Translate

domingo, 9 de novembro de 2025

COP 30: curiosidades do protocolo e a ausência dos EUA

Belém | Divulgação

Cibele Battistini - publicado em 07/11/25

A COP30 — 30.ª Conferência das Partes da United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) — será realizada de 10 a 21 de novembro de 2025, em Belém, no Estado do Pará (Brasil).

A escolha de Belém se revela simbólica: situada às margens da foz do rio Amazonas, a cidade representa a porta de entrada para a floresta amazônica e, por isso, devolve ao debate climático um foco central na preservação das florestas tropicais e na justiça ambiental. 

O evento conta com duas fases principais: nos dias 6 e 7 de novembro ocorrerá a cúpula de chefes de Estado e de governo, e em seguida, de 10 a 21 de novembro, a plenária oficial de negociações. 

Participações confirmadas de personalidades internacionais

Diversos líderes e chefes de delegação confirmaram sua presença em Belém. Entre eles:

Para a União Europeia, a presença de Ursula von der Leyen (Presidenta da Comissão Europeia), António Costa (Presidente do Conselho Europeu) e mais representantes dos Estados-membros.

A delegação chinesa será liderada pelo Vice-Premiê Ding Xuexiang.

A África estará representada por personalidades como o Vice-Presidente da Nigéria, Kashim Shettima, que chegou a Belém para participar da COP30.

Também está previsto o engajamento de numerosas organizações da sociedade civil: por exemplo, mais de 125 novas entidades receberam status de observadoras para este ciclo, ampliando a diversidade de vozes e grupos tradicionais (indígenas, quilombolas, movimentos de juventude) no processo.

Ausência dos Estados Unidos / Donald Trump

Os Estados Unidos não enviarão representantes de alto nível à COP30. A Casa Branca confirmou que não mandará autoridades seniores para o encontro em Belém.
O motivo expresso pelo governo é que o presidente Donald Trump está “diretamente engajado com líderes mundiais em questões de energia”, priorizando acordos bilaterais de energia e exploração de combustíveis fósseis, em lugar do multilateralismo climático habitual. 

Donald Trump | SAUL LOEB / AFP

Assim, embora o tema ambiental seja de suma importância global, a ausência estadunidense torna-se um destaque pela negativa: não se trata apenas de uma não-participação, mas de uma sinalização de que os EUA optaram por outro caminho estratégico no âmbito energético e diplomático.

Clima em Belém e curiosidade de protocolo

Belém, em novembro, vive sua fase de clima tropical muito intenso: a média máxima diária atinge cerca de 32,3 °C e a mínima gira em torno de 21,9 °C
Um índice de sensação térmica elevadíssimo — em torno de 47 °C — é estimado devido à combinação de calor, umidade e pouca eficiência de resfriamento natural no ambiente urbano. 

Em meio a esse cenário, jornalistas e correspondentes que cobrem a COP30 terão uma curiosa orientação de protocolo: embora o evento seja formal, houve recomendação de que no credenciamento ou em algumas sessões se considere abdicar da tradicional “camisa e gravata” — ou ao menos utilizar gravata leve e camisa de tecido ventilado — justamente para lidar com as altas temperaturas e o clima úmido da região. Essa nuance tipifica o ajuste entre formalidade internacional e realidades tropicais.

Importância da COP30 para a Igreja Católica

Para a Igreja Católica, a COP30 assume relevância particular sob dois ângulos: o pontificado de Papa Francisco e a continuidade com a encíclica Laudato Si’ — documento chave sobre ecologia integral e cuidado da criação. Papa Francisco já havia colocado a crise climática como questão moral e ética central da doutrina social da Igreja.

Com a eleição de Papa Leão XIV, a COP30 ganha nova dimensão: o Papa Leão, em suas primeiras intervenções públicas, reafirmou o compromisso da Igreja com a justiça climática e o cuidado com “a casa comum”.

Para a Igreja, o evento serve como plataforma de afirmação do engajamento católico em políticas ambientais que defendam os pobres, a biodiversidade e os países amazônicos ou tropicais vulneráveis. A escolha de Belém — na Amazônia — permite à Igreja sublinhar a ligação entre fé, preservação ecológica e defesa dos povos tradicionais.

Em resumo, a COP30 não é apenas uma conferência diplomática: para a Igreja Católica, é um momento de manifestação da fé em ação, onde a proteção ambiental converge com a dignidade humana, a defesa dos vulneráveis e a conversão ecológica — temas que tanto Papa Francisco quanto Papa Leão consideram fundamentais.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/11/07/cop-30-curiosidades-do-protocolo-e-a-ausencia-dos-eua/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF