Por Nathália Queiroz*
11 de out de 2025 às 00:30
O Círio de Nazaré começou na segunda-feira (6) em Belém (PA)
e terá no domingo (12) a procissão mais importante, que percorre 3,6 km e
espera reunir mais de 2 milhões de pessoas.
Devoção a Nossa Senhora de Nazaré
Nossa Senhora de Nazaré é um dos títulos marianos mais
antigos, remete ao período da infância de Jesus, em Nazaré da Galileia. Segundo
a tradição, são José, marido de Maria, esculpiu uma imagem da Virgem
amamentando que ficou conhecida como Nossa Senhora de Nazaré. Em 361, a imagem
foi levada a Portugal e escondida no pico de São Bartolomeu, sendo encontrada
apenas em 1119, dando início à sua veneração e a muitos milagres. Em 1182 foi
erguida uma ermida a Nossa Senhora de Nazaré onde hoje está o Santuário de
Nazaré, em Portugal.
No Brasil, a devoção começou em 1700 com o achado de
uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré pelo Caboclo Plácido às margens do
Igarapé Murutucu, perto de onde hoje está a Basílica Santuário de Nossa Senhora
de Nazaré. Ele a levou para a sua casa várias vezes, mas milagrosamente a
imagem voltava para o local onde foi encontrada. Então, Plácido construiu uma
pequena capela para a imagem no lugar. A notícias da santa milagrosa se
espalhou e todos os anos milhares de devotos visitavam a capela para pedir
milagres e agradecer as graças alcançadas.
Nossa Senhora de Nazaré faz parte da vida cotidiana do povo
paraense. Está nas casas, nas lojas, nos mercados, instituições, em todos os
lugares é possível encontrar uma imagem. Muitos devotos a chamam carinhosamente
de “Tia Naza”, “Nazica” ou “Nazinha”.
Por que se chama Círio de Nazaré?
A palavra "círio" deriva do latim “cereus”, que significa vela,
e, em português passou a designar um tipo específico de grande vela de uso
litúrgico. O uso da palavra “círio” para dar nome à procissão de Nossa Senhora
de Nazaré tem a sua origem em Portugal, onde os romeiros iam ao Santuário de
Nossa Senhora de Nazaré carregando velas e círios. Com o tempo, a própria
procissão começou a ser chamada de círio.
Em Belém, as procissões a Nossa Senhora de Nazaré começaram
em 1792 e eram feitas à noite com a presença de um Círio que iluminava e guiava
os fiéis que também carregavam velas. A presença das velas era tão marcante que
assim como em Portugal, as procissões também começaram a ser chamadas de Círio.
Em 1845, ela passou a ser de manhã para fugir da chuva, mas o nome continuou
Círio de Nazaré até hoje.
O Círio de Nazaré foi reconhecido em 2004 como patrimônio
cultural imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan) e declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O Círio de Nazaré tem 14 procissões
O dia mais importante do Círio de Nazaré é o segundo domingo
de outubro, que costuma reunir mais de 2 milhões de pessoas para celebrar a
Rainha da Amazônia. A procissão de 3,6 km de percurso sai da catedral, na
Cidade Velha, até a Praça Santuário de Nazaré. Em todo o mês de outubro
acontecem mais 13 procissões: Translado de carros, Translado para Ananindeua,
Romaria Rodoviária, Romaria Fluvial, Moto Romaria, Transladação, Ciclo Romaria,
Romaria da Juventude, Romaria das Crianças, Romaria dos Corredores, Romaria
da Acessibilidade, Procissão da Festa, Recírio.
Os símbolos do Círio de Nazaré
O item mais característico do Círio de Nazaré de Belém é
a corda que os promesseiros buscam tocar como forma de pagar
promessa. Ela passou a fazer parte do círio em 1885, quando uma enchente da
Baía do Guajará alagou a orla no momento da procissão. A berlinda com a imagem
ficou atolada e os cavalos não conseguiram puxá-la. Então, um comerciante local
emprestou uma corda para os fiéis puxarem a berlinda. Desde então, a corda é
usada no círio. Feita de cisal retorcido com 400 metros de comprimento, a corda
simboliza o elo entre os fiéis e Nossa Senhora de Nazaré.
O principal símbolo da festa é a berlinda, a
estrutura de madeira e vidro que leva a imagem de Nossa Senhora de Nazaré nas
procissões. Ela começou a ser usada no Círio em 1882,
antes a imagem era levada no colo do capelão do Palácio do Governo, em um
palanquim carregado por cerca de seis homens. A berlinda era puxada por
cavalos.
Nas procissões, é comum ver os fiéis com ex-votos ou objetos
de promessa como sinal de agradecimento pelas graças recebidas por
intercessão de Nossa Senhora. Eles costumam levar miniaturas de casas e barcos,
réplicas da berlinda de Nossa Senhora, tijolos, velas do próprio tamanho, peças
de cera com formato de partes do corpo. Na procissão há o carro dos milagres
onde os devotos podem colocar esses objetos.
*Escrevo para a ACI Digital há nove anos e desde 2023 sou
correspondente no Brasil para o telejornal EWTN Notícias. Sou certificada em
espanhol pelo Instituto Cervantes. Tenho experiência em redação de conteúdo
religioso para mídias católicas em português e espanhol e em tradução de sites
religiosos. Sou casada, tenho quatro filhos e sou catequista há cerca de 20 anos.
Escrevo de Petrópolis (RJ).
Nenhum comentário:
Postar um comentário