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sábado, 22 de fevereiro de 2025

Como romper com o hábito de reclamar constantemente?

Shutterstock/Daniel M Ernst
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Yohana Rodríguez - publicado em 10/02/25 - atualizado em 10/02/25

Embora pareça inofensivo reclamar e desabafar, na verdade nos faz esquecer as bênçãos que recebemos. Leia estes conselhos para romper com esse mau hábito.

Você já pensou quantas vezes você reclama por dia?

Quando nós desabafamos, somos dominados pelos sentimentos. E, embora possa ser bom liberar o que nos machuca ou nos incomoda, há ocasiões em que transmitimos nossos sentimentos de forma não construtiva e negativa, o que não gera benefício para quem nos escuta.

"Fazei tudo sem murmurar nem questionar" (Filipenses 2, 14)

São Paulo, em sua carta aos Filipenses, nos ensina a fazer tudo sem reclamações e sem murmurações. Mesmo na leitura dos textos bíblicos, vemos que Jesus, em nenhum momento, fez uma reclamação diante dos sofrimentos que estava passando; ao contrário, Ele os ofereceu por todos nós.

Conheça esses conselhos para erradicar esse hábito e começar a viver uma vida mais plena:

1 Identifique a origem

Tire um momento para ir a um lugar tranquilo e fazer uma introspecção. Pergunte a si mesmo: De onde surge essa necessidade de expressar negativamente o que me acontece? É por hábito? Eu aprendi isso com alguém? Eu tenho uma tendência ao pessimismo?

Ground Picture | Shutterstock

2 Detecte os temas pelos quais você reclama

Existem situações ou pessoas que podem gerar esses sentimentos negativos, por isso é importante localizá-los para saber como lidar com eles. Pergunte-se: São questões de trabalho? De família, cônjuge e filhos? Amizades? Doenças? Ou sobre você mesmo?

3 Esteja consciente do que você fala

Agora que você já sabe o porquê reclama e sobre quais temas tende a reclamar, é importante se dar conta do mal que pode estar causando a si mesmo e aos outros. Porque, embora pareçam inofensivas, reclamar constantemente pode ser desgastante e levá-lo por um caminho onde tudo parece deprimente e irritante, fazendo você esquecer as bênçãos que Deus nos dá todos os dias.

4 Peça ajuda

Diga às pessoas com quem você costuma desabafar que você está tentando erradicar esse mau hábito, para que, sempre que ouvirem você reclamar, te façam perceber isso. Isso vai facilitar a conscientização. Você pode até perguntar a elas como se sentiram com o seu desabafo.

Embora possa parecer um pouco frustrante no início, lembre-se de que esse é o processo para que você tenha conversas mais saudáveis e agradáveis.

TravnikovStudio| Shutterstock

5 Busque soluções

A reclamação pode ocorrer, por exemplo, diante de um problema que precisamos resolver e que nos custa. Portanto, buscar soluções pode ser uma excelente forma de evitá-la. Por exemplo: se você reclama de estar com sono pela manhã, pode ser uma boa ideia começar a dormir mais cedo, mudando seus hábitos de sono.

6 Ofereça seus sofrimentos

Aquilo que não for possível solucionar, ofereça a Deus. Dedique momentos do seu dia para conversar com Ele e contar tudo o que te incomoda. Ele será o melhor confidente, sem dúvida.

7 Faça um diário de agradecimentos

O melhor antídoto contra o pessimismo da vida cotidiana é lembrar todas as bênçãos que recebemos.

Você pode começar um diário onde anote todas as coisas positivas que vivenciou naquele dia, pelas quais você deseja agradecer a Deus. Comece com três coisas boas e, depois, pode adicionar mais. Garantimos que há motivos suficientes para preencher uma página inteira!

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/02/10/como-romper-com-o-habito-de-reclamar-constantemente

Francisco: O Papa da alegria, da esperança e da ternura

Francisco: O Papa da alegria (POM)

FRANCISCO: O PAPA DA ALEGRIA, DA ESPERANÇA E DA TERNURA 

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz 
Bispo de Campos (RJ)

A Festa da Cátedra de Pedro, uma das primeiras encontrada nos calendários anteriores ao século IV com o título de Natale Petri de Cathedral, o dia da Instituição ou começo do Pontificado de Pedro como Bispo de Roma. Temos uma cadeira de madeira coberta de bronze e ouro, conservada no grande monumento chamado a glória de Bernini.  

A cátedra era sede onde se assentava Pedro para numa conversa fraterna guiar e pastorear as comunidades eclesiais da urbe de Roma. Os orientais chamam ainda de pope aos padres, nome afetuoso que evoca paternidade espiritual, como certamente o Pater Patrum o Pai dos Padres e da família católica faz lembrar. Ofício de amor ou do amor ou como dizia santo Inácio de Antioquia, a Igreja que tem a primazia ou o primado do amor.  

Tudo isso encontramos no Papa Francisco, que na sua espontaneidade e simplicidade nos dá um testemunho de alegria, esperança e firme ternura. Nos comunicou na Evangelium Gaudium sua encíclica programática, a alegria de evangelizar, de entregar-se por inteiro na missão de fazer acontecer o Evangelho no mundo e na vida das pessoas, da alegria de ser povo e viver intensamente o encontro com os pobres. Alegria transbordante que gera esperança, e consegue como afirma Paulo Freire esperançar todas as situações fechadas de opressão e miséria, despertando para a solidariedade, soerguendo e restaurando vidas e comunidades, fazendo-as acreditar no poder do perdão e da reconciliação construindo um novo modelo civilizatório a partir da amizade social e da fraternidade com todos os povos, culturas e criaturas. Mas nunca esquecendo da ternura, do abraço e conforto aos pequenos, incluindo e abrindo janelas e portas para todos(as), acolhendo no diálogo as pessoas frágeis, quebrantadas e vítimas da rejeição e do preconceito.  

Nestas horas em que vemos o nosso querido Pai sofrer o declínio das forças e da própria saúde, manifestamos além da nossa obediência incondicional, nossa admiração, gratidão e imensa estima de estarmos sob o seu pastoreio, amor e bondade. Dizemos uma vez mais: “O Senhor o conserve e o vivifique e o faça feliz na terra, e não permita que caia nas mãos dos seus inimigos”! Deus salve o Papa 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa não conduzirá o Angelus. Missa para diáconos será presidida por dom Fisichella

A estátua de João Paulo II na entrada do Gemelli.  (AFP or licensors)

A atualização é da Sala de Imprensa do Vaticano. O pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização lerá a homilia preparada por Francisco para a Missa por ocasião do Jubileu do Diaconato Mundial.

Vatican News

Com a hospitalização de Francisco no Policlínico Gemelli - dando continuidade assim às precauções adotadas como explicado na sexta-feira pela equipe médica que o assiste - os compromissos previstos para amanhã, domingo, 22 de fevereiro, seguirão o mesmo procedimento da semana precedente.

Neste sentido, informa a Sala de Imprensa do Vaticano — que nesta manhã informou via Telegram que o Papa "descansou bem" — Francisco não conduzirá a oração do Angelus ao meio-dia, mas naquela hora o texto de sua reflexão será tornado público, como ocorreu no domingo passado.

O Jubileu dos Diáconos

Antes da oração mariana, na Basílica de São Pedro, está prevista a Missa com as ordenações diaconais, às 9h, horário italiano, por ocasião do Jubileu dos Diáconos.

Também neste caso, a Sala de Imprensa da Santa Sé anunciou que o celebrante será o arcebispo Rino Fisichella – pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, Seção para Questões Fundamentais da Evangelização no Mundo – que lerá o texto da homilia preparada por Francisco para a ocasião.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Jubileu dos artistas e do mundo da cultura

Santa Maria do Monte | Opus Dei

Jubileu dos artistas e do mundo da cultura

Homilia do Papa Francisco por ocasião do Jubileu dos Artistas, que se celebra de 15 a 18 de fevereiro de 2025: "A vossa missão não se limita a criar beleza, mas a revelar a verdade, a bondade e a beleza escondidas nos recantos da história, a dar voz a quem não tem voz, a transformar a dor em esperança".

16/02/2025

No Evangelho que acabamos de escutar, Jesus proclama as bem-aventuranças diante dos seus discípulos e de uma multidão de pessoas. Já as ouvimos muitas vezes e, no entanto, não deixam de nos maravilhar: "Felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus. Felizes vós, os que agora tendes fome, porque sereis saciados. Felizes vós, os que agora chorais, porque haveis de rir" (Lc 6, 20-21). Estas palavras contradizem a lógica do mundo e convidam-nos a olhar a realidade com olhos novos, com o olhar de Deus, que vê para além das aparências e reconhece a beleza, até mesmo na fragilidade e no sofrimento.

A segunda parte contém palavras duras e de repreensão: "ai de vós, os ricos, porque recebestes a vossa consolação! Ai de vós, os que estais agora fartos, porque haveis de ter fome! Ai de vós, os que agora rides, porque gemereis e chorareis!" (Lc 6, 24-25). O contraste entre “felizes vós” e “ai de vós” recorda-nos a importância de discernir onde colocamos a nossa segurança.

Vós, artistas e pessoas de cultura, sois chamados a ser testemunhas da visão revolucionária das Bem-Aventuranças. A vossa missão não se limita a criar beleza, mas a revelar a verdade, a bondade e a beleza escondidas nos recantos da história, a dar voz a quem não tem voz, a transformar a dor em esperança.

Vivemos numa época de crises complexas, que são econômicas e sociais mas, antes de mais, são crises da alma, crises de sentido. Coloquemo-nos a questão do tempo e a questão do rumo. Somos peregrinos ou errantes? Caminhamos com uma meta ou andamos à deriva, perdidos? O artista é aquele ou aquela que tem a função de ajudar a humanidade a não se desnortear, a não perder o horizonte da esperança.

Mas atenção: não é uma esperança fácil, superficial e desencarnada. Não! A verdadeira esperança entrelaça-se com o drama da existência humana. Não é um refúgio confortável, mas um fogo que arde e ilumina, como a Palavra de Deus. Por isso, a arte autêntica é sempre um encontro com o mistério, com a beleza que nos supera, com a dor que nos interpela, com a verdade que nos chama. Caso contrário, “ai [de nós]”! O Senhor é severo no seu apelo.

Como escreve o poeta Gerard Manley Hopkins, "o mundo está pleno da grandeza de Deus. / Seu fulgor inflama, qual lâmina fulgurante". Eis a missão do artista: descobrir e revelar essa grandeza escondida, torná-la acessível aos nossos olhos e aos nossos corações. O mesmo poeta ouvia também no mundo um “eco de chumbo” e um “eco de ouro”. O artista é sensível a estas ressonâncias e, com a sua obra, realiza um discernimento e ajuda os outros a discernir no meio dos diferentes ecos dos acontecimentos deste mundo. Os homens e as mulheres de cultura são chamados a avaliar estes ecos, a explicar-no-los e a iluminar o caminho por onde nos conduzem: se são cantos de sereia que seduzem ou apelos da nossa mais verdadeira humanidade. Pede-se-vos a sabedoria para distinguir o que é como "como a palha que o vento leva", do que é sólido "como a árvore plantada à beira da água corrente" e capaz de dar fruto (cf. Sl 1, 3-4).

Queridos artistas, vejo em vós guardiães da beleza que sabe inclinar-se sobre as feridas do mundo, que sabe escutar o grito dos pobres, dos sofredores, dos feridos, dos presos, dos perseguidos, dos refugiados. Vejo em vós guardiães das Bem-Aventuranças! Vivemos num tempo em que se erguem novos muros, em que as diferenças se tornam um pretexto para a divisão em vez de serem uma oportunidade de enriquecimento recíproco. Mas vós, homens e mulheres de cultura, sois chamados a construir pontes, a criar espaços de encontro e diálogo, a iluminar as mentes e a aquecer os corações.

Alguns poderão dizer: “Mas para que serve a arte num mundo ferido? Não há coisas mais urgentes, mais concretas e mais necessárias?”. A arte não é um luxo, mas uma necessidade do espírito. Não é uma fuga, mas uma responsabilidade, um convite à ação, um apelo, um grito. Educar para a beleza significa educar para a esperança. E a esperança nunca está separada do drama da existência: ela atravessa a luta quotidiana, as fadigas da vida, os desafios deste nosso tempo.

No Evangelho que escutamos hoje, Jesus proclama felizes os pobres, os aflitos, os mansos, os perseguidos. É uma lógica invertida, uma revolução da perspectiva. A arte é chamada a participar nesta revolução. O mundo precisa de artistas proféticos, de intelectuais corajosos, de criadores de cultura.

Deixai-vos guiar pelo Evangelho das Bem-Aventuranças e que a vossa arte seja anúncio de um mundo novo. Que a vossa poesia no-lo mostre! Nunca deixeis de procurar, interrogar, arriscar. Porque a verdadeira arte nunca é acomodada; ela oferece a paz da inquietação. E lembrai-vos: a esperança não é uma ilusão; a beleza não é uma utopia; o vosso dom não é um mero acaso, é uma chamada. Respondei com generosidade, com paixão, com amor.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/jubileu-dos-artistas-e-do-mundo-da-cultura/

A HISTÓRIA DE JOSEPH RATZINGER: Parecia a estação de chegada. E em vez disso...(VIII)

Joseph Ratzinger com Hans Maier, Ministro da Educação da Baviera, e o Abade Augustin Mayer, agora Cardeal, durante um intervalo para café no Sínodo de Würzburg em 1971 | 30Giorni

A HISTÓRIA DE JOSEPH RATZINGER

Arquivo 30Giorni n. 07/08 - 2006

Parecia a estação de chegada. E em vez disso...

Ex-alunos falam sobre o último período de ensino de Ratzinger na recém-inaugurada Universidade da Baviera. Cercado pela estima de seus alunos e pelo carinho de seus irmãos, o professor de Teologia Dogmática acredita ter alcançado uma condição ideal. Mas Paulo VI vai frustrar seus planos.

por Gianni Valente

Na escola do livre pensamento

As palestras de Ratzinger são as mais concorridas da Faculdade. Normalmente, elas são frequentadas por 150 a 200 alunos. Mas o que mais impressiona — e desperta alguma inveja — é o grupo cada vez maior de estudantes de toda a Alemanha e do mundo que pedem para realizar seus trabalhos de doutorado ou qualificações de ensino universitário sob sua orientação. Um cenáculo que, por iniciativa de Peter Kuhn, Wolfgang Beinert e do padre de Schönstatt Michael Marmann, já havia inaugurado seu regulamento organizacional em Tübingen, mas que viveu sua época de ouro na década de 1970.

Ratzinger interpreta seu papel como Doktorvater , a figura do “pai-professor” codificada pela tradição acadêmica alemã, de forma atípica. Ele não acompanha seus alunos de doutorado individualmente, pois não teria tempo: seu Schülerkreis (círculo de estudantes) tem muitos deles, quase sempre em torno de 25. Ele os reúne todos em reuniões geralmente marcadas nas manhãs de sábado, a cada duas semanas, no seminário diocesano de Regensburg. O meio dia de convivência extra moenia Universitatis sempre começa com missa. Então, a cada vez, os alunos se revezam fazendo um relatório sobre o progresso de sua pesquisa e submetendo-o ao julgamento crítico dos outros. A amplitude dos temas abordados nas teses atribuídas – de Santo Irineu a Nietzsche, da teologia medieval a Camus, do Concílio de Trento aos filósofos personalistas – é uma confirmação indireta dessa abertura. «Alguns de nós, estudantes», explica o Padre Bialas, «de vez em quando brincávamos com a ideia de estruturar uma escola teológica ratzingeriana. Mas o primeiro a acabar com essas ambições foi o professor. Ele sempre disse que não tinha "sua própria" teologia particular. “A discussão”, relembra Twomey, “reinava suprema. Em cada tópico, o professor analisou todas as objeções, tanto as históricas quanto as dos teólogos contemporâneos, e levou a sério todas as opiniões e hipóteses, mesmo as mais recentes." O toque “maiêutico” com que conduz o debate permite-lhe reduzir ao mínimo as suas intervenções. Ela adota uma atitude imparcial e imparcial mesmo diante das controvérsias que surgem, estimulada por essa forma democrática-assembleia de conduzir o Doktoranden-Colloquium . “Com todo o espectro de opiniões teológicas representadas dentro do grupo”, explica Twomey, “alguma tensão era inevitável”. E, de fato, o Ratzinger Schülerkreis não se parece em nada com um think tank .de pensamento teológico único, ou à fábrica de clones feitos sob medida para o mestre: muito menos a um grupo de carreiristas acadêmicos. Inclui futuros monsenhores da Cúria Romana, mas também graciosas e tímidas moças coreanas; ecumenistas impenitentes, ao lado de religiosos austeros e generosos que dedicarão suas vidas à missão. Nos anos seguintes, mais de um desses teólogos iniciantes – como Hansjürgen Verweyen e Beinert – assumiriam posições muito diferentes daquelas de seu antigo mestre em questões teológicas controversas, como o sacerdócio feminino e a escolha de formular um único Catecismo para toda a Igreja Católica. “Olhando para trás hoje”, admite Zöhrer, “estou surpreso com a liberdade que desfrutamos. Principalmente agora que aprendi como outros Doktorvater com reputação de serem muito liberais espremiam seus alunos em um espartilho apertado e até os puniam assim que surgia um desacordo sobre o conteúdo...».

Desde os dias de Tübingen, o círculo estabeleceu o costume de organizar reuniões de fim de semestre com professores e teólogos famosos fora da Faculdade. Assim, ao longo dos anos, o agora grisalho Doktorvater e seus alunos tiveram a oportunidade de conhecer e dialogar com todos os grandes nomes da cena teológica pós-conciliar: de Yves Congar a Karl Rahner, de Hans Urs von Balthasar a Schlier, de Walter Kasper a Wolfhart Pannenberg até o exegeta protestante Martin Hengel. Ocasiões únicas, que encherão a memória coletiva de lembranças felizes e emblemáticas. Como na ocasião em que o grupo deixou Tübingen e foi para Basileia, para conhecer o grande teólogo protestante Karl Barth. «Por uma feliz coincidência», conta Kuhn, «estamos lá no momento em que ele, que já era professor emérito, dava um seminário com seus alunos sobre a Dei Verbum , a Constituição do Concílio Vaticano II sobre as fontes da Revelação divina. Nós nos juntamos a eles e ficamos surpresos com a seriedade com que Barth e aquele grupo de acadêmicos protestantes exploraram um tópico que nos círculos católicos era frequentemente abordado com superficialidade embaraçosa. Barth estava cheio de curiosidade. Foi ele quem fez perguntas ao nosso professor, muito mais jovem, com uma atitude de grande deferência." Durante o encontro com Balthasar, no entanto, alguns estudantes contestaram a teoria do grande teólogo suíço sobre um inferno vazio. E ele ficou um pouco irritado com isso. 

Teólogos do centro


Ratzinger durante os trabalhos da Conferência Episcopal Alemã em Stapelfeld, em março de 1971 | 30Giorni

A liberdade e o prazer de confrontar abertamente sensibilidades e posições que estão longe das próprias certamente não podem ser interpretados como uma espécie de relativismo teológico. Nos conflitos que abalaram a Igreja naqueles anos, Ratzinger não se retirou para sua feliz ilha de Regensburg. Mantendo-se fiel ao seu estilo, pouco acostumado a lançar anátemas, fez escolhas claras diante do conflito que dividia o "internacional dos teólogos" que haviam participado juntos da aventura conciliar. A fratura também é registrada no seio da Comissão Teológica Internacional, criada em 1969 por Paulo VI por proposta do primeiro Sínodo dos Bispos, da qual Ratzinger faz parte desde o início. É aí que o professor bávaro se encontra ao lado daqueles – Balthasar, Henri De Lubac, Marie-Jean Le Guillou, Louis Bouyer, o chileno Jorge Medina Estévez – segundo os quais o frenesi da “revolução permanente” que contagiou boa parte dos ambientes teológico-acadêmicos é uma distorção, uma caricatura da reforma indicada pelo Concílio Vaticano II. Mesmo dentro do órgão de nomeação papal, as discussões estão se tornando dilacerantes. Como o próprio Ratzinger observa em sua autobiografia, "Rahner e Feiner, o ecumenista suíço, acabaram abandonando a Comissão que, na opinião deles, não estava conseguindo nada, porque sua maioria não estava preparada para aderir às teses radicais". O nascimento da revista Communio em 1972 também marcou o fim da “frente única” dos teólogos pós-conciliares em termos de ferramentas editoriais . O próprio Balthasar o patrocina como um polo de atração para todos os círculos teológicos intolerantes ao radicalismo do Concilium., a revista internacional – que tem o próprio Ratzinger entre seus membros fundadores – que nasceu em 1965 como um instrumento unitário de proteção que o lobby dos teólogos, galvanizado pelo papel de liderança que assumiu no Concílio, deveria ter exercido sobre a implementação do programa conciliar. O professor bávaro esteve envolvido no projeto desde o início, e ele imediatamente encontrou uma "teia" – como o próprio Balthasar a chama – de apoiadores internacionais interessados. Entre os mais ansiosos para se juntar à nova frente teológica estão alguns "jovens promissores de Comunhão e Libertação" (como Ratzinger os define em sua autobiografia), incluindo o atual patriarca de Veneza, Angelo Scola. Hans Maier, Ministro da Educação da Baviera, se junta ao conselho editorial da Edição Alemã. A partir de 1974, as edições em outras línguas se multiplicaram: americana, francesa, chilena, polonesa, portuguesa, brasileira... Nas décadas de 1980 e 1990, quase todos os membros do grande grupo de teólogos que o Papa Wojtyla chamou ao episcopado – e depois cooptou muitos deles para o Sacro Colégio Cardinalício – vieram do berçário da Communio : os alemães Karl Lehmann e Kasper, o suíço Eugenio Corecco – falecido em 1995 –, o brasileiro Karl Romer, o belga André Mutien Léonard, o italiano membro da CL Scola, o chileno Medina Estévez, o canadense Marc Ouellet, o dominicano austríaco Christoph Schönborn (que também fez parte do Schülerkreis de Ratzinger , tendo acompanhado as aulas do professor bávaro por alguns semestres em Regensburg). Em 1992, ao celebrar o vigésimo aniversário da Communio , Ratzinger fez um balanço pessoal dessa experiência coletiva, evitando qualquer complacência autocelebratória: «Já tivemos o suficiente dessa coragem? Ou será que preferimos nos refugiar na erudição teológica para demonstrar, um pouco demais, que também estamos à altura dos tempos? Será que realmente enviamos a palavra de fé a um mundo faminto de uma forma que seja compreensível e alcance os corações? Ou não permanecemos principalmente dentro do círculo daqueles que brincam com a linguagem especializada e jogam a bola uns para os outros? 

O convite está confirmado

"A sensação de adquirir minha própria visão teológica cada vez mais claramente", escreveu Ratzinger em sua autobiografia, "foi a experiência mais bela dos anos de Regensburg". Apesar da amargura dos dilacerantes conflitos eclesiásticos, em meados dos anos setenta o teólogo, agora com quase cinquenta anos, já saboreia as alegrias comuns do que lhe parece ser a estação de chegada de sua peregrinação acadêmica: viver em sua Baviera, desfrutar do carinho de seus queridos irmãos, poder levar flores aos seus pais que descansam no cemitério perto de sua casa. E fazer o que mais gosta no trabalho. Durante toda a sua vida, ele não quis fazer outra coisa: estudar e ensinar teologia, cercado por um grupo de colaboradores livres e apaixonados, na esperança de transmitir aos estudantes que vêm ouvi-lo do mundo inteiro, o prazer de haurir dons sempre novos dos Padres da Igreja, da divina liturgia e de todo o tesouro da Tradição. Por isso, no verão de 1976, quando o cardeal arcebispo de Munique Julius Döpfner morreu repentinamente, Ratzinger não levou a sério os rumores que começavam a circular e que o indicavam entre os candidatos à sucessão: «As limitações da minha saúde eram tão conhecidas quanto a minha falta de envolvimento nas tarefas governamentais e administrativas», escreveu novamente na sua autobiografia. Em vez disso, a escolha de Paulo VI recairá precisamente sobre ele.

Reinhard Richardi, que era professor na Faculdade de Direito naqueles anos e formou uma forte amizade com Ratzinger que perdura até hoje, disse ao 30Giorni : «A surpresa foi grande. Evidentemente Paulo VI o apreciava, via nele um grande teólogo alinhado à reforma conciliar e queria envolvê-lo na liderança da Igreja. Isso também foi compreendido pela pressa com que o criou cardeal apenas alguns meses depois de tê-lo nomeado arcebispo. Agora, vendo-o como seu sucessor no trono de Pedro, talvez ele dissesse: Eu tinha certeza de que o Senhor voltaria o seu olhar para ele." Mas o futuro Bento XVI não pensou realmente nessas coisas naquela época. Richardi diz: «Lembro-me bem de quando se espalhou a notícia da sua nomeação como sucessor de Döpfner.

Naquele mesmo dia, minha esposa, meus filhos e eu fomos convidados para sua casa. Ele nos ligou e disse: olha, o convite está confirmado, mesmo que me tenham feito bispo. Até mais". ( Pierluca Azzaro colaborou )

Fonte: https://www.30giorni.it/

As ações de Deus na criação original e a Campanha da Fraternidade 2025

Crédito: CNBB Norte 2

AS AÇÕES DE DEUS NA CRIAÇÃO ORIGINAL E A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2025

21 de fevereiro de 2025

por Dom Vital Corbellini
Bispo da Diocese de Marabá 

Deus criou todas as coisas com sabedoria e com amor. As suas palavras foram determinantes pois elas executaram o que elas proferiam da boca do Senhor. A Campanha da Fraternidade 2025, pelo seu lema, ressalta a importância da criação que tão bem saiu das mãos de Deus em vista da sua glória e do bem estar de todos os seres vivos, vegetais, animais e humanos. A seguir veremos como Santo Agostinho colocou as ações divinas que corresponderam às ordens dadas.

O Espírito de Deus pairava sobre as  águas (Gn 1,2)

Esta passagem foi uma bela menção a respeito da criação primitiva, porque Deus com o seu Espírito pairava sobre as águas. Santo Agostinho afirmou que Deus criou com amor e com grande benevolência ao mencionar o Espírito que pairava sobre as águas. A passagem escriturística dizia respeito que o Espírito não pairava sobre um determinado lugar, mas excedendo a tudo e sobrepujando a todas as coisas pelo seu poder[1].

A criação do ser humano: “Façamos”

Santo Agostinho disse que só para o ser humano disse Deus: `Façamos`, no plural. Enquanto nas outras criaturas Deus disse: Faça-se, mas para o ser humano foi dito uma forma diferente: “Façamos o homem à nossa Imagem e semelhança” (Gn 1,26), tendo presente a pluralidade das pessoas divinas, o Pai e o Filho e o Espírito Santo[2]. Deus fez o ser humano à sua imagem, significando a Unidade divina e também às Pessoas, a nossa imagem: Pai e Filho e Espírito Santo, devido a esta Trindade porque a Escritura disse: à imagem de Deus, para entender um só Deus[3].

Participante da sabedoria divina

O bispo de Hipona afirmou que o ser humano foi feito participante da Sabedoria de Deus, eterna e incomunicável, mas revelada em Jesus Cristo, o Verbo de Deus. Ele foi criado no conhecimento do Verbo para ele se converter nas coisas criadas. Tudo foi feito por Deus em seu Verbo divino, Jesus[4].

O alimento proporcionado ao ser humano

Deus quis ao ser humano que fosse proporcionado os alimentos através das árvores frutíferas e de animais. O Senhor previu também a continuidade das gerações de modo que disse o Senhor: “Crescei e multiplicai-vos, enchei a terra” (Gn 1,22). O bispo de Hipona teve presentes as gerações humanas onde nascem os filhos, as filhas por um amor entre os pais, e de uma forma sucessiva os filhos e as filhas, e tornando-se responsáveis pela família, continuam as gerações, de modo que a terra vai se enchendo de seres humanos[5]. É necessário os alimentos com os quais se restauram as forças, dados para os corpos mortais[6].

Deus viu que tudo era muito bom (Gn 1,31)

Santo Agostinho disse que estas palavras do Senhor Deus foram ditas após a criação do ser humano, fator que não foi dito antes, mas após Ele ter dado o poder tanto para dominar como para comer, acrescentou a respeito de todas as obras: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31)[7]. O fato foi a criação dada nos seis dias de modo que ao concluí-la sendo perfeitas, Deus disse que tudo era muito bom e não em particular. Ele disse não em particular ao ser humano, mas junto com os outros seres, porque as criaturas criadas por Deus, em conjunto, eram muito boas[8].

O conjunto do corpo

O bispo de Hipona disse a beleza do particular forma o corpo inteiro, Se cada membro em particular é belo, na estrutura de todo o corpo, são todos muito mais belos. O olho que é de aspecto agradável e é apreciado se o víssemos separado do ser humano nós diríamos que é belo quando colocado junto aos outros membros, uma vez que seria observado no seu lugar no corpo inteiro. Da mesma formar o ser humano e os demais seres foi dito por Deus no seu conjunto que tudo era muito bom. Deus é o Criador e é perfeitíssimo das naturezas criou tudo bem, para o ser humano e para todos os seres vivos. Sendo que o ser humano pecou, no entanto o universo é belo[9], bonito, pois Deus criou tudo com amor e de uma forma bonita e depois o recriou pelo seu Filho, Jesus Cristo, pelo mistério de sua encarnação, paixão, morte e ressurreição.

Notas:

[1] Cfr. Comentário ao Gênesis, Livro I, VII, 13. In: Santo Agostinho. São Paulo: Paulus,2005, pgs. 25-26.

[2] Cfr. Idem, Livro III, cap. XIX, 29, pgs. 107-108.

[3] Cfr. Ibidem, pg. 108.

[4] Cfr. Ibidem, 31, pg. 109.

[5] Cfr. Ibidem, 33, pgs. 110-111.

[6] Cfr. Ibidem, 33, pg. 111.

[7] Cfr. Ibidem, 36, pg. 114.

[8] Cfr. Ibidem, 36-37, pgs. 114-115.

[9] Cfr. Ibidem, 37, pg. 115.

Fonte: https://cnbbn2.com.br/

Menina de nove anos que sofria de pneumonia escreve carta ao papa

Carta enviada por María, menina espanhola de nove anos, ao papa Francisco. | Vatican News

Por Nicolás de Cárdenas*

20 de fevereiro de 2025

María, menina de nove anos da diocese de Segorbe-Castellón, Espanha, que sofria de pneumonia bilateral, escreveu uma carta ao papa Francisco, “Ilustríssima Santidade” na qual o anima e promete rezar por sua rápida recuperação.

A menina, segundo a carta divulgada pela Santa Sé, é aluna da escola Consolação, em Burriana, administrada pela Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Consolação, fundada por Santa Maria Rosa Molas em 1857.

“Há dois anos tive pneumonia bilateral e fiquei internada por 12 dias, dois dos quais na UTI”, diz a menina. O papa Francisco foi internado na sexta-feira passada e sofre do mesmo quadro.

"Escrevo-lhe para lhe dar muito ânimo e minhas orações são para que o senhor se recupere o mais rápido possível", disse a carta.

Carta de María, menina espanhola de nove anos, ao papa Francisco. Vatican News

María conclui sua breve carta dizendo que fez uma peregrinação a Roma com seus pais em setembro do ano passado.

“Seria meu maior sonho comparecer a uma audiência papal, mas o senhor estava em uma viagem à Indonésia”, escreveu a menina.

Desejando uma “rápida recuperação” ao papa e enviando uma saudação, María conclui o texto simples, acompanhado de um desenho do papa.

Desenho do papa Francisco feito por María, menina espanhola de nove anos. Vatican News

*Nicolás de Cárdenas é um jornalista espanhol especializado em informação sociorreligiosa. Desde julho de 2022 é correspondente da ACI Prensa na Espanha.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/61387/menina-de-nove-anos-que-sofria-de-pneumonia-escreve-carta-ao-papa

Patriarca Bartolomeu I: os votos de rápida recuperação do amado irmão Francisco

Continuam a chegar mensagens de proximidade e afeto em nível internacional pela saúde do Papa, que está internado no Hospital Gemelli desde 14 de fevereiro. O Patriarca Bartolomeu I: os desejos de uma “rápida e completa recuperação”.

Isabella H. de Carvalho e Benedetta Capelli - Vatican News

Nestes dias, multiplicam-se as mensagens de proximidade e orações pela saúde do Papa, que está internado no Hospital Gemelli de Roma desde 14 de fevereiro devido a uma pneumonia bilateral. Entre elas, destaca-se a carta que fala de seu “amado irmão” Francisco, a quem deseja uma “rápida e completa recuperação” e “um rápido retorno, com a ajuda de Deus, às suas sagradas e importantes funções”. A assinatura na parte inferior do desejo “fraterno” é a do Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, conforme relatado em uma nota publicada no site do Patriarcado.

Uma única família reza pelo Pontífice

O Patriarca Latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, por outro lado, convocou os fiéis a se reunirem “como uma única família na fé, unidos em um apelo sincero” pela “saúde e bem-estar” de Francisco. “Como família espiritual, somos chamados a permanecer juntos, unidos em oração e súplica”, assinalou o cardeal na declaração publicada no site do patriarcado. “Oferecemos fervorosamente nossas orações durante a missa, em nossas casas e no silêncio de nossos corações”, continuou o cardeal, "implorando ao Senhor que sustente o Papa Francisco com saúde e força renovadas, para que ele possa continuar sua sagrada missão de liderar a Igreja com sabedoria, humildade e amor".

À margem de um evento em Bolonha, o cardeal Matteo Maria Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana, enfatizou que as notícias sobre a saúde do Papa sugerem que ele está “na direção certa” para “uma recuperação completa, que esperamos”, acrescentou, “aconteça em breve”.

As orações de todos os continentes

O Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar assegurou que acompanhou as notícias sobre a saúde do Papa com “profunda atenção e fervorosa oração” e reiterou a “solidariedade e proximidade espiritual” de todos os fiéis. Também da terra natal do Pontífice veio o convite para rezar do arcebispo de Buenos Aires, Jorge Ignacio García Cuerva. “Dessa forma”, escreveu ele em uma carta, "expressamos nosso amor pelo Papa Francisco e pedimos a Deus que lhe dê forças para sua saúde e que o apoie no exercício que lhe confiou".

Do Canadá vêm orações para “a plena recuperação do Santo Padre, enquanto ele continua a liderar a Igreja com coragem e generosidade de espírito”. O bispo de Calgary, dom William McGrattan, na qualidade de presidente da Conferência Canadense de Bispos Católicos (CCCB), convidou todos - indivíduos, famílias, movimentos e paróquias - à oração. “Que o Senhor, por intercessão de Nossa Senhora”, escreveu o prelado, "lhe conceda força, saúde e energia renovadas em sua vocação de servir a Igreja como Sucessor de Pedro e Vigário de Cristo na Terra".

No Líbano, o cardeal Béchara Boutros Pierre Raï, Patriarca de Antioquia dos Maronitas, disse que havia rezado pelo Papa Francisco tanto em público quanto pessoalmente. “Que o Senhor o ajude, que Ele o cure”.

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está propondo um momento de oração nos próximos dias para a “plena recuperação da saúde do Papa Francisco”. Em vista da festa da Cátedra de São Pedro, no dia 22 de fevereiro, o cardeal Jaime Spengler, presidente da CNBB e do Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (CELAM), convida as pessoas a pedir pela recuperação do Papa, acrescentando uma intenção de oração durante as celebrações: “Senhor Deus, o teu servo, o Papa Francisco, tornou-se para nós uma ‘testemunha dos sofrimentos de Cristo’.

Desejos de uma rápida recuperação também do mundo político

Francisco também recebeu votos de boa recuperação de figuras políticas, como o presidente israelense Isaac Herzog. Falando na Sinagoga de Roma, ele desejou uma recuperação rápida e completa, “relembrando - neste lugar sagrado - suas importantes palavras condenando o antissemitismo”. “Rezo ao Todo-Poderoso por sua saúde e rápida recuperação”, foi a mensagem na rede social X do presidente do Irã, Masoud Pezeshkian.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

A HISTÓRIA DE JOSEPH RATZINGER: Parecia a estação de chegada. E em vez disso...(VII)

Uma foto panorâmica de Regensburg e do Danúbio | 30Giorni

A HISTÓRIA DE JOSEPH RATZINGER

Arquivo 30Giorni n. 07/08 - 2006

Parecia a estação de chegada. E em vez disso...

Ex-alunos falam sobre o último período de ensino de Ratzinger na recém-inaugurada Universidade da Baviera. Cercado pela estima de seus alunos e pelo carinho de seus irmãos, o professor de Teologia Dogmática acredita ter alcançado uma condição ideal. Mas Paulo VI vai frustrar seus planos.

por Gianni Valente

A vida é boa em Regensburg. O Danúbio que flui lentamente, os becos do centro histórico pedonal com suas torres patrícias, os cantos litúrgicos do Regensburger Domspatzen , o coro dos “Pardais da Cúpula” que acompanha as missas solenes na Catedral Gótica de São Pedro: tudo contribui para uma urbanidade animada e tranquila, um legado de épocas importantes, que é a face relaxada e amável do que eles chamam de civilização da Europa Ocidental. Um toque de graça comum, talvez acentuado pelo destino que mais de uma vez transformou a cidade em um posto avançado, uma espécie de mirante encontrado perto da fronteira com outros mundos. Quando os romanos a fundaram, a antiga Castra Regina ouvia as línguas indecifráveis ​​dos celtas, antes que outros povos do Oriente dominassem o Império. Na segunda metade do século passado, a menos de oitenta quilômetros da cidade bávara ficava a fronteira com a Tchecoslováquia, ou seja, o limiar que separava o Ocidente daquele "outro" mundo que era o verdadeiro socialismo.

Em 1968, na vizinha Praga, a Primavera de Dubcek é varrida pelos tanques soviéticos, enquanto até mesmo nas universidades ocidentais a revolta dos filhos da burguesia assume o disfarce de uma subversão marxista da ordem social. No ano anterior, o Estado Livre da Baviera havia inaugurado sua quarta Universidade em Regensburg e, segundo alguns, a nova Faculdade de Teologia deveria ter como missão específica justamente o enfrentamento com o universo comunista: algo precisava ser feito, para analisar com rigor teológico teutônico aquelas emergências históricas que muitos, na Igreja, começavam a interpretar como prenúncios do Apocalipse, rangidos de um mundo que estava prestes a desabar. Há também aqueles que gostariam de confiar a cátedra de Teologia Dogmática da nova Faculdade ao Professor Joseph Ratzinger desde o início. O brilhante e estimado teólogo do Concílio deixou a Faculdade Teológica de Münster em 1966 e aceitou o "chamado" da Faculdade de Tübingen justamente para se aproximar de seu Heimat., sua terra natal na Baviera, que para ele – e acima de tudo para sua irmã, que cuida dele com carinho maternal – está sempre no centro de uma nostalgia pungente. Heinrich Schlier, o grande exegeta católico do luteranismo, amigo de Ratzinger desde os anos em que lecionaram juntos em Bonn, alertou-o: "Olha, professor, Tübingen não é a Baviera". José e sua irmã Maria logo percebem isso. Mas a perspectiva de se mudar para Regensburg já em 1967, quando a nova Universidade foi inaugurada, foi uma tentação à qual Ratzinger inicialmente resistiu: ele havia chegado recentemente à prestigiosa cidadela teológica da Suábia com uma mudança exigente e, acima de tudo, não se sentia nem um pouco atraído pela ideia de ter que se atolar em todos os problemas técnicos e logísticos que acompanham as fases de adaptação de novas instituições acadêmicas. Assim, a cátedra de Dogmática de Regensburg foi confiada a Johann Auer, seu colega da época de Bonn. Mas dois anos depois, no início de 69, tudo mudou. Em Tübingen, a convulsão rebelde também sabotou as práticas ordinárias da vida universitária na Faculdade de Teologia: palestras, exames e reuniões acadêmicas se tornaram um campo de batalha. «Pessoalmente, não tive problemas com os alunos. Mas eu realmente vi como a tirania era exercida, mesmo em formas brutais", dirá sobre esse período no livro-entrevista O Sal da Terra . «No início de 69», diz Peter Kuhn, que era assistente de Ratzinger na época, «conheci Schlier. Ele me perguntou como estava nosso “chefe” em Tübingen. Eu respondi que as coisas não estavam indo nada bem. Ele me disse: “Em Regensburg, eles decidiram estabelecer uma segunda cadeira de Dogmática. Conheço bem o Professor Franz Mussner, que ensina Exegese do Novo Testamento. Eu poderia informá-lo de que Ratzinger mudou de ideia e que ele poderia estar interessado em uma ligação deles.” “Professor”, eu disse a ele, “faça o que puder fazer agora mesmo”. Assim, já depois do verão de 69, o Professor Ratzinger atingiu o que ele então imaginava ser seu objetivo "profissional" definitivo. "Eu queria seguir minha teologia em um contexto menos agitado e não queria me envolver em polêmicas constantes", escreveu ele em sua autobiografia para justificar sua "fuga" de Tübingen. Segundo seu antigo aluno Martin Bialas, agora reitor da casa Passionista perto de Regensburg, as razões são diferentes: «Seu irmão Georg tornou-se diretor do Domspatzen. Mudar-se para Regensburg significou que os três irmãos Ratzinger finalmente puderam viver juntos. Estou certo de que esta foi a razão decisiva da sua chegada aqui, e não controvérsias teológicas." Na aldeia de Pentling, onde foi viver com a irmã e onde em 1972 mandou construir uma pequena vila com jardim, o Padre Joseph Ratzinger celebra missa todos os dias, incluindo aos domingos. Sua irmã está sempre ao seu lado. “Aí vêm José e Maria”, brincam os paroquianos assim que os veem aparecer no caminho que leva à igreja. 

Ratzinger, o ecumênico 

Quaisquer que sejam as razões predominantes para sua mudança, uma nova aventura começa para Ratzinger em Regensburg. A Faculdade de Teologia substitui a Escola diocesana de Altos Estudos Filosófico-Teológicos e, nos primeiros tempos, também herdou sua antiga sede, instalada desde 1803 no claustro dominicano, o mesmo em que Santo Alberto Magno havia trabalhado. Em breve todas as atividades acadêmicas serão transferidas para os prédios da nova sede, na periferia da cidade. Para chegar à Universidade, Ratzinger geralmente usa transporte público. Às vezes, ele é transportado nos carros improváveis ​​de seus alunos e colaboradores: o Citroen 2CV de Kuhn, o Fusca de Bialas, o Opel Kadett mais sério de Wolfgang Beinert.

A nova Faculdade de Teologia é como uma tábula rasa. Não tem a grande história de Tübingen por trás, mas isso também tem suas vantagens: você pode trabalhar com total liberdade, sem ficar muito condicionado por um passado incômodo. Comparado ao caos de Tübingen na década de 1960, parece uma ilha de tranquilidade. Mas certamente não pode ser descrito como o bunker da resistência reacionária aos excessos da teologia pós-conciliar. Entre os estudantes, os slogans da mobilização política são os mesmos de outros lugares: "Pela vitória do povo vietnamita", diz um slogan em grandes letras vermelhas nas paredes do refeitório da universidade. Todo o corpo docente da faculdade foi contratado recentemente. E os professores têm perfis e sensibilidades teológicas diferentes, até mesmo contrastantes. Os dois extremos são representados pelo velho Auer, de formação escolar, e por Norbert Schiffers, professor de Teologia Fundamental próximo da Teologia da Libertação. «Para dizer a verdade», confidencia Martin Bialas, «o bispo de Regensburg, Rudolf Graber, também considerava o professor Ratzinger um “modernista” e estava preocupado com a sua chegada à Faculdade. Mas ele não vetou, como poderia ter feito." De fato, todas as escolhas e iniciativas que o professor bávaro implementaria nos anos seguintes – temas e métodos de ensino, participação na vida docente, cargos públicos – não parecem se encaixar no clichê do desertor conservador, ou do teólogo conciliar arrependido.

Joseph Ratzinger em uma foto de 1971 | 30Giorni

Basta percorrer os títulos dos cursos e seminários para registrar como a atualidade eclesial e teológica, bem como o diálogo ecumênico com outras confissões cristãs, estão sempre presentes no horizonte de interesse do professor. Em 1973, o seminário principal se concentrou nos textos da sessão plenária do Conselho Mundial de Igrejas, seção “Fé e Ordem”, da qual Ratzinger participou junto com o outro teólogo alemão Walter Kasper. No semestre de inverno de 73-74, o curso principal de Cristologia é acompanhado por um seminário que analisa todas as "novidades" teológicas produzidas nesse campo por autores contemporâneos, de Rahner a Moltmann, de Schoonenberg a Pannenberg. Em 1974, o curso de Eclesiologia foi acompanhado por um seminário inteiramente focado na Lumen gentium , a constituição do Concílio Vaticano II sobre a Igreja. Em 1976, o seminário principal abordou a possibilidade de reconhecimento pela Igreja Católica da Confessio Augustana , a fórmula de fé elaborada pelo luterano Filipe Melanchthon. O seminário destaca os argumentos a favor desse reconhecimento defendidos pelo aluno de Ratzinger, Vinzenz Pfnür, que o mestre parece compartilhar. O método também consiste em abordar diretamente questões problemáticas, sem tabus. Como ele relatou no livro Bento XVI: A consciência do nosso tempo. Um retrato teológico Verbite Vincent Twomey, seu aluno durante os anos em Regensburg, «no início de cada semestre, alunos de todos os anos e de várias disciplinas se reuniam em uma das salas de leitura maiores para ouvir com atenção as leituras introdutórias de Joseph Ratzinger. Qualquer que fosse o tratado que ele estivesse abordando naquele semestre — criação, cristologia ou eclesiologia — ele começaria situando o assunto primeiro em seu contexto cultural contemporâneo e depois dentro de desenvolvimentos teológicos mais recentes, e então ofereceria seu próprio exame original, acadêmico e sistemático do assunto.” A única exigência que se pede aos seus alunos é que mantenham vivo o espírito crítico mesmo diante de novos conformismos. Outro ex-aluno de Ratzinger, Joseph Zöhrer, agora professor de teologia na Hochschule für Pedagogische Studien em Freiburg, diz: «Ele reagiu com sutil ironia quando argumentos que não haviam sido suficientemente examinados foram usados ​​na discussão. Certa vez, um aluno apoiou uma tese justificando-a com base em uma simples citação do teólogo Karl Rahner. Ratzinger provocou-o: “É estranho”, disse ele, “que depois de ter declarado legitimamente o seu ceticismo em relação à fórmula ‘Roma locuta causa finita’, agora se mova sem pestanejar para a fórmula ‘Rahner locuto causa finita’…”.

Comparado aos seus colegas, Ratzinger tem suas afinidades eletivas. Ele se sente em particular harmonia com os exegetas Mussner e Gross. Mas ele sempre mantém uma atitude reservada, não participa de grupos acadêmicos, não polariza sentimentos conflitantes em relação a si mesmo. «Por natureza», explica Bialas, «ele não é um polemista, alguém que gosta de brigar. Por isso sempre me pareceu que ele sofreu um pouco ao desempenhar, durante quase vinte e cinco anos, a missão que lhe foi confiada pelo Papa Wojtyla à frente do antigo Santo Ofício." Em Regensburg, os outros professores também tiram proveito de sua natureza tranquila, o que é útil quando se busca soluções satisfatórias em disputas acadêmicas. É também por isso que o fizeram primeiro reitor da faculdade e depois até vice-reitor da universidade. Nessa função, ele também contribui para deixar de lado graciosamente a solicitação de cursos básicos de marxismo patrocinados principalmente por estudantes e funcionários administrativos dentro dos órgãos representativos da gestão da Universidade. 

Fonte: https://www.30giorni.it/

Jesus, o esperado pelas nações e esperança viva para o mundo!

Menino Jesus  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Em Cristo a humanidade atinge a sua consciência mais luminosa, e sua vocação mais verdadeira a filiação divina.

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz - Bispo Diocesano de Campos

A Solenidade da Epifania revela plenamente o mistério do Natal, alcançando sua dimensão universal para toda a humanidade. A Estrela de Belém e os Sábios de Oriente mais conhecidos como Reis Magos, visibilizam a busca, o itinerário espiritual e o encontro com o Salvador. De fato, oferecem um caminho que passa por discernir e acolher os sinais de esperança e libertação que nunca faltam na história e na Criação.

Mas que devem ser iluminados com a Palavra de Deus para acertar o rumo e chegar ao reconhecimento do Menino Deus. Diante Dele prostrar-se em adoração sincera e amorosa oferecendo como presentes o incenso de nossa oração fiel e generosa, o ouro de aceitar pela caridade operosa o Reinado de Deus e finalmente a mirra de nossa entrega e comprometimento que passa pela cruz.

É importante ainda assinalar que estes sábios representam o diálogo de todos os povos e nações com Cristo o único a atender plenamente todos os desejos e aspirações mais profundas dos homens e mulheres e das suas culturas.

Em Cristo a humanidade atinge a sua consciência mais luminosa, e sua vocação mais verdadeira a filiação divina. Depois de vê-lo e adorá-lo com alegria e agraciados pelo encontro que lhes fez mudar o sentido de suas vidas retornaram a seus destinos por um caminho diferente, deixando de lado a Jerusalém do Rei Herodes, lugar do poder despótico e da soberba assassina.

Neste novo ano vamos tornar-nos peregrinos e testemunhas da esperança, oferecendo ao mundo e partilhando com todos povos raças e culturas, o anuncio da perola de infinito valor, Jesus Cristo o Salvador esperado por todas as Nações, construindo e edificando um mundo mais solidário, fraterno e equitativo onde todos tenham vida em abundância, curando e restaurando a Casa Comum. Deus seja louvado!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF