Cibele
Battistini - publicado em 07/11/25
A COP30 — 30.ª Conferência das Partes da United Nations
Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) — será realizada de 10 a
21 de novembro de 2025, em Belém, no Estado do Pará (Brasil).
A escolha de Belém se revela simbólica: situada às margens
da foz do rio Amazonas, a cidade representa a porta de entrada para a floresta
amazônica e, por isso, devolve ao debate climático um foco central na
preservação das florestas tropicais e na justiça ambiental.
O evento conta com duas fases principais: nos dias 6
e 7 de novembro ocorrerá a cúpula de chefes de Estado e de governo, e
em seguida, de 10 a 21 de novembro, a plenária oficial de negociações.
Participações confirmadas de personalidades
internacionais
Diversos líderes e chefes de delegação confirmaram sua
presença em Belém. Entre eles:
Para a União Europeia, a presença de Ursula von der Leyen
(Presidenta da Comissão Europeia), António Costa (Presidente do Conselho
Europeu) e mais representantes dos Estados-membros.
A delegação chinesa será liderada pelo Vice-Premiê Ding
Xuexiang.
A África estará representada por personalidades como o
Vice-Presidente da Nigéria, Kashim Shettima, que chegou a Belém para participar
da COP30.
Também está previsto o engajamento de numerosas organizações
da sociedade civil: por exemplo, mais de 125 novas entidades receberam status
de observadoras para este ciclo, ampliando a diversidade de vozes e grupos
tradicionais (indígenas, quilombolas, movimentos de juventude) no processo.
Ausência dos Estados Unidos / Donald Trump
Os Estados Unidos não enviarão representantes de
alto nível à COP30. A Casa Branca confirmou que não mandará
autoridades seniores para o encontro em Belém.
O motivo expresso pelo governo é que o presidente Donald Trump está
“diretamente engajado com líderes mundiais em questões de energia”, priorizando
acordos bilaterais de energia e exploração de combustíveis fósseis, em lugar do
multilateralismo climático habitual.
Assim, embora o tema ambiental seja de suma importância
global, a ausência estadunidense torna-se um destaque pela negativa: não se
trata apenas de uma não-participação, mas de uma sinalização de que os EUA
optaram por outro caminho estratégico no âmbito energético e diplomático.
Clima em Belém e curiosidade de protocolo
Belém, em novembro, vive sua fase de clima tropical muito
intenso: a média máxima diária atinge cerca de 32,3 °C e a
mínima gira em torno de 21,9 °C.
Um índice de sensação térmica elevadíssimo — em torno de 47 °C —
é estimado devido à combinação de calor, umidade e pouca eficiência de
resfriamento natural no ambiente urbano.
Em meio a esse cenário, jornalistas e correspondentes que
cobrem a COP30 terão uma curiosa orientação de protocolo: embora o evento seja
formal, houve recomendação de que no credenciamento ou em algumas sessões se
considere abdicar da tradicional “camisa e gravata” — ou ao
menos utilizar gravata leve e camisa de tecido ventilado — justamente para
lidar com as altas temperaturas e o clima úmido da região. Essa nuance tipifica
o ajuste entre formalidade internacional e realidades tropicais.
Importância da COP30 para a Igreja Católica
Para a Igreja Católica, a COP30 assume relevância particular sob dois ângulos: o pontificado de Papa Francisco e a continuidade com a encíclica Laudato Si’ — documento chave sobre ecologia integral e cuidado da criação. Papa Francisco já havia colocado a crise climática como questão moral e ética central da doutrina social da Igreja.
Com a eleição de Papa Leão XIV, a COP30 ganha nova dimensão: o Papa Leão, em
suas primeiras intervenções públicas, reafirmou o compromisso da Igreja com a
justiça climática e o cuidado com “a casa comum”.
Para a Igreja, o evento serve como plataforma de afirmação
do engajamento católico em políticas ambientais que defendam os pobres, a
biodiversidade e os países amazônicos ou tropicais vulneráveis. A escolha de
Belém — na Amazônia — permite à Igreja sublinhar a ligação entre fé,
preservação ecológica e defesa dos povos tradicionais.
Em resumo, a COP30 não é apenas uma conferência diplomática:
para a Igreja Católica, é um momento de manifestação da fé em ação,
onde a proteção ambiental converge com a dignidade humana, a defesa dos
vulneráveis e a conversão ecológica — temas que tanto Papa Francisco quanto
Papa Leão consideram fundamentais.


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