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domingo, 12 de outubro de 2025

Reflexão para o XXVIII Domingo do Tempo Comum (C)

Evangelho do domingo (Vatican News)

Quando o Papa canoniza homens e mulheres, canoniza pessoas que foram sábias aos olhos de Deus, fazendo opção por aquilo que é eterno.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

A liturgia de hoje nos questiona sobre a autêntica sabedoria, aquela que leva a uma felicidade sem limites, a uma total realização, em todos os âmbitos da vida.

Os bens que almejamos nos trazem dependência e não nos dão segurança. Ao contrário, nos brutalizam, tornando-nos gananciosos e opressores. O autor da primeira leitura preferiu a Sabedoria ao poder , à riqueza, à beleza , à saúde, “pois o esplendor que dela irradia não se apaga”. Em seguida diz que todos bens vieram com ela. A sabedoria está em discernir, em saber escolher aquilo que é duradouro, que não perece e nos sacia plenamente.

No Evangelho vemos um homem rico em bens deste mundo, mas desejoso dos bens eternos. Ele busca Jesus e lhe pergunta o que fazer para ganhar a vida eterna. Jesus lhe responde dizendo que  a vida eterna está no relacionamento  fraterno: entre outras coisas, não matarás,  não cometerás adultério, não roubarás. O homem se mostra um justo, pois nada transgrediu desde a juventude. Contudo, ainda não chegou à perfeição.

Jesus, então, fez a proposta libertadora, após lhe dirigir um olhar amoroso: Só uma coisa te falta. Vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me! ” Não basta não ter feito mal, é preciso ser misericordioso! Por isso o Mestre acrescenta para seus discípulos a dificuldade de um rico entrar no céu. É necessário que ele se deixe tocar pela graça de Deus e dê à sua riqueza um sentido social, fraterno. Quem fizer isso participará da nova sociedade, a dos filhos de Deus.

A segunda leitura nos fala da força da Palavra de Deus, da sua capacidade de realizar em nós o que o Espírito nos fizer pedir ao Pai.

Quando o Papa canoniza homens e mulheres, canoniza pessoas que foram sábias aos olhos de Deus, fazendo opção por aquilo que é eterno.

Abriram mão de riqueza, juventude, saúde, de tudo que era lícito e louvável aos olhos do mundo e também da religião, para se colocarem mais próximos a Jesus, para se tornarem cidadãos do céu. Foram livres em partilhar não apenas bens materiais, mas suas vidas.

Por isso estão eternizados, recordados sempre como amigos de Deus e de seu Filho Jesus Cristo, e vivendo plenamente a felicidade. São homens literalmente realizados!

Que o exemplo dos santos revigore também em nós o desejo de alcançar a santidade, testemunhando no dia-a-dia o amor a Deus e aos irmãos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

LIVROS: Lectio divina à luz dos Padres

Enrico dal Covolo, Uma Lâmpada para os Meus Passos. Lendo a Palavra como Nossos Pais , Elledici, Leumann (Turim), 2007, 240 pp. | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº 12 - 2007

Lectio divina à luz dos Padres

Prefácio do primeiro colaborador do Papa ao volume de Dom Enrico dal Covolo, Postulador Geral dos Salesianos.

pelo Cardeal Tarcisio Bertone

O caminho da lectio divina , progressivamente redescoberto nos quarenta anos que se seguiram ao Concílio Vaticano II, é agora familiar a muitos fiéis que pretendem ler e meditar a Escritura na tradição viva da Igreja.

«Gostaria de evocar», recomendou recentemente Bento XVI no quadragésimo aniversário da constituição conciliar Dei Verbum , «a antiga tradição da lectio divina : a leitura assídua da Sagrada Escritura acompanhada pela oração instaura aquele diálogo íntimo em que, lendo, se escuta Deus que fala e, rezando, se responde a Ele com confiante abertura de coração (cf. DV n. 25).

Esta prática, se for eficazmente promovida, trará à Igreja — estou convencido — uma nova primavera espiritual. Como pedra angular da pastoral bíblica, a lectio divina deve, portanto, ser ainda mais encorajada, também através do uso de métodos novos, cuidadosamente considerados, em sintonia com os tempos. Nunca devemos esquecer que a Palavra de Deus é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho (cf. Sl 118/119, 105)» 1.

A originalidade deste auxílio, fruto de um exercício de lectio divina
de trinta anos , consiste numa referência mais explícita aos Padres da Igreja e aos seus modo de ler a Palavra de Deus. Muitas vezes, de fato, aqueles que praticam a lectio cultivam suas habilidades no campo bíblico, e muito menos (ou nada) no campo patrístico: pelo contrário, é precisamente este último o lugar em que a lectio divina se desenvolveu . Assim, o primeiro capítulo deste livro pretende recuperar a atenção devida aos Padres no exercício da lectio , ilustrando em rápida síntese o itinerário histórico da lectio divina desde a "virada origeniana" até as Regras monásticas, até Guigo II, prior da Grande Certosa entre 1174 e 1180. Em última análise, essas páginas iniciais fornecem o modelo patrístico, ao qual se conformam os exemplos de lectio coletados no auxílio: primeiro, a página sagrada é lida e meditada ( lectio meditatio ), para depois ser aberta à oração e à conversão de vida ( oratio contemplatio ). O ícone deste modelo patrístico é Maria Santíssima, que – segundo Lucas 2, 19 – não só guardou a Palavra de Deus (aqui está a leitura e a meditação), mas também a confrontou em seu coração (e aqui está a oração e a conversão de vida, isto é, a autêntica contemplatio).

Finalmente, quanto aos exemplos de lectio aqui dados, que constituem o corpo do volume, abrangendo do Antigo ao Novo Testamento, é necessário acolher com fé a severa admoestação de Orígenes († 254), mestre incontestado da theía anágnosis (em latim lectio divina ), nas suas Homilias sobre os Números , onde escreve: «Não chamo à Lei “Antigo Testamento” se a compreendo no Espírito. A Lei torna-se “Antigo Testamento” apenas para aqueles que a querem compreender carnalmente», isto é, detendo-se na letra do texto. Mas «para nós, que a compreendemos e a aplicamos no Espírito e no sentido do Evangelho, a Lei é sempre nova, e os dois Testamentos são para nós um novo Testamento, não pela data temporal, mas pela novidade do sentido... Em vez disso, para o pecador e para aqueles que não respeitam o pacto da caridade, também os Evangelhos envelhecem» 2.

Por outro lado, o Papa Bento XVI afirma novamente que, na leitura orante das Escrituras e no compromisso coerente com a vida, "a Igreja deve sempre se renovar e rejuvenescer, e a Palavra de Deus, que nunca envelhece nem se esgota, é o meio privilegiado para esse fim. De fato, é a Palavra de Deus que, por meio do Espírito Santo, nos guia sempre de novo para a verdade plena (cf. Jo 16,13) " . 3 

Apresento com prazer e recomendo a leitura deste pequeno volume de Dom Enrico dal Covolo, SDB, professor de Literatura Cristã Antiga na Pontifícia Universidade Salesiana de Roma e consultor da Congregação para a Doutrina da Fé. Entre outras coisas, o recurso também pode ser útil em vista da próxima assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos (outubro de 2008), que o Papa, com feliz intuição, escolheu dedicar à "Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja".

Notas 

1 Bento XVI, Aos participantes do Congresso Internacional para o 40º aniversário da Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina Dei Verbum, L'Osservatore Romano , 17.9.2005, p. 5. 

2 Orígenes, Homilia sobre os Números 9, 4, 2, eds. WA Baehrens – L. Doutreleau, SC 415, Paris 1996, p. 240. 

3 Bento XVI, Aos participantes do Congresso Internacional para o 40º aniversário da Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina Dei Verbum, cit.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil

Basílica de Nossa Senhora Aparecida (Vatican News)

Estamos celebrando Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil. Voltemos o nosso olhar para o ano 1717, quando aquela imagem foi pescada no Rio Paraíba do Sul.

Cardeal Paulo Cezar Costa - Arcebispo Metropolitano de Brasília

A labuta de três pescadores procurando peixes no Rio Paraíba... Não conseguem apanhar nada; de repente, vem o inesperado: pescam o corpo da imagem de cerâmica de Aparecida e, depois, a sua cabeça. A seguir, conseguem apanhar os peixes que necessitavam. Podemos dizer que, através da pesca, Deus dá um primeiro sinal do sentido dessa imagem. Aqueles pobres pescadores uniram a cabeça ao corpo, restauraram a imagem. Passaram a venerá-la e os sinais começaram a acontecer. Se o grande sinal que precedeu o encontro da imagem foi a pesca milagrosa dos peixes de que necessitavam, outros sinais começaram a acontecer, fruto da veneração à imagem, fruto do amor do povo simples que percebia que algo especial estava acontecendo: era a presença materna da mãe de Deus e nossa mãe.

O Povo Brasileiro, hoje, pode viver daquele evento em que a Mãe de Deus nos visitou e deixou a sua presença materna impregnando a nossa história. São João Paulo II nos explica o mistério da maternidade de Maria e como a sua missão aponta para uma Igreja Evangelizadora: “Ao confessar-se 'serva do Senhor' (cf. Lc 1,38) e ao pronunciar o seu 'sim', acolhendo ‘em seu coração e em seu seio' (cf. S. Agostinho, De Virginitate, 6: PL 40,399) o mistério de Cristo Redentor, Maria não foi instrumento meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens com fé livre e inteira obediência. Sem nada tirar ou diminuir e nada acrescentar à ação daquele que é o único Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, Maria nos aponta as vias da Salvação, vias que convergem todas para Cristo, seu Filho, e para a sua obra redentora. Maria nos leva a Cristo, como afirma com precisão o Concílio Vaticano II: 'A função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia... e de nenhum modo impede o contato imediato dos fiéis com Cristo, antes o favorece (Lumen Gentium, 60). Mãe da Igreja, a Virgem Santíssima tem uma presença singular na vida e ação dessa mesma Igreja.

Por isso mesmo, a Igreja tem os olhos sempre voltados para Aquela que, permanecendo virgem, gerou, por obra do Espírito Santo, o Verbo feito carne. Qual é a missão da Igreja senão a de fazer nascer o Cristo no coração dos fiéis (cf. ibidem, 65), pela ação do mesmo Espírito Santo, através da evangelização? Assim, a 'Estrela da Evangelização', como lhe chamou o meu Predecessor Paulo VI, aponta e ilumina os caminhos do anúncio do Evangelho" (São João Paulo II, homilia de 4 de julho de 1980, em Aparecida).

Desse modo, o mistério de Aparecida continua a nos iluminar hoje nas nossas dores, alegrias e esperanças e a indicar o caminho da Evangelização como caminho da Igreja. Porque o anúncio do Evangelho deve ser a "tarefa primária da Igreja", e a causa missionária, a primeira de todas as causas. Que a Mãe de Jesus e Nossa mãe nos ajude neste caminho.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 11 de outubro de 2025

Oração pelas crianças

Shutterstock

Aleteia Brasil - publicado em 11/10/17 - atualizado em 10/10/25

Jesus, porém, chamou-as e disse: “Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas” (Lucas 18,16)

O “Dia das Crianças” varia conforme o lugar do mundo. No Brasil, é muito significativo observar que é no mesmo dia de Nossa Senhora Aparecida, a mãe de Jesus e nossa mãe também! Mas todos podemos e devemos rezar pelos pequeninos todos os dias! Esta é uma sugestão de oração:

Senhor, as nossas crianças precisam de Deus, de crescer com valores humanos e cristãos, que ajudem a fazer melhor suas escolhas.

Elas precisam de um lar equilibrado e pais que se amem, para que elas não percam o valor do amor e da vida;

Nossas crianças precisam ser crianças e não trabalhar antes da hora ou roubar os seus direitos financiando guerras de adultos inconsequentes;

Elas precisam de saúde e segurança para crescer e ajudar o nosso país a conquistar o futuro de outras crianças;

Senhor, as nossas crianças precisam de paz, de viver sem medo e sem o horror da violência;

De uma casa para morar; De liberdade para sorrir e brincar;

Peço Senhor, que nossas crianças tenham a oportunidade de estudar, de aprender a ler e escrever e encontrar a sua vocação;

Precisam de pais que participam, de diversão, para que cresçam normais;

De brinquedos sadios, que não destruam suas consciências;

Pipoca, guaraná, cinema, praia, futebol, amizade, tranquilidade, carinho, bichinhos, tios e avós…

Senhor, as nossas crianças precisam de mim e de você que está rezando por elas agora! Lembrei-me de uma música: “Depende de nós… a felicidade de nossas crianças”.

“Ó meu bom Jesus, que a todos conduz, olhai as crianças do nosso Brasil!”

Fonte: https://pt.aleteia.org/2017/10/11/oracao-pelas-criancas/

O que é e como surgiu o Círio de Nazaré

Imagem de Nossa Senhora de Nazaré no Círio 2024 | Davi Corrêa / ACI Digital

Por Nathália Queiroz*

11 de out de 2025 às 00:30

O Círio de Nazaré começou na segunda-feira (6) em Belém (PA) e terá no domingo (12) a procissão mais importante, que percorre 3,6 km e espera reunir mais de 2 milhões de pessoas.

Devoção a Nossa Senhora de Nazaré

Nossa Senhora de Nazaré é um dos títulos marianos mais antigos, remete ao período da infância de Jesus, em Nazaré da Galileia. Segundo a tradição, são José, marido de Maria, esculpiu uma imagem da Virgem amamentando que ficou conhecida como Nossa Senhora de Nazaré. Em 361, a imagem foi levada a Portugal e escondida no pico de São Bartolomeu, sendo encontrada apenas em 1119, dando início à sua veneração e a muitos milagres. Em 1182 foi erguida uma ermida a Nossa Senhora de Nazaré onde hoje está o Santuário de Nazaré, em Portugal.

No Brasil, a devoção começou em 1700 com o achado de uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré pelo Caboclo Plácido às margens do Igarapé Murutucu, perto de onde hoje está a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré.  Ele a levou para a sua casa várias vezes, mas milagrosamente a imagem voltava para o local onde foi encontrada. Então, Plácido construiu uma pequena capela para a imagem no lugar. A notícias da santa milagrosa se espalhou e todos os anos milhares de devotos visitavam a capela para pedir milagres e agradecer as graças alcançadas.

Nossa Senhora de Nazaré faz parte da vida cotidiana do povo paraense. Está nas casas, nas lojas, nos mercados, instituições, em todos os lugares é possível encontrar uma imagem. Muitos devotos a chamam carinhosamente de “Tia Naza”, “Nazica” ou “Nazinha”. 

Por que se chama Círio de Nazaré?

A palavra "círio" deriva do latim “cereus”, que significa vela, e, em português passou a designar um tipo específico de grande vela de uso litúrgico. O uso da palavra “círio” para dar nome à procissão de Nossa Senhora de Nazaré tem a sua origem em Portugal, onde os romeiros iam ao Santuário de Nossa Senhora de Nazaré carregando velas e círios. Com o tempo, a própria procissão começou a ser chamada de círio.

Em Belém, as procissões a Nossa Senhora de Nazaré começaram em 1792 e eram feitas à noite com a presença de um Círio que iluminava e guiava os fiéis que também carregavam velas. A presença das velas era tão marcante que assim como em Portugal, as procissões também começaram a ser chamadas de Círio. Em 1845, ela passou a ser de manhã para fugir da chuva, mas o nome continuou Círio de Nazaré até hoje.

O Círio de Nazaré foi reconhecido em 2004 como patrimônio cultural imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

O Círio de Nazaré tem 14 procissões

O dia mais importante do Círio de Nazaré é o segundo domingo de outubro, que costuma reunir mais de 2 milhões de pessoas para celebrar a Rainha da Amazônia. A procissão de 3,6 km de percurso sai da catedral, na Cidade Velha, até a Praça Santuário de Nazaré. Em todo o mês de outubro acontecem mais 13 procissões: Translado de carros, Translado para Ananindeua, Romaria Rodoviária, Romaria Fluvial, Moto Romaria, Transladação, Ciclo Romaria, Romaria da Juventude, Romaria das Crianças, Romaria dos Corredores,  Romaria da Acessibilidade, Procissão da Festa, Recírio.

Os símbolos do Círio de Nazaré

O item mais característico do Círio de Nazaré de Belém é a corda que os promesseiros buscam tocar como forma de pagar promessa. Ela passou a fazer parte do círio em 1885, quando uma enchente da Baía do Guajará alagou a orla no momento da procissão. A berlinda com a imagem ficou atolada e os cavalos não conseguiram puxá-la. Então, um comerciante local emprestou uma corda para os fiéis puxarem a berlinda. Desde então, a corda é usada no círio. Feita de cisal retorcido com 400 metros de comprimento, a corda simboliza o elo entre os fiéis e Nossa Senhora de Nazaré.

O principal símbolo da festa é a berlinda, a estrutura de madeira e vidro que leva a imagem de Nossa Senhora de Nazaré nas procissões. Ela começou a ser usada no Círio em 1882, antes a imagem era levada no colo do capelão do Palácio do Governo, em um palanquim carregado por cerca de seis homens. A berlinda era puxada por cavalos.

Nas procissões, é comum ver os fiéis com ex-votos ou objetos de promessa como sinal de agradecimento pelas graças recebidas por intercessão de Nossa Senhora. Eles costumam levar miniaturas de casas e barcos, réplicas da berlinda de Nossa Senhora, tijolos, velas do próprio tamanho, peças de cera com formato de partes do corpo. Na procissão há o carro dos milagres onde os devotos podem colocar esses objetos.

*Escrevo para a ACI Digital há nove anos e desde 2023 sou correspondente no Brasil para o telejornal EWTN Notícias. Sou certificada em espanhol pelo Instituto Cervantes. Tenho experiência em redação de conteúdo religioso para mídias católicas em português e espanhol e em tradução de sites religiosos. Sou casada, tenho quatro filhos e sou catequista há cerca de 20 anos. Escrevo de Petrópolis (RJ).

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/59605/o-que-e-e-como-surgiu-o-cirio-de-nazare

Quer se sentir mais calmo? Como 20 minutos ao ar livre podem ajudar

Passar apenas 20 minutos na natureza pode desencadear mudanças mensuráveis ​​dentro do seu corpo (Getty Images)

Quer se sentir mais calmo? Como 20 minutos ao ar livre podem ajudar

9 outubro 2025

Yasmin Rufo BBC Notícias

Se você já se sentiu mais calmo depois de uma caminhada no parque ou um passeio pela floresta, não é sua imaginação, é biologia.

Estar ao ar livre pode desencadear mudanças mensuráveis ​​no seu corpo, desde a redução dos hormônios do estresse, alívio da pressão arterial e até mesmo melhora da saúde intestinal.

Você não precisa caminhar por horas para sentir esses benefícios, pois o impacto máximo acontece depois de apenas 20 minutos. Então, até mesmo uma caminhada até o parque na hora do almoço e um sanduíche em um banco algumas vezes por semana podem beneficiar seu corpo e sua mente.

Aqui estão quatro maneiras pelas quais estar em meio à natureza pode ajudar a melhorar sua saúde.

Os Drs. Chris e Xand van Tulleken têm a missão de nos ajudar a cuidar melhor de nós mesmos. Ouça o What's Up Docs? na BBC Sounds ou em qualquer outro canal de podcast da BBC.

1. Você relaxa inconscientemente

Quando você vê árvores verdes, sente o cheiro de pinheiros e ouve o suave farfalhar das folhas ou o som do canto dos pássaros, seu sistema nervoso autônomo — uma rede de nervos que controla processos inconscientes — responde instantaneamente.

Isso pode acontecer em uma visita ao parque local.

"Observamos mudanças no corpo, como redução da pressão arterial, alteração na variabilidade da frequência cardíaca e batimentos cardíacos mais lentos — tudo associado à calma fisiológica", disse a baronesa Kathy Willis, professora de biodiversidade na Universidade de Oxford, ao podcast What's Up Docs? da BBC Radio 4 .

Um estudo realizado no Reino Unido , envolvendo quase 20.000 pessoas, descobriu que aqueles que passavam pelo menos 120 minutos por semana em áreas verdes tinham probabilidade significativamente maior de relatar boa saúde e maior bem-estar psicológico.

As evidências dos benefícios de passar tempo na natureza são convincentes o suficiente para que algumas áreas tenham testado a chamada prescrição social verde, conectando as pessoas com a natureza para melhorar sua saúde física e mental, com um impacto positivo na felicidade e no bem-estar .

2. Seus hormônios reiniciam

O sistema hormonal do seu corpo também participa do ato de relaxamento.

Willis diz que passar tempo ao ar livre ativa nosso sistema endócrino e reduz os níveis de cortisol e adrenalina — os hormônios que aumentam quando você está estressado ou ansioso.

"Um estudo descobriu que pessoas que ficaram em um quarto de hotel por três dias e respiraram óleo de Hinoki (cipreste japonês) tiveram uma grande queda no hormônio adrenalina e um grande aumento nas células assassinas naturais no sangue."

As células assassinas naturais são células que combatem vírus no corpo. Os participantes do estudo ainda apresentavam níveis elevados de células assassinas naturais no corpo duas semanas após inalar o cheiro.

Essencialmente, a natureza "acalma o que precisa ser acalmado e fortalece o que precisa ser fortalecido", foi como o professor Ming Kuo, da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, resumiu à BBC .

"Um fim de semana de três dias na natureza tem um impacto enorme em nosso aparato de combate ao vírus e, mesmo um mês depois, ele pode estar 24% acima do normal."

Estudos também mostram efeitos menores, mas ainda persistentes, de períodos mais curtos passados ​​na natureza, diz ela.

3. O olfato é um sentido poderoso

Sentir o cheiro da natureza é tão poderoso quanto vê-la e ouvi-la.

O cheiro das árvores e do solo é cheio de compostos orgânicos liberados pelas plantas e "quando você os inala, algumas moléculas passam para a corrente sanguínea".

Willis diz que o pinho é um bom exemplo disso, pois o cheiro de uma floresta de pinheiros pode deixar você mais calmo em apenas 90 segundos e esse efeito dura cerca de 10 minutos.

Você pode pensar que o efeito relaxante da natureza está apenas na sua mente, mas outro estudo descobriu que até mesmo bebês muito pequenos, sem memória associada a cheiros específicos, ainda se acalmavam quando outro aroma calmante, o limoneno, era inalado no ambiente em que estavam.

4. Leva bactérias boas para o seu intestino

Tocar no solo pode ajudar seu corpo a adotar bactérias boas (Getty Images)

Além de acalmar sua mente, a natureza também pode ajudar a fortalecer seu microbioma, pois o solo e as plantas estão cheios de bactérias boas.

"São os mesmos tipos de bactérias boas pelas quais compramos probióticos ou bebidas", explica Willis.

O professor Ming Kuo estudou o efeito sobre fatores como suscetibilidade a infecções e saúde mental e diz que inalar certos deles tem o potencial de melhorar seu humor; e os produtos químicos antimicrobianos liberados pelas plantas — chamados fitoncidas — podem ajudar a combater doenças.

O Dr. Chris van Tulleken diz que, como cientista de infecções, ele vê a natureza como um ambiente positivamente desafiador que "estimula seu sistema imunológico".

Ele faz seus filhos brincarem com terra na floresta, que então entra no organismo deles pelo nariz ou pela boca.

Traga a natureza até você

Até mesmo ter um protetor de tela da natureza no seu laptop pode ajudá-lo a relaxar (Getty Images)

Claro, nem todo mundo pode ir para a floresta por impulso, mas a boa notícia é que você não precisa.

De acordo com Willis, até mesmo pequenos toques da natureza em casa podem fazer a diferença.

Visualmente, flores como rosas brancas ou amarelas demonstraram criar o maior efeito calmante na atividade cerebral.

Em relação ao cheiro, use um difusor com óleos essenciais como o pineno, que pode ajudar você a se sentir calmo.

E se tudo mais falhar, até uma foto de uma floresta pode ajudar.

Pesquisas mostram que olhar fotos da natureza no seu laptop ou simplesmente contemplar algo verde pode desencadear as mesmas mudanças calmantes nas ondas cerebrais e reduzir o estresse.

"Toda ajuda parece ajudar", diz o professor Ming Kuo.

Fonte: https://www.bbc.com/news/articles/cvg0yvdjgn5o

Maria, sinal de esperança

Círio de Nazaré (Arquidiocese de Belém)

MARIA, SINAL DE ESPERANÇA

10/10/2025

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)  

O quadragésimo quinto Círio de Nossa Senhora de Nazaré de Marabá tem como tema: “Maria, sinal de esperança”. A esperança é bíblica, é dom divino, porque nos une a Deus, a única esperança de vida e de salvação, na realização de seu plano de amor para com toda a humanidade. É também um tema ligado ao ano Jubilar 2025, onde nós lembramos a comemoração da Igreja a cada vinte e cinco anos a Redenção assumida pelo Filho de Deus, cujo lema neste ano 2025 é: “Peregrinos da esperança” (Rm 5,5). Vejamos a seguir o significado do tema do Círio em Marabá. 

O valor do Círio de Nazaré

O Círio é um momento forte de evangelização, um processo que leva as pessoas a viver os compromissos batismais com o Senhor Jesus Cristo, a Igreja, o engrandecimento do Reino de Deus. O povo se emociona ao ver a berlinda passar com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, porque, sente-a bem próxima de sua vida, agradece as graças alcançadas, pede novos dons para a continuidade da existência com fé, esperança e caridade. Os pedidos feitos a Maria são conduzidos ao seu Filho Jesus. Maria é um sinal esperança para todos nós e para a humanidade rumo à casa do Pai.  

A espera pelo Salvador

Maria foi uma pessoa que esperava o Salvador. Ela também aguardava os tempos messiânicos porque o Messias deveria chegar à realidade humana. Ela foi escolhida por Deus para ser mãe do Filho de Deus, Jesus Cristo. O anjo Gabriel disse a ela: “Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu  reino não terá fim”(Lc 1, 31-33). A Palavra de Deus é bem clara no sentido que Maria foi escolhida por Deus para gerar na carne o Filho de Deus.  

Maria disse sim

Maria disse sim ao plano da salvação do Senhor. Após o anjo Gabriel dizer que o Filho que ela geraria, seria obra do Espírito Santo e o poder do Altíssimo lhe cobriria com sua sombra, de modo que aquele que nasceria seria santo sendo chamado Filho de Deus e que Isabel também na sua velhice estava gerando um filho, João Batista, por graça de Deus, ela disse sim ao plano do Senhor para ser a mãe do Filho de Deus na carne colocando-se como sua serva e que tudo se realizasse conforme a vontade divina (cfr. Lc 1, 35-38). O sim de Maria ajuda-nos a viver o serviço, a paz e o amor no Senhor e no mundo. 

Peregrinos da esperança

O Papa Francisco colocou como lema do ano jubilar 2025, por ocasião da Redenção assumida pelo Verbo de Deus na carne; “Peregrinos da esperança” (Rm 5,5). Toda a pessoa que segue a Jesus, ama a Igreja é chamada a ser peregrina da esperança. O fato é que a esperança deve reinar sempre mais em nossa realidade familiar, comunitária, social.  

A realidade universal

A realidade do mundo, universal necessita de esperança para viver melhor. Nós necessitamos do dom da paz. A paz não é o silêncio das armas, mas é a reconciliação, o amor entre as pessoas e povos. Estamos atravessando um período difícil pela existência de muitas guerras, conflitos internos em diversos países. Nós suplicamos ao Senhor por intercessão de Maria, pela paz, para que as autoridades e os povos busquem o diálogo, o entendimento, a reconciliação. Somos pessoas que acreditam na esperança de dias melhores, no diálogo entre as nações.  

Oração

Nós necessitamos rezar para que a paz se realize neste mundo de muitos conflitos e guerras. A esperança nos ajuda a ir para frente e pedir ao dono da messe para que a paz se dê entre as pessoas, bairros, realidade municipal, estadual, nacional e internacional. A esperança alude a rezar sempre mais pela boa convivência entre as pessoas, povos e suas autoridades. 

Maria sinal de esperança 

Maria é sinal de esperança de vida sobre a morte, de alegria sobre a tristeza, de amor sobre o ódio. Ela foi uma mulher ligada ao seu Filho Jesus Cristo na sua missão de anunciar o Evangelho, o Reino de Deus, a cura de muitos doentes, a confortar muitos que sofriam por suas doenças, males e na evangelização dos pobres. Maria é um sinal atual que a realidade presente poderá ser diferente, pela nossa participação à vida comunitária, familiar, e social. Ela é a esperança que vai além de nossa vida atual. O sinal é alguma coisa de visível, de aparente. O sinal nos faz ligar Maria no caminho da vida eterna, junto ao seu Filho Jesus Cristo.  

Ela aponta ao seu Filho

A esperança é uma graça divina, é um dom de Deus. Maria é o dom do Senhor para a realidade que vivemos porque ela carrega o seu Filho Jesus Cristo. Ela é sinal de esperança porque nós necessitamos ser pessoas de esperança em toda a realidade. Ela aponta na sua imagem para o seu Filho Jesus Cristo, de modo que é a Ele que nós devemos recorrer, por intercessão de Nossa Senhora de Nazaré.  

Uma vida carregada de esperança

Maria por ser a mãe do Salvador teve uma vida carregada de esperança e de amor. Nós também devemos ser pessoas de esperança, a exemplo de Maria, a nossa Mãe. Ela leve os nossos pedidos e súplicas ao seu Filho Jesus Cristo. Nós carregamos a esperança de um mundo novo onde a esperança pela paz, pelo diálogo e pelo amor se difundam sempre mais no meio de nós e no mundo.  

Realidade amazônica

Nós estamos na realidade amazônica com os seus desafios, conflitos. Maria é a rainha da Amazônia. Maria é sinal de esperança na realidade amazônica, pelo respeito entre os povos indígenas, ribeirinhos, povos do campo e das cidades. Nós sabemos que a Amazônia é cobiçada por muitas pessoas, pelas suas florestas, águas e os povos que nela vivem. É preciso o respeito pela Amazônia. Maria é sinal de esperança para vivermos bem neste chão marcado por sangue derramado, mártires, leigos, leigas, ministros ordenados, religiosos, religiosas, lideranças eclesiais e sociais que trabalham em favor da construção do Reino de Deus.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Mais de 16 mil peregrinos são esperados para o Jubileu da Vida Consagrada

Jubileu da Vida Consagrada (Vatican Media)

Religiosos e religiosas, monges e contemplativas estão entre os que participarão do evento jubilar que começa nesta quarta-feira, 8 de outubro. Vigília de oração no primeiro dia na Basílica de São Pedro e, na quinta-feira (09/10) missa com o Papa e encontros pelas praças da capital a cargo do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

Vatican News

Mais de 16 mil peregrinos estarão em Roma a partir desta quarta-feira, 8 de outubro, para celebrar o Jubileu da Vida Consagrada. Entre eles, religiosos e religiosas, monges e contemplativas, membros de institutos seculares e da Ordo virginum, eremitas, membros pertencentes aos “novos institutos” de Vida Consagrada. Cerca de uma centena de países estarão representados durante o evento organizado em colaboração com o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada, incluindo numerosas delegações da própria Itália e do Brasil, além da Polônia, França, Espanha, Alemanha, Portugal, Croácia, Estados Unidos, Canadá, Argentina, México, Colômbia, El Salvador, Filipinas, Índia, Coreia do Sul, Indonésia, Nigéria e Congo.

A missa com o Papa

O evento jubilar terá início nesta quarta-feira, 8 de outubro, com alguns eventos abertos a todos: as peregrinações às Portas Santas, entre as 13h e as 17h do horário local, e, em seguida, às 19h, será realizada uma Vigília de oração presidida pelo cardeal Ángel Fernández Artime, prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, na Basílica de São Pedro. Na quinta-feira, 9 de outubro, às 10h30 da hora italiana, será celebrada a missa na Praça São Pedro presidida por Papa Leão XIV. Há também a iniciativa Diálogos com a cidade, na noite de 9 de outubro, em várias praças de Roma: na Piazza dei Mirti, o encontro com o tema Compromisso com os “últimos” – Ouvir o clamor dos pobres, na Piazza Don Bosco o encontro Cuidado e proteção da criação – Tutela do meio ambiente e na Piazza Vittorio Emanuele o encontro Fraternidade universal – Solidariedade.

As iniciativas

A partir da tarde de quinta-feira, 9 de outubro, serão realizadas algumas iniciativas organizadas pelo Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica para os 4 mil peregrinos credenciados para os eventos. Das 15h às 17h30 do horário local, serão realizados encontros de reflexão divididos por formas de Vida Consagrada: na Sala Paulo VI, os Institutos religiosos; na Universidade Urbaniana, os Institutos contemplativos; na Universidade Santa Croce, os Institutos seculares; na Aula Nova do Sínodo, as consagradas do Ordo Virginum; na Sala da Cúria Geral dos Jesuítas, as “Novas Formas” de Vida Consagrada; na Sede da UISG, as Sociedades de Vida Apostólica.

O evento jubilar vai continuar na sexta-feira, 10 de outubro, com uma manhã de escuta e reflexão sobre o tema da “Esperança”, das 8h às 12h na Sala Paulo VI, com a celebração eucarística, a intervenção do Pe. Giacomo Costa, consultor da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, e o encontro com o Papa. Das 15h30 às 18h30, será possível participar de uma “Conversa espiritual”, sempre dividida por formas de vida, nos mesmos locais dos eventos de quinta-feira, 6 de outubro. À noite, das 20h às 21h, haverá um momento de oração na cidade aberto a todos, em diferentes idiomas, animado por consagrados e consagradas: em italiano na Igreja de Santa Maria in Via, em inglês na Igreja de San Silvestro, em francês na Igreja de San Luigi dei Francesi, em português na Igreja de Sant’Andrea della Valle, em espanhol na Basílica de Santa Maria Sopra Minerva. No sábado, 11 de outubro, prossegue-se com um encontro às 8h na Sala Paulo VI sobre o tema da “Paz”, para os participantes credenciados.

Após a missa, haverá a intervenção da Irmã Teresa Maya, ex-presidente da Conferência das Superioras Maiores LCWR. Em seguida, após o almoço oferecido pelo Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, das 14h30 às 17h, serão realizados, sempre na Sala Paulo VI, workshops sobre técnicas de mediação e gestão de conflitos, a cargo da equipe do Pe. David McCallum, diretor do Discerning Leadership Program e membro da Comissão Metodológica da Secretaria do Sínodo dos Bispos.

O Jubileu será encerrado com um momento de oração na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, aberto a todos, das 19h às 21h, com a passagem pela Porta Santa. No domingo, 12 de outubro, os peregrinos participarão da Santa Missa na Praça de São Pedro pelo Jubileu da Espiritualidade Mariana.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Orgulho, vanglória e amor-próprio nas confissões de Santo Agostinho

As confissões de Santo Agostinho (Kinea)

ORGULHO, VANGLÓRIA E AMOR-PRÓPRIO NAS CONFISSÕES DE SANTO AGOSTINHO

09/10/2025

Dom João Santos Cardoso 
Arcebispo de Natal (RN)

No Livro X das Confissões, Santo Agostinho dedica quatro capítulos (XXXVI–XXXIX) a uma acurada análise de três tentações que ameaçam o caminho espiritual: o orgulho, a vanglória e o amor-próprio desordenado. Depois de examinar as concupiscências ligadas aos sentidos — o prazer e a curiosidade —, o bispo de Hipona volta-se para o mais sutil dos perigos: aqueles que se escondem no interior da alma, mesmo quando esta já busca a Deus. 

Para Agostinho, o orgulho é a tentação de querer ser senhor de si mesmo, esquecendo-se de que tudo é dom. Ele reconhece que apenas a misericórdia de Deus pode curar essa inclinação: “Sabes o quanto já me transformaste; […] derrubaste meu orgulho pelo temor, dobrando minha cerviz a teu jugo” (X, XXXVI). Também descreve orgulho como um afastamento silencioso da graça. Mesmo as boas obras, quando realizadas para obter reconhecimento humano ou como fruto de autossuficiência, tornam-se armadilhas. Contra isso, Agostinho propõe a humildade, lembrando que só Deus governa sem soberba: “Tu és o único Senhor verdadeiro, que não tens senhor” (X, XXXVI). 

A vanglória, filha do orgulho, consiste em mendigar aplausos pelos dons recebidos. Santo Agostinho observa que ela pode infiltrar-se até no desprezo da própria vanglória, quando alguém se orgulha de parecer humilde: “A vanglória me tenta até quando a reprovo, e é por isso mesmo que a desaprovo” (X, XXXVIII). Aqui reside um perigo profundamente insidioso: transformar a prática do bem em ocasião de exaltação pessoal. O antídoto é recordar que todo dom procede de Deus e deve ser usado para edificar os outros, não para alimentar a vaidade. 

No capítulo XXXIX, Agostinho trata do amor-próprio, que pode tornar-se enfermidade quando leva o ser humano a apropriar-se dos bens divinos como se fossem conquistas pessoais: “Quanto mais enfatuados consigo mesmos, mais desagradam a ti, não só quando se gloriam de seus males como se fossem bens, mas sobretudo quando se gloriam de teus bens como se fossem deles” (X, XXXIX). O amor a si mesmo, quando orientado pela caridade, é legítimo; mas, quando perde a referência ao Criador, converte-se em fechamento egoísta, gerando inveja e ciúme diante dos dons alheios. 

Nesses quatro capítulos, Agostinho insiste que a vitória sobre orgulho, vanglória e amor-próprio não vem apenas de esforços morais, mas da graça divina. Ele pede a Deus o dom de conhecer-se verdadeiramente e de ordenar os afetos segundo o amor maior: “Suplico-te, meu Deus, que me dês a conhecer a mim mesmo, para que eu possa confessar as chagas que achar em mim” (X, XXXVII). A humildade, sustentada pela graça, liberta o coração para reconhecer tudo como presente de Deus, devolvendo-Lhe a glória que Lhe é devida. 

As observações de Agostinho permanecem surpreendentemente atuais. Em tempos marcados pela busca de aprovação e pelo culto à imagem, suas palavras convidam a examinar as nossas motivações mais profundas: por que fazemos o bem? Buscamos agradar a Deus ou apenas conquistar aplausos? 

As Confissões mostram que o verdadeiro caminho é ordenar o amor: reconhecer-se criatura, celebrar os dons sem apegar-se a eles e viver para a Verdade que liberta. Orgulho, vanglória e amor-próprio desordenado não desaparecem facilmente, mas podem ser vencidos quando colocados à luz do amor de Deus. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

MONASTÉRIOS: Santo Agostinho nossa água de nascente

Algumas imagens do mosteiro de Lecceto | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº 12 - 2004

Santo Agostinho nossa água de nascente

Durante vários anos, uma vida nova, jovial e entusiasmada animou os antigos muros do eremitério de Lecceto, antiga Selva del Lago, restaurando a voz e o canto, revivendo o antigo eremitério agostiniano: um milagre da Providência, a imprevisibilidade da Sabedoria que ama a Deus.

Um Concílio nos trouxe de volta à fonte, ao espírito original do fundador Agostinho, e redescobrimos a clareza, a força e o frescor de um carisma absolutamente capaz de inovação porque profundamente sintonizado com os tempos e com as pessoas de hoje.

Não é de se admirar, afinal: Agostinho, como todos os Padres da Igreja, é ao mesmo tempo água de nascente e um homem que conheceu todo o espectro da experiência humana, alegria e tristeza, pecado e graça. Ele era completamente dedicado à busca da Verdade e do Amor, os pilares de sua existência.

Da plenitude de sua conversão e experiência cristã, nasceu seu monaquismo, uma proposta de retorno à pureza original do homem, no seio de uma Igreja mãe e mestra. Ele definiu o homem de seus seguidores como "perfectus fidelis in Ecclesia" (cf. Contra as Cartas de Petiliano II, 104, 239). E estava convencido de que somente quando o homem é reconduzido às suas raízes, pode retornar a uma vida verdadeira, plena de esperança.

Algumas imagens do mosteiro de Lecceto | 30Giorni.

Não fizemos nada além de ouvir e traduzir em ação, em vida, a inspiração monástica genuinamente eclesial do convertido Agostinho, que aqui em Lecceto, por meio de seus filhos, homens de grande santidade e doutrina, preencheu mil anos de história. Deles se dizia: "Os servos de Deus são céus portáteis que aprendem a conhecer cada lugar que pisam" (Sacra Leccetana Selva , século XVII).

O segredo? Uma fé, uma esperança, um amor. Uma paixão pela comunhão.
Um desejo, uma nostalgia: ver Deus, ajudar o homem.

Santo Tomás de Vilanova, ilustre e santo filho de Agostinho, que viveu na época de Santa Teresa de Ávila, escreveu: "E o único fim da vida monástica é a pureza do coração" ( In die circumcisionis , c. 3, t. 6, p. 313).

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF