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quarta-feira, 7 de julho de 2021

Religiosos católicos no Haiti admitem medo da violência

REGINALD LOUISSAINT JR | AFP

Bispo denuncia: "a fronteira entre o crime organizado e a política é bastante fluida".

Religiosos católicos no Haiti admitem medo da violência, particularmente devido à onda de sequestros que o país tem vivido. No caso mais recente, ocorrido na semana passada, um grupo de cinco padres, duas religiosas e três leigos foi raptado em Croix-des-Bouquets, perto da capital, Porto Príncipe.

Dom Jean Désinord, bispo da diocese de Hinche, a 112 quilômetros de Porto Príncipe, declarou em recente entrevista à fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN):

“Estamos nos perguntando quem será o próximo. Serei eu ou um irmão padre? Os padres e religiosos estão realmente em perigo. Vivemos em medo constante (…) Não há solução rápida ou fácil para o problema desses sequestros arbitrários. Mas a Igreja só pode apelar aos nossos líderes políticos para garantir a lei e a ordem”.

Embora os sequestros pareçam ser “mais uma forma fácil de obter dinheiro”, como descreveu o bispo, não se podem excluir elementos políticos dentre os fatores por trás dos episódios de violência que visam especificamente o clero católico. Dom Jean Désinord comenta:

“A Igreja no Haiti tem uma missão profética. Ela tem que denunciar as condições terríveis. E, portanto, é bem possível que ela seja um espinho no pé de alguns desses políticos. Mas não podemos saber com certeza. O caso é que todo mundo sabe que os nossos políticos fazem uso de gangues criminosas para controlar certas áreas. A fronteira entre o crime organizado e a política é bastante fluida”.

Religiosos católicos no Haiti admitem medo da violência

Apesar do medo justificado pela insegurança generalizada no país mais pobre das Américas, o bispo também aponta motivos para a esperança. Ele cita, por exemplo, o apelo do Papa Francisco neste último Domingo de Páscoa (veja matéria abaixo).

“Ficamos muito emocionados com isso. Foi realmente uma surpresa. O Santo Padre nos dedicou bastante tempo durante a sua alocução Urbi et Orbi e mencionou o Haiti com muitos detalhes. É um encorajamento para nós saber que o Papa está tão perto do nosso povo”.

Dom Jean espera que os líderes políticos do Haiti ouçam esse apelo de Francisco:

“Eles não podem ignorar um discurso que é ouvido em todo o mundo”.

O bispo agradeceu aos benfeitores da ACN e pediu que eles continuem amparando o povo do país:

“Obrigado pela sua proximidade e generosidade. A ACN está do nosso lado neste momento difícil da nossa história. Por favor, continuem apoiando a ACN e nos mostrando a sua solidariedade cristã”.

A ACN apoia anualmente milhares de projetos da Igreja em todo o planeta. Só no caso do Haiti, a fundação apoiou em 2020 mais de 30 projetos diferentes, vários deles emergenciais, além de prestar ajuda aos sacerdotes e a programas pastorais, assistenciais e educacionais para leigos, catequistas e seminaristas.

Fonte: Aleteia

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF