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domingo, 13 de abril de 2025

SAÚDE: Como o banho pode revelar sinais precoces de demência

Washing dirty feet with water in the shower room© iStock/BonNontawat

Como o banho pode revelar sinais precoces de demência

História de Thatyana Costa

A demência, condição que afeta principalmente os idosos, é caracterizada pela perda de memória e dificuldades cognitivas. Embora a perda de memória seja o sintoma mais notável, há outros sinais iniciais que podem ser percebidos em atividades diárias, como no momento do banho. Surpreendentemente, esse momento pode ser crucial para detectar um possível sinal de alerta para a demência, especialmente relacionado ao olfato.

Sinal de alerta para demência durante o banho

O banho, onde frequentemente usamos produtos com cheiros intensos, como xampus e sabonetes, pode ser o momento em que se nota a perda de olfato. Essa alteração sensorial, especialmente quando acontece de forma abrupta, está sendo reconhecida como um dos primeiros indícios da demência. Pesquisadores da Universidade de Chicago alertam que o olfato e a memória estão intimamente conectados no cérebro, e alterações no olfato podem refletir um comprometimento cognitivo.

De acordo com o estudo, a perda de olfato pode indicar problemas nas áreas do cérebro responsáveis pela memória e pelas funções cognitivas. A alteração no cheiro de produtos comuns durante o banho pode ser uma pista importante para o diagnóstico precoce da condição.

Como os estudos relacionam olfato e demência

Pesquisadores realizaram um estudo com 515 adultos mais velhos, analisando a capacidade olfativa e suas possíveis correlações com o comprometimento cognitivo. O estudo revelou que pessoas com perda olfativa rápida apresentaram menores volumes nas áreas do cérebro ligadas ao olfato e à memória. Esses dados indicam que, em estágios iniciais da demência, a capacidade de perceber cheiros pode ser significativamente afetada.

Outros sinais que merecem atenção

Além da perda do olfato, existem outros sinais importantes que podem indicar a presença de demência, como:

  • Esquecimentos frequentes
  • Dificuldade de concentração
  • Desorientação em relação ao tempo e ao local
  • Mudanças de humor repentinas
  • Dificuldade em realizar tarefas diárias

Se esses sintomas aparecerem juntos, é recomendável procurar ajuda médica para investigar o quadro e confirmar a possibilidade de demência.

Diagnóstico precoce pode fazer a diferença

Identificar os sinais iniciais da demência é fundamental para o tratamento. Embora não exista cura para a condição, o diagnóstico precoce pode resultar em intervenções que retardam o avanço dos sintomas e melhoram a qualidade de vida do paciente. Médicos estão desenvolvendo novos medicamentos que podem desacelerar a progressão da doença, e por isso, detectar a demência precocemente é um passo crucial para um tratamento mais eficaz.

Primeiros sinais de demência: atenção à saúde cognitiva

Os primeiros sinais de demência podem ser sutis, como lapsos de memória e dificuldades em realizar tarefas diárias. Identificar precocemente esses sintomas é fundamental para um diagnóstico rápido e tratamento adequado, melhorando a qualidade de vida e possibilitando o controle dos avanços da condição. Clique aqui para saber mais.

Fonte: Catraca Livre

Francisco no Angelus: todos temos dores, e a fé ajuda a enfrentá-las, como fez Jesus

O Papa apareceu ao final da missa de Domingo de Ramos e saudou rapidamente os fiéis presentes (Vatican Media)

As palavras do Papa do Angelus foram divulgadas ao final da liturgia do Domingo de Ramos e após o Pontífice surpreender novamente os fiéis aparecendo no Sagrado da Praça São Pedro, quando desejou “Bom Domingo de Ramos! Boa Semana Santa!”. No texto, Francisco recordou o caminho de Jesus ao Calvário, quando era “frágil”, mas confiante no Pai: “todos temos dores, físicas ou morais, e a fé nos ajuda a não nos entregarmos ao desespero, a não nos fecharmos na amargura, mas a enfrentá-las".

Andressa Collet – Vatican News

        “Bom Domingo de Ramos! Boa Semana Santa!”

O Papa Francisco voltou a surpreender os fiéis, desta vez em pleno Domingo de Ramos e para oferecer os melhores desejos para este início de Semana Santa. De fato, ao final da liturgia deste 13 de abril, em missa presidida pelo cardeal Leonardo Sandri, vice-decano do Colégio Cardinalício, o Pontífice apareceu pelo Sagrado na sua cadeira de rodas e para a alegria de cerca de 40 mil fiéis reunidos na Praça São Pedro.

Jesus, escreveu o Papa no texto do Angelus divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, através do relato da Paixão do Senhor segundo Lucas, se apresentava “indefeso e humilhado” no caminho do Calvário. “Nós o vimos caminhar em direção à cruz com os sentimentos e o coração de uma criança agarrada ao pescoço do seu pai, frágil na carne, mas forte no abandono confiante, até adormecer, na morte, em seus braços”, recordou o Pontífice. Sentimentos que a liturgia nos convida “a contemplar e a fazer como nossos”:

    “Todos temos dores, físicas ou morais, e a fé nos ajuda a não nos     entregarmos ao desespero, a não nos fecharmos na amargura, mas     a enfrentá-las, sentindo-nos envolvidos, como Jesus, pelo abraço         providencial e misericordioso do Pai.”

Assim o Papa recordou do seu próprio momento de fragilidade, da internação ao período atual de convalescença, pelo qual reforçou a sua gratidão:

“Irmãs e irmãos, agradeço muito pelas orações de vocês. Neste momento de fraqueza física, me ajudam a sentir ainda mais a proximidade, a compaixão e a ternura de Deus. Eu também rezo por vocês e peço que confiem comigo ao Senhor todos os que sofrem, especialmente aqueles afetados pela guerra, pela pobreza ou pelos desastres naturais. Em particular, que Deus receba em sua paz as vítimas do desabamento de uma estrutura em Santo Domingo e conforte seus familiares.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Martinho I

São Martinho (A12)
13 de abril
São Martinho I

Martinho nasceu no ano de 590 em Todi, região da Úmbria, Itália. Sua família era nobre. Sacerdote em Roma, um grande estudioso, inteligência notável, de grande caridade para com os pobres. Foi enviado a Constantinopla pelo Papa Teodoro I como apocrisiário (uma espécie de embaixador eclesiástico junto aos governantes) para negociar a deposição canônica do patriarca herético Pirro.

Depois disso, falecendo Teodoro, foi eleito no seu lugar, em julho de 649. Ao longo do seu papado, ordenou 33 bispos, cinco diáconos e 11 sacerdotes, e pela primeira vez foi celebrada a festa da Virgem Imaculada, a 25 de março.

Porém, sua maior atuação foi contra a heresia monotelista, espalhada no Oriente e no Ocidente, que negava a plena condição humana de Cristo, ao declarar que Nele havia sim duas naturezas, humana e divina, mas uma só vontade, a divina (o que é contraditório, pois assim a natureza humana de Jesus não seria real).

Para isso agiu com energia, e, uma vez que o imperador do Oriente, Constante II, era tolerante com os monotelitas, chegando a fazer um decreto sobre a questão (o “Tipo de Constante”), não esperou a confirmação imperial para a sua consagração, e imediatamente convocou o Concílio de Latrão, com 150 bispos. O “Tipo” foi condenado, bem como a “Ektésis” de Heráclio, outro imperador oriental, também monotelista; foram excomungados os patriarcas Sérgio, Pirro, Paulo de Constantinopla, Ciro de Alexandria e Teodoro de Phran na Arábia; 20 cânones da doutrina católica sobre as duas vontades em Cristo foram definidas. Os decretos, firmados pelo Papa e pela assembleia dos bispos, foram enviados aos demais bispos e aos fiéis do mundo junto com uma encíclica de Martinho. As atas, com uma tradução grega, foram enviadas a Constante II – que como resposta mandou prender o Papa. Olímpio, seu exarca (representante do imperador romano do Oriente na qualidade de governador, um na Península Itálica e outro na África), planejou porém o assassinato do Papa, durante a distribuição da Eucaristia, que por Providência divina falhou.

Teodoro Calíopas foi o novo enviado de Constante II com a ordem de prisão, e Martinho, para evitar violências, não resistiu, saindo de Roma em junho de 653. Chegando em Constantinopla após longa e sofrida viagem, sob privações, foi humilhado e sujeito a maus-tratos: exposto seminu para a zombaria e insultos da multidão; ficou preso num calabouço fétido, passando fome, sede e frio, por mais de 80 dias; num julgamento iníquo diante do senado foi rotulado de herege, inimigo de Deus e do Estado, e sofreu diversas acusações, que no fundo se resumiam a não ter assinado o “Tipo”. Mas em nenhum momento perdeu a dignidade, nem reconheceu autoridade nos seus juízes. Acabou condenado à morte, mas Constante mudou a pena para exílio, e assim o Papa foi levado para um local de trabalho nas minas para escravos e assassinos em Quersonerso (atual Sebastopol na Criméia, sul da Ucrânia). Ali faleceu, doente e esquecido até pelos parentes, em 16 de setembro de 655. Muitos milagres são a ele atribuídos, tanto em vida quanto depois da morte.

Reflexão:

A vontade humana de Cristo, verdadeiro ser humano e verdadeiro Deus, é livre, como também a nossa, como também a de Adão e Eva, como também a de Nossa Senhora… e como verdadeiro Homem, Jesus livremente escolheu seguir a vontade divina, como também Nossa Senhora, mas não Adão e Eva… cabe a cada um de nós escolher igualmente, pois Deus não “absorve” impositivamente a nossa vontade, mas sim nos orienta e ampara na escolha da Verdade e do Bem, inclusive quando é necessário sofrer por isto: de outro modo, o próprio sacrifício de Cristo na Cruz, e os de todos os mártires por exemplo, não teriam qualquer valor, pois seriam uma mera imposição arbitrária. Na viagem desta vida, muitas vezes penosa, jamais encontraremos a morte definitiva, se estivermos, como São Martinho, em comunhão com Deus, pela Eucaristia.

Oração:

Pai santo, providente e infinitamente bondoso, que nos ensinas a Verdade e nos concede, por amor, a plena liberdade, a qual é um Vosso atributo divino partilhado com Vossos filhos: concedei-nos pela intercessão de São Martinho I manter a dignidade de alma ao não reconhecermos nos nossos corações as falsas autoridades das mentiras, mas sermos enérgicos contra elas, e que não nos falte a mansidão e total confiança em Vós, ainda que sob perseguições e injustiças. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 12 de abril de 2025

Cardeal Gantin: «Um bispo, uma vez nomeado para um determinado cargo, deve permanecer ali» (II)

Paulo VI com o Cardeal Gantin | 30Giorni

Arquivo 30Dias n. 05 - 2008

«Um bispo, uma vez nomeado para um determinado cargo, em princípio e para sempre, deve permanecer ali»

O cardeal Bernardin Gantin, decano do Sacro Colégio, pede o retorno à prática antiga reintroduzindo a norma de estabilidade para os bispos. Entrevista.

Entrevista concedida a 30Giorni em abril de 1999 por Gianni Cardinale

«Um bom artigo que chamou minha atenção por muitos motivos. O Cardeal Vincenzo Fagiolo é um homem de grande sabedoria e experiência jurídica e pastoral. E então ele foi membro da Congregação que tive a honra de liderar, colegialmente, por quatorze anos. Sou-lhe muito grato, porque alguém como ele precisava de nos apontar estas reflexões." O Cardeal Bernardin Gantin, Decano do Sacro Colégio, leu e apreciou o artigo do Cardeal Fagiolo publicado em L'Osservatore Romano em 27 de março [1999] e relatado por 30Giorni no último número [ 30Giorni , n. 3, março de 1999].

No artigo em questão, o cardeal italiano afirmou: «A dignidade do episcopado reside no munus que ele implica e é tal que, em si mesmo, prescinde de qualquer hipótese de promoções e transferências, que devem, se não forem eliminadas, ser tornadas raras. O bispo não é um funcionário, uma pessoa adventícia, um burocrata passageiro, que se prepara para outros cargos mais prestigiosos."

Gantin é particularmente versado em falar sobre esses temas porquê de 1984 até o ano passado [1998] foi prefeito da Congregação para os Bispos, o departamento do Vaticano que ajuda o Papa a nomear os sucessores dos apóstolos em grande parte do mundo (nos territórios de missão essa tarefa, de fato, cabe à Congregação para a Propagação da Fé , enquanto nas Igrejas Católicas Orientais os bispos são escolhidos de acordo com seus próprios procedimentos).

Eminência, que reflexões o artigo do Cardeal Fagiolo lhe suscitou?
BERNARDIN GANTIN: A diocese não é uma realidade civil, funcional, mas faz parte da realidade do mistério da Igreja. É uma porção do povo de Deus em um território definido. O sacerdote, que é nomeado bispo e assume a responsabilidade por este povo de Deus, deve estar bem consciente do compromisso que lhe é confiado pela autoridade suprema que é o Papa. É o Papa quem nomeia os bispos, não o prefeito, não a Congregação. Quando nomeado, o bispo deve ser um pai e um pastor para o povo de Deus. E você é pai para sempre. E assim, um bispo, uma vez nomeado para um determinado cargo, em princípio e para sempre, deve permanecer ali. Vamos ser claros. A relação entre bispo e diocese também é descrita como um casamento, e um casamento, segundo o espírito evangélico, é indissolúvel. O novo bispo não deve fazer mais planos pessoais. Pode haver razões sérias, muito sérias, pelas quais as autoridades decidem que o bispo deve ir, por assim dizer, de uma família para outra. Ao fazer isso, a autoridade leva em consideração vários fatores, e entre eles certamente não está o possível desejo de um bispo de mudar de assento. Portanto, concordo plenamente com os argumentos do Cardeal Fagiolo: o bispo que é nomeado não pode dizer: "Estou aqui por dois ou três anos e depois serei promovido por minhas habilidades, meus talentos, meus dons...". Espero, portanto, que este artigo seja lido por muitos bispos aqui no Vaticano, na Europa e nos países de jovem evangelização. Todos precisam pensar sobre isso.

Destinos de transferência particularmente populares são, acima de tudo, as chamadas dioceses cardeais... GANTIN: O conceito das chamadas dioceses cardeais deve ser colocado em perspectiva. O cardinalato é um serviço que é pedido a um bispo ou a um padre, levando em consideração muitas circunstâncias. Hoje em dia, em países recentemente evangelizados, como na Ásia e na África, não existem os chamados assentos cardeais, mas a púrpura é dada à pessoa. Deveria ser assim em todos os lugares, até mesmo no Ocidente. Não haveria deminutio capitis , nem haveria qualquer desrespeito se, por exemplo, o arcebispo da grande arquidiocese de Milão, bem como de outras dioceses antigas e prestigiosas, não fosse feito cardeal. Não seria uma catástrofe. 

Ele esteve à frente da Congregação para os Bispos por quatorze anos. Você se lembra de alguma ocasião em que lhe foi expressado o desejo de ser transferido por prelados que consideravam sua diocese “inadequada”?
GANTIN: Claro. Já ouvi pedidos como este: "Eminência, estou naquela diocese há dois ou três anos e já fiz tudo o que me foi pedido..." Mas o que isso significa? Fiquei muito chocado com declarações como essa. Também porque aqueles que faziam esses pedidos — e às vezes o faziam de brincadeira, às vezes não — acreditavam estar expressando um desejo legítimo. Outras vezes ouvi, no final de uma ordenação episcopal, alguns eclesiásticos gritando "ad altiora!", "para cargos mais elevados!". Isso também me perturbou profundamente.

Nos primeiros séculos, qualquer transferência de assentos episcopais era estritamente proibida. Essa proibição deixou de ser aplicada ao longo do tempo. Você acha que é hora de retornar à prática antiga?
GANTIN: Com certeza. No passado, quando o número de dioceses aumentava, era compreensível que fossem feitas transferências. Hoje em dia, essa necessidade não existe mais em países onde a hierarquia católica já está estabelecida, como na Europa, por exemplo. Embora necessidades desse tipo ainda possam estar presentes em terras de missão. Mas neste último caso, as transferências devem ser para locais mais desfavorecidos e difíceis, e não para locais mais confortáveis ​​e prestigiosos... Multiplicar as transferências cria desordem e mina o princípio fundamental da estabilidade. E é também uma falta de respeito para com o povo de Deus que recebe o bispo como pai e pastor, e vê esse pai e pastor partir depois de poucos anos.

É desejável que essa estabilidade seja de alguma forma sancionada legalmente?
GANTIN: Certamente. Seria uma boa ideia iniciar um procedimento para introduzir esta regra no Código de Direito Canônico. Claro que pode haver exceções, determinadas por razões sérias. Mas a norma deve ser a da estabilidade, para evitar o carreirismo e o arrivismo... Espero que o artigo do Cardeal Fagiolo, e por que não, também esta entrevista, sejam um estímulo para conseguir isso. Também porque, de outra forma, corremos o risco de fornecer mais material para livros escandalosos escritos, infelizmente, por eclesiásticos que não têm a coragem de assiná-los com seus nomes...

Imagino que ele esteja se referindo ao panfleto " E o Vento Levou" no Vaticano, que causou tanto clamor na Cúria Romana...
GANTIN: A Igreja é uma realidade divina e humana. É claro que reconhecemos nossos pecados e pedimos perdão a Deus e à Igreja por esses pecados. Não somos santos, estamos a caminho da santidade. Mas não é bom nem bonito espalhar notícias que não servem para ninguém. É falta de bom senso. fundo. Onde está a sensibilidade humana daqueles que queriam essa guerra? O Papa corretamente pediu reconciliação, pediu retorno às negociações. Quando tudo estiver destruído, voltamos à mesa para negociar. Não é melhor fazer isso primeiro? Nós, que não conhecemos bem as razões deste conflito, perguntamo-nos: quem e o que leva estes homens, que foram democraticamente eleitos pelos seus respectivos povos para promover a paz, a praticar a guerra?

Fonte: https://www.30giorni.it/

OPINIÃO: Psicologia e sua influência na religião

Somos Ensinados, Por Um Lado, Que Devemos Ver Cristo Na Outra Pessoa E Nos Outros Através Dos Olhos De Cristo (ZENIT)

Psicologia e sua influência na religião

Usamos nosso relacionamento com nosso pai terreno para justificar nosso relacionamento ruim com Deus? Como fatores psicológicos legítimos influenciam nossa prática de fé?

11 DE ABRIL DE 2025, 19H01 , ZENIT EDITORIAL OPINIÃO

Stephen Sammut, PhD

(ZENIT News –  Crisis Magazine  / Steubenville, 04.11.2025).- A  parábola  do filho pródigo é, sem dúvida, uma das histórias mais comoventes sobre a misericórdia, o amor e o perdão de Deus. É uma parábola de esperança   se   estivermos dispostos a admitir nossas falhas e nos reconciliar com Deus. No entanto, há um aspecto perturbador nas homilias frequentemente ouvidas sobre esta parábola; um aspecto que, na minha humilde opinião, reflete uma ênfase exagerada em conceitos psicológicos em detrimento da realidade espiritual e da responsabilidade pessoal.

Quando esta parábola aparece no calendário litúrgico, não é incomum ouvir homilias que, explícita ou implicitamente, focam significativamente em nossos relacionamentos pessoais com nossos pais e como isso influencia nosso relacionamento com Deus Pai. Muitas vezes parece que o relacionamento terreno é usado como desculpa para quaisquer problemas que possamos estar enfrentando em nosso relacionamento com Deus Pai. Não há uma declaração implícita aqui que potencialmente ensina a pessoa a desviar quaisquer problemas pessoais no relacionamento com Deus Pai para outra pessoa? Vamos analisar isso mais de perto.

Este artigo não pretende, de forma alguma, minimizar nosso relacionamento terreno com nosso pai (e mãe) ou seu potencial de influenciar, entre outras coisas, nosso relacionamento com Deus. Descartar essa realidade seria tolice, especialmente considerando as   evidências substanciais , inclusive na   literatura científica , que indicam a importância dos pais no desenvolvimento e as   consequências negativas  de sua ausência. Contudo, também é um erro superestimá-lo. Dizer que nosso relacionamento terreno contribui para nosso relacionamento com Deus não implica que ele o determina.

Em sintonia com o que acontece ao nosso redor, no fluxo de informações que vivenciamos, verdades ou meias-verdades se misturam com mentiras, muitas vezes de maneiras muito sutis. Isso cria muita confusão, especialmente quando elas são apresentadas publicamente como "verdades definitivas", que é tudo o que elas não são. O comportamento humano é complexo e multifacetado, e a maioria dos comportamentos exibe uma relação bidirecional.

Minha própria pesquisa , entre outras, mostrou que, embora estilos parentais mais positivos, tanto de mães quanto de pais, indiquem menos dificuldades religiosas/espirituais, a educação parental do pai não foi tão preditiva dessas dificuldades. Então o que isso poderia significar? Provavelmente significa simplesmente que nosso relacionamento com Deus é muito, muito mais do que a experiência do nosso relacionamento com nossos pais. Esses relacionamentos podem contribuir (como tudo o mais) para a qualidade do relacionamento, mas certamente não são tudo, nem parecem suplantar nossa capacidade autônoma de ter um relacionamento correto com Deus Pai.

Somos ensinados, por um lado, que devemos ver Cristo na outra pessoa e nos outros através dos olhos de Cristo. Portanto, nossa perspectiva sobre nossos pais deve seguir um padrão semelhante: isto é, devemos vê-los, em toda a sua humanidade, através dos olhos de Deus Pai (literalmente, como filhos pródigos no contexto desta parábola) e orar por eles, para que, por Sua graça, possam alcançar a perfeição que Ele deseja para eles. Eles, assim como cada um de nós, são um trabalho em andamento na jornada da vida rumo à santidade, e só podemos esperar e rezar para que, se eles passaram para a vida após a morte, tenham morrido tentando.

No entanto, nessas homilias que focam em como nosso relacionamento com Deus Pai é influenciado por nossos pais terrenos, o que ouvimos parece sugerir o oposto: isto é, sutilmente, ou talvez menos sutilmente, encorajamos as pessoas a considerar Deus Pai através dos olhos dos pais imperfeitos que todos nós somos (para quem eles são pais), que todos nós tivemos desde a Queda e que continuaremos a ter até que Cristo retorne. Como alguém pode ver Deus como o Pai que Ele é com essa abordagem? Já estamos limitados pela Queda. Tudo o que é necessário para tornar isso ainda mais difícil são aquelas “sugestões” que enfatizam que nossa percepção de Deus é formada por meio de nossa experiência com nossos pais terrenos. Todos nós conhecemos o poder da sugestão: diga algo várias vezes e as pessoas passarão a acreditar. Isso me leva ao segundo ponto.

Essa abordagem incentiva a rejeição da responsabilidade pessoal, transferindo meus fracassos, pelos quais sou o único responsável, para os outros. Essa é a tendência geral no mundo de hoje. É muito mais fácil culpar os outros pelos meus problemas do que admitir minhas deficiências! É muito mais fácil se fazer de vítima do que admitir responsabilidade. E, infelizmente, a raiz desse ensinamento é a psicologia, explícita ou implicitamente, em todos os níveis; Ela penetrou em todos os aspectos da nossa sociedade e até deixou sua marca no ensinamento da Igreja, ou melhor, na maneira como ele é ensinado.

Concluindo, não pretendo minimizar a importância do relacionamento entre pais e filhos em nossa interação e percepção de Deus. No entanto, também devemos reconhecer as limitações importantes e as potenciais consequências negativas dessas abordagens de ensino.

Quando meu relacionamento com Deus é pessoal e entre Ele e eu, o que está escrito em Jeremias 1:5: "Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci", torna-se muito pessoal. Entretanto, esse relacionamento pessoal se torna mais difícil e complicado quando olhamos para uma terceira pessoa (nesse caso, nosso pai terreno), pois isso obscurece nossa visão de Deus à medida que O vemos cada vez mais através das imperfeições de nosso pai terreno. Além disso, isso pode comprometer nosso relacionamento com nosso pai terreno, pois cada vez mais começamos a percebê-lo como a causa de   nossos próprios  problemas em nosso relacionamento com Deus.

Rezemos por nossos pais e por cada um de nós que é pai, como filhos pródigos, para que procuremos imitar nosso Pai Celestial, o Pai refletido na parábola do filho pródigo.

Tradução da  tradução original em inglês  sob a responsabilidade do diretor editorial da ZENIT.
Fonte: 
https://es.zenit.org/2025/04/11/la-psicologia-y-su-influencia-en-la-religion/

Os passos da Semana Santa 2025

Jesus Cristo pendurado na cruz (CNBB)

OS PASSOS DA SEMANA SANTA 2025: NOSSA ESPERANÇA ESTÁ ENRAIZADA NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO

A Igreja abre, no próximo domingo, com a celebração dos Ramos da Paixão do Senhor, a Semana Santa. Nela está o ápice do Ano Litúrgico e momento central da fé católica: o Tríduo Pascal. Nesta semana, a Liturgia do Domingo de Ramos visa recordar a Paixão de Cristo, desde sua entrada messiânica em Jerusalém. Nos primeiros dias da Semana Santa, as leituras consideram o mistério da paixão. Na Missa do Crisma, as leituras sublinham a função messiânica de Cristo e sua continuação na Igreja, por meio dos sacramentos. Já o Tríduo, que tem início na quinta-feira, culmina com a vitória de Cristo sobre a morte.

Os subsídios “Igreja em Oração” e “Semana Santa 2025“, oferecidos pela Edições CNBB para conduzir as comunidades no seu caminho rumo à Páscoa, apresentam os pontos centrais da celebração de cada dia. O arcebispo-bispo de Cachoeiro do Itapemirim (ES), dom Luiz Fernando Lisboa, situa a celebração da Semana Santa neste Jubileu 2025:

“Neste ano jubilar, somos chamados a redescobrir o significado da nossa jornada como Igreja missionária e sinodal. O Jubileu nos convida a renovar a fé, e o Tríduo Pascal nos lembra que nossa esperança está enraizada na Ressurreição de Cristo”. 

Sobre o Tríduo Pascal, ele salienta aquilo que cada celebração realiza nos cristãos:

“A Eucaristia, instituída na Quinta-feira Santa, nos fortalece e compromete; a Paixão de Cristo, celebrada na Sexta-feira Santa, nos reconcilia e nos faz mais sensíveis aos sofrimentos dos pobres e da terra; e a Ressurreição, proclamada na Vigília Pascal, nos dá a força necessária para lutar pela vida em abundância”. 

“O Tríduo Pascal nos ensina a viver essa esperança de forma concreta, renovando nossa confiança em Deus, que caminha conosco, ao nosso  lado, em busca da plenitude da vida”. 

Os sinais de cada dia:

Domingo de Ramos da Paixão do Senhor

A celebração toma a narração da Paixão segundo o Evangelho de São Lucas (Lc 23, 1-49). É neste dia que é realizada a Coleta Nacional da Campanha da Fraternidade.
Neste dia, a Igreja recorda a entrada do Cristo Senhor em Jerusalém para consumar seu mistério pascal. Por isso, em todas as missas comemora-se esta entrada do Senhor, conforme orientação dos subsídios litúrgicos:
– antes da missa principal, pela procissão ou pela entrada solene;
– antes das outras missas, pela entrada simples;
– em uma ou outra Missa celebrada cm grande número de fiéis, pode-se repetir a entrada solene, mas não a procissão.

Segunda-feira

Na segunda-feira, é apresentado o primeiro canto do Servo do Senhor, extraído do livro do Profeta Isaías. O salmo, que proclama que ‘O Senhor é a proteção da minha vida’, é como um farol de esperança entre as dificuldades que se avistam na primeira leitura e no Evangelho (Jo 12, 1-11), quando Jesus fala do dia da sua sepultura quando tem os pés ungidos de perfume.

Terça-feira

“Eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até aos confins da terra”, diz o segundo canto do Servo do Senhor no livro do profeta Isaías, na primeira leitura. A mensagem central deste dia passa pela Última Ceia. No Evangelho, há uma antecipação da Quinta-feira Santa, e Jesus anuncia a traição de Judas e as fraquezas de Pedro (Jo 13, 21-33.36-38).

Quarta-feira

A liturgia da quarta-feira da Semana Santa apresenta o terceiro cântico do Servo do Senhor: “não desviei o rosto de bofetões e cusparadas”. O salmo continua reforçando a confiança no Senhor: “Respondei-me pelo vosso imenso amor, neste tempo favorável, Senhor Deus”.

No Evangelho (Mt 26, 14-25), Jesus anuncia mais uma vez a sua morte, mas lamenta sobre a traição de Judas. A reflexão sugerida no subsídio Igreja em Oração observa que a liberdade humana e os desígnios divinos se entrelaçam: “Judas agiu em sua plena liberdade, movido talvez pela sede de dinheiro. Por outro lado, isso se torna oportunidade para que se consuma a economia salvífica. A traição de Judas transforma-se na ‘hora’ de Jesus, de sua glorificação”.

Quinta-feira

Duas grandes celebrações ocorrem na Quinta-feira Santa: pela manhã, a Missa do Crisma, que reúne todo o clero de cada diocese, e à noite, a celebração da Ceia do Senhora, dando início ao Tríduo Pascal.

Na missa do Crisma, há a renovação das promessas sacerdotais, a benção dos óleos dos enfermos e dos catecúmenos e a consagração do óleo do Crisma. A liturgia recorda o ungido do Senhor, enviado “para dar a boa-nova aos humildes”. No Evangelho (Lc 4,16), Jesus anuncia o cumprimento da escritura do livro do profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”.

Missa Vespertina da Ceia do Senhor

À noite, o início do Tríduo Pascal, no qual se faz a memória da morte, da sepultura e da Ressurreição de Jesus. É a “passagem do Senhor que, em uma ceia judaica, nos deu a nova Ceia, memoria de sua entrega total”, sublinha o subsídio Igreja em Oração. Nesta Missa, a Igreja também celebra a instituição da Eucaristia, do mandamento do amor e do sacerdócio. O gesto do lava-pés ensina a estar a serviço uns dos outros, na caridade, unidade e humildade.

Ao final dessa celebração, há a Transladação do Santíssimo Sacramento, numa procissão até o lugar da reposição, preparado em alguma parte da Igreja ou numa capela convenientemente ornada. Ali, é rezado o Ofício da agonia do Senhor.

Sexta-feira da Paixão do Senhor

A sexta-feira é dia de jejum e abstinência. Na celebração da Paixão, às três horas da tarde, são três partes: liturgia da Palavra, adoração da Cruz e sagrada Comunhão. O altar deve estar totalmente despojado, sem cruz, castiçais ou toalha. As leituras são as seguintes: Isaías 52,13-53,12; Salmo 30(31),2.6.12-13.15-16.17.25, com a resposta de Lucas 23,46; Hebreus 4,14-16;5,7-9; e o Evangelho de João 18,1-19,42.

Da sexta até o sábado, a Igreja não celebra os sacramentos, com exceção da Penitência e da Unção dos Enfermos.

O convite é que os cristãos celebrem “envoltos tanto pelo mistério da Cruz quanto pelo sofrimento do Cristo que prepara o gozo pascal”.

Sábado Santo

Pela manhã, a motivação é que seja meditado o “Ofício da manhã no Sábado Santo”, rezado na igreja despojada, sem velas, flores ou cruz. O roteiro está disponível nos subsídios litúrgicos oferecidos pelas Edições CNBB.

No Especial Semana Santa e no Oficio das Leituras do Sábado Santo, há uma antiga homilia no Grande Sábado Santo que pode ajudar nas reflexões.

À noite, há a Vigília Pascal na Noite Santa, “uma vigília em honra do Senhor, segundo antiquíssima tradição”. Essa vigília é a mais sublime e nobre de todas as Solenidades, e se realiza da seguinte maneira: após a celebração da luz e da proclamação da Páscoa, há a meditação das maravilhas que Deus realizou desde o início para seu povo que confia em sua Palavra e sua promessa, até que ao despontar da manhã, com os novos membros que renasceram no Batismo, ela é convidada à mesa que o Senhor preparou para o seu povo: o memorial de sua morte e ressurreição, até que Ele venha.

Domingo da Ressurreição

A Liturgia apresenta a pregação de Pedro sobre o ministério de Jesus e sua ressurreição (At 10,34a.37-43); O salmo (Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23) proclama “Este é o dia que o Senhor fez para nós”. Para a segunda leitura, são duas opções: da Carta aos Colossenses (Cl 3,1-4) ou da Primeira Carta aos Coríntios (1Cor 5,6b-8). O Evangelho narra a ida dos discípulos ao túmulo de Jesus (Jo 20,1-9): “De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos”.

Por Luiz Lopes Jr

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

A Via-Sacra dos Invisíveis cruza olhares e histórias em Roma

A Via-Sacra dos Invisíveis (Vatican Media)

Entre as ruas adjacentes à Estação Termini, um local de abrigo para muitos sem-teto, a Paixão de Jesus, pelo segundo ano, foi marcada pelos mesmos passos de muitas pessoas frágeis que fizeram da rua a sua casa. O bispo auxiliar da diocese do Papa, dom Michele Di Tolve, sublinhou que somente o olhar de Jesus nos torna capazes de encontrar os olhos dos invisíveis.

Benedetta Capelli – Vatican News

Há uma cidade que se aglomera em torno da Estação Termini, formada por pessoas que correm para não perder o trem, para chegar em tempo a um compromisso combinado ou para esperar alguém que talvez esteja voltando de férias. Mas há também outra cidade que dificilmente se mistura com a primeira: é a cidade das caixas de papelão que se transformam em camas, das sacolas de compras que são guarda-roupas que devem ser segurados com firmeza, de uma garrafa e um cigarro que fazem companhia. É a cidade dos invisíveis, das pessoas que provavelmente não escolheram viver na rua, os “pobres Cristos”, como são frequentemente chamados.

Cristos que escolheram reviver a paixão de Jesus nas ruas próximas à estação e junto com aqueles rostos que se tornaram familiares por terem se cruzado no refeitório “João Paulo II” ou no albergue da Cáritas “Don Luigi Di Liegro”, duas realidades que oferecem abrigo e calor para aqueles que vivem às margens da Estação. A Via Sacra dos Invisíveis se concentra no olhar que se torna abertura para o outro, relacionamento, cuidado. Agora em sua segunda edição, a iniciativa foi organizada pela Cáritas de Roma em colaboração com os Salesianos da Basílica do Sagrado Coração de Jesus em Castro Pretorio.

No olhar, encontramos Deus

Dentro da Basílica, vive-se a primeira estação: Jesus nos olha com amor. “Nesta noite”, lemos no livreto de meditação, "escolhemos não apenas ver as pessoas ao nosso redor, mas sermos vistos por nossa vez, sermos tocados pelo olhar do outro, que pode ter um poder de mudança profunda. Conscientes de que nesse olhar podemos encontrar Deus". A procissão formada por pessoas comuns, hóspedes do albergue Di Liegro, pobres, freiras e padres, se desloca para fora, na Via Marsala. As orações marcam os passos junto com o barulho do tráfego de sexta-feira, dos anúncios vindos da estação, daqueles que estão correndo para algo importante. O contraste, no entanto, vai se suavizando aos poucos, há quem observe com curiosidade essa humanidade caminhando, quem pare, quem faça o sinal da cruz. Não há indiferença, mas talvez curiosidade em entender essa Via Sacra que parece incomum em um lugar como esse.

A Via-Sacra dos Invisíveis (Vatican Media)

Dom Michele: “O relacionamento nos faz viver”

Dom Michele Di Tolve, bispo auxiliar da Diocese de Roma, liderou a procissão. “Devemos nos lembrar do olhar de Jesus sobre Zaqueu”, destacou à mídia do Vaticano, “se nos deixarmos encontrar pelo olhar do nosso irmão, percebemos que é o Senhor que nos procura nesse olhar, é isso que queremos testemunhar, caminhando humildemente entre os outros, mas encontrando o olhar das pessoas”. O convite do bispo é reconhecer naqueles que consideramos diferentes precisamente nós mesmos, “porque somos frágeis, pobres, necessitados, a necessidade do outro deve nos fazer perceber as nossas necessidades”, acrescenta, “e isso nos faria bem, muitas vezes estamos muito agitados para alcançar metas estabelecidas que nos distraem do relacionamento que, ao contrário, nos faz viver”.

Diretor da Cáritas: a Via Sacra da esperança

Enquanto o sol se põe, essa humanidade de invisíveis continua a caminhar em direção ao albergue na Via Marsala, a última parada da Via Sacra. “Esta é uma cidade”, explica Giustino Trincia, diretor da Cáritas de Roma, "de invisíveis que são muito visíveis, mas muitas vezes não se quer ver. Assim, o tema que também trazemos para essa Via Sacra, por um lado, é o dos olhares, convidando todos a olharem para essas pessoas e também a serem olhados, mas, por outro lado, é também o grande tema da esperança. A Via Sacra é também um caminho que sela a esperança, porque no final da Via Sacra está Jesus Cristo, morto, mas ressuscitado, que vence a morte". Uma esperança que se transforma em apoio, solidariedade, proximidade, se a pessoa encontra o olhar do outro, porque neste cruzamento ela se vê “reconhecida como pessoa, com sua própria dignidade, porque não há nada pior do que a pobreza material do que ser evitado ou até mesmo considerado um problema”. “Não nos damos conta”, conclui o diretor da Cáritas, “de que, de fato, tudo isso não é a causa, mas o efeito das grandes desigualdades, das injustiças de uma economia, de uma sociedade que não coloca no centro a pessoa, a dignidade do ser humano”.

Andrea e sua cruz

Há sete estações em que várias pessoas, entre elas também Andrea, carregam a cruz. Ele mora no albergue, tem olhos muito claros, é impossível não encontrar aquele olhar que mostra um sofrimento antigo, um pecado que ele ainda não perdoou a si mesmo porque sente a gravidade de ter batido em seu próprio pai. Há uma palavra que ele sempre repete: “família”, ele sente a necessidade dela, ele a procura, ele gostaria de reconquistá-la, ele anseia por ela. Ele quer voltar a ser pai de sua filha Michela e sente falta de sua parceira, mas sabe que agora precisa continuar no caminho de renascimento em que embarcou, pelo qual agradece sinceramente aos operadores que o estão apoiando. "Por que você participou da Via Sacra? Foi um gesto que tive que fazer, que senti vontade de fazer, porque - é a resposta dele - todos nós somos um pouco invisíveis". “Na minha opinião, na vida é importante rezar, tocar música e saber como se reconciliar com Deus”. Neste Jubileu da Esperança, ele volta a falar sobre aquele olhar que é o fio condutor da Via Sacra. “A esperança é a luz dos nossos olhos, é encontrar e falar diretamente com as pessoas, seja sobre coisas boas, coisas ruins, as quedas, as viagens, os quilômetros que ainda faltam percorrer especialmente para me reunir um dia com minha família, não posso mais ficar longe, mas sei que lá em cima há quem está do meu lado, só devo rezar!”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 11 de abril de 2025

Jubileu Eucarístico celebra os 525 anos da Primeira Missa no Brasil

Coroa Vermelha, Santa Cruz Cabrália - Foto: arquivo da Paróquia Sagrada Família 

Para marcar essa data histórica, a Diocese de Eunápolis promove o Jubileu Eucarístico dos 525 anos da Primeira Missa, entre os dias 24 e 26 de abril de 2025, com uma programação que une espiritualidade, cultura e civismo.

Sara Gomes - CNBB Regional Nordeste 3

Neste ano, em profunda comunhão com a Igreja que vivencia o Jubileu dos 2025 anos do nascimento de Jesus, como peregrinos de esperança, o Brasil, de modo especial a CNBB Regional Nordeste 3 - formada pelas arquidioceses e dioceses da Bahia e de Sergipe -, celebra um marco fundamental de sua história religiosa e cultural: os 525 anos da Primeira Missa celebrada em solo brasileiro. Realizada em 26 de abril de 1500, na região de Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália (BA), essa celebração simboliza o início da evangelização no país e representa um ponto de encontro entre culturas, fé e identidade nacional.

Para marcar essa data histórica, a Diocese de Eunápolis promove o Jubileu Eucarístico dos 525 anos da Primeira Missa, entre os dias 24 e 26 de abril de 2025, com uma programação que une espiritualidade, cultura e civismo. O evento também conta com o apoio do Governo da Bahia, da Prefeitura de Porto Seguro e da Prefeitura Municipal de Santa Cruz Cabrália, e terá transmissão oficial da TV Aparecida.

A celebração é um convite à renovação da fé e à valorização das raízes cristãs do povo brasileiro, reafirmando o papel da Eucaristia como fonte de unidade e missão evangelizadora.

Um aspecto marcante é a presença do povo Pataxó, cujas aldeias estão fortemente enraizadas na região de Coroa Vermelha. Muitos dos paroquianos da Igreja local são indígenas Pataxós, que mantêm viva sua cultura e espiritualidade, e participam ativamente da vida eclesial. Sua presença no Jubileu traz um profundo significado de reconciliação histórica, diálogo entre culturas e reafirmação do protagonismo dos povos originários na construção da fé no Brasil.

PROGRAMAÇÃO OFICIAL

24 de abril (quinta-feira) – Abertura Solene

16h30 - Abertura Cívica do Jubileu Eucarístico no Centro Histórico de Santa Cruz Cabrália, com hasteamento das bandeiras, execução do Hino Nacional pela Filarmônica local e acolhida da Gestão Municipal aos Arcebispos e Bispos da CNBB Regional Nordeste 3;

17h - Missa Solene com os Arcebispos e Bispos do Regional Nordeste 3, na Igreja Nossa Senhora da Conceição.

25 de abril (sexta-feira)

Visitas Jubilares em lugares de devoção e fé em Porto Seguro, como a Igreja de Nossa Senhora D’Ajuda, Vale Verde e Centro Histórico;

9h - Jubileu dos Militares com a Celebração da Páscoa dos Militares na Igreja Nossa Senhora da Pena, em Porto Seguro;

15h - Terço da Misericórdia pelo Brasil, na Praça do Cruzeiro, em Coroa Vermelha;

17h - Missa Solene na Paróquia Nossa Senhora da Pena, em Porto Seguro.

26 de abril (sábado) – Dia dos 525 anos da Primeira Missa

5h - Alvorada festiva com fogos e Filarmônicas;

10h - Encenação do Auto de Pindorama, na Praça do Cruzeiro;

10h - Chegada e acolhida da Cruz Original da Primeira Missa, no Aeroporto Internacional de Porto Seguro;

12h - Bênção dos Peregrinos, na Praça do Cruzeiro em Coroa Vermelha; salva de fogos e badalar dos sinos em todas as paróquias da Diocese de Eunápolis;

13h - Carreata da Fé com a Cruz da Primeira Missa do Brasil, saindo da Paróquia São Sebastião, em Porto Seguro;

14h30 - Procissão de Nossa Senhora da Esperança, saindo da Praça da Juventude, em Coroa Vermelha;

16h - Missa Pontifical dos 525 anos da Primeira Missa do Brasil, na Praça do Cruzeiro, em Coroa Vermelha;

18h - Encerramento com show pirotécnico e show religioso.

A celebração promete reunir fiéis de diversas partes do Brasil, transformando a Costa do Descobrimento em um grande santuário a céu aberto. Em um tempo que clama por reconciliação e esperança, celebrar a Eucaristia onde tudo começou é reafirmar a presença de Deus na história e no futuro do povo brasileiro.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Cardeal Gantin: Em memória do Cardeal Bernardin Gantin (I)

Cardeal Bernardin Gantin | 30Gioirni

Arquivo 30Dias n. 05 - 2008

Em memória do Cardeal Bernardin Gantin

Em 13 de maio, aniversário da primeira aparição mariana em Fátima, o Cardeal Bernardin Gantin encerrou sua vida terrena. Poucos dias antes, em 8 de maio, dia da Súplica a Nossa Senhora de Pompéia, ele havia completado 86 anos. Com seu desaparecimento, a Igreja na África perde uma de suas figuras mais significativas. De fato, em 1960, Gantin foi o primeiro arcebispo metropolitano negro de seu continente. Ele foi posteriormente o primeiro africano a ser chamado para cargos de grande responsabilidade na Cúria Romana. Primeiro, em 1971, como secretário adjunto da Propaganda Fide, depois como presidente da «Iustitia et Pax» e da «Cor Unum», e depois, a partir de 1984, como prefeito da Congregação para os Bispos. Vindo da África negra, ele se viu à frente do departamento que mais colabora com o Papa na seleção de bispos “brancos” (para os territórios de missão, de fato, essa tarefa cabe à Propaganda Fide).

A morte do Cardeal Gantin também é uma perda para a Igreja universal. O cardeal participou do Concílio Vaticano II e dos dois conclaves de 1978. De 1993 até o final de 2002, ele também foi decano do Colégio Cardinalício. Depois, quando completou oitenta anos, pediu para retornar à sua terra natal com o título de deão emérito.

Profundamente ancorado em suas raízes, Gantin também era profundamente romano. E não apenas porque ele passou bons 31 anos de sua vida na Cidade Eterna. Se há um aspecto da figura do Cardeal Gantin que sempre impressionou seus interlocutores, é seu amor a Roma e ao Bispo de Roma, o Papa. É proverbial que, enquanto pôde, o cardeal nunca quis perder a missa que é celebrada todo dia 6 de agosto na cidade para comemorar a morte de Paulo VI, daquele Papa Montini que o havia chamado a Roma para servir na Cúria Romana. Ele lembra com que carinho sempre falava de João Paulo I. O cardeal sempre teve enorme estima e respeito por João Paulo II. Por fim, o vínculo com Bento XVI era muito especial: de fato, Ratzinger e Gantin foram criados cardeais no mesmo consistório, o de 1977, o último de Paulo VI. Não só isso. Entrevistado por 30Giorniem 2002, o cardeal, explicando a sua dor pelas «muitas críticas… muitas vezes injustificadas» que ouviu dirigidas à Cúria Romana ao longo dos anos, indicou o próprio Cardeal Ratzinger como uma figura «exemplar», «um verdadeiro modelo para toda a Cúria». "Aqueles que tiveram a sorte de conhecê-lo pessoalmente", acrescentou, "puderam apreciar a delicadeza, a sensibilidade, a cortesia e a simplicidade com que Ratzinger lida com os casos muitas vezes difíceis que lhe são submetidos". O cardeal não pôde expressar fisicamente seu voto no conclave de 2005.

 Mas um jornalista americano escreveu que o Cardeal Gantin, ao deixar o cargo de decano do Colégio, favoreceu a nomeação para este cargo do então vice-decano, que era Ratzinger, e assim, de alguma forma, ajudou objetivamente a eleição de Bento XVI. A história não é feita de "ses", é claro, mas não nos importamos em imaginar que as coisas aconteceram exatamente dessa maneira.

Em suma, o Cardeal Gantin sempre amou o Papa, o Bispo de Roma. E ele sempre amou Roma, tanto que quis voltar para a África, como sempre repetia, como “missionário romano”. Em sua missa de despedida em Roma, celebrada na manhã de 3 de dezembro de 2002, o cardeal exclamou: "Que minha língua se cole ao meu palato e que minha mão direita fique paralisada se eu algum dia me esquecer de ti, ó Roma, nova Jerusalém, meta de tantos peregrinos de todo o mundo..."

Por fim, o falecimento do Cardeal Gantin também é uma perda para nossa revista, à qual ele nunca deixou de demonstrar sua paternal benevolência. De fato, o cardeal não deu entrevistas, com exceção daquelas concedidas ao nosso Gianni Cardinale. E para lembrá-lo pensamos em publicar nas páginas seguintes duas de suas conversas mais significativas com nossa revista mensal.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Existe algo que deixa as pessoas mais felizes do que sexo e chocolate?

Liliya Kandrashevich | Shutterstock

Susan E. Wills - publicado em 22/03/15 - atualizado em 11/04/25

Uma pesquisa feita no Reino Unido encontrou respostas surpreendentes.

As revistas femininas, pelo menos aquelas posicionadas estrategicamente nos caixas dos supermercados, parecem obcecadas com a propriedade que o sexo e os chocolates têm de produzir euforia. As revistas masculinas parecem focadas nas mais recentes “ótimas ideias” para torná-los desejados pelas mulheres e invejados pelos outros homens.
 
Mas um novo estudo sugere que os homens e as mulheres poderiam se sentir melhor se… olhassem os álbuns de família.
 
Uma pesquisa da Opinion Matters ouviu 2.040 adultos no Reino Unido e descobriu que 80% dos entrevistados “eram mais felizes quando relembravam os velhos tempos passados com amigos e familiares”.
 
O chocolate (com 17%) e “até mesmo sexo (38%)” ficaram atrás das lembranças (45%) na lista das “fontes de maior e mais prolongado impulso emocional”.
 
E quais são os eventos que produzem as lembranças mais felizes?
 
1. O nascimento dos filhos, citado por 45% dos entrevistados;
2. Uma determinada viagem de lazer ou férias, para 32%;
3. O encontro com o(a) parceiro(a), para 30%;
4. Natal, aniversários e outras celebrações (% não informado);
5. O dia do casamento, citado por 20%.
 
A “lembrança favorita” menos popular foi a promoção no trabalho, citada por apenas 4% dos entrevistados.
 
A pesquisa também perguntou sobre o tipo de lembrança que tem “maior poder emocional” para o entrevistado e descobriu que “olhar fotos antigas de momentos felizes” vem em primeiro lugar, para 53% das pessoas. “Recordar o passado em conversas com parentes” ocupa o segundo lugar, com 36% de menções. Em terceiro lugar, para 25% dos entrevistados, “ver fotos de pais e avós”.
 
O realizador do estudo, Richard Grant, divulgou os resultados junto com o lançamento do Lifetile, um serviço online gratuito, criado por ele, que permite aos usuários “reconstituir e organizar com segurança a história da sua vida e compartilhá-la, inteira ou em partes, com as pessoas que mais lhe importam”. Ele comenta:
 
“Chegamos a uma época em que estamos tão ocupados capturando tudo no mesmo instante em que acontece que corremos o risco de perder de vista o porquê de estarmos fazendo isso! Esquecemos de parar e olhar para trás, para a história da nossa vida, para as coisas que realmente importam, e ficamos indo de uma atualização para a próxima no nosso status nas redes sociais”.
 
Mas por que as lembranças boas são experiências mais interessantes do que as vivências atuais, que deveriam nos parecer mais vivas? A neurociência explica que as nossas mentes reveem e embelezam as nossas memórias, tornando-as menos factuais e, talvez, mais felizes (ou mais assustadoras) do que de fato foram.
 
Eu acho, porém, que a resposta está no fato de que os chocolates e a intimidade sexual (mesmo dentro do casamento) não chegam perto de satisfazer os anseios mais profundos do coração humano; pelo menos não durante muito tempo. A felicidade duradoura está no dom de si mesmo, no ato de oferecer e receber verdadeiro amor, aquele amor sacrificial, em que os interesses e as necessidades do outro (e de muitos outros, espera-se) são colocados à frente dos nossos próprios. O papa João Paulo II identificou exatamente nisto o sentido da vida humana.
 
No nascimento do primeiro filho, eu acho que a maioria dos pais se sente atingida por uma avalanche de emoções que eles nunca tinham experimentado antes: um amor (deveria haver outra palavra, específica só para isso!) palpável por aquela pequena criatura que eles agora estão segurando nos braços… Depois do nascimento do meu primeiro neto, a minha filha me confidenciou: “Eu nunca tinha entendido até hoje o quanto você realmente me ama”. E os nascimentos seguintes foram todos recapturando aquela alegria na união dos membros da família.

 
Quanto às pessoas que citaram alguma viagem de férias com a maior das suas felicidades, não pense que elas estavam viajando sozinhas. Você já foi ver um filme sozinho? O prazer é tão menor quando comparado ao de compartilhar a experiência com a família ou com amigos!
 
As viagens de lazer são especiais não por causa do destino, mas por causa do tempo compartilhado com os entes queridos. Amigos e casais sem filhos podem descobrir e compartilhar novas experiências. Para as famílias com filhos, são tempos preciosos em que a mãe e o pai, temporariamente livres das responsabilidades que ocupam a maior parte da sua vida diária, conseguem esbanjar toda a sua atenção com os filhos (que chegam a ficar surpresos e agradecidos!).
 
Todas as nossas lembranças mais felizes, em suma, envolvem relacionamentos com as pessoas que nos amam e a quem nós amamos.
 
Será que a cultura de hoje reconhece esta verdade? Considerando a nossa busca febril de entretenimento, de prazer sensual, de riqueza material, de celebridade e de poder, parece que não.
 
O conceito de “níveis de felicidade” vem de um lampejo da mente de Aristóteles e é promovido até hoje.
 
O nível 1 da felicidade, o dos prazeres sensuais que a nossa mídia de celebridades e as nossas corporações comerciais elevaram ao nível mais alto, aciona um único e fugaz prazer, que precisa ser constantemente reexperimentado ou substituído por outros novos e melhores.
 
O nível 2 da felicidade é o da satisfação do ego, o de sentir-se superior, mais admirado, mais popular e mais bem sucedido que os outros. Esse nível nos isola e não consegue produzir uma felicidade duradoura, porque, primeiro, nesse nível não estamos dando os nossos talentos, o nosso amor e o nosso próprio ser a ninguém e, segundo, porque estaremos sempre inseguros sabendo que outros poderão nos ofuscar amanhã.
 
O nível 3 da felicidade, encontrado nas respostas a essa pesquisa britânica, reflete o desejo humano (ou pelo menos dos humanos saudáveis, maduros e psicologicamente equilibrados) de cuidar dos outros, de se entregar e de fazer do mundo um lugar melhor, contribuindo para o bem comum.
 
E o nível 4 da felicidade reconhece que o desejo humano de bondade, verdade, beleza e justiça nos leva a Deus e a uma vida espiritual e criativa que transcende os aspectos mundanos da existência terrena.
 
A pesquisa diz o que as revistas não vão dizer: “Direcionem o seu coração para os outros e não para as coisas que só trazem o prazer fugaz”. E eu acrescento: “Direcionem o seu coração para Deus. Ele vai lhes mostrar como viver a vida ao máximo!”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2015/03/22/existe-algo-que-deixa-as-pessoas-mais-felizes-do-que-sexo-e-chocolate

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF