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segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Pesquisas comprovam: hobbies como a jardinagem são benéficos à saúde

Joshua Resnick / Shutterstock

Beatriz Camargo - publicado em 17/04/19 - atualizado em 15/12/25

Reúna as ferramentas, as luvas, o chapéu e mãos à obra!

CAMPANHA DE NATAL ALETEIA 2025 - QUERO DOAR EM 3 CLIQUES

Você pode duvidar, mas estudos comprovaram que, no longo prazo, cuidar do jardim traz benefícios semelhantes aos obtidos com a prática de exercícios aeróbicos numa academia. Essa informação foi publicada em artigo do British Journal of Sports Medicine após pesquisas indicarem que hobbies como a jardinagem, quando praticados regularmente, auxiliam na diminuição das taxas de morte por câncer e de doenças cardiovasculares na população. 

De acordo com o levantamento, atividades como plantio de flores, podas de arbustos, corte de canteiros, entre outras, trazem benefícios ao corpo semelhantes aos alcançados com exercícios. Realizada ao longo de 11 anos, a pesquisa foi baseada em dados de quase 90.000 participantes com idade que varia de 40 a 85 anos e que afirmaram praticar atividades como dança, caminhada, pintura, jardinagem e natação em seus momentos de lazer.

A partir de dados fornecidos pela National Health Interview Survey, pesquisa realizada anualmente nos Estados Unidos pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, os pesquisadores constataram que realizar essas atividades semanalmente, numa escala de duração que pode ir de 10 a 59 minutos, pode reduzir em 18% o risco de morte causada por doenças cardiovasculares e câncer. E esse índice sobe a 31% entre as pessoas que, ao longo da semana, dedicam de 150 a 299 minutos de seu tempo ao hobby preferido.

Embora tenha dados surpreendentes, a pesquisa não é a primeira a mostrar que a jardinagem melhora a qualidade de vida de seus adeptos. Anteriormente, estudos já indicaram que ela reduz a incidência de casos de depressão e ansiedade, contribuindo para a melhoria da saúde mental de quem a pratica.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Evangelizar: missão de todos, compromisso de amor

"Por causa da tua Palavra, lançarei as redes." - Lc 5,5 (A12)

EVANGELIZAR: MISSÃO DE TODOS, COMPROMISSO DE AMOR

15/12/2025

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
 

Caminhamos a passos largos neste tempo litúrgico do Advento, um período de vigilância e de alegre expectativa. A liturgia nos conduz, progressivamente, ao encontro do Menino Deus que se faz carne e habita entre nós. É um tempo de preparação interior, de aplainar os caminhos e endireitar as veredas, como nos exorta a voz profética de João Batista. Contudo, a preparação para o Natal não é apenas um movimento introspectivo; ela exige de nós uma resposta concreta de “saída” ao encontro do outro. 

É neste contexto de esperança que a Igreja no Brasil nos convida a participar, de forma generosa e consciente, da Campanha para a Evangelização. Realizada anualmente, culminando na coleta do 3º Domingo do Advento – o Domingo Gaudete, ou da Alegria –, esta iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é um chamado à corresponsabilidade. Se a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus, como nos ensina o Papa Francisco, essa alegria não pode ficar retida; ela precisa transbordar. E para que ela chegue aos confins do nosso imenso país, a evangelização necessita de recursos, estruturas e, acima de tudo, da solidariedade de cada batizado. 

A Solidariedade que Sustenta a Missão

É verdade que o Espírito Santo é o protagonista da missão, mas Deus, em sua infinita sabedoria, quis precisar das mãos humanas e da generosidade dos fiéis para realizar a sua obra. A Coleta da Evangelização nasceu em 1998 com um objetivo muito claro: despertar nos fiéis a consciência de que todos somos responsáveis pela sustentação das atividades pastorais da Igreja Católica no Brasil. 

O Brasil é um país de dimensões continentais e de profundas desigualdades. Da mesma forma, a realidade de nossas dioceses e prelazias varia imensamente. Enquanto algumas Igrejas particulares, em grandes centros urbanos, possuem estruturas mais consolidadas, existem comunidades na Amazônia, no sertão nordestino e nas periferias das grandes metrópoles que carecem do básico para anunciar a Palavra de Deus. Há locais onde o missionário precisa de barco e combustível para visitar uma comunidade uma vez ao mês; há locais onde não existe sequer um espaço digno para a celebração da Eucaristia ou para a catequese das crianças. 

É aqui que entra o sentido profundo desta coleta: a comunhão de bens. O que arrecadamos neste domingo não é apenas uma doação financeira; é um gesto de amor fraterno que diz: “Eu me importo com a evangelização do meu país”. É a atualização daquele gesto das primeiras comunidades cristãs, onde os que tinham mais auxiliavam os que passavam necessidade, para que não houvesse indigentes entre eles e para que a Palavra corresse veloz. 

Para Onde Vão os Recursos?

A transparência é fundamental para a credibilidade de nossa missão. Por isso, é importante que todo católico saiba como são distribuídos os recursos oriundos da Coleta da Evangelização. O montante arrecadado é partilhado de forma solidária em três níveis eclesiais, garantindo que a ajuda chegue a quem mais precisa e sustente as estruturas de comunhão. 

Do total arrecadado, 45% permanece na própria Diocese. Isso é vital para apoiar as ações pastorais locais, a formação de nossos leigos, a manutenção de seminários e o auxílio às paróquias mais necessitadas dentro de nosso próprio território arquidiocesano. Outros 20% são destinados ao Regional da CNBB (no nosso caso, o Regional Leste 1, que compreende as duas arquidioceses e as dioceses do Estado do Rio de Janeiro e a Administração Pessoal São João Maria Vianney). Esses recursos financiam a articulação pastoral em nível estadual, permitindo encontros, formações e a unidade entre as dioceses vizinhas. Por fim, 35% são enviados à CNBB Nacional. É com essa parcela que a Igreja no Brasil consegue manter projetos missionários em áreas carentes, apoiar a Igreja na Amazônia, sustentar as Comissões Episcopais que cuidam desde a liturgia até a ação social transformadora, e garantir o funcionamento da estrutura que une os bispos de todo o país. 

Ao colocar sua oferta no envelope ou no cestinho da coleta, o fiel está, simultaneamente, ajudando sua paróquia vizinha, fortalecendo a Igreja em seu estado e enviando missionários para os rincões mais distantes do Brasil. É a catolicidade – a universalidade – da Igreja acontecendo na prática. 

Evangelizar: Um Dever de Amor

O tema da campanha deste ano nos recorda que Cristo bate à nossa porta: “Hoje é preciso que eu fique em tua casa” (Lc 19,1). Em um mundo marcado por guerras, polarizações e desesperança, a Igreja tem a missão urgente de anunciar o Príncipe da Paz. Mas como anunciarão, se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? (Rm 10, 15). O envio dos missionários, a impressão de materiais catequéticos, o uso dos meios de comunicação social, a formação de novos padres e religiosos, tudo isso exige recursos materiais. 

Não podemos ter uma visão angelical que ignora a materialidade da missão. O próprio Jesus e os apóstolos tinham uma bolsa comum para suas necessidades e para os pobres. A Coleta da Evangelização é a nossa “bolsa comum”. Ela garante que a voz da Igreja continue a defender a vida desde a concepção até o fim natural; garante que a Doutrina Social da Igreja chegue aos legisladores e à sociedade civil; garante que os sacramentos continuem a ser ministrados. 

Além disso, esta coleta é um exercício espiritual de desapego. No Advento, meditamos sobre o mistério da Encarnação: Deus, sendo rico, fez-se pobre por nós (2Cor 8, 9). Ele se despojou de sua glória para nos enriquecer com sua divindade. Quando partilhamos nossos bens, imitamos a generosidade de Deus. Combatemos o egoísmo e o consumismo desenfreado que muitas vezes ofuscam o verdadeiro sentido do Natal. O presente que oferecemos à Igreja reverte-se em dons espirituais para todo o povo brasileiro. 

Um Convite à Generosidade

Sei que os tempos são difíceis e que muitas famílias enfrentam desafios econômicos. No entanto, a experiência pastoral nos ensina que a generosidade não depende do tamanho da conta bancária, mas da grandeza do coração. Muitas vezes, é o óbolo da viúva – aquela pequena oferta dada com sacrifício e amor – que sustenta as grandes obras de Deus. 

Convido cada um de vocês a se preparar para este gesto concreto no próximo domingo. Que a Coleta da Evangelização seja assumida com alegria. Que possamos dizer, através de nossa oferta: “Senhor, eu quero que o Teu Evangelho chegue a todos. Eu quero ser parte ativa desta missão”. 

Que Maria Santíssima, a Estrela da Evangelização, aquela que nos trouxe o maior de todos os dons, Jesus Cristo, interceda por nossa Arquidiocese e por toda a Igreja no Brasil. Que o nosso gesto de partilha prepare nossos corações para acolher o Salvador que vem. Um santo e abençoado Advento a todos. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

A LUZ DA IMACULADA BRILHA EM OVIEDO

Vigília da Imaculada presidida pelo Arcebispo de Oviedo (neocatechumenaleiter)

A LUZ DA IMACULADA BRILHA EM OVIEDO

11 dezembro 2025

CncMadrid

CAMINHO NEOCATECUMENAL CELEBRA 50 ANOS EM OVIEDO COM A PRESENÇA DE KIKO ARGÜELLO E DO ARCEBISPO D. JESÚS SANZ MONTES

Concerto em Oviedo

https://youtu.be/PfnvolXJ4Vw

Por ocasião do 50º aniversário do Caminho Neocatecumenal nas Astúrias, o arcebispo de Oviedo, Dom Jesús Sanz Montes, presidiu a solene Vigília da Imaculada com as comunidades neocatecumenais da capital asturiana.

Na segunda-feira, 8 de dezembro, Kiko Argüello apresentou sua obra sinfônica no Auditório Príncipe Felipe de Oviedo. Antes do início do concerto, o arcebispo da diocese, D. Jesús Sanz, abriu o ato com uma oração diante dos 1.500 participantes presenciais, aos quais se somaram mais de 24.000 pessoas conectadas online. Entre os presentes estavam comunidades do Caminho Neocatecumenal da região Noroeste da Espanha e os Seminários Redemptoris Mater de Oviedo, León, Lugo, Orense, Burgos, Vitoria, Múrcia e Baiona.

“Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Nós te damos graças, Senhor, por esta convocação por ocasião de uma história que aqui começou há 50 anos e que dia após dia os irmãos continuam escrevendo. A vida é uma sinfonia inacabada; tu colocas a letra de nossa biografia e nós, humildemente, a música das nossas notas. Contigo fazemos uma beleza que possa converter e abrir os corações das pessoas às quais tu nos envias para anunciar-lhes o Querigma que as salva. Com a proteção de nossa Mãe, a Virgem Imaculada, e de todos os nossos Santos, te apresentamos este ato como uma homenagem de gratidão pela história ainda não concluída do Caminho Neocatecumenal aqui nas Astúrias. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.”

Dom Jesús Sanz Montes

Kiko Argüello começou sua intervenção dizendo:

“Emociona-me celebrar o concerto nesta festa, porque o Caminho Neocatecumenal foi inspirado pela Santa Virgem Maria justamente no dia da Imaculada Conceição.”

(neocatechumenaleiter)
(neocatechumenaleiter)
(neocatechumenaleiter)

Ao apresentar sua primeira obra sinfônica, “O Sofrimento dos Inocentes”, Kiko expressou como sempre o comoveu a figura do Servo de Iahweh anunciada por Isaías, relacionando essa imagem com o Santo Sudário de Oviedo e o Santo Sudário de Turim:

“Um homem cheio de dores, cujas feridas nos trouxeram a paz. Várias vezes pintei o seu rosto, seguindo a imagem do Santo Sudário. Impressionou-me saber que as pesquisas mais recentes identificam o personagem do Sudário de Turim com o do Santo Sudário que é conservado há mais de 1.000 anos na Catedral de Oviedo. A tradição da Igreja diz que esse pequeno pano de linho é o Santo Sudário que cobriu a cabeça de Cristo após sua morte. Os estudos mais recentes confirmam que ele cobriu a cabeça de um homem crucificado, coroado de espinhos e com tantas feridas.”

Após a interpretação da Sinfonia, Kiko introduziu o Poema Sinfônico “O Messias”, destacando a perene atualidade do testemunho cristão diante da perseguição:

“A perseguição dos cristãos que ocorre atualmente no mundo é algo que nos interroga, porque até nós poderíamos estar envolvidos. Assim como estiveram Santa Eulália, São Pelayo, São Eulógio e tantos outros mártires cujas relíquias são conservadas em Oviedo. Os últimos nesta diocese foram os seminaristas de Oviedo, mártires na perseguição contra a Igreja nos anos 30 do século passado. O sangue dos cristãos continua sendo derramado no século XXI para tornar presente que, no Sangue de Cristo, Deus oferece gratuitamente o seu perdão a todos os homens.”

(neocatechumenaleiter)
(neocatechumenaleiter)
Kiko Argüello, Tomáš Hanus e músicos (neocatechumenaleiter)

orquestra do Caminho Neocatecumenal, composta nesta ocasião por 97 músicos e 120 coralistas, sob a regência do prestigiado maestro Tomáš Hanus, interpretou magistralmente a obra sinfônica de Kiko Argüello: a sinfonia “O Sofrimento dos Inocentes” e o Poema Sinfônico “O Messias”.

O concerto superou todas as expectativas; diante do entusiasmo do público, a orquestra precisou executar vários bis, aclamados por todos.

Fonte: https://neocatechumenaleiter.org/pt-br

Américo Aguiar: “Nem os párocos são monarcas, nem os leigos miniaturas de padres”

Cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal (Vatican News)

O cardeal e bispo de Setúbal destaca a importância do método sinodal, assinalando alguns aspetos do que tem sido feito na sua diocese e agradece o trabalho da Rede Sinodal em Portugal que aqui apresenta o episódio 11 do podcast “No coração da esperança”.

https://youtu.be/TzyOYsjAWWI

Rui Saraiva – Portugal

“No coração da esperança” é o nome da iniciativa em podcast da Rede Sinodal em Portugal. Apresentamos aqui o episódio número 11 de uma parceria inovadora de comunicação que faz caminhar em conjunto Diário do Minho, Voz Portucalense, Correio do Vouga, Correio de Coimbra, A Guarda, 7Margens, Rede Mundial de Oração do Papa e Folha do Domingo.

Neste episódio 11 o entrevistado é o cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal e que coordenou a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023. Publicamos aqui as suas respostas às questões da Rede Sinodal em Portugal:

P: Que leitura faz do Documento Final do Sínodo e das Pistas para a implementação do Sínodo, a partir daquela que foi a sua experiência na XVI Assembleia Geral do Sínodo dos bispos?

R: Em primeiro lugar, termos todos consciência que estamos a caminho. Estamos a fazer um caminho, estamos a caminho e fomos provocados para fazer o caminho juntos: uns com os outros. Não numa corrida de fundo isolada, mas cada vez mais termos consciência que fazemos caminho como povo. E chegar a uma estação a meio do caminho, ou no meio do início, ou no meio do fim… Nunca sabemos. Chegar a meio de uma viagem implica sempre muito respeito pela caminhada feita e alguma coragem para questionar o caminho feito. Como é óbvio.

Confesso que o que mais foi difícil para mim naqueles dias, naquelas semanas, foi, porque não tinha tido a experiência anterior, os grupos de trabalho com aquela metodologia da conversação no espírito. Confesso que a certa altura já cortava os pulsos, daquilo que significava converter-me àquela dinâmica e àquela metodologia. Mas passado metade já era qualquer coisa normal, já fazia parte, enfim, da aprendizagem, do protocolo e da metodologia.

Foi muito importante nos grupos em que... Eu acho que mudei só duas vezes de grupo: um grupo, depois outro, depois voltei ao início. Eu não me lembro de qual era o nome da função, mas era uma… Foram senhoras que nos calharam na primeira vez. Depois um senhor, depois uma senhora. Que eram os responsáveis por distribuir jogo, por fazer com que as coisas funcionassem. E eu tenho muita gratidão a essas pessoas, porque, de facto, fizeram com que cardeais, bispos, padres, leigos, mais ou menos famosos, mais ou menos anónimos, a certa altura éramos irmãos conhecidos desde sempre.

P: O que está a ser feito na sua diocese de Setúbal?

R: Temos uma Comissão Sinodal Diocesana, constituída por um sacerdote e três leigos. Duas leigas e um leigo, mais o sacerdote. Que eu já herdei quando cheguei. E pedi-lhes que continuassem a fazer o trabalho que tinham feito. Sei que antes tinham feito trabalho de grupos paroquiais, vicariais… O trabalho do terreno que foi feito por algumas dioceses, e Setúbal também. E eles agora, aliás, nestes dias últimos, estiveram no Jubileu, também participaram. E sou muito grato por isso, que temos de ter consciência que os leigos têm vida para além da participação nestas coisas que a Igreja lhes pede. E estivemos reunidos há dias para preparar aquilo que serão os próximos passos.

Nós, já comigo em Setúbal, eu pedi-lhes que eles fizessem um circuito por toda a diocese, ao nível das vigararias, para uma atualização, tipo revisão da matéria dada e projeção dos passos seguintes. Que o fizeram e eu pedi-lhes que me remetessem um documento síntese disso.

É assim, eu quero meter-me o menos possível nestas fases. Acho que é mais puro que venha ter ao bispo o diamante lapidado, porque eu acho que é do que se trata. Isto que se está a fazer, com imprescindível protagonismo laical… No caso de Setúbal é a maioria esmagadora: três, um. E depois nos conselhos também. Mas eu acho que é muito importante nós permitirmos que o diamante seja lapidado, e tenha ganho valor exatamente por isso.

E, por exemplo, aquilo que vamos fazer este Ano Pastoral 25/26:  uma das coisas que vamos, e estamos a arrancar... Uma: em Setúbal tem sido difícil a concretização da constituição dos Conselhos Pastorais Paroquiais. Tem sido difícil. A primeira… Eu estou lá há dois anos. A primeira carta pastoral... Pedi que se constituíssem. A segunda carta pastoral… Pedi, insisti e rezei para que se constituíssem. E a terceira carta pastoral, que foi há dias, pedi, rezei, insisti e supliquei. Não sei o que é que será a palavra a seguir. Mas estou muito grato porque nós somos 57 paróquias, e nós já passámos a barreira dos 40. Já passámos a barreira dos 40. Mas é fundamental. E estas instâncias de sinodalidade prática são fundamentais. E eu não consigo entender porque razão é que uma paróquia não o tem, não o constitui. Aliás, eu até uso a imagem: nem os párocos são monarcas, nem é preciso também, enfim, transformar os leigos em miniaturas de padres ou coisas parecidas. Portanto cada um no seu lugar, cada um respeitando a sua missão.

Mas este Ano Pastoral, com a ajuda desta Comissão, e com a ajuda destes 40 já constituídos Conselhos Paroquiais Pastorais, vamos aprofundar para que todos saibam qual é de verdade a missão, a função. Porque, às vezes, nós convidamos as pessoas e normalmente enganamo-las. “Olhe, não dá trabalho nenhum, é só uma reunião por ano.” Pronto, está enganadinho. E a partir daí muitos acreditam nisso, e depois também as coisas não produzem como deveriam produzir, em razão destes mínimos olímpicos que nós vamos combinando uns com os outros.

Depois, também os Conselhos Paroquiais para os Assuntos Económicos. Também são muito importantes, e é fundamental que todos cresçam na corresponsabilidade pelas decisões da vida material da comunidade. De maneira que nem o pároco se sinta única e exclusivamente o dono, nem os leigos se sintam desresponsabilizados, nem também, erradamente, responsáveis pela decisão final.

E nós vamos ter no dia 28 de fevereiro próximo, um primeiro grande encontro de todos os Conselhos Pastorais Paroquiais constituídos. Estou muito curioso e muito orante por esse encontro, para que cada um comece a levar a sério a responsabilidade de fazer parte deste tal caminho. Porque a sinodalidade é querermos, desejarmos e aceitarmos caminhar juntos. E o que é isso? É fácil: ouvir, rezar, discernir e decidir. E eu aqui digo: decidir. Porque às vezes acho que há processos que esquecem a última parte, e passam eternamente a refletir, a discernir, a rezar, e depois falha a decisão. E a decisão é muito importante.

P: A Rede Sinodal em Portugal procura ser um espaço de partilha de conteúdos e dinamização do processo sinodal. Que papel poderá ter nesta fase da implementação das conclusões do Sínodo?

R: Acima de tudo nós temos todos que também... Temos que nos converter a que ninguém é dono da sinodalidade, e ninguém é dono do caminho. Ou seja, se há um dono é Cristo Rei. Já que há poucos dias celebramos Cristo Rei. O Espírito Santo, Deus, Jesus. Eles são os donos do caminho. São eles que nos inspiram, que nos projetam, que nos provocam e, por isso, em primeiro lugar, temos que dar graças a Deus por... Não sei se por loucura, por martírio, muitos leigos se colocarem na linha da frente do pelotão de fuzilamento para nos provocarem, para nos ajudarem à reflexão sobre exatamente esta temática. E com equilíbrio, porque às vezes nós conversamos… Eu não sou muito erudito naquilo que significa a sistematização académica das coisas… Chateia-me, aborrece-me, e não tenho muita paciência para isso. Mas ainda bem que há quem a tenha para nos ajudar a arrumar as coisas e a refletir de modo científico.

Mas eu temo muito, às vezes, que nos distraiamos demasiado com uma tentativa de tornar a sinodalidade uma cátedra da faculdade não sei de quê. E eu acho que isto não é propriamente a urgência. É preciso sistematizar, é preciso aprofundar, é preciso refletir. Mas eu... A minha preocupação como pastor, acima de tudo, é que as minhas ovelhas entendam. Saibam e entendam. Porque acima de tudo, e eu tenho notado nestes dois anos… Acho que é uma urgência uma aproximação e familiaridade, vejam lá, com a palavra de Deus. Acho que há um défice tamanho das pessoas mais diversas que encontramos no dia a dia, nas paróquias, nos serviços, nas comunidades, que é um défice gigantesco de familiaridade, de conhecimento com a Sagrada Escritura. Isso estou convencido que temos de fazer alguma coisa. Depois, se nós saltarmos da Sagrada Escritura para o Magistério da Igreja, para os documentos do Papa, para não sei quê… Então é melhor não continuar a conversar, porque isto vai acabar muito pessimista.

Portanto, em relação à Rede, agradecer o trabalho que fazem. Que ofereçam os sofrimentos para salvação do mundo, mas na certeza de que não é trabalho deitado fora. Pelo contrário. E acredito que estes caminhos das dioceses, das paróquias, dos movimentos… Estes caminhos, sendo caminhos de Deus, vão-se cruzar. A certa altura vão-se cruzar. Vai demorar mais, ou vai demorar menos tempo.

O cardeal Américo Aguiar é bispo de Setúbal e foi presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023. Com esta entrevista colaborou com a iniciativa podcast “No coração da esperança” da Rede Sinodal em Portugal, uma parceria que junta Diário do Minho, Voz Portucalense, Correio do Vouga, Correio de Coimbra, A Guarda, 7Margens, Rede Mundial de Oração do Papa e Folha do Domingo.

Laudetur Iesus Christus

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Com seis milhões de visitantes desde a reabertura, Notre-Dame é o monumento mais visitado da França

Catedral de Notre Dame em Paris. | Pexels/Adrienn.

Por Almudena Martínez-Bordiú*

15 de jul de 2025 às 15:22

A catedral de Notre-Dame de Paris tornou-se o monumento mais visitado da França. Desde que reabriu suas portas em 7 de dezembro de 2024 a catedral já recebeu cerca de seis milhões de pessoas.

Em 5 de abril de 2019, a catedral, um símbolo religioso, arquitetônico e cultural que resistiu por oito séculos, foi consumida pelas chamas.

O incêndio deixou um rastro de perdas incalculáveis, como a icônica torre acima do transepto do templo, construída no século XIX. O altar-mor permaneceu intacto e a relíquia da coroa de Espinhos de Jesus Cristo, foi resgatada e colocada em local seguro junto com as obras de arte salvas do incêndio.

Cinco anos depois, suas portas foram novamente abertas. Na ocasião, o papa Francisco se referiu a Notre-Dame como "uma obra-prima da fé e da arquitetura cristãs", dizendo que, com sua reabertura, "a tristeza e o luto" deram lugar à alegria.

Desde a sua reabertura, o fluxo de fiéis e peregrinos à catedral não diminuiu. Só um mês depois da inauguração, a igreja já havia recebido 800 mil visitantes, o equivalente a cerca de 29 mil pessoas por dia.

O número continuou a crescer. Segundo um relatório recente, o número total de visitantes ultrapassou seis milhões em 30 de junho, com uma média diária de cerca de 35 mil.

O jornal francês La Tribune Dimanche disse que, nos seis meses desde sua reabertura, 6,015 milhões de pessoas passaram por suas portas.

Como resultado, Notre-Dame se tornou o monumento mais visitado da França, disse ao jornal monsenhor Olivier Ribadeau Dumas, arcipreste-reitor da catedral de Notre-Dame de Paris. O sacerdote francês disse também que, a cada mês, a média de visitas é de mil pessoas a mais do que no mês anterior.

Esses números superam os 8,7 milhões de visitantes do museu do Louvre no ano passado, os 8,7 milhões registrados em Versalhes e os 6,3 milhões de pessoas que subiram na torre Eiffel.

*Almudena Martínez-Bordiú é uma jornalista espanhola correspondente da ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em Roma e no Vaticano, com quatro anos de experiência em informação religiosa.

Fonte: https://www.acidigital.com/

domingo, 14 de dezembro de 2025

Roma e a Igreja nos Estados Unidos

Roma e a Igreja nos Estados Unidos

O rumor sobre a suposta desunião e fragmentação dos bispos geralmente vem acompanhado de outras histórias fantasiosas.

11 DE DEZEMBRO DE 2025, 22:56h.

George Weigel

(ZENIT News / Denver, 11 de dezembro de 2025)O arcebispo Michael J. Curley, de Baltimore, que confirmou meu pai, era um irlandês belicoso com uma inclinação para chocar as pessoas com linguagem pouco diplomática. Em uma conversa com o grande historiador John Tracy Ellis, Curley, que teve seus próprios conflitos com o Vaticano, certa vez declarou: “Roma vai usar você, abusar de você e depois descartar você!”

Como outras declarações bombásticas de Curley, essa era uma hipérbole, mas continha um fundo de verdade: as autoridades romanas muitas vezes tiveram dificuldade em compreender o caráter distintivo e as realizações da Igreja na América. No entanto, poucas igrejas específicas do porte e importância do catolicismo americano foram tão tenazmente leais (e generosas) a "Roma" quanto nós. Isso não é vanglória; é um fato histórico e empírico.

O Arcebispo Timothy Broglio, da Arquidiocese para os Serviços Militares dos EUA, é a antítese do Arcebispo Curley na arte da retórica. Veterano do serviço diplomático papal com vasta experiência no Vaticano, o Arcebispo Broglio escolhe suas palavras com grande cuidado. As linhas iniciais de seu discurso final como presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, em sua reunião anual em Baltimore no mês passado, foram, imagino, cuidadosamente elaboradas. Elas exigem atenção meticulosa:

Que minhas primeiras palavras neste discurso presidencial final sejam de profunda gratidão pelo seu apoio e pela inabalável união que vivenciamos diariamente entre os prelados desta conferência. Eu sabia que estávamos unidos, mas essa fraternidade se tornou muito palpável durante os momentos mais difíceis destes últimos três anos. Sou profundamente grato a vocês.

Em outras circunstâncias, essa expressão de gratidão poderia ter sido mera cortesia. Mas vale ressaltar que o arcebispo não enfatizou sua gratidão pela cooperação, apoio ou camaradagem de seus irmãos bispos. Ele enfatizou seu apreço pela unidade entre eles. Isso, creio eu, não foi por acaso.    

Nos últimos anos, a noção de que os bispos americanos são um grupo dividido e contencioso espalhou-se por toda a Igreja global, a ponto de clérigos de alto escalão da África e da Ásia me perguntarem, praticamente nos mesmos termos: "Não é verdade que os bispos americanos estão profundamente divididos?". Como esse absurdo se espalhou? Foi disseminado por toda a esfera anglo-saxônica pelo jornal londrino The  Tablet ; foi disseminado por todo o mundo católico francófono pela  La Croix International ; e essas publicações, imagina-se, absorveram essa história fictícia (e em alguns casos maliciosa) do  National Catholic Reporter  e de Massimo Faggioli, da  revista Commonweal  (cuja visão distorcida da Igreja nos Estados Unidos não melhorou com sua recente transferência de Villanova para Dublin).

O mito da suposta desunião e fragmentação dos bispos é frequentemente acompanhado por outras histórias fantasiosas: que os bispos americanos sentiam uma profunda antipatia e até mesmo desrespeito pelo Papa Francisco; que os bispos americanos têm fortes ligações com o Partido Republicano; que, em questões de política pública, os bispos americanos só se preocupam com o aborto; que os bispos americanos não fazem o suficiente pelos migrantes e imigrantes. Em cada caso, a verdade é exatamente o oposto. Os bispos, como corpo, eram profundamente leais ao Papa Francisco, mesmo quando ele dificultava seu trabalho pastoral com (para citar apenas dois exemplos)  Amoris Laetitia  e  Traditionis Custodes .

Os bispos não são mais subservientes ao Partido Republicano do que aos Democratas. Os bispos se pronunciam publicamente sobre uma ampla gama de assuntos e o fazem com a voz da razão pública, não como "guerreiros culturais" (outro epíteto absurdo aplicado a eles por pessoas desinformadas). E a Igreja nos Estados Unidos faz mais pelos migrantes e imigrantes do que qualquer outra instituição no país.

É triste pensar que a imagem distorcida da Igreja americana, encontrada internacionalmente e em Roma, tenha sido criada não apenas por jornalistas e comentaristas descontentes, comprometidos com o projeto fracassado de um catolicismo diluído, mas também por alguns bispos americanos que se ressentem de fazer parte de uma minoria determinada na conferência episcopal. Se for esse o caso — e temo que seja —, está sendo cometida uma grave violação da colegialidade que o Vaticano II exortou os bispos de cada Igreja a viver, tanto operacional quanto afetivamente. E isso precisa parar.

Os primeiros meses do novo pontificado testemunharam uma ênfase papal renovada na unidade da Igreja. Espero que aqueles que espalham desinformação sobre desunião dentro do episcopado dos EUA levem isso a sério.

***

A coluna de George Weigel, "The Catholic Difference" (A Diferença Católica), é publicada pelo  Denver Catholic  , a publicação oficial da Arquidiocese de Denver.

Fonte: https://es.zenit.org/

O mundo à beira do milagre

Advento: tempo de espera pela vinda do Messias (Missionárias da Divina Revelação)

O MUNDO À BEIRA DO MILAGRE

12/12/2025

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

Foi como se o mundo estivesse à beira do impossível. Nada ainda tinha nome e o deserto não era chamado de deserto, nem a esperança de esperança. A terra vivia sem chuva, o coração, sem resposta e o tempo sem promessa. Tudo isso foi antes do Advento. 

O primeiro advento não foi como celebramos hoje, foi uma espécie de estremecimento primordial, um céu silencioso que começou a se movimentar e surpreendeu a humanidade inteira. 

Aconteceu que, pela primeira vez, alguém encontrou os escritos sagrados de Isaías e não os leu como um texto antigo, pois havia chegado o tempo predito por Deus para que tais coisas fossem compreendidas, e o deserto e a terra árida exultaram… as mãos fracas se fortaleceram,… os olhos dos cegos se abriram. 

Ninguém sabia explicar como palavras assim podiam existir num mundo tão abatido e cansado. Mas havia nelas um tipo de sabedoria que não era humana. Pois essa profecia assumia a criação que era sua, e gritava: levanta-te, porque Alguém está vindo, e o tempo não poderá detê-Lo. 

Então, a história inteira se inclinou para a vinda do Salvador, e o tempo, exausto de esperar, finalmente cedeu, abrindo passagem para Ele. 

Foi neste tempo que João surgiu no ermo. Não no esplendor dos templos, mas na borda do mundo, como um grito que amadureceu no silêncio. Ele era a urgência feita carne e a pressa de Deus na cadência do coração humano. E, quando o prenderam, a urgência não diminuiu, porque não era deste mundo, tornou-se mais robusta, quase palpável, quase insuportável no raiar do dia. 

Da prisão, João perguntou aquilo que toda a humanidade sempre temeu em perguntar: és Tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro? 

Era o desespero fecundo de quem sabe que, se não fosse Ele nada mais faria sentido; se Ele não fosse o esperado, não haveria outro. Não era dúvida, era fé. 

A essa seríssima questão da humanidade, Jesus respondeu com acontecimentos, do jeito que só Deus faz. Porque, no primeiro Advento, a verdade não era dita com palavras. 

Então, os cegos principiaram a ver, os coxos a andar, os leprosos são purificados, os mortos ressuscitam, e os pobres começam ouvir a Boa-Nova. 

João pediu um sinal e Jesus lhe mostrou o mundo recomeçando. O coração humano buscava uma prova, e Deus lhe proporcionou uma transformação. 

É assim no terceiro Domingo do Advento. Uma alegria que cresce como a água secreta no cerrado, prestes a florescer. Nele, a alegria inesperada é um aviso de que a luz já começou a infiltrar-se nas frestas das encostas do mundo e a criação, cansada de esperar, pressente os passos daquele que vem. 

A alma humana, em sua urgência mais profunda percebe essa chegada. Sente que o Senhor se aproxima e o deserto floresce, os fracos se erguem e o mundo respira diferente, porque a aurora já começou. A alma percebe, finalmente, que todas as circunstâncias mudaram.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

São João da Cruz: 17 graus da perfeição

Fr Lawrence Lew OP/Flickr

Reportagem local - publicado em 04/08/19

“Procure em todas as coisas a maior honra e glória de Deus.”

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1. Por nada deste mundo cometer pecado, nem mesmo venial com plena advertência, nem imperfeição conhecida.

2. Procurar andar sempre na presença de Deus, segundo as obras que se está fazendo.

3. Nada fazer nem dizer coisa de importância que Cristo não pudesse fazer ou dizer se estivesse no estado em que me encontro e tivesse a idade e a saúde que eu tenho.

4. Procure em todas as coisas a maior honra e glória de Deus.

5. Por nenhuma ocupação deixar a oração mental que é o sustento da alma.

6. Não omitir o exame de consciência, sob pretexto de ocupações, e, por cada falta cometida, fazer alguma penitência.

7. Ter grande arrependimento por qualquer tempo não aproveitado ou que tenha escapado sem amar a Deus.

8. Em todas as coisas, altas e baixas, ter a Deus por fim, pois de outro modo não se crescerá em perfeição e mérito.

9. Nunca faltar à oração e, quando experimentar aridez e dificuldade, por isso mesmo perseverar nela, porque Deus quer muitas vezes ver o que há na alma e isso não se prova na facilidade e no gosto.

10. Do céu e da terra sempre o mais baixo e o lugar e o ofício mais ínfimo.

11. Nunca se intrometer naquilo de que não se foi encarregado, nem discutir sobre alguma coisa ainda que se esteja com a razão. E, no que tiver sido ordenado, não imaginar que se tem obrigação de fazer aquilo a que, bem examinado, nada obriga.

12. Não ocupar-se das coisas alheias, sejam elas boas ou más, porque, além do perigo que há de pecar, essa ocupação é causa de distrações e amesquinha o espírito.

13. Procurar sempre confessar-se com profundo conhecimento da própria miséria e com sinceridade cristalina.

14. Ainda que as coisas de obrigação e ofício se tornem dificultosas e enfadonhas, nem por isso desanimar-se, porque não há de ser sempre assim, e Deus, que experimenta a alma simulando trabalho no preceito (Cf. Sl 93,20), em breve a fará sentir o bem e o ganho.

15. Lembrar-se sempre de que tudo quanto se passa, seja próspero ou adverso, vem de Deus, para que assim nem se caia em soberba por um lado, nem no desânimo por outro.

16. Recordar-se sempre de que não se veio senão para ser santo, e, assim, não consentir que reine na alma o que não leve à santidade.

17. Ser sempre mais amigo de dar alegria aos outros do que a si mesmo, e, assim, com relação ao próximo, não ter inveja nem predomínio. Entenda-se, porém, que isto se refere ao que está de acordo com a perfeição, porque Deus muito se aborrece com os que não antepõem o que lhe agrada ao beneplácito dos homens.

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São João da Cruz, em Pequenos Tratados Espirituais

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa: Cristo vence as ideologias, que impedem de ouvir a verdade

Angelus, 14/12/2025 - Papa Leão XIV (Vatican News)

"Quem busca a verdade e a justiça, quem espera pela liberdade e pela paz, questiona Jesus". Sua palavra "liberta-nos da prisão do desconforto e do sofrimento: todas as profecias encontram n’Ele o esperado cumprimento. Na verdade, é Cristo quem abre os olhos do homem à glória de Deus. Ele dá voz aos oprimidos, silenciados pela violência e pelo ódio; Ele vence as ideologias, que impedem de ouvir a verdade; Ele cura das aparências que deformam o corpo".

https://youtu.be/ti2WfTAd0wg

Vatican News

Depois de presidir na Basílica de São Pedro a Celebração Eucarística no Jubileu dos Reclusos, Leão XIV rezou o Angelus da janela do apartamento pontifício com os 20 mil fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.

Antes da oração mariana, a inspirar sua reflexão, foi o Evangelho de Mateus (Mt 11,2-11) proposto pela liturgia do dia, cuja narrativa "leva-nos a visitar João Batista na prisão, onde se encontra detido por causa da sua pregação. Apesar disso - observa o Papa - ele não perde a esperança, tornando-se para nós um sinal de que a profecia, embora acorrentada, continua a ser uma voz livre em busca de verdade e justiça".

Na prisão, João Batista ouve «falar das obras de Cristo», que são diferentes das que ele esperava. Então, manda perguntar-lhe: «És Tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?»:

Quem busca a verdade e a justiça, quem espera pela liberdade e pela paz, questiona Jesus. É mesmo Ele o Messias, ou seja, o Salvador prometido por Deus pela boca dos profetas?

Fiéis na Praça São Pedro para o Angelus com o Papa Leão XIV   (@Vatican Media)

E a resposta de Jesus - explicou Leão XIV - orienta o olhar para aqueles que Ele amou e serviu:

São eles – os últimos, os pobres, os doentes – que falam por Ele. Cristo anuncia quem Ele é através das suas ações. O que Ele faz é para todos nós um sinal de salvação. Com efeito, quando encontra Jesus, a vida sem luz, sem palavra e sem sabor reencontra sentido: os cegos veem, os mudos falam, os surdos ouvem. A imagem de Deus, desfigurada pela lepra, recupera integridade e saúde. Até os mortos, totalmente insensíveis, voltam à vida. Este é o Evangelho de Jesus, a boa nova anunciada aos pobres: quando Deus vem ao mundo, vê-se!

A palavra de Jesus - acrescentou o Papa - liberta-nos da prisão do desconforto e do sofrimento: todas as profecias encontram n’Ele o esperado cumprimento:

Na verdade, é Cristo quem abre os olhos do homem à glória de Deus. Ele dá voz aos oprimidos, silenciados pela violência e pelo ódio; Ele vence as ideologias, que impedem de ouvir a verdade; Ele cura das aparências que deformam o corpo. Assim, o Verbo da vida nos redime do mal, que conduz o coração à morte.

Nesse sentido, como discípulos do Senhor, "somos chamados neste tempo de Advento a unir a espera do Salvador à atenção ao que Deus faz no mundo. Poderemos, então, experimentar a alegria da liberdade que encontra o seu Salvador: «Gaudete in Domino semper – Alegrai-vos sempre no Senhor»:

É precisamente com este convite que começa a Santa Missa de hoje, terceiro domingo do Advento, chamado por isso domingo Gaudete. Alegremo-nos, pois, porque Jesus é a nossa esperança, sobretudo nas horas de provação, quando a vida parece perder sentido e tudo se nos apresenta mais sombrio, quando nos faltam palavras e temos dificuldade em ouvir o próximo.

Que a Virgem Maria, modelo de expectativa, atenção e alegria - disse o Papa ao concluir - nos ajude a imitar a obra do seu Filho, partilhando com os pobres o pão e o Evangelho.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Comentário do Evangelho: Preparando o caminho (A)

Crédito: Opus Dei.

Comentário do Evangelho: Preparando o caminho

Evangelho do 3º domingo de Advento (Ano A) e comentário do evangelho.

14/12/2025

Evangelho (Mt 11,2-11)

Naquele tempo, João estava na prisão. Quando ouviu falar das obras de Cristo, enviou-lhe alguns discípulos, para lhe perguntarem:

“És tu, aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?”

Jesus respondeu-lhes:

“Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!”

Os discípulos de João partiram, e Jesus começou a falar às multidões, sobre João:

“O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis. Então, o que fostes ver? Um profeta? Sim, eu vos afirmo, e alguém que é mais do que profeta. É dele que está escrito

‘Eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti’. Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele”.


Comentário

Este texto do evangelho, correspondente à terceira semana de advento, convida-nos a preparar-nos para o encontro com o Senhor, guiados pela pregação de João Batista.

A pessoa e a mensagem de João tinham impressionado profundamente os habitantes de Judá. Naquele tempo, uma efervescência de esperanças messiânicas suscitava o anelo de uma rápida intervenção salvadora de Deus em favor de seu povo. Depois de séculos em que o Senhor não havia enviado nenhum profeta, a personalidade austera de João e sua chamada à conversão credenciavam-no como um enviado do Senhor. Especialmente porque não procurava nenhum protagonismo, mas anunciava uma nova e rápida intervenção divina na história, por meio de alguém maior que ele, cuja chegada era iminente.

João é aquele de quem está escrito no Antigo Testamento: “Vou enviar um anjo adiante de ti para te proteger no caminho e para te conduzir ao lugar que te preparei”. A primeira parte da frase é tomada do livro de Êxodo (Ex 23, 20) e refere-se em primeiro lugar a Moisés, que o Senhor havia enviado para que guardasse e guiasse seu povo na peregrinação pelo deserto, a caminho da terra prometida. A segunda parte da frase procede de uma reelaboração feita por Malaquias dessa passagem do Êxodo, na qual o mensageiro já não é Moisés, e sim alguém que virá depois dele, mas que também terá a missão de preparar uma grande intervenção divina: “Vou mandar o meu mensageiro para preparar o meu caminho” (Ml 3, 1). Ambos os textos bíblicos anunciam uma rápida intervenção salvadora de Deus, que vem para julgar e salvar, e convidam a abrir a porta do coração para que, quando ele chegar, possa entrar e curá-lo. Estas palavras, que tinham alimentado a esperança de muitas gerações de homens e mulheres fieis do povo de Deus, fizeram-se realidade em Jesus depois do anúncio feito por João Batista.

Lidas hoje, poucos dias antes da celebração do nascimento em Belém do Filho de Deus feito homem, alimentam igualmente a nossa esperança e nos convidam a preparar-nos bem para dar-lhe lugar em nossos corações, de modo que possa entrar, e fazer dele seu aposento. O que aconteceu àqueles que naquele momento, seguindo a pregação de João Batista para a penitência, acolheram bem a Jesus? O que todos podiam constatar: “os cegos veem e os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres” (v. 5). Puderam experimentar o efeito curativo, transformador e revitalizador da ação divina em cada um.

Ao mesmo tempo, aqueles que se deixam curar e transformar pelo Senhor, serão tão bons amigos d’Ele, que eles mesmos poderão ir pelo mundo semeando essa paz e essa esperança que o Mestre foi semeando pelos caminhos da terra. São Josemaria fazia considerá-lo assim: “São milagres que o Senhor continua a fazer agora pelas vossas mãos: gente que não enxergava e agora enxerga; gente que não era capaz de falar, porque tinha o demônio mudo, e o expulsa e fala; pessoas incapazes de mover-se, paralíticas para as coisas que não fossem humanas, e quebram a sua imobilidade, e realizam obras de virtude e de apostolado. Outros que parecem viver, e estão mortos, como Lázaro: Iam foetet, quatriduanus est enim (Jo 11, 39). Com a graça divina e com o testemunho da vossa vida e da vossa doutrina, da vossa palavra prudente e imprudente, vós os trazeis para Deus, e revivem”[1].


[1] . S. Josemaria, Em diálogo com o Senhor (tradução para o português: 2002, p. 128)

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

sábado, 13 de dezembro de 2025

O que podemos encontrar no deserto

Deus nasce no silêncio (Centro Loyola)

O QUE PODEMOS ENCONTRAR NO DESERTO

12/12/2025

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Estamos vivendo o tempo do Advento, em preparação para a celebração do Natal, e a Palavra de Deus com frequência nos traz a figura de João Batista, o precursor do Messias. Ele escolheu o deserto como lugar para viver e anunciar a vinda do Messias, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.  O deserto é, por sua natureza, o lugar do silêncio, onde se ouve a voz do vento batendo nas rochas, mas também movendo, de uma forma quase imperceptível, a areia que molda continuamente a paisagem.  

Neste tempo do Advento nós somos convidados a percorrer a nossa estrada interior, que parte do coração. Ela nos leva a contemplar uma paisagem marcada pela alegria estampada no sorriso das crianças, a esperança no futuro presente nos passos dos jovens, as preocupações com as realidades que envolvem o cotidiano das famílias e dos nossos idosos, que trazem no coração os longos anos vividos, às vezes, com muitas renúncias, provações e superações. 

Quando nos colocamos a caminho para fazer uma viagem, geralmente gostamos de manter os olhos abertos, para contemplar paisagens que às vezes nos surpreendem, encantam e também questionam. Podemos ver a ação do Criador, da mãe natureza e da intervenção do homem, que pode ser benéfica ou também degradante, pelos males que podem provocar à Casa Comum e ao ser humano. 

O caminho do Advento, percorrido através de pequenos passos a partir do coração, pode nos conduzir ao deserto interior, para nos aproximar de Deus e dos irmãos e irmãs que conosco querem encontrar o Senhor e celebrar a vida e o amor de Deus.  Este amor pode ser manifestado através de pequenos gestos, e fazem muito bem para a nossa saúde espiritual, física e psíquica, na vida pessoal e familiar, no ambiente de trabalho e na comunidade.  

Neste tempo do Advento, cada um de nós é chamado a tomar posição a respeito do Messias que vem, para celebrar o Santo Natal. Não podemos preparar a árvore do Natal sem preparar a alma, a nossa casa interior. Não podemos preparar o presépio sem abrir espaço no coração para acolher Jesus, que busca um lugar para fazer morada. Mesmo que tenhamos uma vida marcada por muitos compromissos ou por situações que colocam à prova a nossa paz interior e a nossa vontade de interagir com realidades presentes na sociedade, ainda é possível adentrar no deserto interior, para escutar a voz daquele que nos fala de amor, de um amor verdadeiro, manifestado em pequenos gestos que nascem do coração e falam da ternura, da misericórdia e do amor do Deus da vida, do tempo e da eternidade. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa recebe convite oficial para visitar o Santuário Nacional de Aparecida

Papa Leão XIV e Dom Orlando Brandes (Vatican Media)

Entre a série de audiências da manhã deste sábado (13/12), Leão XIV recebeu o arcebispo de Aparecida/SP, dom Orlando Brandes. Na oportunidade, ele entregou um convite oficial para que o Papa conheça o Santuário Nacional de Aparecida/SP. Em seguida, a delegação brasileira ainda formada por missionários redentoristas e representantes da TV Aparecida, que comemora 20 anos de fundação, visitou as dependências da Rádio Vaticano - Vatican News.

Vatican News

O Papa Leão XIV cumpriu uma manhã intensa de audiências neste sábado (13/12). Entre elas, o Pontífice recebeu o arcebispo de Aparecida/SP, dom Orlando Brandes, acompanhado dos missionários redentoristas Pe. Marlos Aurélio da Silva, superior provincial da Província Nossa Senhora Aparecida; Pe. Eduardo Catalfo, reitor do Santuário Nacional de Aparecida, e Ir. Alan Patrick Zuccherato, diretor de arte e pastoral da TV Aparecida, além da jornalista e apresentadora da TV Aparecida, Camila Morais, e de Silvonei José da Rádio Vaticano/Vatican News. A audiência privada foi em razão das comemorações dos 20 anos da TV de Nossa Senhora. 

O arcebispo já tinha se encontrado com Leão XIV na quarta-feira (10/12), quando saudou o Pontífice ao final da Audiência Geral na Praça São Pedro. Neste sábado (13/12), a audiência privada foi a oportunidade para entregar ao Pontífice: uma imagem de Nossa Senhora Aparecida das mãos de Pe. Marlos; um pergaminho com um convite de dom Orlando para conhecer o Santuário Nacional; uma miniatura de televisão, símbolo de comemoração dos 20 anos da TV Aparecida, bem como um fotolivro da série “Desafios da Igreja”, a produção mais premiada do canal católico, que aborda a Doutrina Social da Igreja em seu eixo central; pelas mãos do Pe. Eduardo Catalfo foram entregues exemplares da Revista de Aparecida, parte essencial da missão de evangelizar pelos meios de comunicação da Família dos Devotos.

Ouça a entrevista com dom Orlando Brandes:

https://media.vaticannews.va/media2/audio/s1/2025/12/13/13/138917571_F138917571.mp3

A foto oficial do Papa com a delegação brasileira na manhã deste sábado (13/12)   (@VATICAN MEDIA)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Leão XIV aconselha seminaristas latino-americanos a não buscar aplausos

Papa Leão XIV. Imagem referencial. | Vatican Media

Por Almudena Martínez-Bordiú*

12 de dez de 2025 às 13:17

O papa Leão XIV disse aos seminaristas, religiosos e sacerdotes da América Latina que estudam em Roma que, na "sociedade confusa e barulhenta", hoje mais do que nunca são necessários servos que proclamem a primazia absoluta de Cristo.

No início de sua mensagem, o papa falou sobre as palavras “segue-me”, com as quais Jesus Cristo chamou Seus discípulos, nas quais “podemos encontrar o propósito mais profundo de nossas vidas”.

Leão XIV lhes disse que o Senhor os chama não por mérito deles, mas na esperança de que, com a vocação, tenham "uma oportunidade de levar a mensagem do Evangelho aos pecadores e aos frágeis".

O papa os encorajou a descobrir as chaves da vocação deles através do Evangelho e disse que eles não caminham sozinhos, mas fazem parte de uma comunidade. “Não estamos unidos por laços de simpatia, interesses compartilhados ou conveniência recíproca, mas pela pertença ao povo que o Senhor adquiriu ao preço do seu Sangue”, disse.

À luz das Sagradas Escrituras, Leão XIV disse que a voz de Jesus Cristo os sustenta pacientemente, mesmo quando a visão vacila. O papa disse que o Senhor conhece as fraquezas deles e que, muitas vezes, “não é a cruz que nos é imposta, mas o nosso próprio egoísmo, que se torna um obstáculo ao nosso desejo de O seguir”.

Leão XIV disse que, em uma sociedade “confusa e barulhenta”, hoje, mais do que nunca, “há necessidade de servos e discípulos que proclamem a primazia absoluta de Cristo e que tenham o tom da sua voz bem claro nos ouvidos e nos corações”.

Segundo o papa, isso se alcança por meio da leitura das Sagradas Escrituras, “meditadas no silêncio da oração profunda, do acolhimento com reverência da voz dos pastores legítimos e do estudo atento dos muitos tesouros de sabedoria que a Igreja nos oferece”.

Leão XIV os exortou a, em meio a alegrias e dificuldades, cumprir um mandato: "se Cristo viveu assim, nós também devemos viver como Ele".

O papa disse que “não devemos nos apegar aos aplausos, porque seu eco dura pouco; nem é saudável ficar só na lembrança dos dias de crise ou dos momentos de amarga desilusão”.

O papa os exortou a ver tudo isso como parte de sua formação e a dizer: "Se Deus quis isso para mim, eu também quero".

“O profundo vínculo que nos une a Cristo, seja como sacerdotes, consagrados ou seminaristas, é semelhante ao que se diz aos cônjuges cristãos no dia do casamento: na saúde e na doença, na pobreza e na riqueza”, concluiu Leão XIV.

*Almudena Martínez-Bordiú é uma jornalista espanhola correspondente da ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em Roma e no Vaticano, com quatro anos de experiência em informação religiosa.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Como vulcão pode ter provocado a "Peste Negra" na Europa, no século 14

A Peste Negra transformou profundamente a sociedade medieval (Crédito: Getty)

Como vulcão pode ter provocado pandemia que dizimou metade da população da Europa no século 14

Autor: Helen Briggs

Repórter de meio ambiente, 

Reportagens de BBC News

5 dezembro 2025

Uma erupção vulcânica por volta do ano de 1345 pode ter iniciado uma reação em cadeia que culminou na pandemia mais letal da Europa, a Peste Negra, afirmam cientistas.

Indícios preservados em anéis de árvores sugerem que a erupção provocou um choque climático, desencadeando uma sequência de eventos que trouxe a doença à Europa medieval.

Nesse cenário, cinzas e gases liberados pelo vulcão causaram quedas extremas de temperatura e safras ruins.

Para evitar a fome, cidades-Estados italianas populosas precisaram importar grãos de regiões próximas ao mar Negro, trazendo inadvertidamente pulgas transmissoras da bactéria Yersinia pestis, responsável pela doença.

Essa "tempestade perfeita" de choque climático, fome e comércio lembra como doenças podem surgir e se espalhar em um mundo globalizado e mais quente, segundo especialistas.

"Embora a coincidência de fatores que contribuiu para que a Peste Negra pareça rara, a probabilidade de surgirem doenças zoonóticas em função das mudanças climáticas e de se transformarem em pandemias tende a aumentar em um mundo globalizado", disse Ulf Büntgen, da Universidade de Cambridge (Reino Unido).

"Isso é especialmente relevante diante da nossa experiência recente com a covid-19", acrescentou Büntgen.

Anéis de árvores nos Pirineus espanhóis indicam verões excepcionalmente frios em 1345, 1346 e 1347 (Crédito,Credit: Ulf Büntgen)

A Peste Negra (ou peste bubônica) varreu a Europa entre 1348 e 1349, matando até metade da população do continente. A doença era espalhada por roedores selvagens, como ratos, e pulgas.

Acredita-se que o surto tenha se iniciado na Ásia Central e se espalhado pelo mundo via comércio.

No entanto, a sequência exata de eventos que trouxe a doença à Europa — causando milhões de mortes — tem sido objeto de estudo detalhado por historiadores.

Agora, pesquisadores da Universidade de Cambridge e do Instituto Leibniz de História e Cultura da Europa Oriental, em Leipzig (Alemanha), preencheram uma lacuna nesse quebra-cabeça.

Eles analisaram anéis de árvores e núcleos de gelo para examinar as condições climáticas na época da Peste Negra.

As evidências indicam que a atividade vulcânica em torno de 1345 provocou quedas acentuadas de temperatura por anos consecutivos, devido à liberação de cinzas e gases que bloquearam parte da luz solar.

Isso, por sua vez, causou perdas generalizadas nas colheitas do Mediterrâneo. Para evitar a fome, cidades-estados italianas passaram a comercializar grãos com produtores ao redor do mar Negro, permitindo inadvertidamente que a bactéria se estabelecesse na Europa.

Pulgas transmitiram a peste de ratos infectados para humanos (Crédito: Getty)

Martin Bauch, historiador de clima medieval e epidemiologia do Instituto Leibniz de História e Cultura da Europa Oriental, afirmou que os eventos climáticos se encontraram com um "sistema complexo de segurança alimentar", configurando uma "tempestade perfeita".

"Por mais de um século, essas poderosas cidades-estados italianas mantinham rotas comerciais de longa distância pelo Mediterrâneo e pelo mar Negro, criando um sistema eficiente para evitar a fome", disse ele. "Mas, no fim, isso acabou levando acidentalmente a uma catástrofe muito maior."

Os achados foram publicados na revista Communications Earth & Environment.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF