A 3ª edição típica latina foi
feita ainda no tempo do Papa São João Paulo II. Desde então, a CNBB, como as
demais Conferências Episcopais, passaram ao trabalho das traduções, o que
precisou da participação de especialistas em diversas línguas e em Liturgia.
Cardeal
Odilo Pedro Scherer - Arcebispo metropolitano de São Paulo
No 1º
domingo do Advento deste ano, entra em vigor em todo o Brasil a tradução
revista e atualizada da 3ª edição típica do Missal Romano, o “livro da Missa”
da Igreja Católica de Rito Romano ou Latino. Embora alguns digam que se trata
de um “novo Missal”, ele, de fato, não é novo, mas uma nova edição do Missal,
com ajustes da tradução dos textos e também com algumas inserções, que na
edição ainda em vigor não haviam sido incluídas.
Quem tem
autoridade sobre o Missal Romano é a Santa Sé, por meio do Dicastério para a
Liturgia. Em última análise, é o Papa quem tem essa autoridade. A Santa Sé
produziu o Missal na sua edição típica, ou originária, em latim. A partir desse
texto original, todas as Conferências Episcopais, no uso de sua competência
própria, fizeram a tradução fiel, ao mesmo tempo, adequada às línguas oficiais
em seus países.
A 3ª edição
típica latina foi feita ainda no tempo do Papa São João Paulo II. Desde então,
a CNBB, como as demais Conferências Episcopais, passaram ao trabalho das
traduções, o que precisou da participação de especialistas em diversas línguas
e em Liturgia. À medida que as partes do Missal eram traduzidas, elas também
eram submetidas ao crivo e à aprovação da assembleia geral da CNBB. Foram
necessários mais de 20 anos para completar, finalmente, esse trabalho e para se
chegar à impressão desta edição do Missal.
Mudou
muito? As mudanças são muitas, ao longo de todo o texto. Procurou-se levar em
conta o critério da fidelidade ao texto latino e, ao mesmo tempo, o estilo
oracional na tradução portuguesa brasileira. Quem conhece bem o Missal vai
perceber as mudanças facilmente. Além disso, foram inseridas fórmulas
alternativas em várias partes da Missa, já previstas antes no texto latino, mas
não incluídas na edição ainda em vigor. Também foi atualizado o Santoral,
incluindo santos de mais recente canonização. O Missal, certamente, ficou mais
enriquecido na nova edição. E vai requerer mais estudo e preparação da parte
dos que presidem a Eucaristia e das equipes de celebração. E vai requerer
alguma atenção especial dos participantes da celebração eucarística, para aprenderem
as novas expressões, próprias da assembleia celebrativa, e para apreciar os
textos.
O Missal
contém uma riqueza imensa de fé, vida cristã e liturgia. Antes de tudo, ele é a
expressão celebrativa da nossa fé. A fé que proclamamos é o conteúdo celebrado
na liturgia da Igreja, muito especialmente na celebração eucarística. É por
isso que o magistério da Igreja tem tanto cuidado na elaboração e na tradução
dos textos litúrgicos. Eles devem ser totalmente sintonizados e coerentes com a
fé que proclamamos.
Por outro
lado, os textos litúrgicos estão impregnados da Palavra de Deus, que perpassa o
Missal do começo ao fim. E os textos litúrgicos também trazem a herança
espiritual da Igreja, desde os seus inícios. Muitas orações e fórmulas que
usamos vêm do início do Cristianismo e também das celebrações do povo eleito,
antes de Cristo. Na Liturgia da Missa, encontramos textos preciosos dos grandes
pregadores, místicos e mestres da fé ao longo de dois mil anos. E também dos
tempos mais recentes.
Mas tudo
isso poderia ficar apenas no aspecto estético e cultural, se os textos da
Liturgia não fossem usados a partir da fé da Igreja. É sempre oportuno lembrar
o que diz o Concílio Vaticano II a respeito da ação litúrgica da Igreja: Ela é,
ao mesmo tempo, obra de Cristo e da Igreja, mediante a ação do Espírito Santo.
Nela, Deus é glorificado e o homem é santificado, conforme o que é próprio de
cada ação litúrgica. Não se trata de mera representação teatral e de textos
preciosos. É ação sagrada, por excelência, em que os ritos, gestos, palavras e
ações significam uma realidade, e, ao mesmo tempo, mediante a ação do Espírito
Santo, fazem acontecer a realidade significada.
E a celebração eucarística, para a qual se destina o Missal, é o ponto alto de toda vida e ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte da qual a Igreja recebe toda a sua vitalidade e eficácia. Por isso, a Liturgia da Missa precisa ser sempre mais compreendida, amada e participada. É o que me praz recomendar a todos nesta oportunidade da entrada em vigor da tradução portuguesa (brasileira) da nova edição do Missal Romano.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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