Jesus Cristo. É preciso ajudá-los para fazê-los sair da situação de pobreza, e perceber neles a presença do Senhor Jesus porque foi a Ele que as pessoas realizaram o bem (Mt 25, 40). O Papa Francisco termina a sua mensagem para o Dia Mundial dos Pobres, tendo presente a necessidade da caridade, ponto presente também em Santa Terezinha do Menino Jesus e de Santo Antônio, na qual disse que é Patrono dos pobres, porque escreveu neste dia, 13 de junho de 2023, de modo que ninguém desvie o olhar do pobre, para encontrar nele o rosto humano e divino do Senhor Jesus Cristo[14].
[2]
Cfr. Ibidem, 1.
[3]
Cfr. Ibidem, 1.
[4]
Cfr. Ibidem, 2.
[5]
Cfr. Ibidem,
[6]
Cfr. Ibidem.
[7]
Cfr. Ibidem, n. 3.
[8]
Cfr. Ibidem.
[9]
Cfr. Ibidem, 4.
[10]
Cfr. Ibidem, n.5.
[11]
Cfr. Ibidem, n. 7.
[12]
Cfr. Ibidem, n. 8.
[13]
Cfr. Ibidem.
[14] Cfr. Ibidem, ns. 9-10.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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