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sexta-feira, 21 de março de 2025

Estamos no decênio decisivo para o planeta!

O decênio decisivo (Editora Elefante)

ESTAMOS NO DECÊNIO DECISIVO PARA O PLANETA! 

Dom Itacir Brassiani
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

A temática ambiental é uma questão urgente. Literalmente, sentimos isso na pele. E a Igreja Católica, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, afirma sem meias palavras a frase que escrevi como título dessa coluna semanal. E acrescenta: “Ou mudamos, convertendo-nos, ou provocaremos, com nossas atitudes individuais e coletivas, um colapso planetário” (cf. Campanha da Fraternidade 2025, Texto-base, § 8). 

Essa opção dá palanque para polêmicas e ataques de grupos negacionistas de dentro e de fora da Igreja. Mas a CNBB cumpre seu papel, lembrando que “não há um planeta reserva” e chamando todos a uma urgente e profunda conversão ecológica, ou seja: a passar da lógica extrativista (que considera a terra apenas um reservatório inesgotável de recursos que podemos usar como e quanto quisermos) a uma lógica do cuidado. 

Mesmo causando arrepios a algumas pessoas pias, os Bispos pedem que superemos a indiferença frente ao sofrimento dos pobres e da terra e abandonemos a “idolatria dos desejos desordenados do consumismo e do materialismo” (§ 14). E isso começa pela admissão de que “cada criatura expressa na sua singularidade a ternura amorosa de Deus”, e que nossa missão é ser guardiães e zeladores da obra do criador. 

Não podemos atribuir a crise ambiental à responsabilidade individual. E menos ainda às pessoas e países pobres. A origem dessa crise envolve fatores históricos, sociais, econômicos e políticos. Mas a causa preponderante é “o modelo de produção capitalista, baseado na exploração dos patrimônios naturais, na queima de combustíveis fósseis, na expansão desenfreada do consumo e na relação mercantilista com a natureza” (§ 26). 

Uma das raízes da crise ecológica é humana e social, e só quem quer ser cego pode ignorar a coincidência entre os fenômenos climáticos globais e a aceleração das emissões de gases de efeito estufa. Quem atribui as secas ou enchentes unicamente ao “El Niño” ou “La Niña” está criando bodes expiatórios. Ou será que os oceanos podem mudar de humor e decidir, sem mais, castigar os seres humanos e a natureza da qual fazem parte?  

Mas, apesar dos “paradoxos climáticos” que se repetem amiúde e crescem em termos de força destruição, e não obstante os dados seguros da ciência, há grupos que negam as mudanças climáticas ou pretendem diminuir sua gravidade. Alguns divulgam a falácia de que tudo será resolvido pelos avanços da tecnologia ou pela própria economia de mercado. Isso gera confusão e passividade, e retarda a urgente conversão ecológica e as ações concretas para enfrentar a emergência climática. 

Do ponto de vista da moral cristã, a agressão à natureza, assim como a omissão e a negação da emergência climática, são “pecados ecológicos”. Este grave pecado consiste no “desrespeito ao criador e sua obra que é a Casa Comum” mediante “ações e omissões contra Deus, contra o próximo e contra o meio ambiente” (§ 52). É um tipo de cegueira ou insensibilidade com o mundo. É uma visão que nos leva a tratar as pessoas e demais seres vivos como objetos, e a entregar às gerações futuras um planeta insustentável. 

Fonte: https://www.cnbb.org.b

Pedir a fé a gritos

Pedir a fé aos gritos (Opus Dei)

Pedir a fé a gritos

Aumenta a nossa fé, pediam os apóstolos a Jesus Cristo. Neste vídeo, São Josemaria nos aconselha a fazer o mesmo e a pedir a Deus o que nem sempre está ao nosso alcance: a fé, a esperança e a caridade.

https://www.youtube.com/embed/PzUrdR28uKg?autoplay=1&rel=0&cc_load_policy=1

17/03/2025

Como o senhor indicaria a melhor maneira de aumentar essa fé escrita com letras maiúsculas que nós devemos ter e irradiar para as pessoas que estão conosco, para sermos verdadeiras testemunhas?

Vou fazer os Apóstolos darem o conselho. Eles, que eram homens como nós, e que além disso, eles me perdoam quando eu digo o que o próprio Jesus dizia a eles, e eles contam nos Evangelhos. Eles não demonstravam muito talento, mas eram muito espertos. Procuravam a fonte. Dizem: Adauge nobis fidem! Aumenta a nossa fé! - diziam a Jesus.

Você sabe que a fé, a esperança e a caridade são virtudes teologais, virtudes que não podemos adquirir com nossas próprias forças que são dadas gratuitamente por Deus para nós.

Com a oração, onde quer que você esteja agora. Eu falo na presença de Deus, e procuro fazer oração. Deus está aqui. “Regnum Dei intra vos est”. O reino de Deus está dentro de vós, porque o Espírito Santo está presente em nossa alma em graça, para que não vivamos como animais, mas a vida de filhos de Deus.

Portanto, agora você faz sua oração e diga ao Senhor em altos brados, sem ser ouvido: "Senhor, aumenta a nossa fé”. E Ele vai aumentar sua fé.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/pedir-a-fe-a-gritos/

Preservar as geleiras, essenciais para a vida

Geleiras (iGUi Ecologia)

O tema do Dia Mundial da Água que se celebra no dia 22 de março pela ONU desde 1993, conclama a preservação das geleiras.

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz - Bispo Diocesano de Campos

A água de degelo  é de  suma importância para a água potável, agricultura, indústria, energia limpa e ecossistemas equilibrados e saudáveis.

O rápido e intenso processo de redução e derretimento das geleiras é um sinal inequívoco do aquecimento global tornando o ciclo da água mais imprevisível e externo. Outra constatação ameaçadora é que o recuo glacial causa devastação, causando secas, inundações, deslizamentos de terra e elevando o nível do mar sendo um risco cada vez maior para populações litorâneas e insulares que podem transformar-se rapidamente em refugiados climáticos.

Torna-se necessário despertar a consciência da gravidade do recuo glacial e trabalhar juntos em estratégias que reduzam efetivamente as emissões de gases de efeito estufa e gerenciar a água de degelo de forma mais sustentável para as pessoas e a Casa Comum.

Este ano o tema da Campanha da Fraternidade nos convida a uma conversão integral que nos leve a escutar o grito dos pobres e da Criação, incluindo neste caso o grito da água nossa irmã pura e casta que sustenta nossa vida. Nosso corpo é constituído de 70% de água. Ao deixar de beber água, uma pessoa vive só três dias, porque perde 13 litros da água do corpo e morre. Por isso ela é um bem público, um direito humano universal, que nenhuma criatura pode deixar de ter livre acesso.

É realmente perverso  converte-la em ouro azul,  mercadoria ou bem privado somente para quem possa pagar, violando o princípio da destinação universal dos bens da terra. Cuidar da Casa Comum é preservar as geleiras, defender a água para todas as pessoas e criaturas, nunca esqueçamos que a água é dom de Deus e fonte de vida, sinal da água viva que Jesus prometeu. Por um uso responsável e equitativo da água que respeite a justiça e o bem comum da Criação. Deus seja louvado!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 20 de março de 2025

O que é liberdade? É, de fato, o simples ato de escolher?

Shutterstock I kitzcorner

Julia A. Borges - publicado em 03/12/23

Que possamos compreender que escolher caminhar pelas veredas dos ensinamentos de Deus é contemplar a verdadeira liberdade que o ser humano pode, ainda em vida, contemplar.

Para onde quer que se vá, para onde quer que olhe, é fato que o mundo parece ter escolhido a “liberdade” como sua maior forma de expressão. O termo é colocado entre aspas porque seu conceito tem estado um pouco nebuloso em meio a tantos discursos ideológicos, sociais e políticos.

Ao longo do tempo, seu significado social vai sendo suplantado pelas questões de cunho pessoal e identitário; a liberdade antes alcançada a fim de tornar independente uma nação, vai ganhando um novo status quo e parte a ser objeto de desejo do indivíduo que quer e precisa ser aceito pelas suas escolhas. Fato é que não há mal ter o poder de decisão em sua vida, este é o livre arbítrio dado por Deus, esta é a democracia almejada pelos cidadãos em uma nação justa. Todavia, o que se percebe é que a liberdade é uma arma, e se usada por quem não a sabe manusear, o resultado pode ser fatal.

Reduzir a pó o conceito de liberdade individual é afirmar que livre é o simples ato e efeito de escolher e sepultar este conceito é ainda reiterar que a sociedade deve ser impelida a aceitar o ato de vontade de cada cidadão. São dois princípios muito em voga atualmente mas que inflamam ainda mais o mal no mundo, até porque, as deturpações ocorridas ao longo da história acerca do termo só fomentam a certeza de que a raça humana parece estar cada vez mais aquém de exercer o livre arbítrio.

Cabe salientar que o entendimento de desejo e de vontade carregam sentidos um pouco diferentes na esfera filosófica, mas que aqui serão tratados de igual valor semântico. Dito isso, existem nos animais – racionais e irracionais -  o apetite por algo, a vontade inflamada por determina coisa, mas que no ser humano, esse conhecimento sensível está ligado com a nossa capacidade de conhecimento mais profunda, distinguindo a razão e o substrato ontológico que nos dá a capacidade maior de entendimento de si e do mundo. Ou seja, o ser humano, de acordo com sua potencialidade intelectual, seria capaz de distinguir até mesmo os seus desejos e vontades, analisando os efeitos do ato gerado: um animal irracional não faria jejum, talvez faça pelo fato de não ter o alimento, mas o ser humano, mesmo com fome, tem a capacidade de escolher passar fome seja por questões nutricionais, religiosas ou ideológicas. O desejo superficial de querer comer porque tem fome é ultrapassado pela vontade em concluir determinada ação idealizada.

A vontade é o apetite racional, e esta vontade é combustível para prosseguir, mesmo que o desejo sensível incline para o extremo oposto. Somos seres complexos, e desperdiçar tamanha potência intelectual é jogar fora um verdadeiro dom divino, é jogar fora o uso perfeito e claro do que venha a ser o livre arbítrio, afinal, agir como animais irracionais, que deixam por reverberar somente seu lado dos sentidos é calar a voz divina que grita em você.

Compreendendo, pois, o cerne dos nossos desejos e compreendendo a aptidão que nos foi dada através do raciocínio, é possível, a partir daí, alcançar a verdadeira ideia de liberdade, que pouco ou quase nada tem de similar com a “liberdade” que a sociedade atual tem proclamado, porque tamanho foi o desentendimento sobre o seu sentido que a ignorância parece ter tomado conta por completo de sua acepção. 

Ser livre é poder escolher entre dois bens, e não entre um bem e um mal. Este é o entendimento que se deve ter para um compreensão inequívoca do termo. A realização da liberdade acontece na escolha do bem e quanto maior é a sintonia com Deus, melhor é a nossa escolha. Ao, todavia, ficar entre um bem e um mal, e a escolha ser pelo mal, é fato que houve o exercício do livre arbítrio, mas é ainda mais claro que já não existe liberdade operando, mas sim, a completa escravidão.

A liberdade verdadeira está em escolher bens, e se o entendimento da sociedade atual está embasado no conceito de escolha entre um bem e um mal é porque esta mesma sociedade está doente e já totalmente escrava do pecado, haja vista que não se pode ter entre as parte das escolhas uma que intrinsicamente anule a própria liberdade. Eva, por exemplo, tinha inúmeras árvores para buscar o seu fruto, possuía um paraíso sem fim à sua espera, tinha de fato a liberdade em escolher incontáveis bens ao seu dispor, mas preferiu o mal. Seu livre arbítrio não a tornou livre, mas prisioneira dos seus próprios pecados.

Que possamos compreender que escolher caminhar pelas veredas dos ensinamentos de Deus é contemplar a verdadeira liberdade que o ser humano pode, ainda em vida, contemplar.   

Fonte: https://pt.aleteia.org/2023/12/03/o-que-e-liberdade-e-de-fato-o-simples-ato-de-escolher

Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo (X)

A Aliança: Experiência de Fé (Diocese de Guarulhos)

Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo

(Lib. 4,16,2-5: SCh 100, 564-572)             (Séc. II)

A aliança do Senhor

No Deuteronômio, Moisés disse o seguinte ao povo: O Senhor teu Deus firmou uma aliança no Horeb. Não foi com vossos pais que o Senhor firmou esta aliança, mas convosco (Dt 5,2-3).

Por que não firmou a aliança com seus pais? Porque a lei não foi feita para o justo (1Tm1,9). Ora, seus pais eram justos; tinham o conteúdo do Decálogo gravado em seus corações e em suas almas, pois amavam a Deus que os criara e abstinham-se de toda injustiça para com o próximo. Não precisavam da advertência de uma lei escrita, porque tinham em si mesmos a justiça da Lei.

Mas, quando essa justiça e esse amor para com Deus caíram no esquecimento e se extinguiram no Egito, tornou-se necessário que Deus, em sua grande bondade para com os homens, se manifestasse de viva voz.

Com seu poder fez sair seu povo do Egito, para que o homem voltasse a ser discípulo e seguidor de Deus; e castigou os desobedientes, a fim de que o povo não desprezasse o seu Criador.

Alimentou-o com o maná, para que recebesse um alimento espiritual, conforme disse também Moisés no Deuteronômio: Ele te alimentou com o maná, que nem tu nem teus pais conheciam, para te mostrar que nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca do Senhor (Dt 8,3).

Deu ainda o mandamento do amor de Deus, e ensinou a justiça para com o próximo, a fim de que o homem não fosse injusto nem indigno de Deus. Assim, por meio do Decálogo, Deus preparava o homem para a sua amizade e para a concórdia com o próximo. Era o homem que tirava proveito de tudo isso, uma vez que Deus não tinha nenhuma necessidade do homem.

Efetivamente, tudo isso contribuía para a glória do homem, dando o que lhe faltava, isto é, a amizade de Deus. Porém, isto nada acrescentava a Deus, pois ele não tinha necessidade do amor do homem.

O homem é que precisava da glória de Deus, a qual de modo algum poderia obter senão servindo a Deus. Por isso, Moisés lhe disse de novo: Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e teus descendentes, amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele – pois é a tua vida e prolonga os teus dias (Dt 30,19-20).

A fim de preparar o homem para esta vida, o Senhor proclamou por si mesmo as palavras do Decálogo, para todos sem exceção; por isso elas não foram abolidas por ocasião da sua vinda segundo a carne, mas permanecem em vigor entre nós, desenvolvidas e amplificadas.

Quanto aos preceitos próprios da servidão, Deus prescreveu-os separadamente ao povo, por intermédio de Moisés, adaptados à sua educação e formação, conforme disse o próprio Moisés: Naquele tempo, vos ensinei leis e decretos conforme o Senhor Deus me ordenou (cf. Dt 4,5). Por isso, os preceitos, que implicavam a servidão e tinham o caráter de sinais, foram abolidos pelo Senhor na Nova Aliança da liberdade. Mas os preceitos naturais, que convêm a homens livres e são comuns a todos, foram completados e aperfeiçoados, concedendo generosamente aos homens o dom de conhecer a Deus como Pai adotivo, amá-lo de todo o coração e seguir seu Verbo sem se desviarem.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Exercícios Espirituais no Vaticano, 10ª Meditação: "Deixar-se transformar" (X)

Padre Roberto Pasolini prega os Exercícios Espirituais para a Cúria Romana (Vatican News)

Exercícios Espirituais no Vaticano, 10ª Meditação: "Deixar-se transformar"

O pregador da Casa Pontifícia, Pe. Roberto Pasolini, fez na manhã desta sexta-feira, 14 de março, a décima meditação no âmbito dos Exercícios Espirituais da Quaresma à Cúria Romana sobre o tema "A esperança da vida eterna: Deixar-se transformar". Publicamos a síntese da reflexão.

Vatican News

A vida, com sua beleza e suas dificuldades, nos coloca diante de uma pergunta crucial: qual é o sentido de nossa peregrinação neste mundo quando tudo está destinado a acabar? Sem a esperança na eternidade, o peso da realidade pode nos esmagar ou nos tornar cínicos, levando-nos à resignação. São Paulo propõe que fixemos nosso olhar nas coisas invisíveis, que são eternas. 

A humanidade é marcada pelo declínio físico, mas há uma renovação interior que ocorre dia após dia. Tudo o que parece desaparecer tem, na verdade, um destino maior: Deus nos criou para a ressurreição, e isso não é um sonho utópico, mas a lógica natural de uma existência chamada à plenitude.

No mistério da cruz e da ressurreição de Cristo, Deus completou seu desígnio de amor. A aparente derrota do Crucificado é, na verdade, a revelação de um Pai que não desiste de seus filhos. Isso significa que nossa vida não é deixada ao acaso, mas faz parte de um projeto de adoção e redenção que nos torna filhos amados e destinados à eternidade. Tudo o que experimentamos - alegrias, tristezas, conquistas e fracassos - faz parte de uma transformação contínua, semelhante à de uma semente que, ao morrer, gera uma nova vida. Assim, também nós, mesmo atravessando o limite da morte, estamos destinados a uma vida nova e gloriosa.

Essa transformação não é apenas futura, mas já começa agora. Na Eucaristia, de fato, ocorre uma troca misteriosa: oferecemos a Deus nossa vida e recebemos em troca o próprio Cristo, que nos transforma em seu amor. Em cada missa que celebramos, tudo o que somos é assumido na vida de Cristo, que o leva consigo perante o Pai. Não se trata de um rito simbólico, mas de um processo real de transformação de nossa pessoa, que nos torna partícipes da vida eterna já no presente.

Não sabemos exatamente o que vai acontecer no final, mas sabemos que o que seremos já está germinando dentro de nós. Não somos destinados ao nada, mas a um futuro cheio de esperança. Esta certeza muda tudo: nossa vida não é um filme sem sentido, mas uma obra escrita e dirigida por um Diretor extraordinário, que nos convida a fixar o olhar na eternidade e a caminhar em direção a Ele com confiança. É um fato real: Deus gerou filhos, e entre esses filhos estamos também nós. O futuro permanece diante de nós como um desenho de amor apenas parcialmente revelado. Entretanto, o que vemos hoje já é maravilhoso: somos filhos amados, cidadãos do céu, vivendo para Deus e para sempre.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Aumentam os católicos no mundo: são um bilhão e 406 milhões

Uma Missa na África (Vatican Media)

O Annuario Pontificio 2025 e o Annuarium Statisticum Ecclesiae 2023 foram publicados: a população católica cresceu nos cinco continentes, com a África registrando o maior aumento percentual (+ 3,31%). E, novamente, na África e também na Ásia há um aumento no número de padres, enquanto na Europa, Oceania e América há uma diminuição. Diminuição do número de religiosos professos e seminaristas maiores.

Elaborado pelo Escritório Central de Estatística da Igreja

O Annuario Pontificio 2025 e o Annuarium Statisticum Ecclesiae 2023, cuja elaboração foi feita pelo Escritório Central de Estatística da Igreja, da Secretaria de Estado, já estão disponíveis nas livrarias, publicados pela Tipografia Vaticana. Ao examinar os dados do Anuário Pontifício, é possível obter informações sobre a vida da Igreja Católica no mundo em 2024. Durante esse período, uma Metrópole foi criada; três sedes episcopais foram elevadas a Sedes Metropolitanas; foram criadas sete novas dioceses; uma Sede Episcopal foi elevada a arquidiocese e uma Administração Apostólica a Diocese. Por sua vez, o Annuarium Statisticum Ecclesiae oferece uma visão geral dos principais fenômenos quantitativos relativos à ação pastoral da Igreja Católica no mundo. A seguir estão as informações estatísticas relativas ao biênio 2022-2023.

Aumento da população católica no mundo

1. A população católica mundial aumentou em 1,15% entre 2022 e 2023, passando de aproximadamente 1.390 para 1.406 milhões, uma porcentagem muito semelhante à dos dois anos anteriores. A distribuição dos católicos batizados, de acordo com o diferente peso demográfico dos continentes, é diferente nas diversas áreas geográficas. A África reúne 20% dos católicos de todo o planeta e é caracterizada por uma difusão muito dinâmica da Igreja Católica: o número de católicos aumenta de 272 milhões em 2022 para 281 milhões em 2023, com uma variação relativa de +3,31%. Entre os países do continente africano, em particular, a República Democrática do Congo é confirmada em primeiro lugar no número de católicos batizados, com quase 55 milhões, seguida pela Nigéria, com 35 milhões; Uganda, Tanzânia e Quênia também registram números respeitáveis.

Com um crescimento de 0,9% no biênio, a América consolida sua posição como o continente ao qual pertencem 47,8% dos católicos do mundo. Desses, 27,4% residem na América do Sul (onde o Brasil, com 182 milhões, representa 13% do total mundial e continua sendo o país com o maior número de católicos), 6,6% na América do Norte e os 13,8% restantes na América Central. Se relacionarmos o número de católicos com o tamanho da população, Argentina, Colômbia e Paraguai se destacam com mais de 90% da população. O continente asiático registra um crescimento de católicos de 0,6% no biênio, seu peso em 2023 é de cerca de 11% no mundo católico. 76,7% dos católicos do Sudeste Asiático em 2023 estão concentrados nas Filipinas, com 93 milhões, e na Índia, com 23 milhões. A Europa, embora abrigue 20,4% da comunidade católica mundial, continua sendo a área menos dinâmica, com um crescimento no número de católicos no biênio de apenas 0,2%. Essa variação, por outro lado, diante de uma dinâmica demográfica quase estagnada, se traduz em uma ligeira melhora na presença de católicos, chegando a quase 39,6% em 2023. Itália, Polônia e Espanha possuem uma incidência de católicos superior a 90% da população atual. Os católicos da Oceania são pouco mais de 11 milhões em 2023, 1,9% a mais do que em 2022.

Uma Missa na África   (AFP or licensors)

O número de bispos aumentou em dois anos

2. O número de bispos no mundo católico aumentou no último biênio, com uma variação geral de 1,4%, de 5.353 em 2022 para 5.430 em 2023. Esse movimento de crescimento é encontrado em todos os continentes, com exceção da Oceania, onde o número de Bispos não mudou no biênio. A variação relativa é um pouco mais acentuada na África e na Ásia e abaixo da média mundial na Europa e na América. Também é possível observar que o peso relativo de cada continente permanece quase inalterado durante o período e proporcional à importância relativa de cada continente, com uma concentração maior de bispos na América e na Europa. Na África, a quota dos bispos no total mundial aumenta de 13,8% em 2022 para 14,2% em 2023.

Também deve ser observado que o número de católicos por Bispo em 2023 não difere muito de continente para continente: enquanto a média mundial é de 259.000 católicos por bispo, cifras de 365.000 e 334.000 são registradas na África e na América, respectivamente. Particularmente favorável é a situação na Oceania, com 87.000 católicos por Bispo, um sinal, desse ponto de vista, de um ligeiro excesso de bispos em comparação com os outros continentes.

Mais padres na África e na Ásia, menos na Europa, Oceania e América

3. No final de 2023, havia 406.996 sacerdotes nas 3.041 circunscrições eclesiásticas do mundo católico, uma redução de 734 em relação a 2022, ou -0,2%. Um exame por área geográfica mostra um aumento na África (+2,7%) e na Ásia (+1,6%) e uma diminuição na Europa (-1,6%), Oceania (-1,0%) e América (-0,7%). Se, além dos continentes, também for levada em conta a distinção entre diocesanos e religiosos, nota-se que na Ásia e na África o aumento de padres como um todo pode ser atribuído à dinâmica de padres diocesanos e religiosos. Para a África, em particular, o aumento geral de sacerdotes resulta de um aumento de cerca de 3,3% nos diocesanos e de 1,4% nos religiosos. No continente americano, destaca-se o aumento do clero diocesano na América Central e na América Latina no biênio. Na Europa, no entanto, observa-se uma diminuição de 1,6% tanto no total quanto nos componentes individuais (diocesanos e religiosos); a mesma coincidência, embora a diminuição seja menor (-1,0%), é observada na Oceania.

A distribuição em 2023 por área geográfica mostra que, diante de 38,1% do número total de padres na Europa, há 29,1% pertencentes ao continente americano, enquanto as outras áreas continentais seguem com 18,2% para a Ásia, 13,5 para a África e 1,1 para a Oceania. A análise estrutural dos padres pode ser acrescentada à dos católicos para destacar eventuais desequilíbrios entre a demanda e a oferta de serviços pastorais. No caso de um equilíbrio perfeito entre a presença e a demanda por atividade pastoral, a composição percentual de padres deveria coincidir, para cada área territorial examinada, com a de católicos. Na realidade, uma comparação das duas porcentagens de composição de padres e católicos mostra que há grandes disparidades em 2023. Em particular, as porcentagens de padres excedem as de católicos na América do Norte (10,3% de padres vs. 6,6% de católicos), Europa (38,1% de padres vs. 20,4% de católicos) e Oceania (1,1% de padres vs. 0,8% de católicos). A escassez mais evidente de sacerdotes está na América do Sul (12,4% de sacerdotes e 27,4% de católicos), na África (13,5% de sacerdotes e 20,0% de católicos) e na área Continental Central da América (5,4% de sacerdotes e 11,6% de católicos).

O grupo de diáconos

4. Os diáconos permanentes constituem o grupo de clérigos que cresce mais rapidamente. Seu número chegou a 51.433 em 2023, em comparação com 50.150 em 2022, um aumento de 2,6%. As disparidades territoriais permanecem acentuadas: taxas de crescimento significativas são observadas na Oceania (+10,8%) e na América (+3,8%), enquanto há taxas de mudança ligeiramente decrescentes na África e na Europa. Não há variações significativas na distribuição planetária de diáconos durante o biênio em consideração: há apenas uma diminuição no número relativo de diáconos na Europa e um crescimento no da América, devido essencialmente a um desenvolvimento notável na América do Norte. Essa figura de agente pastoral está particularmente presente na América (especialmente na América do Norte, com 39% de todos os diáconos do mundo) e também na Europa (31%).

Para destacar o papel de apoio desses agentes na ação pastoral ao lado dos sacerdotes, pode-se considerar a proporção do número de diáconos permanentes em comparação, área por área, com o número de sacerdotes presentes. Assim, verifica-se que, no mundo, a distribuição de diáconos para cada 100 sacerdotes presentes é de 13 em 2023, variando de um mínimo de apenas 0,5 na Ásia a um máximo de 29 na América. Na Europa, o quociente é de cerca de 10, enquanto na África apenas um diácono permanente serve ao lado de cem sacerdotes. O tamanho desse índice, embora apreciável, ainda é bastante modesto para que o trabalho dessa categoria de agente pastoral tenha um impacto significativo no equilíbrio entre a demanda e a oferta de serviços aos católicos no território. Em termos evolutivos, entretanto, é perceptível que os diáconos permanentes tendem a mostrar uma presença maior no território precisamente nas áreas em que a rotatividade de padres parece ser mais problemática.

Diminuição dos religiosos professos e religiosas professas

5. A diminuição do número de religiosos professos não sacerdotes e de religiosas professas que ocorreu ao longo do tempo continuou em 2023, embora em um ritmo menos intenso. Em particular, deve-se notar, com relação ao número de religiosos professos não sacerdotes, que enquanto na África houve um aumento entre 2022 e 2023, em todos os outros continentes houve uma diminuição. Vale a pena observar que a diminuição na América do Sul se atenuou em comparação com a redução média anual no período anterior, e que há até mesmo uma situação estacionária na América Central. O peso relativo nas várias áreas da presença de religiosos professos que não são sacerdotes é tal, quando considerado diacronicamente, que reafirma a diminuição na Europa, que continua a decrescer durante 2023.

A contração de religiosas professas, conforme mencionado, continuou em 2023. Globalmente, elas passam de 599.228 em 2022 para 589.423 em 2023, uma mudança relativa de -1,6%. Quanto à sua distribuição geográfica, em 2023, quase 32% residem na Europa, seguidos pela Ásia com 30%, América com 23% (distribuídos igualmente nos dois hemisférios), África com 14% e Oceania com 1%. A contração registrada no número de religiosas professas no mundo é substancialmente atribuível a um aumento considerável de mortes, resultado de uma alta presença de religiosas em idade avançada, enquanto o número de abandonos da vida religiosa se torna menos relevante durante o biênio. A África, no biênio 2022-2023, registra o aumento significativo de 2,2%, seguida pelo Sudeste Asiático, com +0,1%. A América do Norte, por outro lado, mostra uma contração de -3,6%. Ela é seguida de perto pela América do Sul, com -3%, enquanto o declínio na América Central Continental e nas Antilhas Centrais é mais moderado. A Europa traz o recorde negativo, com uma variação de -3,8%.

Esses movimentos, é claro, afetam as mudanças nos pesos continentais do número de religiosas professas. Com referência ao período 2022-2023, há uma redução da presença de religiosas na Europa e na América do Norte, com vantagem para Ásia e África. Em particular, enquanto em 2022 o número total de religiosas professas atuando na Europa e na América representava 55,8% do total mundial, em 2023 essa porcentagem caiu para 54,8%. A mudança mais significativa durante o período foi observada no Sudeste Asiático (de 28,7% para 29,2%) e na África (de 13,9% para 14,5%).

Apesar da contração observada globalmente e em nível de algumas realidades continentais, as religiosas professas continuam sendo uma realidade não negligenciável: o número total de religiosas representa 45% a mais do que a população sacerdotal. Embora o papel que elas historicamente desempenham na prestação de serviços tenha diminuído de modo geral ao longo dos anos, seu trabalho na vida da comunidade cristã ainda continua sendo o de acompanhar, ou mesmo substituir, o dos sacerdotes.

Grandes disparidades no número de vocações

6. A tendência temporal observada no mundo do número de seminaristas maiores denota uma diminuição ininterrupta desde 2012. O número de candidatos ao sacerdócio passou de 108.481 em 2022 para 106.495 em 2023, com uma variação de -1,8%. A diminuição, observada no total mundial, afeta todos os continentes, com exceção da África, onde os seminaristas aumentaram 1,1% (de 34.541 para 34.924). Na Europa, Ásia e América, mas especialmente no primeiro continente, as reduções são significativas (-4,9% na Europa, -4,2% na Ásia e -1,3% na América). Na Oceania, a tendência é negativa e de pouco peso.

A distribuição percentual dos seminaristas maiores por continente mostra mudanças modestas no biênio considerado. A África e a Ásia contribuíram com 61,0% do total mundial em 2022, uma porcentagem que subiu para 61,4% em 2023. Além do leve ajuste negativo da Oceania, a América e a Europa como um todo veem, por outro lado, uma diminuição em sua incidência: em 2022, os 41.199 seminaristas americanos e europeus representavam quase 38% do total mundial, enquanto um ano depois caíram para 37,7%. Para destacar os excedentes positivos e negativos de vocações em nível territorial, é útil uma comparação entre a distribuição percentual de seminaristas e a distribuição correspondente de católicos.

Assim, verifica-se que em 2023 há grandes disparidades. Em particular, as porcentagens de seminaristas excedem as de católicos na África (32,8% de seminaristas contra 20% de católicos) e na Ásia (28,6% de seminaristas e 11% de católicos). Nesses continentes, há uma tendência de atender à necessidade de prover a obra do apostolado local com total autonomia. Na Europa e na América, entretanto, as porcentagens de seminaristas são menores do que as de católicos (12,0% de seminaristas e 20,4% de católicos na Europa e 25,7% de seminaristas e 47,8% de católicos na América). Nesses dois continentes, portanto, é mais difícil responder adequadamente às necessidades dos católicos presentes, como, em particular, a substituição geracional de sacerdotes.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

“Cuidado para não cair”

A figueira Estéril (Instituto Hesed)

“CUIDADO PARA NÃO CAIR” 

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

“Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair”. Esta sentença de São Paulo é provocativa para fazer o exame de consciência neste momento oportuno da quaresma, para tomar consciência da realidade e do lugar onde nos encontramos pessoalmente, como Igreja e como sociedade (Êxodo, 3,1-8.13-15, Salmo 102, 1 Coríntios 10,1.6.10-12 e Lucas 13,1-9). 

O santo Evangelho relata que algumas pessoas trazem duas notícias trágicas para Jesus. Elas são semelhantes a tantas notícias do nosso cotidiano. A primeira é um massacre ordenado por Pilatos contra um grupo de galileus no templo, tendo o sangue deles misturado com as ofertas. A segundo relato é o desabamento de uma torre que mata dezoito pessoas.  Jesus comenta os dois fatos trágicos. Ajuda a fazer o discernimento para conduzir a reta interpretação e, deste modo, corrigir as falsas conclusões ou as condenações injustas.  

Os fatos motivam Jesus a guiar seus ouvintes à necessidade da conversão. Não propõe a conversão em termos moralistas, mas realistas. Perante certas desgraças as certezas humanas entram em crise. Não se pode simplesmente descarregar a culpa em alguém. Diante da precariedade da existência humana deve-se assumir uma atitude de responsabilidade. A atitude correta, segundo Jesus, é converter-se. Ninguém está isento de ser vítima de desastres. Também não se pode gastar todo tempo em procurar culpados. Faz-se necessário rever o próprio agir e assumir a própria responsabilidade no contexto.  

São Paulo escrevendo aos Coríntios deseja formar uma comunidade que esteja ciente do modo como estão vivendo. Recorda a eles o comportamento do povo de Deus na travessia do deserto conduzido por Moisés. O povo era bem conduzido e protegido, mesmo assim murmurava, isto é, sempre insatisfeito e reclamando constantemente contra Deus e Moisés. Como consequência morreram antes de chegar ao destino, por isso convida que a comunidade “não deseje coisas más” e mude o que for necessário para viver melhor. 

A advertência de Paulo: “Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair” também serve a Campanha da Fraternidade: “Fraternidade e Ecologia Integral”. A temática da ecologia passou a fazer parte do cotidiano. A globalização das informações permite que todos tenham acesso a notícias sobre os eventos climáticos de qualquer parte do mundo. É uma infinidade de informações que requerem um constante discernimento, assim como Jesus fez com os fatos trágicos que lhe contaram. Empenhar-se para encontrar a verdade dos fatos é uma atitude sábia e necessária. “A verdade vos libertará” afirmou Jesus. A verdade deve ser aceita. Ela se torna o ponto de partida para compreender as causas e encontrar as soluções.  

O final do evangelho apresenta a parábola da figueira infrutífera. A primeira solução simplista apresentada é cortar a figueira, mas também surge uma segunda proposta: dar um tempo, colocar adubo e melhorar os arredores para torná-la frutífera. A proposta fundamental da Campanha da Fraternidade é esta: conhecer e reconhecer a crise socioambiental que estamos vivendo, oferecer ensinamentos da Escritura que dizem toda criação é obra de Deus e tudo foi feito muito bom e, por fim, tornar a vida do cristão frutífera produzindo frutos de conversão ecológica, isto é, mudar hábitos de consumo, relacionar-se com todas as criaturas de forma fraterna, cuidar e guardar com zelo da Casa Comum. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

quarta-feira, 19 de março de 2025

Solenidade de São José

São José e o Menino Jesus (Vatican News)

Celebramos dia 19 de março a Solenidade de São José, esposo da Virgem Maria, pai adotivo de Jesus e declarado Patrono Universal da Igreja.

Cardeal Orani João Tempesta, O. Cist. - Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Recordamos São José no dia 19 de março como o patrono universal da Igreja e no dia 1º de maio, por conta de seu ofício de artesão ou carpinteiro, através do título de Operário e protetor de todos os trabalhadores.

Por ser o patrono universal da Igreja e exemplo de chefe de família, seria bom se pudéssemos participar da Santa Missa, agradecendo a Deus, acima de tudo, por nossa família. Em alguns países, inclusive, o dia de São José é também o Dia dos Pais, pois todos os pais deveriam se inspirar no exemplo de São José.

São José, além de tantas outras virtudes que possuía, era considerado um homem justo, pois observava a lei judaica. O primeiro exemplo de um homem justo dado por São José ocorre quando ele resolve abandonar Nossa Senhora em segredo ao descobrir que ela estava grávida, para não causar nenhum tipo de escândalo. Ele ainda não sabia da verdade: que Nossa Senhora esperava o Filho de Deus. Nem a sociedade sabia, pois, naquela época, uma mulher surpreendida em adultério deveria ser apedrejada. Depois, o anjo lhe revela a verdade em sonho, e ele acolhe Maria e o Menino que ela esperava. O segundo exemplo de justiça de São José é que ele cuidou de Nossa Senhora e do Menino Jesus até o momento do nascimento. Após Herodes desejar matar o Menino, ele toma Nossa Senhora e o Menino e foge para o Egito, retornando apenas após a morte de Herodes.

Outra virtude de São José que deve nos inspirar é a fé, pois ele seguia à risca todos os preceitos da religião judaica. Com certeza, foi de São José e de Nossa Senhora que Jesus aprendeu a recitar os salmos, a ler a Torá (livro da Lei) e a ir todos os anos a Jerusalém para as grandes festas, principalmente a Páscoa. Tanto é que José e Maria subiram a Jerusalém para apresentar o Menino Jesus no templo. Quando Jesus tinha por volta de dez anos, foi encontrado no templo ensinando os doutores da Lei, enquanto seus pais, José e Maria, o procuravam no meio da caravana que retornaria para casa. Jesus, ao longo de sua vida pública, percorreu toda a Judeia, culminando em Jerusalém, onde celebrou a Páscoa com os seus discípulos.

A Sagrada Escritura não traz muitos detalhes sobre São José, nem sobre a convivência da Sagrada Família. A Bíblia cita São José apenas em alguns momentos marcantes da infância de Jesus, como no nascimento, na fuga para o Egito, na apresentação do Menino Jesus no templo e no episódio do encontro do Menino no templo com os doutores da Lei. Mas sabemos que Jesus era obediente aos seus pais em tudo e que crescia em estatura, sabedoria e graça. Certamente, São José ensinou ao Menino Jesus um pouco do ofício da carpintaria.

São José tem tamanha importância para a Igreja que a celebração de seu dia tem "grau" de solenidade e é celebrada na cor branca. A data da solenidade, como dissemos, cai no dia 19 de março. Neste ano, será uma quarta-feira. Mesmo ocorrendo em meio ao tempo quaresmal, a Igreja faz uma pausa nesse período para, com alegria, celebrar o padroeiro da Igreja Universal. Nessa Missa da solenidade de São José, abre-se uma exceção e entoa-se o hino de louvor (Glória), mas não se canta o Aleluia! Que São José abençoe todos os pais e que todos sejam leais e justos com suas famílias.

São José foi declarado patrono universal da Igreja em 1870 pelo Papa Pio IX, através do decreto "Quemadmodum Deus". Leão XIII, por meio da encíclica "Quamquam Pluries", propôs que São José fosse o advogado dos lares cristãos. Pio XII o declarou "exemplo para todos os trabalhadores" e fixou o dia 1º de maio como a festa de São José Operário. Por isso, primeiro celebramos a festa de São José como modelo e protetor das famílias e, depois, São José como trabalhador e protetor de todos os trabalhadores e chefes de família.

São José tem um papel fundamental na continuidade da história da salvação, pois ele dá sequência à descendência davídica e, dessa forma, a vontade de Deus se cumpre. Jesus entra em Jerusalém montado em um jumentinho e é aclamado como rei, da mesma forma que Davi previu que aconteceria no Antigo Testamento. Quando o anjo aparece a José, diz: "Ela dará à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados" (Mt 1,21).

A vida de São José deve ser um exemplo para todos nós, e todos os pais devem se inspirar nele, sendo bons maridos em casa, cuidando da esposa e dos filhos e sendo bons chefes de família. Os pais hoje devem conquistar seus filhos, ser companheiros deles e educá-los na fé e no amor. Os filhos seguem o exemplo dos pais e são um reflexo deles fora de casa. Se dentro de casa reinam a paz, o amor e o perdão, os filhos serão calmos e tratarão os outros bem. Mas, se dentro de casa só há violência, discórdia e falta de perdão, os filhos tenderão a ser violentos fora de casa. Não existe família perfeita, mas as famílias devem fazer de tudo para viver bem.

O Papa São João Paulo II dizia que a família é a Igreja doméstica e que "família que reza unida, permanece unida". Por isso, tenhamos momentos de oração juntos como família, pedindo a intercessão de Deus. Os pais são aqueles que educam os filhos no caminho da fé e do amor e os preparam para as dificuldades que enfrentarão fora de casa.

Queremos lembrar, neste dia dedicado a São José, de todos os que trazem o nome "José", sejam homens ou mulheres. Muitas mulheres chamam-se Maria José. Que o santo padroeiro abençoe a todos que trazem esse nome e que essas pessoas se espelhem na vida do santo, fazendo de sua própria vida uma imitação da vida de São José.

Peçamos a intercessão de São José para que nossas colheitas sejam produtivas e tenhamos fartura de alimento ao longo de todo o ano. Que, por sua intercessão, as chuvas sejam abundantes e não enfrentemos a falta d’água. Segundo a crença popular em alguns lugares, se chover na colheita no dia de São José, não faltará alimento o ano inteiro.

Celebremos com alegria este dia de São José e peçamos que ele interceda por nós junto a Deus Pai, para que todas as famílias sigam seu exemplo. Sejamos fiéis à Palavra de Deus e anunciemos com alegria a mensagem de fé e esperança. Se possível, participe da celebração eucarística neste dia, confiando todas as famílias à paternal intercessão de São José.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Exercícios Espirituais no Vaticano, 9ª Meditação: "O descanso eterno" (IX)

Padre Roberto Pasolini prega os Exercícios Espirituais para a Cúria Romana (Vatican News)

Exercícios Espirituais no Vaticano, 9ª Meditação: "O descanso eterno"

O pregador da Casa Pontifícia, padre Roberto Pasolini, fez na tarde desta quinta-feira, 13 de março, a nona meditação no âmbito dos Exercícios Espirituais da Quaresma à Cúria Romana sobre o tema "A esperança da vida eterna: O descanso eterno". Publicamos a síntese da reflexão.

Vatican News

A vida eterna é um dom já presente, mas muitas vezes temos dificuldade para compreender um aspecto fundamental dela: o descanso. Desde a infância, estamos acostumados a ouvir a oração: “Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno. E que a luz perpétua os ilumine. Descansem em paz. Amém”. A ideia de uma eternidade baseada no descanso eterno pode parecer decepcionante, como se a vida terminasse em um sono sem fim. Mas essa percepção nasce de um profundo equívoco: vemos o descanso apenas como inatividade, enquanto na visão bíblica é uma condição de plenitude e realização.

O próprio Deus experimentou o descanso quando Jesus foi colocado no túmulo após a cruz. Esse momento não é uma inércia estéril, mas o cumprimento de uma obra, como conta uma antiga homilia no Sábado Santo: “Deus morreu na carne e desceu para abalar o reino dos infernos”. Cristo descansa, mas age misteriosamente, libertando os prisioneiros do inferno. Isso nos ensina que descansar não significa ser inútil, mas ser capaz de abraçar o tempo com confiança, sem buscar uma atividade frenética e estéril.

Atualmente, o descanso é um luxo negligenciado. Vivemos em uma sociedade que exige que estejamos sempre ativos, sempre conectados, sempre produtivos. No entanto, quanto mais oportunidades temos, menos conseguimos descansar de verdade. A parábola do servo que, depois de ter trabalhado não espera uma recompensa, mas aceita ter feito o que foi chamado a fazer, nos ensina um segredo importante. Enquanto vivermos com a obsessão do resultado, nunca encontraremos descanso. Somente quem aceita serenamente o próprio limite pode finalmente descansar em paz. 

O verdadeiro descanso não é inatividade, mas liberdade. É o estado em que não precisamos mais provar nada, porque nos permitimos ser abraçados pelo amor de Deus. É a paz interior que nos permite dizer: “quem de fato já entrou no descanso de Deus, descansa de todas as suas obras, assim como Deus descansa das suas” (Hb 4,10). Viver bem o descanso significa treinar para a vida eterna, aprendendo a viver sem medo, a deixar de lado o supérfluo e a confiar no fato de que Deus já está trabalhando em nós. 

O verdadeiro descanso é paz interior, não medida em conquistas, mas na capacidade de acolher o que a vida nos dá. Não é uma fuga, mas uma maneira de aprender a viver mais intensamente, sem ansiedade. Não é passividade, mas uma confiança ativa que nos deixa livres para amar. “No amor não existe medo; pelo contrário, o amor perfeito lança fora o medo” (1 João 4,18). No final das contas, a vida eterna não é uma meta distante, mas uma realidade que já está crescendo dentro de nós. Já agora, somos chamados a vivê-la. 

Fonte: https://www.vaticannews.va

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF